Papers by Monica Souza Neves-Pereira

The Palgrave Handbook of Social Creativity Research, 2018
Microgenetic analysis designates a type of idiographic and qualitative research that allows inves... more Microgenetic analysis designates a type of idiographic and qualitative research that allows investigating developmental processes by conducting micro-analyses of social interactions among subjects in structured and natural activities and in specific settings circumscribed by chronological – thus, irreversible – time. The cultural psychology of creativity considers that creativity as a phenomenon originates from human interactions semiotically mediated by their socio-cultural contexts, which evolve in the course of ontogenesis by means of dialectical and dialogical processes. The merger of microgenesis and research in creativity has significantly contributed to research in this field, by enabling in-depth analyses of the genesis and development of creativity, including developmental changes and transformations experienced by interacting subjects in the contexts under study.

Gifted Education International, 2017
This article discusses contributions of Eastern philosophical traditions, in particular, Buddhism... more This article discusses contributions of Eastern philosophical traditions, in particular, Buddhism and its concept of mindfulness—to the field of psychology. Psychology has long dealt with the concept of mindfulness to understand the results of meditation in several contexts, such as psychotherapy and education. The works of Thich Nhat Hanh on meditation and mindfulness represent one of the theoretical pillars of this discussion. Recent research on mindfulness in the field of scientific psychology provides additional links for this collaborative effort between religious tradition and science. Research on this theme inevitably leads to considerations of the ethical, moral, environmental, ecological, emotional, and spiritual dimensions involved in Buddhist traditions and in different psychological theories. These traditions and theories converge to benefit persons undergoing situations of psychological and spiritual suffering. This article concludes by sharing new possibilities of comp...
Talento criativo: Expressão em múltiplos contextos. …, 2007
Capítulo do livro Virgolin, A.M.R. (org.). (2007). Talento criativo. Expressão em múltiplos conte... more Capítulo do livro Virgolin, A.M.R. (org.). (2007). Talento criativo. Expressão em múltiplos contextos. Brasília: Editora UnB.

Toc, Toc... Plim, Plim!: …, 1999
Esse é um livro sobre o prazer de criar. Resulta de uma série de reflexões acerca da prática das ... more Esse é um livro sobre o prazer de criar. Resulta de uma série de reflexões acerca da prática das autoras em Psicologia da Criatividade e tem o propósito de desmistificar ideias errôneas associadas ao ato de criar. Constituída de exercícios inteligentes e lúdicos, a obra também se propõe a instrumentar os profissionais da educação para o desenvolvimento de habilidades criativas. Sob a orientação de professores, possibilita ao estudante a oportunidade de se tornar agente do conhecimento, pois estimula o aluno a propor suas próprias ideias, e não apenas a responder ao que foi solicitado. Em contextos terapêuticos, é material de apoio para psicólogos. Fora da sala de aula, não há qualquer recomendação a ser feita quanto ao uso desse livro, pois o trabalho foi elaborado com o seguinte objetivo: "é pegar e brincar com ideias, pensamentos e emoções".

Psicologia em Estudo, 2018
Analisar conceituações de criatividade a partir de múltiplos posicionamentos teóricos e epistemol... more Analisar conceituações de criatividade a partir de múltiplos posicionamentos teóricos e epistemológicos retrata o objetivo central deste artigo. A psicologia da criatividade, campo de investigação com mais de 70 anos de história, vem desenvolvendo pesquisa e teoria na área, para demonstrar vigor e força em seus esforços científicos. A compreensão do conceito de criatividade, considerando suas transformações ao longo do tempo, fruto da renovação teórica e epistemológica que a área vem vivenciando, configura uma questão central para a pesquisa. Posições conceituais que têm sido praticadas na literatura necessitam ser analisadas, de modo crítico, especialmente por marcarem o ponto de partida de qualquer investigação na psicologia da criatividade. Este artigo vai discutir quatro posições conceituais da criatividade, a saber: a conceituação padrão, conceituação sistêmica, conceituação sócio-histórica e conceituação sociocultural. É a partir de uma visão de criatividade que uma pesquisa t...
Estudos de Psicologia, 2015
Este é um artgo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creatie Commons Atributonn... more Este é um artgo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creatie Commons Atributonn que permite uson distribuição e reprodução em qualquer meion sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado. Fonte: htp://wwwwww.scielo.br/scielo.phpsscriptssci_aartext&pidsS1413-a 294X2015000300161&lngsen&nrmsiso. Acesso em: 9 abr. 2018. REFERÊNCIA NEVES-aPEREIRAn Mônica Souza; BRANCOn Angela Uchoa. Criatiidade na educação infantl: contribuições da psicologia cultural para a iniestgação de concepções e prátcas de educadores.

UNIPLURIVERSIDAD, 2019
Este manifiesto, discutido por 20 académicos y académicas que representan diversas líneas de inve... more Este manifiesto, discutido por 20 académicos y académicas que representan diversas líneas de investigación sobre la creatividad, marca un cambio conceptual dentro de los estudios de este campo. Los enfoques socioculturales han hecho contribuciones sustanciales al concepto de creatividad en las últimas décadas y hoy pueden proporcionar un conjunto de propuestas para guiar nuestra comprensión de la investigación anterior y generar nuevas direcciones en investigación y práctica. Estas proposiciones son urgentemente necesarias en respuesta a la transición de una Sociedad de la Información a una Sociedad Post-Información. A través de las proposiciones descritas aquí, nuestro objetivo es construir un terreno común e invitar a la comunidad de investigadores y profesionales de la creatividad a reflexionar, estudiar y cultivar la creatividad como un fenómeno sociocultural.

