Papers by José Inaldo Chaves

In the second half of the 18th century, the territories of the captaincy of the State of North Br... more In the second half of the 18th century, the territories of the captaincy of the State of North Brazil were,by royal resolution, attached administratively to the government of Pernambuco. In the case of Real Captaincy ofParaiba, the annexation lasted for forty years and institutionalized long-established social networks among theelites of Paraiba and their counterparts from the neighboring state of Pernambuco. This articleis a micro-analytical observation of the so-called political consequences attached to the captaincy fromthe dynamics of the local elites of Paraiba, set in the context of the Portuguese Empire of the eighteenth century,looking, on the other hand, the relations that shaped their ties to Pernambuco, precisely with thegovernors-general of the captaincy and the merchants of Recife's Square. In defense of its business withthe commercial circuits of Recife, these local elites have left, including the rage against the governor of Paraiba,exa...
Locus - Revista de História, 2019
O artigo analisa a aplicação do Diretório dos Índios nas capitanias do Norte do Estado do Brasil ... more O artigo analisa a aplicação do Diretório dos Índios nas capitanias do Norte do Estado do Brasil como face de um amplo programa de concentração da decisão política no Império que favoreceu o governador e capitão-general de Pernambuco, estendendo sua jurisdição sobre as capitanias vizinhas da Paraíba, Rio Grande e Ceará. Os conflitos com os capitães-mores governadores e com os ouvidores-gerais, além da redução das municipalidades e oposição dos vereadores, transformaram-se na “pedra-de-toque” das tramas políticas naqueles meados de Setecentos, quando também a Coroa parecia decidida a restringir as autonomias da administração periférica em suas relações diretas com os poderes locais.

Anos 90, 2019
No final do século XVIII, viajantes e naturalistas narravam outros cenários das paisagens nas cap... more No final do século XVIII, viajantes e naturalistas narravam outros cenários das paisagens nas capitanias do Norte, muitos dos quais desconhecidos ou, pelo menos, mal conhecidos. Muitas vezes sob o mecenato da Coroa, a tradicional cena protagonizada pelo canavial foi sendo recomposta por mais camadas de memória e conhecimento à moda da ilustração, encaminhadas pelas novas demandas que se apresentavam. Também se passou de uma América idealizada, oscilante entre o paraíso terreal e o lugar da danação da humanidade, para uma descrição pretensamente “científica” e utilitarista dos territórios. Foi nesse contexto que emblemáticas personagens como Bento Bandeira de Melo e Manoel de Arruda Câmara percorreram as capitanias do Norte e registraram o que viram, revelando como a diacronia natureza-cultura foi reposicionada pela chamada geração de 1790, que concluíra pela necessária transformação nas formas de produzir e utilizar os recursos naturais. Numa abordagem que aproxima a geografia do po...

Sæculum – Revista de História, 2018
O artigo explora as relações entre as identidades locais do Antigo Regime ibérico e a produção de... more O artigo explora as relações entre as identidades locais do Antigo Regime ibérico e a produção de culturas históricas e culturas políticas na cidade da Paraíba de Nossa Senhora das Neves, entre os séculos XVII e XVIII. Com o fim da guerra da Liberdade Divina e a difícil tarefa de reerguer as capitanias do Norte, repartindo os postos do governo local em um contexto de crise da economia do açúcar, se acentuara a fragmentação e disputa entre as elites senhoriais, todas aparentadas e oriundas do “berço olindense” dos Quinhentos. O acirramento das rivalidades permitiu a eclosão de um emergente sentimento nativista na cidade da Paraíba cujo principal expoente fora o Senado da Câmara e os seus vereadores, inventores de uma toponímia da política local baseada na manutenção dos privilégios e isenções dos “primeiros conquistadores” daquela capitania régia e na defesa da autonomia militar e político-administrativa perante o poderoso vizinho ao sul – Pernambuco.

