Papers by Camila Galetti
O presente ensaio teorico discute a ideia de que o liberalismo e o neoliberalismo nao se resumem ... more O presente ensaio teorico discute a ideia de que o liberalismo e o neoliberalismo nao se resumem a modelos economicos, instituindo, no âmbito politico, posicoes diferentes de sujeito conforme seu genero. O objetivo central desse ensaio foi o de cartografar alguns episodios politicos da realidade brasileira tendo como fio condutor as assimetrias de genero, no intercurso do pos-golpe de Estado de 2016. A hipotese foi a de que o regime capitalista, em sua dobra financeirizada e neoliberal, retrocede a um projeto (neo)colonial, segundo o qual as mulheres nao tensionam as estruturas de poder, ocupando um lugar ja pre-estabelecido e reforcado pelas novas direitas.

Tematicas
O tempo sócio-histórico mais recente empunhou, pela força da ação e protagonismo de alguns grupos... more O tempo sócio-histórico mais recente empunhou, pela força da ação e protagonismo de alguns grupos, o debate sobre a diferença e sobre as desigualdades rotineiramente estruturadas a partir dela. Nesse mesmo movimento, impôs também ao campo intelectual pensar-se criticamente, reflexionando sobre o lugar da diferença e sobre desigualdades reiteradas e naturalizadas internamente. Assim, se os arranjos de poder que organizam a vida social ampla a partir da normalização de formas de pensamento, como o patriarcalismo e o racismo, foram também acriticamente fluentes por muito tempo na organização da arena intelectual, em ambos os casos tais arranjos organizados não se fizeram isentos de disputas e tensionamentos. Ascende, então, no meio intelectual, pari passu ao enfrentamento promovido por grupos negros e feministas, a necessidade de pensar a diferença no espaço da produção acadêmica. Ao passo em que a ampla maioria dos livros que inventariam as “grandes obras” de interpretação nacional, o...
Tematicas
Ao longo do curso do desenvolvimento sócio-histórico e acadêmico nacional, as intelectuais brasil... more Ao longo do curso do desenvolvimento sócio-histórico e acadêmico nacional, as intelectuais brasileiras produziram diversos trabalhos de interpretação do Brasil que, pela rotina de apagamentos e invisibilizações propiciadas e naturalizadas pela engenharia patriarcal, foram marginalizados na construção dos cânones do Pensamento Social. Este Dossiê “Mulheres intérpretes do Brasil” se propõe a discutir alguns desses modais que não lograram consagração na disputa da narrativa explicadora da nação de suas épocas, ponderando acerca de seus temas e recortes, de suas formas e estratégias, de suas singularidades, barreiras e potencialidades.
Revista Estudos Feministas
CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA Não se aplica. FINANCIAMENTO O presente trabalho foi realizado com apoio ... more CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA Não se aplica. FINANCIAMENTO O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-Brasil (CAPES)-Código de Financiamento 001. CONSENTIMENTO DE USO DE IMAGEM Não se aplica. APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA Não se aplica. CONFLITO DE INTERESSES Não se aplica. LICENÇA DE USO Este artigo está licenciado sob a Licença Creative Commons CC-BY 4.0 International. Com essa licença você pode compartilhar, adaptar, criar para qualquer fim, desde que atribua a autoria da obra. HISTÓRICO
Artigo apresentado no 20º Congresso brasileiro de Sociologia.

44º Encontro Anual da ANPOCS, GT - 44 Teorias do autoritarismo, 2020
A ascensão de governos ultraconservadores é uma realidade a nível global e, esse panorama, se evi... more A ascensão de governos ultraconservadores é uma realidade a nível global e, esse panorama, se evidenciou nos Estados Unidos com a eleição de Trump em 2016, através de um discurso hiper-reacionário e autoritário mobilizado pelo presidente e reverberado pela população. Na Europa, vários países também vivenciam a tomada de poder pela extrema-direita que se apresentam com bandeiras xenófobas, de recusa às identidades de gênero e temerosas a um avanço dos movimentos sociais progressistas. Nesse artigo iniciamos no contexto político e social brasileiro do processo de impeachment sofrido pela presidenta Dilma Rousseff (PT), desdobrando em um período de menor participação política feminina a nível institucional com o governo de Michel Temer (MDB), e depois, com as eleições de 2018, com a ascensão de mulheres nos partidos de direita e centro-direita. Assim, seguindo o rastro dos discursos neoconservadores, analisaremos como se deu o fenômeno de cooptação de mulheres ao campo político sob essa narrativa. Para isso, vislumbramos a conjuntura do campo político brasileiro a partir da trajetória política da Deputada Federal Joice Hasselmann (PSL).