Nurturing Creativity in the Classroom
This chapter focuses on the relationship between creativity and prosocial values, in particular t... more This chapter focuses on the relationship between creativity and prosocial values, in particular those associated with cooperation and collaborative activities. Despite the fact that, in developmental studies and the literature on education, creativity and values are often treated separately, our premise here is that both psychological theory and educational practice would greatly benefit from reuniting them within an integrative framework. In this chapter, we consider creativity and prosocial values as they develop within the Self–Other dynamic specific for communal living and sociability (see Simmel, 1949; Jovchelovitch, 2015). We start by outlining the theoretical foundation for our argument and reflect on schools as socio-cultural contexts that socialize children to become creative and moral agents.We then unpack the relation between creativity, cooperation and prosocial values with particular reference to studies done in Brazilian schools. Following this, we propose a tentative set of guidelines for nurturing creativity and cooperation in the classroom. We conclude with a few reflections on the role of dialogue and reflexivity for enhancing moral creative behavior. However, before developing these ideas, a more basic question needs to be addressed first.

Creativity. Theories – Research - Applications, 2021
The COVID-19 pandemic imposed a new agenda for humanity. In a very rapid and improvised way, we w... more The COVID-19 pandemic imposed a new agenda for humanity. In a very rapid and improvised way, we were invited to give new answers to everyday practices and experiences, challenged by a context of social isolation unprecedented for a globalized world. The resources that allowed us to build and innovate in the face of such a scenario were mostly derived from communication technologies. In a very short time, the contexts of work, schools, social practices migrated to computers’ screens, cell phones, and so on, transforming them into learning tools mediating social relations. People have long used technology to study, to work and to relate to each other. With COVID-19, we need to face unpredictable situations, requiring rapid adaptation, and the urgent creation of remote relational contexts as a way to respond immediately to the challenges and problem situations emerging from the pandemic. In this article, the remote teaching experience of an undergraduate class at a Brazilian university...

The Journal of Creative Behavior
Avances en la teoría e investigación de la creatividad: Un manifiesto sociocultural-99-Resumen Es... more Avances en la teoría e investigación de la creatividad: Un manifiesto sociocultural-99-Resumen Este manifiesto, discutido por 20 académicos y académicas que representan diversas líneas de investigación sobre la creatividad, marca un cambio conceptual dentro de los estudios de este campo. Los enfoques socioculturales han hecho contribuciones sustanciales al concepto de creatividad en las últimas décadas y hoy pueden proporcionar un conjunto de propuestas para guiar nuestra comprensión de la investigación anterior y generar nuevas direcciones en investigación y práctica. Estas proposiciones son urgentemente necesarias en respuesta a la transición de una Sociedad de la Información a una Sociedad Post-Información. A través de las proposiciones descritas aquí, nuestro objetivo es construir un terreno común e invitar a la comunidad de investigadores y profesionales de la creatividad a reflexionar, estudiar y cultivar la creatividad como un fenómeno sociocultural.

The COVID-19 pandemic imposed a new agenda for humanity. In a very rapid and improvised way, we w... more The COVID-19 pandemic imposed a new agenda for humanity. In a very rapid and improvised way, we were invited to give new answers to everyday practices and experiences, challenged by a context of social isolation unprecedented for a globalized world. The resources that allowed us to build and innovate in the face of such a scenario were mostly derived from communication technologies. In a very short time, the contexts of work, schools, social practices migrated to computers' screens, cell phones, and so on, transforming them into learning tools mediating social relations. People have long used technology to study, to work and to relate to each other. With COVID-19, we need to face unpredictable situations, requiring rapid adaptation, and the urgent creation of remote relational contexts as a way to respond immediately to the challenges and problem situations emerging from the pandemic. In this article, the remote teaching experience of an undergraduate class at a Brazilian university will be discussed, considering the students' self-perception about the dynamics of their creative processes in this period. Through a "Free Talk" session carried out in an undergraduate class, we will discuss technologies and Article history:

Education is a masterful word. Masterful comes from master, mastery, skills, virtuosity, expertis... more Education is a masterful word. Masterful comes from master, mastery, skills, virtuosity, expertise , teaching, and learning, making something possible. There is no one single social group whose members do not educate each other. Regardless of the level of development of a society, all its members are educated throughout their life cycle. Education may come through formal means, through schools, universities, religious education, and other institutions, or during daily experiences in the confrontation of day-today life, which demands multiple learning. To talk about education is to talk about our history, to think about the long life path in which we are subjects of a culture together with each other, in social interactions. To speak of education is to think of possibilities and to think of possibilities places us before limits, barriers, impossibilities. The word Education comes from the Latin verb educare that unfolds into two different meanings: dúcere, which means to take, guide, lead someone somewhere , and educare, which is linked to the sense of nurturing, raising (a child), and making (someone) grow. In this entry, we will talk about education in its formal dimension: one that involves human development processes, that generates the new, that demands teaching, that generates learning, and that requires creativity. We will discuss these processes in the light of the philosophy of education, cultural psychology, and the psychology of creativity, seeking to understand how educational acts transform human beings, (re)signifying their existential experiences and changing the world in which we live. Possibilities and impossibilities will be problematized throughout this discussion. Keywords Education · Possibilities · Human development · Creativity Education Is the Land of the Possible Education is the Land of the Possible. It is the praxis that constitutes our humanity, our condition as bodies conscious of themselves, the other, and the world. It is through education that we take hold of the legacy of our species. It is the indispensable condition for the construction of the historicity of man. When human beings educate one another, they push the wheel of development of our species. Educating has to do with leading and mediating others in the face of the challenge of existence. To survive we need to learn whom we are, how the world around us works, we need to develop psychological functions, master language , and our mother tongue, and we need to