Almanack, 2014
Resumo Em 1794, em um dos últimos episódios daquele século no que diz respeito ao comércio interc... more Resumo Em 1794, em um dos últimos episódios daquele século no que diz respeito ao comércio intercolonial nas capitanias do Norte, uma ordem régia autorizou os tráficos mercantis entre zonas produtoras da Capitania da Paraíba e o porto do Recife, principal entreposto comercial da região. A autorização régia foi emitida nos estertores do chamado período de anexação (1756-99), quando a Paraíba estava subordinada ao governo de Pernambuco, e contrariava os planos do então governador da Paraíba, o capitão-mor Jerónimo de Mello e Castro, que desejava criar mecanismos políticos e econômicos que permitissem recobrar a autonomia da Capitania. Destarte, a relação entre o plano local, representado pelas interações entre produtores e negociantes nas capitanias do Norte, e o plano imperial, que expôs o interesse da Coroa portuguesa, em fim de século, em estimular o comércio intercolonial, será o objeto precípuo desse artigo.

Revista Territórios e Fronteiras, 2015
Em 1769 a tentativa de assassinato do governador e capitão-mor da Paraíba escancarou as fraturas ... more Em 1769 a tentativa de assassinato do governador e capitão-mor da Paraíba escancarou as fraturas e acertos sociais de uma sociedade forjada por estruturas hierarquizadas, mas sofisticadamente fluídas e permeáveis. O crime foi encomendado por setores insatisfeitos das elites locais da Capitania e nos permitem, séculos depois, utilizá-lo como mote na compreensão das interações sociais entre nobrezas da terra da América portuguesa e os oficiais régios incumbidos do governo dos povos e territórios ultramarinos. Um relacionamento nem sempre amistoso, as negociações eram frequentes e fundamentais à governabilidade portuguesa nos trópicos. Na capitania da Paraíba, as relações entre elites coloniais e os servidores da Coroa foram ainda definidas pelo contexto de anexação a Pernambuco, entre 1756 e 1799, revelando estratégias exercitadas na busca de capital político e econômico numa conjuntura jurisdicional tensionada.Palavras-chave: Elites locais; Capitania da Paraíba; século 18.

In the second half of the 18th century, the territories of the captaincy of the State of North Br... more In the second half of the 18th century, the territories of the captaincy of the State of North Brazil were, by royal resolution, attached administratively to the government of Pernambuco. In the case of Real Captaincy of Paraiba, the annexation lasted for forty years and institutionalized long-established social networks among the elites of Paraiba and their counterparts from the neighboring state of Pernambuco. This article is a micro- analytical observation of the so-called political consequences attached to the captaincy from the dynamics of the local elites of Paraiba, set in the context of the Portuguese Empire of the eighteenth century, looking, on the other hand, the relations that shaped their ties to Pernambuco, precisely with the governors-general of the captaincy and the merchants of Recife's Square. In defense of its business with the commercial circuits of Recife, these local elites have left, including the rage against the governor of Paraiba, exacerbating tensions...
Temas Americanistas (47), 2021
Este artigo analisa o conteúdo das falas de capitães-mores, generais governadores, negociantes e ... more Este artigo analisa o conteúdo das falas de capitães-mores, generais governadores, negociantes e da câmara da cidade da Paraíba de Nossa Senhora das Neves com o interesse de compreender detalhes do processo histórico que resultou na subordinação da Paraíba em janeiro de 1756. O objetivo é que este estudo de caso possa contribuir com os esforços historiográficos recentes que buscaram explicar o funcionamento das dinâmicas espaciais no ultramar português, notadamente quanto aos mecanismos de constituição de hierarquias e jurisdições envolvendo capitanias e governos coloniais.

