Papers by Dante Targa

Griot, 2023
A filosofia ambiental surge na década de 1970 movida pelo ímpeto de reflexão sobre a iminência de... more A filosofia ambiental surge na década de 1970 movida pelo ímpeto de reflexão sobre a iminência de uma crise ecológica e suas causas mais profundas. E a questão central que motivou os trabalhos pioneiros neste campo foi a crítica ao centramento humano em termos de valor moral, isto é, a assunção de que o homo sapiens constitui o único locus de valor frente às demais espécies e à natureza mais que humana como um todo. A demanda por uma nova ética, de caráter ambiental, nasce precisamente do desafio ao antropocentrismo predominante na tradição filosófica ocidental, à luz das
ideias de continuidade e interdependência do humano em relação ao mundo mais que humano, sugeridas pelos princípios da ciência ecológica. Tal proposta, entretanto, suscitou um interessante debate acerca da viabilidade e implicações de posturas senciocêntricas, biocêntricas e ecocêntricas, como forma de fundamentar o valor intrínseco para além da esfera da
agência moral. A chamada clivagem antropocêntrico-ecocêntrico demarca precisamente os polos deste debate, que marcou os primeiros passos da filosofia ambiental e se estendeu à ecologia política. Apesar de algumas tentativas de retratar posturas não antropocêntricas como um dogma a ser superado na evolução da pesquisa em ética ambiental, este artigo procura
argumentar que a questão permanece em aberto, sobretudo a partir de uma recente retomada das críticas ao antropocentrismo por um grupo de autoras e autores ligados às ciências ambientais.
Manifesto Ecofilosófico, 2021
Em setembro de 2021 o site da Associação Nacional de Pesquisa em Filosofia dedicou uma edição esp... more Em setembro de 2021 o site da Associação Nacional de Pesquisa em Filosofia dedicou uma edição especial de sua coluna ao tema do Antropoceno e Colapso ecológico. O presente texto foi publicado posteriormente na coluna da ANPOF como uma reação a essa excelente iniciativa.

Problemata, 2022
Abordar a problemática socioecológica implica adentrar em um domínio semântico plural, indefinido... more Abordar a problemática socioecológica implica adentrar em um domínio semântico plural, indefinido e, por, vezes arriscado. Qualquer elaboração intuitiva sobre nossas relações com a “natureza” acaba por empregar conceitos encharcados de sentido, acerca dos quais é preciso refletir melhor. Mais do que isso, toda tomada de posição diante da ameaça ecológica sustenta tacitamente certos pressupostos sobre o lugar do humano no cosmos, suas possibilidades e responsabilidades diante da natureza mais que humana. Esta e outras questões têm sido abordadas pela Filosofia Ambiental há quase sessenta anos. Já o termo ecofilosofia tem sido empregado majoritariamente em um sentido lato; ora figurando apenas como sinônimo de filosofia ambiental, ora indicando a intersecção entre os domínios da ciência ecológica e da filosofia, ou ainda, nomeando o âmbito geral do pensamento crítico ecologicamente informado, não circunscrito especificamente à filosofia acadêmica. Este artigo pretende argumentar que, para além da mera sinonímia, o termo ecofilosofia acena para uma linha específica de abordagem dos aspectos filosóficos concernentes à problemática socioecológica, caracterizada pela rejeição ao antropocentrismo implícito na concepção dominante das relações humano-natureza e por uma revisão crítica da concepção de meio ambiente e da configuração ontoepistemológica que a sustenta.