Avances en la teoría e investigación de la creatividad: Un manifiesto sociocultural1, 2019
Este manifiesto, discutido por 20 académicos y académicas que representan diversas líneas de inve... more Este manifiesto, discutido por 20 académicos y académicas que representan diversas líneas de investigación sobre la creatividad, marca un cambio conceptual dentro de los estudios de este campo. Los enfoques socioculturales han hecho contribuciones sustanciales al concepto de creatividad en las últimas décadas y hoy pueden proporcionar un conjunto de propuestas para guiar nuestra comprensión de la investigación anterior y generar nuevas direcciones en investigación y práctica. Estas proposiciones son urgentemente necesarias en respuesta a la transición de una Sociedad de la Información a una Sociedad Post-Información. A través de las proposiciones descritas aquí, nuestro objetivo es construir un terreno
común e invitar a la comunidad de investigadores y profesionales de la creatividad a reflexionar, estudiar y cultivar la creatividad como un fenómeno sociocultural.
Fundamentos da Psicopedagogia, 2007
Objetivos:
- Compreender a Psicopedagogia como campo do saber científico, seu objeto de estudo e... more Objetivos:
- Compreender a Psicopedagogia como campo do saber científico, seu objeto de estudo e metodologias utilizadas na produção do conhecimento psicopedagógico;
- Conhecer o processo de construção histórica da Psicopedagogia como área que lida com os processos de aprendizagem e seus impedimentos;
- Analisar os elementos constituintes do saber psicopedagógico e suas dimensões interdisciplinares;
- Avaliar a formação do especialista em psicopedagogia no Brasil e as implicações éticas e morais desta área de atuação profissional.

Estrategias de intervenção psicopedagógica, 2007
Esta disciplina faz parte um núcleo de conteúdos que mesclam teoria e prática psicopedagógica. Se... more Esta disciplina faz parte um núcleo de conteúdos que mesclam teoria e prática psicopedagógica. Seu objetivo é ofertar conhecimentos e saberes que permitam ao psicopedagogo, em formação, construir sua identidade profissional, conhecer o campo da Psicopedagogia Institucional e dominar o processo de intervenção psicopedagógica, com ênfase no espaço escolar.
Como o foco desta formação é a aplicação da Psicopedagogia no âmbito escolar e institucional, necessitamos de conhecimentos específicos nesta área de atuação assim como de recursos que permitam a realização de processos de avaliação e intervenção psicopedagógica institucional com competência e propriedade.
A disciplina “Avaliação Psicopedagógica Institucional” iniciou uma relação mais próxima com o fazer psicopedagógico que esta disciplina
pretende continuar. Uma vez que aprendemos a avaliar um contexto de dificuldades de aprendizagem, pressupõe-se que é necessário compreender como intervir neste contexto. Este é o nosso objetivo, agora. Esta disciplina vai tratar do saber e do fazer psicopedagógicos a serviço das instituições de ensino. Seu objetivo consiste em compreender a escola como o espaço onde se constroem as dificuldades de aprendizagem e o sujeito como aquele que delata a dimensão disfuncional de todo um contexto. Pensar a Psicopedagogia Institucional é pensar a instituição escolar e todo o sistema que cerca o sujeito que apresenta dificuldades de aprendizagem. Não existe fracasso escolar sem um contexto que o produz. A compreensão desta relação dialética é fundamental para a abordagem psicopedagógica
institucional.
A partir de uma visão sistêmica do fenômeno da aprendizagem e da não-aprendizagem, a Psicopedagogia atua nas instituições escolares, em caráter preventivo, construindo saberes, valores, crenças e práticas que funcionam como “desconstrutores” das práticas pedagógicas impeditivas do processo de aprendizagem de alguns alunos, criando novos caminhos de intervenção e regulação dos déficits evidenciados.