Revista Anos 90, 2019
No final do século XVIII, os relatos de naturalistas revelaram outras descrições da natureza e te... more No final do século XVIII, os relatos de naturalistas revelaram outras descrições da natureza e territorialidades das capitanias do Norte, muitas das quais desconhecidas ou, pelo menos, mal conhecidas.
Muitas vezes sob o mecenato da Coroa, a tradicional cena protagonizada pelo canavial foi sendo recomposta por mais camadas de memória e conhecimento à moda da Ilustração, encaminhadas pelas novas demandas que se apresentavam. Também se passou de uma América idealizada, oscilante entre o paraíso terreal e o lugar da danação, para uma leitura científica e ainda mais utilitarista da natureza. Foi nesse contexto que emblemáticas personagens como Bento Bandeira de Melo e Manoel de Arruda Câmara percorreram as capitanias do Norte e registraram o que viram, reposicionando a relação natureza-cultura, ainda que sem abandonar o utilitarismo habitual. Numa abordagem que aproxima a geografia do poder e as histórias política e ambiental, o artigo também discute esses relatos da natureza como sintomas de uma regionalidade disputada no campo das identidades locais no Norte do Estado do Brasil, particularmente as ranhuras e
descontinuidades impostas à secular capitalidade do Recife.
CHAVES JR., José Inaldo. A mística jurisdição e a ambição dos governadores: revisitando um debate... more CHAVES JR., José Inaldo. A mística jurisdição e a ambição dos governadores: revisitando um debate sobre a governação no Estado do Brasil (séculos XVII-XVIII). In.: ACRUCHE, Hevelly Ferreira (org.). História da América: percursos e investigações. Curitiba: Editora Appris, 2019, p. 77-109.

Café História, 2019
Dentre as mais graves incompreensões da história e historiografia do Brasil, uma, a respeito dos ... more Dentre as mais graves incompreensões da história e historiografia do Brasil, uma, a respeito dos povos indígenas, é particularmente enganosa e carregada de preconceitos ainda atualmente. Foram os povos originários incapazes ao trabalho regular e penoso exigido pelas lavouras de açúcar e, por isso, teriam sido “substituídos” pelos africanos ainda no alvorecer da colonização portuguesa? Da maneira como é comumente colocada, a pergunta em si conduz a respostas limitadoras a respeito da importância dos indígenas na construção das sociedades coloniais portuguesas na América. Nesse sentido, impõe-se recuperar a qualidade do problema historiográfico buscando compreender como, a partir de experiências históricas precisas, os nativos tiveram seus modos de vida transformados, mas também responderam assertivamente ao contato com os europeus.
https://www.cafehistoria.com.br/povos-indigenas-trabalho-brasil-colonial/
Locus - Revista de História (UFJF), 2018
O artigo analisa a aplicação do Diretório dos Índios nas capitanias
do Norte do Estado do Brasil ... more O artigo analisa a aplicação do Diretório dos Índios nas capitanias
do Norte do Estado do Brasil como face de um amplo programa de concentração da decisão política no Império que favoreceu o governador e capitão-general de Pernambuco, estendendo sua jurisdição sobre as capitanias vizinhas da Paraíba, Rio Grande e
Ceará. Os conflitos com os capitães-mores governadores e com os
ouvidores-gerais, além da redução das municipalidades e oposição dos vereadores, transformaram-se na “pedra-de-toque” das tramas
políticas naqueles meados de Setecentos, quando também a Coroa
parecia decidida a restringir as autonomias da administração
periférica em suas relações diretas com os poderes locais.
CHAVES JR., José Inaldo. Império, natureza e região nas capitanias de
Pernambuco e Paraíba (sécul... more CHAVES JR., José Inaldo. Império, natureza e região nas capitanias de
Pernambuco e Paraíba (século XVIII). IN.: SIQUEIRA, Maria Isabel de; ABRIL, Victor Hugo; FERNANDES, Valter Lenine & SÁ, Helena Trindade de (orgs). A colônia em perspectiva: pesquisas e análises sobre o Brasil (XVI-XIX). Jundiaí: Editorial Pacco, 2017, p. 291-318.