PERI, 2021
O progressivo avanço da crise socioecológica torna cada vez mais premente a necessidade de litera... more O progressivo avanço da crise socioecológica torna cada vez mais premente a necessidade de literalmente pararmos para pensar sobre o tipo de civilização em que estamos vivendo e quais os seus rumos possíveis. Há quase sessenta anos a Filosofia Ambiental tem se dedicado a esta tarefa, examinando criticamente as diferentes relações que vamos estabelecendo com a natureza mais que humana. Ao lado da ecologia política, os primeiros passos da filosofia ambiental se deram a partir de um esforço de articulação e avaliação das ideias e ações do movimento ecologista entre as décadas de 1960 e 70. Um olhar mais acurado sobre a peculiaridade deste contexto histórico nos permite reconhecer a nascente filosofia ambiental na confluência entre: i) o alerta ecológico disparado pela repercussão de obras como Primavera Silenciosa (CARSON, 1962); ii) a inclusão definitiva da temática do meio ambiente na política internacional através da Conferência de Estocolmo (1972); iii) um reavivamento dos ideais preservacionistas norte-americanos promovido pela contracultura. O presente artigo pretende esboçar uma genealogia deste prolífico campo de estudos ainda pouco explorado no Brasil.
Desenvolvimento e Meio Ambiente, 2020
Resenha do artigo "Por uma conversão antropológica: o decrescimento é a saída do labirinto", de J... more Resenha do artigo "Por uma conversão antropológica: o decrescimento é a saída do labirinto", de Jean Claude Besson-Girard (2012)

A partir da primeira década do século XX, começa a se formar na universidade de Viena um grupo co... more A partir da primeira década do século XX, começa a se formar na universidade de Viena um grupo constituído por diferentes pesquisadores das ciências naturais e humanas, cujo interesse comum era a difusão de uma nova perspectiva filosófica orientada pelos ideais do conhecimento científico. Esse grupo, que ficou conhecido como Círculo de Viena, desenvolveu a filosofia do Positivismo Lógico, também chamada de Neopositivismo. À primeira vista, o termo "Neopositivismo" parece sugerir uma espécie de apropriação e retomada do pensamento positivista do século XIX, encaminhado pelo filósofo e sociólogo Augusto Comte. Entretanto, segundo Dutra (2005, p. 53), "embora haja semelhanças entre o positivismo de Comte e aquele professado pelos autores do Círculo de Viena […] a maior influência sobre estes últimos não veio da filosofia comteana, mas do pensamento de Ernst Mach, Ludwig Wittgenstein e Bertrand Russell." Juntamente com Frege, estes dois últimos autores são os protagonistas do que se convencionou chamar de o Giro linguístico, no pensamento filosófico do século XX.
Breve exposição de alguns passos teóricos que antecederam a ideias fenomenológicas de Edmund Huss... more Breve exposição de alguns passos teóricos que antecederam a ideias fenomenológicas de Edmund Husserl.
* Texto didático para o curso de graduação em Filosofia da Unisul Virtual
Teaching Documents by Dante Targa
Ciência e Sociedade, 2014
Texto introdutório ao tema da integração inter e transdisciplinar e da pesquisa em sistemas compl... more Texto introdutório ao tema da integração inter e transdisciplinar e da pesquisa em sistemas complexos.