Abordagem Psicopedagógica às Dificuldades de Aprendizagem, 2007
O objetivo desta disciplina é compreender as dificuldades de aprendizagem como fenômeno situado e... more O objetivo desta disciplina é compreender as dificuldades de aprendizagem como fenômeno situado em um contexto histórico e cultural. A identificação dos problemas impeditivos à aprendizagem surgiu em decorrência das múltiplas transformações vivenciadas pela humanidade nas últimas décadas e que alteraram significativamente o papel da escola e da aprendizagem no contexto das sociedades modernas.
O mundo nunca experimentou tamanha transformação em seus tecidos social, econômico e cultural como vêm ocorrendo nas últimas décadas. O avanço indescritível do conhecimento e a proliferação das tecnologias têm modificado profundamente a experiência humana de modo a exigir do sujeito freqüentes condutas adaptativas. Estas transformações trazem, a reboque, significativas mudanças nas crenças, valores e práticas sociais que são transmitidas culturalmente pelas agências educacionais, com destaque para a família e a escola. Diante de um cenário sociocultural tão mutável e com características tão complexas surgem enormes dificuldades por parte das famílias e instituições escolares em prover
processos educacionais adequados e de qualidade, que acompanhem tantas mudanças. Deste descompasso, desta fissura emergem as dificuldades de aprendizagem. Elas surgem como sintomas que deflagram a dificuldade em articular
educação e vida e apontam para a necessidade de revisão das práticas educacionais diante de uma nova sociedade, que se transforma cotidianamente.
Compreender as dificuldades de aprendizagem como um fenômeno multideterminado é indispensável na atualidade, especialmente para o educador. Investigá-la para além de seus conceitos e/ou taxonomias também consiste em tarefa indispensável para os profissionais que trabalham com ensino e aprendizagem, em especial os psicopedagogos. É necessário compreender as dificuldades de aprendizagem como fenômeno cultural, que atinge uma pessoa de modo particular, mas que se constitui nas relações entre o sujeito da aprendizagem e seu contexto social e cultural. Uma criança deixa de aprender não somente por ser portadora de alguma restrição cognitiva ou fisiológica, mas especialmente porque em sua trajetória de vida algumas rotas desenvolvimentais encontraram obstáculos intransponíveis que se expressaram no impedimento à aquisição do conhecimento.
Aprender é ato revestido de concepções e ideologias típicas de cada cultura. Uma criança que deixa de aprender não o faz por incompetência individual, mas provavelmente porque, em algum momento, deixou de atender às exigências postas
por esta cultura com relação aos conteúdos que devem ser aprendidos e de que forma isto deve ocorrer. Apresentar dificuldades para aprender pode ser uma reação saudável do sujeito, especialmente quando esta carga vem carregada de
valores e atitudes sem sentido ou significado para ele. A escola é uma instituição feita “para todos” e esquece que seres humanos são únicos, em suas características personológicas assim como em seus anseios e desejos. Se os conteúdos
que a escola empurra goela abaixo de uma criança não interessam ou não fazem sentido para a sua existência é muito provável que surja a recusa em aprender. Parece uma atitude correta, que vai privar o indivíduo de profundos dissabores.
É sob esta perspectiva que investigaremos as dificuldades de aprendizagem: a partir de uma leitura complexa que não se reduz aos conceitos, tipos de DA´s e estratégias de intervenções pontuais.
Além das dificuldades de aprendizagem este texto pretende também investigar o fracasso e o sucesso escolar como ocorrências típicas das sociedades industrializadas, ou seja, como fenômenos deste momento histórico e social. Fracasso escolar e dificuldades de aprendizagem são conceitos que se esbarram continuamente e necessitam ser compreendidos em suas particularidades. Uma criança fracassa na escola porque apresenta dificuldades para aprender ou começa a
apresentar dificuldades de aprendizagem em decorrência de freqüentes experiências de fracasso escolar? A princípio, as duas proposições procedem, ou não! Compreender o fracasso escolar e suas inter-relações com as dificuldades de
aprendizagem é tarefa que exige aprofundamento teórico e conceitual em distintas áreas do conhecimento, com destaque para a educação, a psicologia e, em especial, a psicopedagogia. O presente texto pretende contribuir neste sentido, apresentando uma discussão mais elaborada sobre este tema.

A Avaliação Psicopedagógica Institucional, 2007
Esta disciplina inaugura um núcleo de conteúdos que mesclam teoria e prática psicopedagógica. Seu... more Esta disciplina inaugura um núcleo de conteúdos que mesclam teoria e prática psicopedagógica. Seu objetivo é ofertar conhecimentos e saberes que permitam ao psicopedagogo, em formação, construir sua identidade profissional, conhecer o campo da Psicopedagogia Institucional e dominar o processo de avaliação psicopedagógica, com ênfase no espaço escolar.
Até o presente momento deste curso foram discutidas questões teóricas de grande relevância, como: as bases epistemológicas da Psicopedagogia, os processos de construção do conhecimento, as contribuições da Psicanálise para a compreensão do saber psicopedagógico e uma análise aprofundada das dificuldades de aprendizagem e do fracasso escolar. Como o foco desta formação é a aplicação da Psicopedagogia no âmbito escolar e institucional, necessitamos de conhecimentos específicos nesta área de atuação assim como de recursos que permitam a realização de processos
de avaliação psicopedagógica institucional com segurança e propriedade.
Esta disciplina vai tratar dos saberes psicopedagógicos a serviço das instituições de ensino. Seu objetivo central consiste em compreender a escola como o espaço onde se constroem as dificuldades de aprendizagem e o sujeito como aquele que delata a dimensão disfuncional de todo um contexto. Pensar a Psicopedagogia Institucional é pensar a instituição escolar e todo o sistema que cerca o sujeito que apresenta dificuldades de aprendizagem. Não existe fracasso escolar sem um contexto que o produz. A compreensão desta relação dialética é fundamental para a abordagem psicopedagógica
institucional.
A partir de uma visão sistêmica do fenômeno da aprendizagem e da não-aprendizagem, a Psicopedagogia atua nas instituições escolares, em caráter preventivo, construindo saberes, valores, crenças e práticas que funcionam como “desconstrutores” das práticas pedagógicas impeditivas do processo de aprendizagem de alguns alunos, criando novos caminhos de intervenção e regulação dos déficits evidenciados. O psicopedagogo que trabalha na instituição de ensino deve pensar globalmente, o tempo todo, olhar para o aluno como parte de um sistema maior, onde a escola predomina como lócus de aprendizagem, mas não como único elemento capaz de propiciá-la.
Além de conceber a aprendizagem como resultante de um sistema complexo em interação, o psicopedagogo institucional tem que adquirir ferramentas de trabalho para agir, desenvolver estratégias de trabalho, atuar preventivamente e promover reajuste nos sistemas de aprendizagem que apresentam disfunções. Para atuar, este profissional necessita dominar conhecimentos específicos que orientam os processos de avaliação, intervenção e atuação psicopedagógica
na instituição de ensino, considerando que grande parte de seu instrumental de trabalho será produzido por ele mesmo, de acordo com a realidade onde está inserido, com as demandas com as quais lida e as características específicas da clientela que atende.