Saeculum - Revista de História (UFPB), 2018
O artigo explora as relações entre as identidades locais do Antigo Regime ibérico e a produção de... more O artigo explora as relações entre as identidades locais do Antigo Regime ibérico e a produção de culturas históricas e culturas políticas na cidade da Paraíba de Nossa Senhora das Neves, entre os séculos XVII e XVIII. Com o fim da guerra da Liberdade Divina e a difícil tarefa de reerguer as capitanias do Norte, repartindo os postos do governo local em um contexto de crise da economia do açúcar, se acentuara a fragmentação e disputa entre as elites senhoriais, todas aparentadas e oriundas do “berço olindense” dos Quinhentos. O acirramento das rivalidades permitiu a eclosão de um emergente sentimento nativista na
cidade da Paraíba cujo principal expoente fora o Senado da Câmara e os seus vereadores, inventores de uma toponímia da política local
baseada na manutenção dos privilégios e isenções dos “primeiros conquistadores” daquela capitania régia e na defesa da autonomia militar e político-administrativa perante o poderoso vizinho ao sul -
Pernambuco.
Editora Prismas, 2016
In.: CHAVES JR., J. I.; BIRRO, R. M.; LENINE, V.; ABRIL, V. H. (orgs.). Colonialidades: governos,... more In.: CHAVES JR., J. I.; BIRRO, R. M.; LENINE, V.; ABRIL, V. H. (orgs.). Colonialidades: governos, gentes e territórios na América Ibérica (séculos XVII-XIX). Curitiba: Editoria Prismas, 2016.

Revista Promontoria - Universidade do Algarve, 2014
A descrição é aterradora e denota enorme crueldade. Como uma espécie de Facundo dos sertões da Pa... more A descrição é aterradora e denota enorme crueldade. Como uma espécie de Facundo dos sertões da Paraíba colonial, 2 Teodósio Alvarez arrastara o capitão dos índios Panati pelas ruas do pequeno povoado no sertão do Piancó, dando-lhe muitas pancadas e bofetadas e exigindo o encarceramento do dito índio, executado pelo visitador, um religioso do Carmo transeunte pela região naqueles dias e que fora praticamente obrigado a dar voz de prisão ao índio. 3 Preso, o Principal fora vítima de mais um ataque de fúria de um colono, desferido dessa vez por Manoel da Silva, que lhe atingiu com inúmeras cutiladas, deixando-o pela hora da morte. Sem que saibamos o motivo da omissão -talvez por medo de sofrerem represálias da parte dos acusados, ou simplesmente por concordarem com seus atos -, nenhum dos que presenciaram esta malevolência, dada no caminho da rua até o cárcere de Piancó, ocupou-se de socorrer o ensanguentado índio, que morreu "sem lhe curarem as mortais feridas". Doravante, os sequazes preocuparam-se em dissimular o homicídio, "atando-lhe uma corda ao pescoço para fingir que o mesmo Cappitam mor Índio se enforcara", o que era "falsíssimo e verdade que eles o matarão, como se prova pella sertidão junta do Mestre de Campo Mathias Soares Taveira [...]". 4

Territórios e Fronteiras, UFMT, 2015
Em 1769 a tentativa de assassinato do governador
e capitão-mor da Paraíba escancarou
as fraturas ... more Em 1769 a tentativa de assassinato do governador
e capitão-mor da Paraíba escancarou
as fraturas e acertos sociais de uma
sociedade forjada por estruturas hierarquizadas,
mas sofisticadamente fluídas e permeáveis.
O crime foi encomendado por setores
insatisfeitos das elites locais da Capitania
e nos permitem, séculos depois, utilizá-lo
como mote na compreensão das interações
sociais entre nobrezas da terra da
América portuguesa e os oficiais régios incumbidos
do governo dos povos e territó-
rios ultramarinos. Um relacionamento
nem sempre amistoso, as negociações
eram frequentes e fundamentais à governabilidade
portuguesa nos trópicos. Na capitania
da Paraíba, as relações entre elites coloniais
e os servidores da Coroa foram
ainda definidas pelo contexto de anexação
a Pernambuco, entre 1756 e 1799, revelando
estratégias exercitadas na busca de
capital político e econômico numa conjuntura
jurisdicional tensionada.