Ciência e Sociedade, 2014
A distinção entre ciência “natural” e “humana” teve sua origem nas ideias do pensadores do sécul... more A distinção entre ciência “natural” e “humana” teve sua origem nas ideias do pensadores do século XIX como Wilhelm Dilthey, que contrapunha a investigação da Natureza ou Ciência da Natureza (Naturwissenschaft) à investigação do espírito ou ciências do espírito (Geisteswissenschaft), que mais tarde se tornou o campo das Ciências Humanas. Abarcando um amplo espectro de objetos de estudo e uma grande diversidade de correntes e escolas de pensamento muitas vezes conflitantes entre si, não é possível
falar sobre “a” visão de alguma das ciências humanas sobre o homem da mesma forma como se apresenta o estado atual em que se encontram as teorias da astrofísica ou da biologia. Por isso mesmo, a reflexão filosófica sobre as ciências humanas acabou
convertendo-se em um ramo particular: a epistemologia das ciências humanas. Uma vez que diferentes correntes da sociologia, da antropologia ou da história se consolidaram a partir de concepções divergentes sobre seus respectivos objetos
de estudo, o presente texto procura fazer uma breve introdução à teoria do conhecimento (epistemologia) subjacente a cada uma dessas correntes de pensamento.
Ciência e Sociedade, 2014
Questões envolvendo a bioética e a experimentação animal são as que mais diretamente levantam o t... more Questões envolvendo a bioética e a experimentação animal são as que mais diretamente levantam o tema dos limites éticos para o conhecimento científico na atualidade. A imagem da “interdição da ciência”, que remete aos tempos da inquisição, tende a ser evocada para defender a liberdade do conhecimento científico em detrimento de qualquer barreira normativa. Contrapõe-se a esta perspectiva a visão da ciência como instrumento de dominação totalitária, capaz de servir aos interesses de alguns (a espécie humana) em detrimento da submissão e do sofrimento de outros. De quaqluer modo, o ponto é que a própria ciência não é capaz de pensar a si mesma e determinar cientificamente
esses limites. Temos, então, uma questão genuinamente metacientífica.
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Papers by Dante Targa
ideias de continuidade e interdependência do humano em relação ao mundo mais que humano, sugeridas pelos princípios da ciência ecológica. Tal proposta, entretanto, suscitou um interessante debate acerca da viabilidade e implicações de posturas senciocêntricas, biocêntricas e ecocêntricas, como forma de fundamentar o valor intrínseco para além da esfera da
agência moral. A chamada clivagem antropocêntrico-ecocêntrico demarca precisamente os polos deste debate, que marcou os primeiros passos da filosofia ambiental e se estendeu à ecologia política. Apesar de algumas tentativas de retratar posturas não antropocêntricas como um dogma a ser superado na evolução da pesquisa em ética ambiental, este artigo procura
argumentar que a questão permanece em aberto, sobretudo a partir de uma recente retomada das críticas ao antropocentrismo por um grupo de autoras e autores ligados às ciências ambientais.
* Texto didático para o curso de graduação em Filosofia da Unisul Virtual
Teaching Documents by Dante Targa
falar sobre “a” visão de alguma das ciências humanas sobre o homem da mesma forma como se apresenta o estado atual em que se encontram as teorias da astrofísica ou da biologia. Por isso mesmo, a reflexão filosófica sobre as ciências humanas acabou
convertendo-se em um ramo particular: a epistemologia das ciências humanas. Uma vez que diferentes correntes da sociologia, da antropologia ou da história se consolidaram a partir de concepções divergentes sobre seus respectivos objetos
de estudo, o presente texto procura fazer uma breve introdução à teoria do conhecimento (epistemologia) subjacente a cada uma dessas correntes de pensamento.
esses limites. Temos, então, uma questão genuinamente metacientífica.
ideias de continuidade e interdependência do humano em relação ao mundo mais que humano, sugeridas pelos princípios da ciência ecológica. Tal proposta, entretanto, suscitou um interessante debate acerca da viabilidade e implicações de posturas senciocêntricas, biocêntricas e ecocêntricas, como forma de fundamentar o valor intrínseco para além da esfera da
agência moral. A chamada clivagem antropocêntrico-ecocêntrico demarca precisamente os polos deste debate, que marcou os primeiros passos da filosofia ambiental e se estendeu à ecologia política. Apesar de algumas tentativas de retratar posturas não antropocêntricas como um dogma a ser superado na evolução da pesquisa em ética ambiental, este artigo procura
argumentar que a questão permanece em aberto, sobretudo a partir de uma recente retomada das críticas ao antropocentrismo por um grupo de autoras e autores ligados às ciências ambientais.
* Texto didático para o curso de graduação em Filosofia da Unisul Virtual
falar sobre “a” visão de alguma das ciências humanas sobre o homem da mesma forma como se apresenta o estado atual em que se encontram as teorias da astrofísica ou da biologia. Por isso mesmo, a reflexão filosófica sobre as ciências humanas acabou
convertendo-se em um ramo particular: a epistemologia das ciências humanas. Uma vez que diferentes correntes da sociologia, da antropologia ou da história se consolidaram a partir de concepções divergentes sobre seus respectivos objetos
de estudo, o presente texto procura fazer uma breve introdução à teoria do conhecimento (epistemologia) subjacente a cada uma dessas correntes de pensamento.
esses limites. Temos, então, uma questão genuinamente metacientífica.