A Construção do Conhecimento, 2007
Esta disciplina se destina a investigar o processo da construção do conhecimento pelo sujeito hum... more Esta disciplina se destina a investigar o processo da construção do conhecimento pelo sujeito humano em sua longa jornada desenvolvimental, desde a concepção até o momento de sua morte. Compreender o mundo é uma tarefa de extrema importância para a nossa espécie. É por meio destes conhecimentos que atribuímos significados à existência e sobrevivemos como espécie.
Nossa proposta é compreender como a criança vai, aos poucos, elaborando suas estruturas cognitivas, emocionais, sociais, afetivas e motoras, ao longo do seu desenvolvimento, com o propósito de compreender o mundo e a si mesma. Somos quem somos porque aprendemos a ser “humanos” com o outro, com nossos cuidadores, pais, amigos, escola, comunidade, grupos sociais e a cultura. É a cultura que nos dá ferramentas para organizarmos nosso conhecimento. É por meio do outro que aprendemos quem somos e damos significados para o mundo que vivemos e sentimos.
Em cada cultura encontraremos mentes diferentes, construídas por meio dos instrumentos e signos ofertados por agentes culturais distintos. Compreender este processo é fundamental para o educador, para o psicopedagogo, para qualquer profissional que trabalhe com pessoas em desenvolvimento e aprendizagem, especialmente crianças.
Para que possamos dar conta de um tema tão complexo necessitamos do apoio de algumas disciplinas, dentre as quais: (1) a Psicologia Escolar, que objetiva compreender os fenômenos humanos desenvolvimentais e de aprendizagem ocorrentes no espaço escolar; (2) a Psicologia do Desenvolvimento, disciplina que investiga o processo de
desenvolvimento do homem, desde a concepção até a morte do indivíduo e (3) a Psicologia da Aprendizagem, cujo foco central diz respeito ao entendimento dos processos de construção e elaboração dos conhecimentos, saberes e informações pelo homem.
As contribuições destas três áreas da Psicologia serão discutidas neste Caderno de Estudos, de acordo com os temas específicos de cada capítulo, todos voltados para o entendimento dos processos de construção do conhecimento da criança no espaço escolar.