Almanack, Guarulhos, UNIFESP, 2014
In 1794, in one of the last episodes of that century with regard to the
intercolonial trade in No... more In 1794, in one of the last episodes of that century with regard to the
intercolonial trade in North captaincies a royal order authorized the
commercial trafficking between producing areas of the Captaincy of
Paraiba and the port of Recife, the main commercial hub of the region.
The royal authorization was issued in the throes of the so-called period of
annexation (1756-99), when Paraíba was subordinated to the government
of Pernambuco, and contradicted the plans of the then governor of Paraíba,
the chief captain Jerónimo de Mello e Castro, who wished to create
political and economic mechanisms that allow recovering the autonomy of
the Captaincy. Thus, the relationship between the local sphere, represented
by interactions between producers and dealers in North captaincies, and
the imperial sphere, which exposed the interest of the Portuguese Crown
at the end of the century, to promote intercolonial trade, will be the prime
object of this article.

Saeculum, UFPB, 2014
RAMINELLI, Ronald. A era das conquistas: América espanhola, séculos XVI e XVII. Rio de Janeiro: E... more RAMINELLI, Ronald. A era das conquistas: América espanhola, séculos XVI e XVII. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2013, 180 p. É eclética e volumosa a produção de saberes sobre a América desde a chegada dos europeus nos estertores do século XV, com notícias sobre as suas potencialidades, suas gentes, matas, rios, minérios e, principalmente, os caminhos para acessálos. Em tempos de expansão marítima, uma cartografia do lugar foi desde cedo valorizada pela Monarquia católica e recompensados com mercês e honras foram aqueles que se dispuseram a produzi-la. Doravante, uma controvertida literatura de viagem, produzida por religiosos, conquistadores e aventureiros das mais variadas origens geográficas e sociais, dedicou-se à narrativa da conquista ibérica sobre o Novo Mundo. Plenamente inseridos no contexto de consolidação das monarquias europeias, estes relatos demonstraram a intrínseca relação mantida entre homens e mulheres de cá e d'além-mar, desde quando os primeiros pés castelhanos pisaram o chão do Eldorado. Desde o século XVI, o Novo Mundo jamais conseguiu ser tão distante e ausente como alguns relatos faziam crer, e, a despeito da imensidão oceânica e das intempéries das rotas marítimas, suas histórias entrecruzaram-se com as do velho continente, integrando-se aos cenários renascentista e de formação dos estados modernos.

