Papers by Thiago Castañon

GJHSS, 2021
Resumo:
A astúcia de Ulisses consiste em apagar o nome próprio para tornar-se outro. O fingidor N... more Resumo:
A astúcia de Ulisses consiste em apagar o nome próprio para tornar-se outro. O fingidor Ninguém, protótipo em miniatura da mímesis, faz da Odisseia o paradigma de toda viagem literária. Ulisses é o modelo secreto por trás de temas recorrentes na poesia de Augusto de Campos. A sombra que perpassa os motivos mallarmeanos do naufrágio e da desaparição elocutória do sujeito singulariza a poética do autor de ovonovelo. Oútis é a máscara que o poeta concreto elege como paradigma da linguaviagem a que vem se lançando há sete décadas, em busca de abrir poros na aporia da poesia. É por isso que a Odisseia não termina nunca. Cada leitor dá um novo rosto à máscara sem rosto. É por isso que ela é, desde sempre, o livro que Ninguém lê, de novo.
Abstract:
Ulysses' cunning consists in erasing his own name to become another. The pretender Nobody, a miniature prototype of mimesis, makes Odyssey the paradigm of every literary journey. Ulysses is the secret model behind recurring themes in Augusto de Campos' poetry. The shadow that permeates the Mallarmean motifs of the shipwreck and the elocutory disappearance of the subject singularizes the poetics of the ovonovelo author. Oútis is the mask that the concrete poet chooses as a paradigm of the linguaviagem to which he has been launching himself for seven decades, in search of opening pores in the aporia of poetry. That is why the Odyssey never ends. Each reader gives a new face to the faceless mask. That is why it has always been the book that Nobody reads, again.

ALEA, 2020
Resumo:
Visando retirar do ostracismo um poema que ainda não foi lido como poema por ninguém na ... more Resumo:
Visando retirar do ostracismo um poema que ainda não foi lido como poema por ninguém na crítica brasileira, este ensaio procura dispor algumas reflexões em torno de oútis, que abre o livro Não, de Augusto de Campos. Partindo da única exceção de Gonzalo Aguilar, que lhe dedica dois parágrafos valiosos, desenvolve-se a hipótese de que as datas desmedidas que acompanham o título do poema permitem lê-lo como síntese da poética do autor. Num estudo preliminar das relações entre poesia e fotografia, em diálogo com formulações de Benjamin, Eisenstein e Fenollosa sobre a montagem cinematográfica e a técnica do ideograma, destaca-se a complexidade envolvida nesse "poema de uma palavra só" sobreposta à imagem de sombras na grama, cuja sintaxe supõe uma rede intrincada de conexões entre o visível e o legível, o português e o grego, a poesia, as artes visuais e outros poemas ao longo da história, com que entra numa constelação sincrônica.

A reedição em pleno curso de Mímesis: desafio a pensamento (Editora UFSC, 2014) e Vida e mímesis ... more A reedição em pleno curso de Mímesis: desafio a pensamento (Editora UFSC, 2014) e Vida e mímesis (Editora Martelo, no prelo), de Luiz Costa Lima merece ser não apenas celebrada, mas, como demanda sua própria textura argumentativa, são obras que pedem uma leitura apurada, o confronto com pontos de vistas divergentes, a reflexão sobre a validade de suas formulações, o grau de consistência de sua rede de conceitos, em suma, o debate de ideias. Junto com Mímesis e modernidade (2ª ed. Paz e Terra, 2003) e o pequeno, porém importante ensaio "Representação social e mímesis" a ser republicado pela mesma editora da UFSC, em volume único (também no prelo), com o projeto editorial de Sérgio Alcides, reunindo as coletâneas de ensaios Dispersa demanda e Pensando nos VITRUVIUS | RESENHASONLINE ano 14, n. 161.01, maio 2015 2 ISSN 2175-6694 trópicos, subintitulado Dispersa demanda II ( 1 ), os livros agora reeditados concentram os passos mais arrojados do projeto teórico de Costa Lima sobre a reconsideração da velha categoria da mímesis. Essa convergência editorial é tanto mais oportuna quanto sua repaginação oferece às gerações mais novas de leitores a chance de romper com a indigência teórica que tem caracterizado o quadro universitário brasileiro, não só de Letras, mas no âmbito das chamadas ciências humanas, notadamente entre filósofos, historiadores, sociólogos, antropólogos e psicanalistas, com os quais a inquietação reflexiva de LCL mantém permanente interlocução. Para que se ressalte, em primeiro lugar, o inusitado da reedição quase simultânea, embora relativamente tardia, das duas obras mais