Sergio Schargel holds a Ph.D in Journalism/Communication from UERJ. He is also a Ph.D candidate in Literature at USP, Ph.D candidate in Political Science at UFF, Ph.D candidate in History at UFRJ. He holds a master’s degree in Literature from PUC-Rio, a master’s degree in Political Science from Unirio and a Specialist degree in Literature from UERJ. He holds a Bachelor’s degree in Social Communication, Journalism (with a semester at Hanze University of Applied Sciences in Groningen, the Netherlands), and a Bachelor’s degree in Social Communication, Advertising and Propaganda, both from PUC-Rio. Also holds a Bachelor’s degree in Literature from Estácio de Sá. He served as a Substitute Professor at the Federal University of São João del Rei in English Literature in 2023 and 2024. Schargel won the Abralic Award for best dissertation of the 2020-2021 biennium, which was published as the book “O fascismo infinito, no real e na ficção” (Bestiário, 2023). He is also the author of “Bolsonarismo, Integralismo e Fascismo” (Folhas de Relva, 2024). His research and artistic production focus on the intersection of literature and politics, addressing themes such as political theory, political literature, fascism, the far right, Judaism, antisemitism, and the work of Sylvia Serafim. He is a member of the research group Centro de Análise de Instituições, Políticas e Reflexões da América, da África e da Ásia – CAIPORA. Former Editor of the journals Ziz, Opiniães, and Ensaios, he has organized special issues for Revista Escrita and Revista Hominum. Published in outlets such as Cadernos Pagu, Nexo, Contexto Internacional, Palimpsesto, Desacatos, Sociedade e Estado, Revista Mexicana de Ciencias Políticas y Sociales, Revista Piauí, História, Revista Brasileira de História, Religião e Sociedade, Projeto História, Teoria e Debate, Brasiliana, Revista Brasileira de Ciência Política and many others, in addition to various translations of academic and journalistic articles, mainly for Folha de S.Paulo. His artistic work has appeared in publications such as Darandina, Valittera, Opiniães, and has won awards in artistic selections, including second place at the Festival Revelando Novos Autores and first place in Cronistas Contemporâneos 2023. He has taught courses at institutions such as USP, Unirio, PUC-Rio, UFF, UFSJ, LerO, UERJ, Uninter, among others. Schargel was selected in civil service examinations for Substitute Professor in Literatures in English Language at the Federal University of São João del Rei (UFSJ) and in Communication at the Federal University of Minas Gerais (UFMG). Finally, he also worked as a facilitator for the Virtual University of the State of São Paulo (Univesp) in 2022 and as a Communication Analyst at the Igarapé Institute from 2018 to 2023. Between 2020 and 2024 Between 2020 and 2024, he held a CNPq or CAPES scholarship. Contact: [email protected] / [email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5392-693X.
Supervisors: Eliane Robert Moraes, Márcio Souza Gonçalves, Adriano de Freixo, Guilherme Simões Reis, and Vera Lúcia Follain
Phone: 5521981441635
Supervisors: Eliane Robert Moraes, Márcio Souza Gonçalves, Adriano de Freixo, Guilherme Simões Reis, and Vera Lúcia Follain
Phone: 5521981441635
less
Related Authors
Lívia Verena Cunha do Rosário
UFF - Universidade Federal Fluminense
Paula Pope Ramos
UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro / Rio de Janeiro State University
Maria Viana
Universidade Federal de São João del Rei
Annalice Del Vecchio
Universidade Federal do Paraná
Rodrigo Machado
Universidade Federal de Uberlândia
Juarlyson Jhones
Instituto Federal de Pernambuco
Thiago Brito
Universidade Federal de Ouro Preto
William de Souza Martins
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Topoi. Revista de História
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
InterestsView All (28)
Uploads
Papers by Sergio Schargel
passado, como o Fascismo ou mesmo o Nazismo. Entretanto, pouco se tem discutido sobre o
Integralismo, movimento análogo ao Fascismo que foi parcialmente absorvido em suas
versões contemporâneas pelo Bolsonarismo. O objetivo deste artigo é, por meio de um
exercício de análise de conteúdo sobre o material fundador do Integralismo, o Manifesto de
outubro, em diálogo com uma base teórica sobre Integralismo da qual se destaca O fascismo
em camisas verdes, perceber as construções retóricas, discursivas e argumentativas de Plínio
Salgado e suas proximidades e diferenças com o Fascismo e com o Bolsonarismo. Com a
justificativa de ampliar o estado da arte dos estudos sobre movimentos de matriz fascista,
este trabalho se propõe a responder a seguinte pergunta: quais os pontos de consenso e
dissenso discursivos, a partir do Manifesto de outubro, com outros movimentos similares?