The Palgrave Handbook of Social Creative Research, 2019
Microgenetic analysis designates a type of idiographic and qualitative research that allows inves... more Microgenetic analysis designates a type of idiographic and qualitative research that allows investigating developmental processes by conducting micro-analyses of social interactions among subjects in structured and natural activities and in specific settings circumscribed by chronological-thus, irreversible-time. The cultural psychology of creativity considers that creativity as a phenomenon originates from human interactions semiotically mediated by their socio-cultural contexts, which evolve in the course of ontogenesis by means of dialectical and dialogical processes. The merger of microgenesis and research in creativity has significantly contributed to research in this field, by enabling in-depth analyses of the genesis and development of creativity, including developmental changes and transformations experienced by interacting subjects in the contexts under study.
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Papers by Monica Souza Neves-Pereira
común e invitar a la comunidad de investigadores y profesionales de la creatividad a reflexionar, estudiar y cultivar la creatividad como un fenómeno sociocultural.
- Compreender a Psicopedagogia como campo do saber científico, seu objeto de estudo e metodologias utilizadas na produção do conhecimento psicopedagógico;
- Conhecer o processo de construção histórica da Psicopedagogia como área que lida com os processos de aprendizagem e seus impedimentos;
- Analisar os elementos constituintes do saber psicopedagógico e suas dimensões interdisciplinares;
- Avaliar a formação do especialista em psicopedagogia no Brasil e as implicações éticas e morais desta área de atuação profissional.
Como o foco desta formação é a aplicação da Psicopedagogia no âmbito escolar e institucional, necessitamos de conhecimentos específicos nesta área de atuação assim como de recursos que permitam a realização de processos de avaliação e intervenção psicopedagógica institucional com competência e propriedade.
A disciplina “Avaliação Psicopedagógica Institucional” iniciou uma relação mais próxima com o fazer psicopedagógico que esta disciplina
pretende continuar. Uma vez que aprendemos a avaliar um contexto de dificuldades de aprendizagem, pressupõe-se que é necessário compreender como intervir neste contexto. Este é o nosso objetivo, agora. Esta disciplina vai tratar do saber e do fazer psicopedagógicos a serviço das instituições de ensino. Seu objetivo consiste em compreender a escola como o espaço onde se constroem as dificuldades de aprendizagem e o sujeito como aquele que delata a dimensão disfuncional de todo um contexto. Pensar a Psicopedagogia Institucional é pensar a instituição escolar e todo o sistema que cerca o sujeito que apresenta dificuldades de aprendizagem. Não existe fracasso escolar sem um contexto que o produz. A compreensão desta relação dialética é fundamental para a abordagem psicopedagógica
institucional.
A partir de uma visão sistêmica do fenômeno da aprendizagem e da não-aprendizagem, a Psicopedagogia atua nas instituições escolares, em caráter preventivo, construindo saberes, valores, crenças e práticas que funcionam como “desconstrutores” das práticas pedagógicas impeditivas do processo de aprendizagem de alguns alunos, criando novos caminhos de intervenção e regulação dos déficits evidenciados.
O mundo nunca experimentou tamanha transformação em seus tecidos social, econômico e cultural como vêm ocorrendo nas últimas décadas. O avanço indescritível do conhecimento e a proliferação das tecnologias têm modificado profundamente a experiência humana de modo a exigir do sujeito freqüentes condutas adaptativas. Estas transformações trazem, a reboque, significativas mudanças nas crenças, valores e práticas sociais que são transmitidas culturalmente pelas agências educacionais, com destaque para a família e a escola. Diante de um cenário sociocultural tão mutável e com características tão complexas surgem enormes dificuldades por parte das famílias e instituições escolares em prover
processos educacionais adequados e de qualidade, que acompanhem tantas mudanças. Deste descompasso, desta fissura emergem as dificuldades de aprendizagem. Elas surgem como sintomas que deflagram a dificuldade em articular
educação e vida e apontam para a necessidade de revisão das práticas educacionais diante de uma nova sociedade, que se transforma cotidianamente.
Compreender as dificuldades de aprendizagem como um fenômeno multideterminado é indispensável na atualidade, especialmente para o educador. Investigá-la para além de seus conceitos e/ou taxonomias também consiste em tarefa indispensável para os profissionais que trabalham com ensino e aprendizagem, em especial os psicopedagogos. É necessário compreender as dificuldades de aprendizagem como fenômeno cultural, que atinge uma pessoa de modo particular, mas que se constitui nas relações entre o sujeito da aprendizagem e seu contexto social e cultural. Uma criança deixa de aprender não somente por ser portadora de alguma restrição cognitiva ou fisiológica, mas especialmente porque em sua trajetória de vida algumas rotas desenvolvimentais encontraram obstáculos intransponíveis que se expressaram no impedimento à aquisição do conhecimento.
Aprender é ato revestido de concepções e ideologias típicas de cada cultura. Uma criança que deixa de aprender não o faz por incompetência individual, mas provavelmente porque, em algum momento, deixou de atender às exigências postas
por esta cultura com relação aos conteúdos que devem ser aprendidos e de que forma isto deve ocorrer. Apresentar dificuldades para aprender pode ser uma reação saudável do sujeito, especialmente quando esta carga vem carregada de
valores e atitudes sem sentido ou significado para ele. A escola é uma instituição feita “para todos” e esquece que seres humanos são únicos, em suas características personológicas assim como em seus anseios e desejos. Se os conteúdos
que a escola empurra goela abaixo de uma criança não interessam ou não fazem sentido para a sua existência é muito provável que surja a recusa em aprender. Parece uma atitude correta, que vai privar o indivíduo de profundos dissabores.
É sob esta perspectiva que investigaremos as dificuldades de aprendizagem: a partir de uma leitura complexa que não se reduz aos conceitos, tipos de DA´s e estratégias de intervenções pontuais.
Além das dificuldades de aprendizagem este texto pretende também investigar o fracasso e o sucesso escolar como ocorrências típicas das sociedades industrializadas, ou seja, como fenômenos deste momento histórico e social. Fracasso escolar e dificuldades de aprendizagem são conceitos que se esbarram continuamente e necessitam ser compreendidos em suas particularidades. Uma criança fracassa na escola porque apresenta dificuldades para aprender ou começa a
apresentar dificuldades de aprendizagem em decorrência de freqüentes experiências de fracasso escolar? A princípio, as duas proposições procedem, ou não! Compreender o fracasso escolar e suas inter-relações com as dificuldades de
aprendizagem é tarefa que exige aprofundamento teórico e conceitual em distintas áreas do conhecimento, com destaque para a educação, a psicologia e, em especial, a psicopedagogia. O presente texto pretende contribuir neste sentido, apresentando uma discussão mais elaborada sobre este tema.