complexas do conjunto, recordamos sumariamente o estado da recepção dos tríptico em questão, isto é dos três mímesis. Como já observamos em outro lugar, embora tenham sido originalmente publicados em 1980, 1995 e 2000, é sintomático que no intervalo de mais de três décadas, nem a reedição do primeiro, nem as publicações originais dos seguintes tenham sido acompanhadas de uma recepção pautada pelo debate de ideias. Isto quando chegaram a ser objeto de alguma recensão. Com efeito, do primeiro mímesis, mal se pode dizer que recebeu uma resenha por ocasião de sua primeira edição. A única então publicada constituía, na verdade, um artigo maledicente que, desde o título irônico, "Estudos miméticos" ( 2 ), o acusava de não repisar mais que o já sabido sobre um conceito evidente. Assim pensando, que enunciava seu acusador senão uma obsoleta concepção de mímesis como repetição? Se a regularidade com que os livros do autor têm sido reeditados e traduzidos, numa média de duas publicações anuais, basta para desmentir o juízo de Wilson Martins, a incompreensão que cerca a obra de Costa Lima, por vezes considerado "ilegível" (como elogio!), chegaria a ponto de um escritor do relevo de Roberto Schwarz considerá-lo, ainda na década de 1990, um crítico antimimético ( 3 ). Como o 1 O mesmo ensaio já recebera nova edição revista pelo autor na coletânea: LIMA, Luiz Costa. Escritos de véspera. Organização e apresentação de Aline Magalhães Pinto e Thiago Castañon. Florianópolis, Editora UFSC, 2012. A sair pela Martelo Casa Editorial, além de Vida e mímesis, também estão no prelo os volumes Lira e antilira, Teoria da literatura em suas fontes (edição revista e ampliada, em três volumes) e uma tradução inédita, feita por Luiz Costa Lima, de Odo Marquard, Estética e anestética: reflexões filosóficas, primeiro livro do autor a aparecer em língua portuguesa. 2 MARTINS, Wilson. "Estudos miméticos". In: Caderno B, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1981. 3 SCHWARZ, R. "Adequação nacional e originalidade crítica". In: Sequências brasileiras. São Paulo, Companhia das Letras, 1999, pp.39-40.

Resumo: O que permite chamar Safo e Píndaro, como Dante e Arnault Daniel, tanto quanto Baudelaire... more Resumo: O que permite chamar Safo e Píndaro, como Dante e Arnault Daniel, tanto quanto Baudelaire e Mallarmé, igualmente, de poetas? Trata-se do mesmo conceito quando referimos as obras de cada um desses autores, indistintamente, como "poesia"? Os fragmentos mélicos, iambos, epigramas e elegias arcaicos já são poesia, no sentido que chamamos aquelas obras que nossos conceitos histórico-literários classificam como pertencentes a um gênero lírico? E a poesia concreta, ainda é poesia? Como se articulam a poesia pré-dantesca e pósbaudelairiana com a noção clássica e, sobretudo, romântica, de "lírica"? Quais a fronteiras entre poesia, lírica e canção, de um lado, e entre as distintas formas de enunciação do eu, do sujeito, do indivíduo e da pessoa, de outro? Como sujeito e poesia se relacionam com a categoria da mímesis e seu corolário, o estatuto do discurso ficcional? Enfim, qual sua ligação com a função psicológica do imaginário, da imagem, da imaginação? Lançando as bases para uma pesquisa sobre as categorias da poesia, da mímesis e do sujeito, o presente trabalho se situa em algum ponto de cruzamento das perspectivas teóricas de Mauss, Benveniste, Vernant, Foucault, Koselleck, Blumenberg e Luiz Costa Lima, entre a história das categorias sociais e a análise do discurso ficcional. Recortando três momentos-chave, de passagem, na formação destas categorias, procurou-se reconsiderar seus limites históricos com base numa abordagem multidisciplinar, conduzida pelo olhar da crítica literária.
reviews by Thiago Castañon
Segundo o princípio para o qual é apenas na casa em chamas que se torna visível pela primeira vez... more Segundo o princípio para o qual é apenas na casa em chamas que se torna visível pela primeira vez o problema arquitetônico fundamental, do mesmo modo, a arte, tendo chegado ao ponto extremo do seu destino, torna visível o seu projeto original.
Work in progress by Thiago Castañon
Tese apresentada em fev. 2017 para avaliação em 13/03
Books by Thiago Castañon
LIMA, Luiz Costa. Escritos de véspera. Organização e apresentação de Aline Magalhães e Thiago Cas... more LIMA, Luiz Costa. Escritos de véspera. Organização e apresentação de Aline Magalhães e Thiago Castañon. Florianópolis: Ed.UFSC, 2011.