passado, como o Fascismo ou mesmo o Nazismo. Entretanto, pouco se tem discutido sobre o
Integralismo, movimento análogo ao Fascismo que foi parcialmente absorvido em suas
versões contemporâneas pelo Bolsonarismo. O objetivo deste artigo é, por meio de um
exercício de análise de conteúdo sobre o material fundador do Integralismo, o Manifesto de
outubro, em diálogo com uma base teórica sobre Integralismo da qual se destaca O fascismo
em camisas verdes, perceber as construções retóricas, discursivas e argumentativas de Plínio
Salgado e suas proximidades e diferenças com o Fascismo e com o Bolsonarismo. Com a
justificativa de ampliar o estado da arte dos estudos sobre movimentos de matriz fascista,
este trabalho se propõe a responder a seguinte pergunta: quais os pontos de consenso e
dissenso discursivos, a partir do Manifesto de outubro, com outros movimentos similares?
de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem se dedicado mais recentemente ao bolsonarismo. Na verdade, não somente ao bolsonarismo, mas à relação (e apropriação) do movimento com a comunidade judaica. Eis o tema de seu novo livro, O não judeu judeu: a tentativa de colonização do judaísmo pelo bolsonarismo.
por excesso de má utilização. Fascismo é um
deles, banalizado desde o seu surgimento,
quando George Orwell
(2017, p. 89) já apontava
seu esvaziamento como
forma de xingamento
político. A discussão
sobre a possibilidade do
deslocamento do conceito de fascismo para
além do Fascismo de
Benito Mussolini já remonta há quase um século.
Historiadores como Gianni Fresu (2017) chegam
a propor que mesmo movimentos similares do
mesmo período não seriam manifestações do conceito, mas seus próprios conceitos em si. Federico
Finchelstein, em Uma breve história das mentiras
fascistas, rechaça essa ideia. E não está só: Primo
Levi, muitos anos antes, fez o mesmo.
Stanley, o antissemitismo é um elemento essencial para a conceitualização do fascismo. Não que todo fascismo seja antissemita, na prática o que ocorre é que esses movimentos não podem passar sem a criação de um imaginário sobre um inimigo
desumanizado. O inimigo pode ser o judeu e o judaísmo, mas não necessariamente. Pode ser o islã, o comunismo, os LGBTQ+. O essencial é a existência de um grupo específico a servir ao propósito de mobilizar a base de massas, seja ele qual for. Dito isso, também é inegável a associação histórica e mesmo contemporânea entre fascismos e antissemitismo.
Não fui eu quem disse isso, mas poderia ter sido. Porque compartilho com o autor, Nelson Rodrigues, a mesma visão. Claro que com a diferença de que Nelson estava na redação no dia 26 de dezembro de 1929, enquanto eu apenas a revisitei por meio de uma pós-memória — conceito que sugere que traumas são herdados e perpassam gerações — e pelo estudo de anos sobre o caso. O caso, no caso, do assassinato do irmão de Nelson, Roberto Rodrigues, por minha bisavó, Sylvia Serafim.
