Papers by Lucas Mateus Dalsotto

Revista de Filosofia Aurora
A questão que o presente texto visa avaliar é em que medida duas objeções dirigidas contra o libe... more A questão que o presente texto visa avaliar é em que medida duas objeções dirigidas contra o liberalismo criam dificuldades para a versão rawlsiana dessa teoria. A primeira objeção diz que as partes responsáveis pela escolha dos princípios de justiça são demasiadamente individualistas e que o raciocínio prático delas é amplamente instrumental. A segunda afirma que o método rawlsiano de justificação da justiça por meio de princípios enfraquece a prioridade de seu formalismo kantiano ao pressupor um compromisso substantivo com uma concepção particular de bem. Estas duas críticas dão suporte à afirmação mais geral de que as teorias liberais não captam adequadamente as demandas da justiça social. No entanto, defendo a tese de que essas objeções falham, ao menos com relação ao liberalismo de Rawls, uma vez que parecem estar baseadas em uma má compreensão de sua proposta. Com relação à primeira objeção, tento mostrar que Honneth e Anderson (2005) parecem se equivocar na reconstrução do id...

Kriterion: Revista de Filosofia, 2019
The goal of this paper is to find out if Michael Smith's version of the causal theory of acti... more The goal of this paper is to find out if Michael Smith's version of the causal theory of action is able to solve David Velleman's agency par excellence challenge. Smith (2012) has claimed that his theory can deal with the challenge insofar as the exercise of the capacity to be instrumentally rational plays the intermediating role which Velleman (1992a) thinks of the agent as playing in the causation of action. However, I argue Smith misunderstands the challenge at hand, thereby failing to find the agent's proper role in action explanation. Moreover, I claim Velleman's objection puts Smith's account of the causal theory in trouble by showing it cannot reconcile the causal explanation of intentional action with our ordinary conception of agency. If Smith intends to explain what a 'full-blooded' intentional action is, I then believe he needs to incorporate into his theory a more robust account of rational guidance.

The goal of this paper is to find out if Michael Smith's version of the causal theory of action i... more The goal of this paper is to find out if Michael Smith's version of the causal theory of action is able to solve David Velleman's agency par excellence challenge. Smith (2012) has claimed that his theory can deal with the challenge insofar as the exercise of the capacity to be instrumentally rational plays the intermediating role which Velleman (1992a) thinks of the agent as playing in the causation of action. However, I argue Smith misunderstands the challenge at hand, thereby failing to find the agent's proper role in action explanation. Moreover, I claim Velleman's objection puts Smith's account of the causal theory in trouble by showing it cannot reconcile the causal explanation of intentional action with our ordinary conception of agency. If Smith intends to explain what a 'full-blooded' intentional action is, I then believe he needs to incorporate into his theory a more robust account of rational guidance.

Resumo: A fim de explicar como é possível haver objetividade moral, Michael Smith tem sugerido qu... more Resumo: A fim de explicar como é possível haver objetividade moral, Michael Smith tem sugerido que o moralmente correto deve ser compreendido em termos de razões para ação, onde isto significa o que um agente plenamente racional e coerente desejaria idealmente fazer. Para explicar esta ideia, ele tem defendido uma abordagem constitutivista segundo a qual existiriam certos desejos que são constitutivos da agência ideal, tais como os desejos de ajudar a garantir e de não intervir no exercício da capacidade deliberativa de conhecer o mundo em que vivemos e da capacidade deliberativa de alcançar nossos desejos nele. Do argumento de Smith segue-se então que a convergência entre os desejos dos agentes plenamente racionais e coerentes emergirá no decorrer do tempo e espaço, garantindo assim a objetividade moral. Mas suspeito que, ao menos do modo como a discussão está atualmente estabelecida, a abordagem constitutivista de Smith está em apuros. Para mostrar isso, sugerirei que sua teoria é vítima de dois problemas em particular, e então argumentarei que ela falha em explicar adequadamente a natureza objetiva da moralidade. Palavras-chave: Smith, constitutivismo, objetividade, convergência. Abstract: In order to explain how moral objectivity is possible, Michael Smith has suggested that moral rightness should be understood in terms of reasons for action, where this means what a fully rational and coherent agent would ideally desire to do. To account for that idea, he has defended a constitutivist approach according to which there might be certain desires that are constitutive of the ideal agency, such as the desire to help to ensure and not to interfere with the exercise of the deliberative capacity to know the world in which we live and the deliberative capacity to achieve our final desires in it. It then follows from Smith's argument that convergence in fully rational and coherent agents' desires will emerge over time and space, ensuring thus moral objectivity. Yet I suspect that, at least according to the current state of the art, Smith's constitutivism approach is in trouble. To show that, I shall suggest that his theory is victim of two problems in particular, and then argue it fails to explain adequately the objective nature of morality.

Cotidianamente emitimos juízos normativos cuja força e validade deles visivelmente produzem impac... more Cotidianamente emitimos juízos normativos cuja força e validade deles visivelmente produzem impacto em nossas vidas e de nossas respectivas comunidades. A capacidade que temos de valorar coisas, situações e até mesmo pessoas é uma característica essencial nos seres humanos. Mas não parece que tenhamos claro ainda o que seja o valor ou de onde advém sua autoridade. Emitimos juízos normativos corriqueiramente sem compreender tudo o que está implícito quando o fazemos. Por isso, acredito que uma das mais intrigantes questões filosóficas em metaética seja a de explicar o que é o valor e de onde ou do que advém sua autoridade. Não faltam teorias metaéticas candidatas a resolver estas questões. Entretanto, para os fins do presente texto, restringirei a análise às respostas fornecidas pelas teorias realistas nãonaturalistas e pelas teorias construtivistas. Baseado nesta problemática, o ponto que me interessa avaliar é se as teorias construtivistas possuem algum tipo de vantagem sobre as teorias realistas não-naturalistas no que diz respeito à explicação da origem e do fundamento da autoridade dos juízos morais. Para tanto, sustentarei que, (i) sendo o construtivismo metaético uma teoria baseada na ideia de agência, ele é capaz de explicar a natureza da normatividade de modo mais satisfatório do que as teorias realistas não-naturalistas (ii) e também que, baseado na imagem de construção, o construtivismo consegue acomodar o caráter prático e objetivo dos juízos normativos. Para levar adiante essa proposta, oferecerei uma breve e ampla caracterização do realismo não-naturalista como pensado por Enoch e Shefer-Landau (seção 2) e então apresentarei a posição construtivista e suas diferentes variantes em metaética a partir do quadro desenvolvido por Street (seção 3).