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Papers by Thiago Castañon
A astúcia de Ulisses consiste em apagar o nome próprio para tornar-se outro. O fingidor Ninguém, protótipo em miniatura da mímesis, faz da Odisseia o paradigma de toda viagem literária. Ulisses é o modelo secreto por trás de temas recorrentes na poesia de Augusto de Campos. A sombra que perpassa os motivos mallarmeanos do naufrágio e da desaparição elocutória do sujeito singulariza a poética do autor de ovonovelo. Oútis é a máscara que o poeta concreto elege como paradigma da linguaviagem a que vem se lançando há sete décadas, em busca de abrir poros na aporia da poesia. É por isso que a Odisseia não termina nunca. Cada leitor dá um novo rosto à máscara sem rosto. É por isso que ela é, desde sempre, o livro que Ninguém lê, de novo.
Abstract:
Ulysses' cunning consists in erasing his own name to become another. The pretender Nobody, a miniature prototype of mimesis, makes Odyssey the paradigm of every literary journey. Ulysses is the secret model behind recurring themes in Augusto de Campos' poetry. The shadow that permeates the Mallarmean motifs of the shipwreck and the elocutory disappearance of the subject singularizes the poetics of the ovonovelo author. Oútis is the mask that the concrete poet chooses as a paradigm of the linguaviagem to which he has been launching himself for seven decades, in search of opening pores in the aporia of poetry. That is why the Odyssey never ends. Each reader gives a new face to the faceless mask. That is why it has always been the book that Nobody reads, again.
Visando retirar do ostracismo um poema que ainda não foi lido como poema por ninguém na crítica brasileira, este ensaio procura dispor algumas reflexões em torno de oútis, que abre o livro Não, de Augusto de Campos. Partindo da única exceção de Gonzalo Aguilar, que lhe dedica dois parágrafos valiosos, desenvolve-se a hipótese de que as datas desmedidas que acompanham o título do poema permitem lê-lo como síntese da poética do autor. Num estudo preliminar das relações entre poesia e fotografia, em diálogo com formulações de Benjamin, Eisenstein e Fenollosa sobre a montagem cinematográfica e a técnica do ideograma, destaca-se a complexidade envolvida nesse "poema de uma palavra só" sobreposta à imagem de sombras na grama, cuja sintaxe supõe uma rede intrincada de conexões entre o visível e o legível, o português e o grego, a poesia, as artes visuais e outros poemas ao longo da história, com que entra numa constelação sincrônica.
reviews by Thiago Castañon
Work in progress by Thiago Castañon
Books by Thiago Castañon
A astúcia de Ulisses consiste em apagar o nome próprio para tornar-se outro. O fingidor Ninguém, protótipo em miniatura da mímesis, faz da Odisseia o paradigma de toda viagem literária. Ulisses é o modelo secreto por trás de temas recorrentes na poesia de Augusto de Campos. A sombra que perpassa os motivos mallarmeanos do naufrágio e da desaparição elocutória do sujeito singulariza a poética do autor de ovonovelo. Oútis é a máscara que o poeta concreto elege como paradigma da linguaviagem a que vem se lançando há sete décadas, em busca de abrir poros na aporia da poesia. É por isso que a Odisseia não termina nunca. Cada leitor dá um novo rosto à máscara sem rosto. É por isso que ela é, desde sempre, o livro que Ninguém lê, de novo.
Abstract:
Ulysses' cunning consists in erasing his own name to become another. The pretender Nobody, a miniature prototype of mimesis, makes Odyssey the paradigm of every literary journey. Ulysses is the secret model behind recurring themes in Augusto de Campos' poetry. The shadow that permeates the Mallarmean motifs of the shipwreck and the elocutory disappearance of the subject singularizes the poetics of the ovonovelo author. Oútis is the mask that the concrete poet chooses as a paradigm of the linguaviagem to which he has been launching himself for seven decades, in search of opening pores in the aporia of poetry. That is why the Odyssey never ends. Each reader gives a new face to the faceless mask. That is why it has always been the book that Nobody reads, again.
Visando retirar do ostracismo um poema que ainda não foi lido como poema por ninguém na crítica brasileira, este ensaio procura dispor algumas reflexões em torno de oútis, que abre o livro Não, de Augusto de Campos. Partindo da única exceção de Gonzalo Aguilar, que lhe dedica dois parágrafos valiosos, desenvolve-se a hipótese de que as datas desmedidas que acompanham o título do poema permitem lê-lo como síntese da poética do autor. Num estudo preliminar das relações entre poesia e fotografia, em diálogo com formulações de Benjamin, Eisenstein e Fenollosa sobre a montagem cinematográfica e a técnica do ideograma, destaca-se a complexidade envolvida nesse "poema de uma palavra só" sobreposta à imagem de sombras na grama, cuja sintaxe supõe uma rede intrincada de conexões entre o visível e o legível, o português e o grego, a poesia, as artes visuais e outros poemas ao longo da história, com que entra numa constelação sincrônica.