O cerne do problema em repetir ad infinitum que o Brasil está polarizado é implicar que o país está dividido entre dois perigosos extremos. Em suma, que Lula é um doppelgänger de Bolsonaro, sua versão distorcida de extrema esquerda. Ou, tanto pior, normalizar Bolsonaro, interpretá-lo não como um extremista autoritário, mas como um político comum. É reproduzida uma falsa equivalência entre o reacionarismo autoritário e a esquerda. Em suma, a retórica de polarização oferece às pessoas a ideia de que escolher entre democracia e autoritarismo, entre esquerda democrática e uma versão brasileira de fascismo, é uma escolha muito difícil.
Outro rótulo que tem atendido aos propósitos de propagar essa falsa equivalência é o “populismo”. Como o termo se transformou em epíteto para classificar grupos tão díspares, de socialistas a conservadores, de demagogos personalistas a fascistas? Podemos encontrar na história a possível resposta.
Em um ensaio publicado em 1926, o teórico marxista Evgeni Pachukanis chamou a atenção acerca de um malabarismo que a mídia e intelectuais majoritariamente liberais aplicavam: tratar fascismo e bolchevismo como sinônimos. A clássica teoria da ferradura há quase um século coloca o liberalismo como centro democrático e moderado, em oposição aos extremos: qualquer alternativa que ofereça mínima instabilidade aos mercados. É sintomático, por exemplo, que um liberal como Hayek, sem qualquer preocupação democrática por sinal, projetasse uma teoria em que qualquer intervenção estatal seja deturpada como totalitarismo. Em suma, o termo populismo se tornou ferramenta para desqualificar qualquer tentativa de questionar o liberalismo, seja à direita ou à esquerda.
Em abordagem muito distinta desta que vem se disseminando nos programas de TV, mas também em best-sellers sobre os perigos para a democracia, o politólogo Ernesto Laclau traçou uma genealogia do conceito em seu livro “A razão populista”. Identificou quais supostamente seriam as características mais básicas do populismo: antielitismo e base de massas. É interessante que Laclau busque entender o conceito não como um sistema político – e, portanto, análogo ao socialismo ou liberalismo –, mas como uma ferramenta inerente às democracias de massa. Nesse sentido, o populismo seria uma espécie de mecanismo de defesa de uma democracia degenerada em oligarquia. Desse modo, Laclau retira a conotação negativa do conceito, contestando a visão maniqueísta que o toma como um perigo à democracia. Tal noção, por si própria, consistiria em um paradoxo: se a essência do populismo responde pela população demandando mais democracia, como poderia ele, portanto, ser antidemocrático?
De todo modo, não é exatamente essa a forma mais frequente de se entender “populismo”. Na visão hegemônica, mais implícita que explícita, o populista é aquele que coloca os interesses do mercado em risco. Na mesma toada, isso seria um perigo para a democracia, especialmente quando esta estivesse polarizada entre os “populistas de direita” e os “populistas de esquerda”. Ao ser igualado pelo mesmo rótulo com a esquerda crítica ao capitalismo, o fascismo tem sua gravidade nublada. Pessoas não acreditam que o que veem diante de si mesmos possa ser fascismo, ignorando que este pode existir em diferentes níveis – desde preferências pessoais e movimentos sem perspectiva de poder, passando por líderes que conquistam o governo e até mesmo Estados que têm sua institucionalidade convertida em Estado fascista.
Não é sem motivo que se nota o crescimento de políticos, com a queda de popularidade de Bolsonaro e a anulação das condenações de Lula, que buscam se colocar como uma terceira via, como centro moderado. De Huck a Doria, de Maia a Moro, não faltou quem, mesmo até ontem alinhado ao bolsonarismo, subitamente se transformasse em centro moderado. O discurso de populismo e polarização fornece um verniz para que bolsonaristas arrependidos, ou mesmo a direita tradicional, que segue votando a favor dos radicais projetos do governo federal no Congresso, se tornem “moderados” da noite para o dia.