"Protestos são o grande problema no momento, estão começando a colocar as mangas de fora" (Bolson... more "Protestos são o grande problema no momento, estão começando a colocar as mangas de fora" (Bolsonaro, 2020). Esta foi a fala do atual presidente Jair Bolsonaro após a onda de protestos contra seu governo, no dia 07 de junho, em resposta aos diversos casos de racismo que eclodiram a nível global, bem como aos ataques antidemocráticos encabeçados por grupos bolsonaristas nos últimos meses. Estes que vem ocupando as ruas de algumas capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, e Brasília, manifestando-se a favor do fechamento do STF, contra a operação fake news, além do esforço em criminalizar manifestações ANTIFA ou demais organizações com ideologias similares. Foi massiva a resposta por parte da esquerda. Mesmo em um período de pandemia, as ruas do Brasil foram ocupadas por manifestações cuja tônica foi a luta contra o racismo. No final de semana anterior, algumas capitais foram ocupadas por torcidas organizadas de times de futebol de forma uníssona, pautaram o antifascismo. Quais são os custos para se manifestar em um contexto de pandemia? Muitos. Nas redes sociais, os dias que antecederam os protestos foram permeados, por um lado, por diversos posts, análises, vídeos e discussões acaloradas sobre os perigos de sair às ruas e ser acometido pelo covid-19; por outro, havia a problematização de que o isolamento não é uma opção para a maioria da população que está circulando, para setores mais vulneráveis que estão tentando manter o sustento, como entregadores de comida, caixas de supermercado, farmacêuticos, dentre outros. As formas de ação estão limitadas sim, porém, a pandemia não desmobilizou os indivíduos, apenas não há condições para que as ações se sucedam com a mesma frequência que antes acontecia no Brasil, por hora não se sabe se essas manifestações duraram sustentando assim o confronto nas ruas. Outro fator que ajuda a equacionar isso é o sentimento de urgência, a angústia e a necessidade de exprimir descontentamento, 1

Resumo: Este trabalho, apoiando-se na obra de Henri Lefebvre sobre o "Direito à Cidade", busca ap... more Resumo: Este trabalho, apoiando-se na obra de Henri Lefebvre sobre o "Direito à Cidade", busca aprofundar o debate acerca das relações de gênero e como elas constituem as relações de poder no e a partir do espaço urbano. Ao mesmo tempo, pretende-se apontar para se não a ausência, ao menos para a subvalorização das mulheres nas obras lefebvrianas. Com isso, propomos uma (re)leitura do conceito de direito à cidade a partir de uma perspectiva teórica feminista e classista amparadas em autoras como Cinzia Arruzza, Nancy Fraser e Silvia Federici. Buscamos discutir como o capitalismo contemporâneo produz segregação e coloca mulheres pobres em situação de cotidiana vulnerabilidade. E, em seguida, analisamos o impacto do aumento dos transportes públicos no Brasil (2020), manuseando dois conceitos importantes: o de viagens em cadeia e o de trabalho reprodutivo. Palavras-chaves: Direito à cidade; Henri Lefebvre; Mulher; Viagem em cadeia; Trabalho reprodutivo. Abstract: This work, based on the work of Henri Lefebvre on the "Right to the City", seeks to deepen the debate about gender relations and how they constitute power relations in and from the urban space. To point out if not the absence, at least for the undervaluation of women in Lefebvrian works. With that, we propose a (re) reading of the concept of the right to the city from a

"Tem mulher apanhando em casa. Por que isso? Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem ra... more "Tem mulher apanhando em casa. Por que isso? Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Como é que acaba com isso? Tem que trabalhar, meu Deus do céu. É crime trabalhar?" (BOLSONARO, 2020) 2. Essa foi a fala do atual presidente Jair Bolsonaro (Aliança pelo Brasil), ao ser questionado sobre o aumento dos casos de violência doméstica devido ao isolamento social para a prevenção do coronavírus. A declaração foi dada no dia 29 de março (2020), depois ele saiu tranquilamente para o seu passeio nas cidades satélites de Brasília, para ouriçar os comerciantes contra o isolamento. Bolsonaro tem se pronunciado contra o isolamento total e defendido que a economia não pode parar. Seu argumento destoa da maioria dos governadores e prefeitos sobre a forma de combater a ascensão do vírus covid-19. Porém, o que gostaria de trazer para o debate é o que se evidencia a partir da relação feita entre a falta de pão na casa das pessoas com o aumento dos casos de violência doméstica no Brasil e nos países que estão em meio ao surto de coronavírus. Em um primeiro momento, destacarei brevemente o que tem ocorrido em países como a China, Itália e França, como esses estão lidando com o aumento de casos de agressão. Em seguida, como o atual governo brasileiro tem lidado com a questão e o quão problemática é afirmativa do presidente Jair Bolsonaro. 1. A violência doméstica à nível internacional nessa conjuntura Na Itália, a quarentena total começou no dia 9 de março e desde então, os telefones que recebiam ligações de mulheres agredidas ficaram em silêncio total, caindo pela metade. Segundo Antonella Veltri, presidenta de uma importante ONG, Donne in Rete, que luta pelo fim da violência contra a mulher, tal silêncio não significa que não está havendo violência, mas sim que as mulheres não estão conseguindo fazer ligações 3. As vítimas estão sendo obrigadas a uma convivência forçada com companheiros violentos e isso faz com que a frequência que se manifesta tal violência, aumente também. Perante essa realidade, a ONG Donne in Rete, juntamente com outras organizações, meios de comunicação e governo, lançaram campanhas com dicas de estratégias para auxiliar as vítimas, como ao levar o lixo para fora de casa pedir ajuda,