A relação entre moral e política na teoria de Rawls nunca foi um dos assuntos que prendeu muito a... more A relação entre moral e política na teoria de Rawls nunca foi um dos assuntos que prendeu muito a atenção dos estudiosos, uma vez que este sempre foi um dos pontos pacíficos da teoria do filósofo. Mas não parece que essa relação seja tão simples assim. Por isso, o presente projeto de pesquisa tem como pretensão compreender em que sentido o construtivismo político de Rawls exposto em justiça como equidade deve ser entendido e sustenta que há uma relação de complementariedade entre um construtivismo moral e um construtivismo político em um mesmo modelo de justificação, o que Rawls expressamente não admite. Nesse caso, propõe-se que em aspectos fundamentais é preciso ir além de Rawls para uma discussão mais profunda da justiça em sociedades marcadas pelo pluralismo de concepções de bem. Partindo da literatura clássica de Rawls, em especial o texto Liberalismo político, e de outros autores, principalmente Forst, busca-se mostrar que Rawls, do ponto de vista da fundamentação teórica, tornou sua teoria cada vez mais política, acabando por deixa-la vulnerável a críticas historicistas, relativistas e pragmatistas.

Resumo: O presente estudo tem como finalidade discutir a primazia do justo sobre o bem na filosof... more Resumo: O presente estudo tem como finalidade discutir a primazia do justo sobre o bem na filosofia política de John Rawls, apresentada especialmente em seus textos mais importantes, tais como Uma teoria da justiça, Liberalismo político e Justiça e Democracia. A ideia da primazia do justo sobre o bem, em diversas situações, é interpretada de modo equivocada, uma vez que se toma essa afirmação de Rawls como se justiça como equidade não carecesse não qualquer noção de bem, o que o autor nega constantemente. Assim sendo, o presente artigo tem por pretensão inicialmente apresentar em que sentido a teoria de rawlsiana é política e não metafísica ou epistemológica. Tentaremos desfazer alguns mal-entendidos que envolvem essa discussão e mostrar os argumentos de Rawls para a fundamentação de uma teoria política de justiça. Em seguida, iremos expor a ideia de consenso sobreposto e sua função na estruturação de justiça como equidade no que tange a ideia da primazia do justo sobre o bem. Palavras-chave: Rawls. Justo. Primazia. Bem. Abstract: This paper aims to discuss the primacy of the right over the good in the political philosophy of John Rawls, shown especially in his most important texts such as A theory of justice, Political liberalism and Justice and Democracy. The idea of the primacy of the right over the good, in many situations, is interpreted in a wrong way, since it takes that statement as Rawls justice as fairness is not necessitated no notion of good, which the author denies constantly. Therefore, this article is to claim initially present in what sense the Rawlsian theory is political and not metaphysical or epistemological. We will try to dispel some misunderstandings surrounding this debate and show the arguments of Rawls for reasons of a political theory of justice. Then we expose the idea of overlapping consensus and its function in structuring justice as fairness regarding the idea of the primacy of the fair on the well.
Os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos pr... more Os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU. A diversidade dos temas, abrangendo as mais diferentes áreas do conhecimento, é um dado a ser destacado nesta publicação, além de seu caráter científico e de agradável leitura.
O artigo tem por objetivo apresentar alguns elementos gerais da filosofia moral kantiana para em ... more O artigo tem por objetivo apresentar alguns elementos gerais da filosofia moral kantiana para em seguida defender a tese de que o fundamento da dignidade humana está na capacidade do indivíduo de propor-se fins e não na sua capacidade de autonomia. Para tanto propõe-se uma leitura mais ampla da teoria de Kant buscando elementos, muitas vezes ignorados, na interpretação do filósofo alemão. Palavras-Chave: Dignidade humana, Kant, pessoa, respeito.
Vol. 46 (2023) by Lucas Mateus Dalsotto
Vol. 46, 1, 2023
Aos leitores familiarizados com os recentes trabalhos do professor Denis Coitinho não será difíci... more Aos leitores familiarizados com os recentes trabalhos do professor Denis Coitinho não será difícil notar que sua intenção, com o artigo ora analisado, é dar um passo adiante na construção de uma teoria moral híbrida. A tese de fundo de sua proposta, já apresentada em Virtudes & Contratos: por uma teoria mista (COITINHO, 2016) e Virtudes & Contrato II: normatividade e agência moral (COITINHO, 2021), é de que a moralidade não é uma questão de tudo ou nada, como alguns teóricos parecem supor, mas um fenômeno complexo, cuja explicação exige a integração de diferentes critérios normativos. Especificamente em "Equilíbrio Reflexivo e Prudência: um processo de deliberação moral", Coitinho (2023, p. 59) busca defender que "[...] a inclusão da expertise de um agente prudente no procedimento do equilíbrio reflexivo" (ER) 2 é capaz de responder a certas críticas dirigidas
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