A polarização não apenas existe, como não é um problema. Pelo contrário, é fundamental para qualquer democracia saudável. Como mostra a noção de democracia agonística proposta por Chantal Mouffe, a polarização, desde que baseada em respeito mútuo pelas regras do jogo democrático, é o que faz a roda da democracia girar. Em outras palavras: para a democracia funcionar, é o dissenso, e não o consenso, que é imprescindível. Faz ainda menos sentido, portanto, que se almeje um “consenso para o bem da nação”, para repetir um mantra que sempre reaparece. O consenso somente pode existir sob um governo autoritário. Em uma democracia, o único consenso que se precisa ter é aquilo que John Rawls definiu por consenso sobreposto: concordância sobre direitos mútuos básicos como liberdade de expressão e de associação, desde que não firam os direitos básicos alheios. Ou seja, nem mesmo a liberdade de expressão deve ser absoluta, mas essa é outra extensa discussão.
A retórica inócua de “polarização” ou “populismo” serve a interesses claros, basta perceber quais atores o repetem com frequência. É preciso questionar sua utilização: é lógico chamar de populistas personagens tão díspares como Lula e Bolsonaro? Ou faz sentido chamar de polarizado um país supostamente dividido entre um político que, com todos os defeitos que possa ou não ter, sempre respeitou o processo democrático brasileiro e outro que não passa um dia sem atacá-lo?
Polarização não é um problema e é preciso tomar o bacilo por seu nome verdadeiro: fascismo não é “populismo”. Ainda que Hannah Arendt possa ter incorrido no equívoco da falsa equivalência, neste ponto ela foi precisa: o fascista é o pai de família, o “cidadão de bem”, o nosso amigo de infância tão absorvido em teorias da conspiração que perdeu o traço do real, em suma, nós. Não é algo que acontece apenas em filmes, não é um homem enorme cheio de cicatrizes ou um zumbi extraterrestre, como Hollywood adora retratar. Cass Sustein percebeu isso muito bem quando falou em seu livro “Can it happen here?” (sem tradução para o português) que “em cada coração humano há um fascista esperando para sair”. E a retórica de polarização e populismo ajuda a alimentar esse bacilo.
[texto completo]
adúltera, a jornalista e escritora Sylvia Serafim atirou em Roberto Rodrigues, ilustrador do
jornal Crítica e irmão de Nelson Rodrigues, em um homicídio que chocou e dividiu a
sociedade carioca. A história do assassinato de Roberto se transformou em livro, peça, filme,
programa de televisão, em suma, foi explorada por diversas mídias, em diversos formatos.
Conforme essas narrativas migram, vão adquirindo novas nuances, contraditórias entre si,
através de um processo de divisão que se inicia logo depois do atentado. O principal objetivo
deste trabalho é analisar a captura que Sylvia Serafim sofreu por uma disputa política, social e
econômica que transcendeu sua época e permanece ainda hoje, bem como trabalhar a
construção dessa imagem desumanizada. Em outras palavras, sintetizado no próprio título,
trabalhar a construção das várias faces de Serafim, desde seus escritos até os escritos sobre
ela, enxergando-a não somente como assassina, da forma com que entrou para a História, mas
também como intelectual, jornalista, escritora, feminista. Essa divisão gerou um processo de
disputa sobre a sua figura que se iniciou na imprensa logo após o assassinato e perdura ainda
hoje, de modo que este trabalho olha também para a apropriação dessa figura em jornais da
época e do contemporâneo, bem como redes sociais. Com isso, Serafim acabou tendo sua
produção intelectual apagada, esquecida na História, a despeito de sua relevância na época.
Na intenção de evidenciar essa multiplicidade de Sylvia Serafim, também foram trabalhados
seus materiais jornalísticos. Assim, é possível resgatar sua história e destacar os mecanismos
sociais e políticos que a marginalizaram, além de examinar o impacto duradouro do
sensacionalismo sobre sua imagem. Por meio de pesquisa em arquivo e em diálogo com uma
base teórica sobre História do Jornalismo e processos de desumanização, foi possível fornecer
visões menos maniqueístas e mais completas, explorando caminhos desconhecidos de uma
intelectual lembrada apenas em função de seu homicídio. Ao explorar essa narrativa, busca-se
não apenas uma reinterpretação histórica, mas também uma reflexão sobre as dinâmicas de
poder e gênero, principalmente na imprensa.
utilizar para trabalhar os movimentos antidemocráticos que se espalharam por todo o planeta.