Outros Tempos (UEMA), 2012
Na segunda metade do século 18, os territórios das capitanias do Norte do Estado do Brasil foram,... more Na segunda metade do século 18, os territórios das capitanias do Norte do Estado do Brasil foram, por resolução real, anexados administrativamente ao governo de Pernambuco. No caso da Capitania Real da Paraíba, a anexação perdurou por quarenta anos e institucionalizou redes sociais há muito estabelecidas entre as elites da Paraíba e suas congêneres da vizinha Pernambuco. Este artigo visa a uma observação micro-analítica das consequências da chamada política de capitanias anexas a partir da dinâmica das elites locais da Paraíba inseridas no contexto do Império Português de Setecentos, contemplando, por outro lado, as relações que conformaram seus vínculos com Pernambuco, precisamente com os governadores-generais desta capitania e os negociantes da Praça do Recife. Na defesa de seus negócios com os circuitos mercantis do Recife, essas elites locais não deixaram, inclusive, de enfurecer-se contra o próprio governador da Paraíba, agravando as tensões e invasões de jurisdições em um governo subordinado.
Uploads
Papers by José Inaldo Chaves
Muitas vezes sob o mecenato da Coroa, a tradicional cena protagonizada pelo canavial foi sendo recomposta por mais camadas de memória e conhecimento à moda da Ilustração, encaminhadas pelas novas demandas que se apresentavam. Também se passou de uma América idealizada, oscilante entre o paraíso terreal e o lugar da danação, para uma leitura científica e ainda mais utilitarista da natureza. Foi nesse contexto que emblemáticas personagens como Bento Bandeira de Melo e Manoel de Arruda Câmara percorreram as capitanias do Norte e registraram o que viram, reposicionando a relação natureza-cultura, ainda que sem abandonar o utilitarismo habitual. Numa abordagem que aproxima a geografia do poder e as histórias política e ambiental, o artigo também discute esses relatos da natureza como sintomas de uma regionalidade disputada no campo das identidades locais no Norte do Estado do Brasil, particularmente as ranhuras e
descontinuidades impostas à secular capitalidade do Recife.
https://www.cafehistoria.com.br/povos-indigenas-trabalho-brasil-colonial/
do Norte do Estado do Brasil como face de um amplo programa de concentração da decisão política no Império que favoreceu o governador e capitão-general de Pernambuco, estendendo sua jurisdição sobre as capitanias vizinhas da Paraíba, Rio Grande e
Ceará. Os conflitos com os capitães-mores governadores e com os
ouvidores-gerais, além da redução das municipalidades e oposição dos vereadores, transformaram-se na “pedra-de-toque” das tramas
políticas naqueles meados de Setecentos, quando também a Coroa
parecia decidida a restringir as autonomias da administração
periférica em suas relações diretas com os poderes locais.
Pernambuco e Paraíba (século XVIII). IN.: SIQUEIRA, Maria Isabel de; ABRIL, Victor Hugo; FERNANDES, Valter Lenine & SÁ, Helena Trindade de (orgs). A colônia em perspectiva: pesquisas e análises sobre o Brasil (XVI-XIX). Jundiaí: Editorial Pacco, 2017, p. 291-318.
cidade da Paraíba cujo principal expoente fora o Senado da Câmara e os seus vereadores, inventores de uma toponímia da política local
baseada na manutenção dos privilégios e isenções dos “primeiros conquistadores” daquela capitania régia e na defesa da autonomia militar e político-administrativa perante o poderoso vizinho ao sul -
Pernambuco.
e capitão-mor da Paraíba escancarou
as fraturas e acertos sociais de uma
sociedade forjada por estruturas hierarquizadas,
mas sofisticadamente fluídas e permeáveis.
O crime foi encomendado por setores
insatisfeitos das elites locais da Capitania
e nos permitem, séculos depois, utilizá-lo
como mote na compreensão das interações
sociais entre nobrezas da terra da
América portuguesa e os oficiais régios incumbidos
do governo dos povos e territó-
rios ultramarinos. Um relacionamento
nem sempre amistoso, as negociações
eram frequentes e fundamentais à governabilidade
portuguesa nos trópicos. Na capitania
da Paraíba, as relações entre elites coloniais
e os servidores da Coroa foram
ainda definidas pelo contexto de anexação
a Pernambuco, entre 1756 e 1799, revelando
estratégias exercitadas na busca de
capital político e econômico numa conjuntura
jurisdicional tensionada.
intercolonial trade in North captaincies a royal order authorized the
commercial trafficking between producing areas of the Captaincy of
Paraiba and the port of Recife, the main commercial hub of the region.
The royal authorization was issued in the throes of the so-called period of
annexation (1756-99), when Paraíba was subordinated to the government
of Pernambuco, and contradicted the plans of the then governor of Paraíba,