Até o presente momento deste curso foram discutidas questões teóricas de grande relevância, como: as bases epistemológicas da Psicopedagogia, os processos de construção do conhecimento, as contribuições da Psicanálise para a compreensão do saber psicopedagógico e uma análise aprofundada das dificuldades de aprendizagem e do fracasso escolar. Como o foco desta formação é a aplicação da Psicopedagogia no âmbito escolar e institucional, necessitamos de conhecimentos específicos nesta área de atuação assim como de recursos que permitam a realização de processos
de avaliação psicopedagógica institucional com segurança e propriedade.
Esta disciplina vai tratar dos saberes psicopedagógicos a serviço das instituições de ensino. Seu objetivo central consiste em compreender a escola como o espaço onde se constroem as dificuldades de aprendizagem e o sujeito como aquele que delata a dimensão disfuncional de todo um contexto. Pensar a Psicopedagogia Institucional é pensar a instituição escolar e todo o sistema que cerca o sujeito que apresenta dificuldades de aprendizagem. Não existe fracasso escolar sem um contexto que o produz. A compreensão desta relação dialética é fundamental para a abordagem psicopedagógica
institucional.
A partir de uma visão sistêmica do fenômeno da aprendizagem e da não-aprendizagem, a Psicopedagogia atua nas instituições escolares, em caráter preventivo, construindo saberes, valores, crenças e práticas que funcionam como “desconstrutores” das práticas pedagógicas impeditivas do processo de aprendizagem de alguns alunos, criando novos caminhos de intervenção e regulação dos déficits evidenciados. O psicopedagogo que trabalha na instituição de ensino deve pensar globalmente, o tempo todo, olhar para o aluno como parte de um sistema maior, onde a escola predomina como lócus de aprendizagem, mas não como único elemento capaz de propiciá-la.
Além de conceber a aprendizagem como resultante de um sistema complexo em interação, o psicopedagogo institucional tem que adquirir ferramentas de trabalho para agir, desenvolver estratégias de trabalho, atuar preventivamente e promover reajuste nos sistemas de aprendizagem que apresentam disfunções. Para atuar, este profissional necessita dominar conhecimentos específicos que orientam os processos de avaliação, intervenção e atuação psicopedagógica
na instituição de ensino, considerando que grande parte de seu instrumental de trabalho será produzido por ele mesmo, de acordo com a realidade onde está inserido, com as demandas com as quais lida e as características específicas da clientela que atende.
Nossa proposta é compreender como a criança vai, aos poucos, elaborando suas estruturas cognitivas, emocionais, sociais, afetivas e motoras, ao longo do seu desenvolvimento, com o propósito de compreender o mundo e a si mesma. Somos quem somos porque aprendemos a ser “humanos” com o outro, com nossos cuidadores, pais, amigos, escola, comunidade, grupos sociais e a cultura. É a cultura que nos dá ferramentas para organizarmos nosso conhecimento. É por meio do outro que aprendemos quem somos e damos significados para o mundo que vivemos e sentimos.
Em cada cultura encontraremos mentes diferentes, construídas por meio dos instrumentos e signos ofertados por agentes culturais distintos. Compreender este processo é fundamental para o educador, para o psicopedagogo, para qualquer profissional que trabalhe com pessoas em desenvolvimento e aprendizagem, especialmente crianças.
Para que possamos dar conta de um tema tão complexo necessitamos do apoio de algumas disciplinas, dentre as quais: (1) a Psicologia Escolar, que objetiva compreender os fenômenos humanos desenvolvimentais e de aprendizagem ocorrentes no espaço escolar; (2) a Psicologia do Desenvolvimento, disciplina que investiga o processo de
desenvolvimento do homem, desde a concepção até a morte do indivíduo e (3) a Psicologia da Aprendizagem, cujo foco central diz respeito ao entendimento dos processos de construção e elaboração dos conhecimentos, saberes e informações pelo homem.
As contribuições destas três áreas da Psicologia serão discutidas neste Caderno de Estudos, de acordo com os temas específicos de cada capítulo, todos voltados para o entendimento dos processos de construção do conhecimento da criança no espaço escolar.
común e invitar a la comunidad de investigadores y profesionales de la creatividad a reflexionar, estudiar y cultivar la creatividad como un fenómeno sociocultural.
- Compreender a Psicopedagogia como campo do saber científico, seu objeto de estudo e metodologias utilizadas na produção do conhecimento psicopedagógico;
- Conhecer o processo de construção histórica da Psicopedagogia como área que lida com os processos de aprendizagem e seus impedimentos;
- Analisar os elementos constituintes do saber psicopedagógico e suas dimensões interdisciplinares;
- Avaliar a formação do especialista em psicopedagogia no Brasil e as implicações éticas e morais desta área de atuação profissional.
Como o foco desta formação é a aplicação da Psicopedagogia no âmbito escolar e institucional, necessitamos de conhecimentos específicos nesta área de atuação assim como de recursos que permitam a realização de processos de avaliação e intervenção psicopedagógica institucional com competência e propriedade.
A disciplina “Avaliação Psicopedagógica Institucional” iniciou uma relação mais próxima com o fazer psicopedagógico que esta disciplina
pretende continuar. Uma vez que aprendemos a avaliar um contexto de dificuldades de aprendizagem, pressupõe-se que é necessário compreender como intervir neste contexto. Este é o nosso objetivo, agora. Esta disciplina vai tratar do saber e do fazer psicopedagógicos a serviço das instituições de ensino. Seu objetivo consiste em compreender a escola como o espaço onde se constroem as dificuldades de aprendizagem e o sujeito como aquele que delata a dimensão disfuncional de todo um contexto. Pensar a Psicopedagogia Institucional é pensar a instituição escolar e todo o sistema que cerca o sujeito que apresenta dificuldades de aprendizagem. Não existe fracasso escolar sem um contexto que o produz. A compreensão desta relação dialética é fundamental para a abordagem psicopedagógica
institucional.
A partir de uma visão sistêmica do fenômeno da aprendizagem e da não-aprendizagem, a Psicopedagogia atua nas instituições escolares, em caráter preventivo, construindo saberes, valores, crenças e práticas que funcionam como “desconstrutores” das práticas pedagógicas impeditivas do processo de aprendizagem de alguns alunos, criando novos caminhos de intervenção e regulação dos déficits evidenciados.
O mundo nunca experimentou tamanha transformação em seus tecidos social, econômico e cultural como vêm ocorrendo nas últimas décadas. O avanço indescritível do conhecimento e a proliferação das tecnologias têm modificado profundamente a experiência humana de modo a exigir do sujeito freqüentes condutas adaptativas. Estas transformações trazem, a reboque, significativas mudanças nas crenças, valores e práticas sociais que são transmitidas culturalmente pelas agências educacionais, com destaque para a família e a escola. Diante de um cenário sociocultural tão mutável e com características tão complexas surgem enormes dificuldades por parte das famílias e instituições escolares em prover
processos educacionais adequados e de qualidade, que acompanhem tantas mudanças. Deste descompasso, desta fissura emergem as dificuldades de aprendizagem. Elas surgem como sintomas que deflagram a dificuldade em articular