Muito se tem discutido sobre autoritarismos, populismos, totalitarismos, reacionarismos,
fascismos, entre outros conceitos políticos. No caso específico do fascismo, há um dissenso
acerca da possibilidade de expandir e deslocar o conceito para além de seu surgimento na
Itália de 1920. Caso seja possível, isso inevitavelmente acaba por ampliálo e considerar que,
em espaçotempo distinto, o fascismo adquirirá novas características, embora conserve pontos
que o permitam continuar a ser compreendido como tal. Na prática, isto ocorre com qualquer
conceito político, dado que qualquer conceito é polissêmico e não se limita de forma
hermética a um espaçotempo específico. Esta dissertação irá tratar da aplicabilidade do
conceito de fascismo no Brasil, trazendo para isso um recorte temporal heterogêneo, a saber, o
Fascismo, Integralismo e o Bolsonarismo. Entretanto, a intenção é trabalhar menos com o que
esses movimentos foram de fato e mais com o que eles disseram sobre si próprios. Para isso,
proporá responder uma pergunta de pesquisa inicial, o que é o fascismo, para enfim chegar a
principal pergunta: o fascismo morreu em 1945 na Europa, ou ele pode aparecer em outros
períodos e lugares? Especificamente, pode ele aparecer no Brasil? Para tal, serão tomados
como objetos discursos, obras e programas escritos por líderes como Mussolini, Plínio
Salgado e Jair Bolsonaro. Assim, serão trabalhados consensos e dissensos entre a aparição
original do Fascismo e suas supostas contrapartes brasileiras, tomando características
específicas como pontos de interseção, testando, no processo, a hipótese de que é possível
aplicar o conceito para o Brasil. Isso tornará possível ampliar o estado da arte acerca da
discussão conceitual dos movimentos apreendidos, ao interpretar hermeneuticamente como
eles imaginavam a si próprios. À luz da proposta de fascismo “etapista” de Robert Paxton, em
Anatomia do Fascismo ― marco teórico deste trabalho que interpreta que todo movimento
fascista obedeceria cinco estágios ―, foram escolhidos objetos de análise relevantes que
respondessem por um período amplo na existência desses movimentos, na intenção de
apreender não apenas as diferenças entre eles, mas mesmo as mudanças discursivas
idiossincráticas. Nesse sentido, também foi proposto uma divisão por ciclos para cada
movimento, de acordo com as suas mudanças internas e em geral, mas não necessariamente,
alinhado aos estágios de Paxton (por exemplo, o Fascismo de Mussolini perpassa ciclos
progressista, liberal, ditatorial, imperial e nazifascista). Para além da pesquisa hermenêutica,
utilizando métodos exploratórios, teóricos e descritivos de closereading sobre os materiais
apreendidos, também serão utilizados softwares como o Canva e o WordClouds, importantes
por, respectivamente, ilustrar e quantitativar os dados obtidos; além de análises estatística s
sobre a cultura política brasileira em 2018. Ao final, concluiuse que, ainda que diferenças
significativas existam, tanto mais considerando o espaçotempo, Integralismo e Bolsonarismo
possuem traços próximos ao Fascismo de Mussolini, o que permite, a partir disso, classificálos como movimentos de matriz fascista
Ministrada por Sergio Chargel (USP)
A proposta desta oficina é compreender as reconstruções da violência no romance brasileiro contemporâneo, a partir de um recorte de três obras de Patrícia Melo. Para isso, o foco será sobre Gog Magog, O matador e, principalmente, Valsa negra, em diálogo com um referencial teórico sobre estética da violência, erotismo e antissemitismo. Tomando o contato com os objetos, é possível apreender as formas com que os objetos apresentam a temática da violência, seus dissensos e consenso.