the chief captain Jerónimo de Mello e Castro, who wished to create
political and economic mechanisms that allow recovering the autonomy of
the Captaincy. Thus, the relationship between the local sphere, represented
by interactions between producers and dealers in North captaincies, and
the imperial sphere, which exposed the interest of the Portuguese Crown
at the end of the century, to promote intercolonial trade, will be the prime
object of this article.
Muitas vezes sob o mecenato da Coroa, a tradicional cena protagonizada pelo canavial foi sendo recomposta por mais camadas de memória e conhecimento à moda da Ilustração, encaminhadas pelas novas demandas que se apresentavam. Também se passou de uma América idealizada, oscilante entre o paraíso terreal e o lugar da danação, para uma leitura científica e ainda mais utilitarista da natureza. Foi nesse contexto que emblemáticas personagens como Bento Bandeira de Melo e Manoel de Arruda Câmara percorreram as capitanias do Norte e registraram o que viram, reposicionando a relação natureza-cultura, ainda que sem abandonar o utilitarismo habitual. Numa abordagem que aproxima a geografia do poder e as histórias política e ambiental, o artigo também discute esses relatos da natureza como sintomas de uma regionalidade disputada no campo das identidades locais no Norte do Estado do Brasil, particularmente as ranhuras e
descontinuidades impostas à secular capitalidade do Recife.
https://www.cafehistoria.com.br/povos-indigenas-trabalho-brasil-colonial/
do Norte do Estado do Brasil como face de um amplo programa de concentração da decisão política no Império que favoreceu o governador e capitão-general de Pernambuco, estendendo sua jurisdição sobre as capitanias vizinhas da Paraíba, Rio Grande e
Ceará. Os conflitos com os capitães-mores governadores e com os
ouvidores-gerais, além da redução das municipalidades e oposição dos vereadores, transformaram-se na “pedra-de-toque” das tramas
políticas naqueles meados de Setecentos, quando também a Coroa
parecia decidida a restringir as autonomias da administração
periférica em suas relações diretas com os poderes locais.
Pernambuco e Paraíba (século XVIII). IN.: SIQUEIRA, Maria Isabel de; ABRIL, Victor Hugo; FERNANDES, Valter Lenine & SÁ, Helena Trindade de (orgs). A colônia em perspectiva: pesquisas e análises sobre o Brasil (XVI-XIX). Jundiaí: Editorial Pacco, 2017, p. 291-318.
cidade da Paraíba cujo principal expoente fora o Senado da Câmara e os seus vereadores, inventores de uma toponímia da política local
baseada na manutenção dos privilégios e isenções dos “primeiros conquistadores” daquela capitania régia e na defesa da autonomia militar e político-administrativa perante o poderoso vizinho ao sul -
Pernambuco.
e capitão-mor da Paraíba escancarou
as fraturas e acertos sociais de uma
sociedade forjada por estruturas hierarquizadas,
mas sofisticadamente fluídas e permeáveis.
O crime foi encomendado por setores
insatisfeitos das elites locais da Capitania
e nos permitem, séculos depois, utilizá-lo
como mote na compreensão das interações
sociais entre nobrezas da terra da
América portuguesa e os oficiais régios incumbidos
do governo dos povos e territó-
rios ultramarinos. Um relacionamento
nem sempre amistoso, as negociações
eram frequentes e fundamentais à governabilidade
portuguesa nos trópicos. Na capitania
da Paraíba, as relações entre elites coloniais
e os servidores da Coroa foram
ainda definidas pelo contexto de anexação
a Pernambuco, entre 1756 e 1799, revelando
estratégias exercitadas na busca de
capital político e econômico numa conjuntura
jurisdicional tensionada.
intercolonial trade in North captaincies a royal order authorized the
commercial trafficking between producing areas of the Captaincy of
Paraiba and the port of Recife, the main commercial hub of the region.
The royal authorization was issued in the throes of the so-called period of
annexation (1756-99), when Paraíba was subordinated to the government
of Pernambuco, and contradicted the plans of the then governor of Paraíba,
the chief captain Jerónimo de Mello e Castro, who wished to create
political and economic mechanisms that allow recovering the autonomy of
the Captaincy. Thus, the relationship between the local sphere, represented
by interactions between producers and dealers in North captaincies, and
the imperial sphere, which exposed the interest of the Portuguese Crown
at the end of the century, to promote intercolonial trade, will be the prime
object of this article.
das relações raciais e diferenças de gênero sobre a formação política e social do Brasil. Reflexão sobre as raízes do
autoritarismo na sociedade brasileira. Sociedade brasileira e direitos humanos.