educação e vida e apontam para a necessidade de revisão das práticas educacionais diante de uma nova sociedade, que se transforma cotidianamente.
Compreender as dificuldades de aprendizagem como um fenômeno multideterminado é indispensável na atualidade, especialmente para o educador. Investigá-la para além de seus conceitos e/ou taxonomias também consiste em tarefa indispensável para os profissionais que trabalham com ensino e aprendizagem, em especial os psicopedagogos. É necessário compreender as dificuldades de aprendizagem como fenômeno cultural, que atinge uma pessoa de modo particular, mas que se constitui nas relações entre o sujeito da aprendizagem e seu contexto social e cultural. Uma criança deixa de aprender não somente por ser portadora de alguma restrição cognitiva ou fisiológica, mas especialmente porque em sua trajetória de vida algumas rotas desenvolvimentais encontraram obstáculos intransponíveis que se expressaram no impedimento à aquisição do conhecimento.
Aprender é ato revestido de concepções e ideologias típicas de cada cultura. Uma criança que deixa de aprender não o faz por incompetência individual, mas provavelmente porque, em algum momento, deixou de atender às exigências postas
por esta cultura com relação aos conteúdos que devem ser aprendidos e de que forma isto deve ocorrer. Apresentar dificuldades para aprender pode ser uma reação saudável do sujeito, especialmente quando esta carga vem carregada de
valores e atitudes sem sentido ou significado para ele. A escola é uma instituição feita “para todos” e esquece que seres humanos são únicos, em suas características personológicas assim como em seus anseios e desejos. Se os conteúdos
que a escola empurra goela abaixo de uma criança não interessam ou não fazem sentido para a sua existência é muito provável que surja a recusa em aprender. Parece uma atitude correta, que vai privar o indivíduo de profundos dissabores.
É sob esta perspectiva que investigaremos as dificuldades de aprendizagem: a partir de uma leitura complexa que não se reduz aos conceitos, tipos de DA´s e estratégias de intervenções pontuais.
Além das dificuldades de aprendizagem este texto pretende também investigar o fracasso e o sucesso escolar como ocorrências típicas das sociedades industrializadas, ou seja, como fenômenos deste momento histórico e social. Fracasso escolar e dificuldades de aprendizagem são conceitos que se esbarram continuamente e necessitam ser compreendidos em suas particularidades. Uma criança fracassa na escola porque apresenta dificuldades para aprender ou começa a
apresentar dificuldades de aprendizagem em decorrência de freqüentes experiências de fracasso escolar? A princípio, as duas proposições procedem, ou não! Compreender o fracasso escolar e suas inter-relações com as dificuldades de
aprendizagem é tarefa que exige aprofundamento teórico e conceitual em distintas áreas do conhecimento, com destaque para a educação, a psicologia e, em especial, a psicopedagogia. O presente texto pretende contribuir neste sentido, apresentando uma discussão mais elaborada sobre este tema.
Até o presente momento deste curso foram discutidas questões teóricas de grande relevância, como: as bases epistemológicas da Psicopedagogia, os processos de construção do conhecimento, as contribuições da Psicanálise para a compreensão do saber psicopedagógico e uma análise aprofundada das dificuldades de aprendizagem e do fracasso escolar. Como o foco desta formação é a aplicação da Psicopedagogia no âmbito escolar e institucional, necessitamos de conhecimentos específicos nesta área de atuação assim como de recursos que permitam a realização de processos
de avaliação psicopedagógica institucional com segurança e propriedade.
Esta disciplina vai tratar dos saberes psicopedagógicos a serviço das instituições de ensino. Seu objetivo central consiste em compreender a escola como o espaço onde se constroem as dificuldades de aprendizagem e o sujeito como aquele que delata a dimensão disfuncional de todo um contexto. Pensar a Psicopedagogia Institucional é pensar a instituição escolar e todo o sistema que cerca o sujeito que apresenta dificuldades de aprendizagem. Não existe fracasso escolar sem um contexto que o produz. A compreensão desta relação dialética é fundamental para a abordagem psicopedagógica
institucional.
A partir de uma visão sistêmica do fenômeno da aprendizagem e da não-aprendizagem, a Psicopedagogia atua nas instituições escolares, em caráter preventivo, construindo saberes, valores, crenças e práticas que funcionam como “desconstrutores” das práticas pedagógicas impeditivas do processo de aprendizagem de alguns alunos, criando novos caminhos de intervenção e regulação dos déficits evidenciados. O psicopedagogo que trabalha na instituição de ensino deve pensar globalmente, o tempo todo, olhar para o aluno como parte de um sistema maior, onde a escola predomina como lócus de aprendizagem, mas não como único elemento capaz de propiciá-la.
Além de conceber a aprendizagem como resultante de um sistema complexo em interação, o psicopedagogo institucional tem que adquirir ferramentas de trabalho para agir, desenvolver estratégias de trabalho, atuar preventivamente e promover reajuste nos sistemas de aprendizagem que apresentam disfunções. Para atuar, este profissional necessita dominar conhecimentos específicos que orientam os processos de avaliação, intervenção e atuação psicopedagógica
na instituição de ensino, considerando que grande parte de seu instrumental de trabalho será produzido por ele mesmo, de acordo com a realidade onde está inserido, com as demandas com as quais lida e as características específicas da clientela que atende.
Nossa proposta é compreender como a criança vai, aos poucos, elaborando suas estruturas cognitivas, emocionais, sociais, afetivas e motoras, ao longo do seu desenvolvimento, com o propósito de compreender o mundo e a si mesma. Somos quem somos porque aprendemos a ser “humanos” com o outro, com nossos cuidadores, pais, amigos, escola, comunidade, grupos sociais e a cultura. É a cultura que nos dá ferramentas para organizarmos nosso conhecimento. É por meio do outro que aprendemos quem somos e damos significados para o mundo que vivemos e sentimos.
Em cada cultura encontraremos mentes diferentes, construídas por meio dos instrumentos e signos ofertados por agentes culturais distintos. Compreender este processo é fundamental para o educador, para o psicopedagogo, para qualquer profissional que trabalhe com pessoas em desenvolvimento e aprendizagem, especialmente crianças.
Para que possamos dar conta de um tema tão complexo necessitamos do apoio de algumas disciplinas, dentre as quais: (1) a Psicologia Escolar, que objetiva compreender os fenômenos humanos desenvolvimentais e de aprendizagem ocorrentes no espaço escolar; (2) a Psicologia do Desenvolvimento, disciplina que investiga o processo de
desenvolvimento do homem, desde a concepção até a morte do indivíduo e (3) a Psicologia da Aprendizagem, cujo foco central diz respeito ao entendimento dos processos de construção e elaboração dos conhecimentos, saberes e informações pelo homem.
As contribuições destas três áreas da Psicologia serão discutidas neste Caderno de Estudos, de acordo com os temas específicos de cada capítulo, todos voltados para o entendimento dos processos de construção do conhecimento da criança no espaço escolar.