Literatura e Ciências Políticas Sergio Schargel, autor do livro “Bolsonarismo, integralismo e fascismo: diálogos entre Jair Bolsonaro, Plínio Salgado e Benito Mussolini”
o jornal A Crítica, no Rio de Janeiro, e assassinou o filho mais novo do editor, Roberto
Rodrigues, irmão de Nelson Rodrigues. O crime foi motivado por uma matéria publicada
no dia anterior em que Sylvia aparecia sendo acariciada por um médico, sugerindo um
adultério, embora fosse desquitada. O assassinato de Roberto – e o julgamento de Sylvia
- se tornou palco para uma cisão social entre grupos progressistas e
conservadores/reacionários, os primeiros defendendo que Sylvia agiu em legítima defesa
de sua honra e os segundos, como personificado pela declaração do advogado de
acusação, afirmando que a assassina teria trocado “sua condição de anjo do lar pela
profissão de jornalista, para satisfação de sua vaidade” e cometido um “ultraje á família
brasileira”. O assassinato entrou à memória coletiva; se tornou filme, livro, tese, teatro,
biografia. Perdura, ainda hoje, quase 100 anos depois, a cisão ideológica e política a partir
das paixões que o caso movimenta; comentários de um episódio do programa Linha
Direta sobre o assunto repete, por exemplo, comentários semelhantes aos veiculados na
grande imprensa durante o julgamento. Todas essas narrativas desumanizam Sylvia de
uma forma ou de outra: nenhuma trata de sua produção intelectual e artística, que caiu no
esquecimento, sempre limitada a sua função de assassina. A proposta deste trabalho é
humanizar a intelectual, promovendo um resgate de sua produção em contato com tudo
que se criou sobre ela, permitindo, no processo, visões mais complexas e menos
maniqueístas sobre uma jornalista e poetiza transformada unilateralmente em anjo
Serafim caído, em verdadeiro anjo pornográfico, conforme seu sobrenome permite o
trocadilho. Metodologicamente, se trata de uma reconstrução entre as produções sobre
Sylvia, o arquivo herdado de sua família e sua produção poética, em perspectiva
interdisciplinar.
redação do jornal Crítica, um dos periódicos mais importantes do Brasil, buscando
uma audiência com seu proprietário, Mário Rodrigues. Contudo, ele não estava
presente. Persistente, Sylvia procurou seu filho, Mário Filho, também ausente naquele
momento. Foi então que ela se dirigiu ao gabinete de outro filho de Mário Rodrigues,
Roberto Rodrigues, ilustrador do jornal. O que aconteceu dentro daquele gabinete
ainda é envolto em mistério. Não se sabe ao certo o teor da conversa, nem os motivos
precisos que levaram ao desfecho trágico, mas o fato inegável é que Sylvia atirou na
barriga de Roberto.
p.72): “assinalo como tendência geral de todos os homens um perpétuo e irrequieto desejo de poder e mais poder, que cessa apenas com
a morte”. No sentido hobbesiano, compreendendo o poder como uma
eterna luta de todos contra todos, e foucaultiano, entendendo-o como
uma relação que perpassa todas as classes e sistemas sociais (FOUCAULT, 1979, p.183), poucos autores da ficção brasileira contemporânea são tão hobbesianos quanto Patrícia Melo. Vencedora do Prêmio Jabuti de 2001, com sua prosa marcada por uma escrita crua,
veloz, apropriada à estética da violência que impõe em seus livros.
Possivelmente qualquer um dos romances de Patrícia Melo poderia
ser tomado como objeto. O matador, Elogio da mentira, Ladrão de cadáveres, Gog Magog, entre outros: todos trabalham na interseção entre
o dualismo prazer-horror da violência e sua relação com o urbano.
Mas Gog Magog é uma de suas obras que mais absorve esses traços.
https://www.bestiario.com.br/livros/o_fascismo_infinito.html