Resumo Este trabalho tem como finalidade traçar e compreender a participação das mulheres na vida... more Resumo Este trabalho tem como finalidade traçar e compreender a participação das mulheres na vida política a partir dos impactos da ascensão conservadora no Brasil. Serão analisados os discursos realizados por parte dos atores políticos e militantes da "nova" direita do país após as manifestações de junho de 2013, e intensificados em 2015 que resultaram (mas não somente) no impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Essas narrativas direcionadas às mulheres, usualmente encontram-se amparadas na tradicional dicotomia de privado versus público ao evocar uma condição de maternidade atribuída social e historicamente ao gênero feminino, ressaltando o que Carol Gilligan (1993) denomina de "ética do cuidado". Dessa forma, reiteram o espaço privado enquanto um lugar de maior sensibilidade, em contraposição à racionalidade demandada da esfera pública, caracterizada como masculina (Miguel & Biroli, 2012), discriminando a ocupação feminina na arena política e em cargos de decisão. O discurso essencialista é evidenciado também na composição dos quadros políticos, nos cargos que demandam certa confiança profissional e pessoal como assessoria, além de indicações para ocupação de posições públicas que são, majoritariamente, masculinas. Para a realização dessa análise foi realizada um mapeamento e revisão bibliográfica das produções direcionadas ao questionamento da "nova direita" e o impacto dessas nas dinâmicas do campo político brasileiro. Em um segundo momento, respaldando-nos na discussão proposta por Chantal Mouffe (1999; 2015), observamos as implicações das paixões coletivas e dos afetos na ação política e, por consequência, no projeto feminista de emancipação das mulheres.
Publicado na língua inglesa em 2004 e apenas no ano passado em português, pela editora Elefante, ... more Publicado na língua inglesa em 2004 e apenas no ano passado em português, pela editora Elefante, o livro Calibã e a bruxa: Mulheres, Corpo e Acumulação Primitiva se propõe analisar os desdobramentos capitalistas sob uma perspectiva feminista. Considera o conceito de acumulação primitivafuncional no pensamento marxista, porém, fazendo a crítica à análise de Marx, que partiu do ponto de vista do proletariado assalariado do sexo masculino e do desenvolvimento da produção de mercadoria.

Surgida em 2011 na cidade de Toronto, Canadá as Slut Walks 3 já atingiram muitos países. Um de se... more Surgida em 2011 na cidade de Toronto, Canadá as Slut Walks 3 já atingiram muitos países. Um de seus objetivos é adotar o conceito de "vadia" para se opor ao estereótipo de culpa que recai sobre mulheres agredidas em função da exposição de seus corpos ou de suas sexualidades, defendendo o direito de autonomia pelos seus corpos. No Brasil, A Slut Walk ganhou o nome de Marcha das Vadias e já acontece em cerca de trinta cidades diferentes. Esse movimento aconteceu como resposta a um policial que afirmou que mulheres que se vestem como vadias são responsáveis pela própria vitimização em ataques sexuais. A partir dai o movimento se disseminou no mundo inteiro, articulando jovens feministas em Marchas as quais são organizadas de formas descentralizadas utilizando a internet como ferramenta singular de organização e propagação do movimento, através de blogs, redes sociais como o facebook. As redes sociais tornam-se um campo de militância para as mulheres. Sandie Plant em seu livro "A mulher digital" (1999), relata que as mulheres eram o objeto da informação, mas nunca o sujeito na comunicação. A autora relata que: 1 Artigo apresentado no 18º Encontro da REDOR (UFRPE), 2014. 3 A tradução do termo original Slut Walk se deu de diferentes formas, devido as diferentes palavras usadas para designar uma slut. No estado do Ceará, por exemplo, foi utilizado o nome Marcha das Vagabundas. Em Portugal, Marcha das Ordinárias e Marcha das Galdérias. Na maioria dos países de língua espanhola o nome escolhido foi Marcha de las Putas (mapeamento na internet).
Thesis Chapters by Camila Galetti
Tese de doutorado defendida em 2024 no Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade de... more Tese de doutorado defendida em 2024 no Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade de Brasília.
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