Papers by Tássia Vianna
Pretendemos, neste artigo, apresentar as transformações que a noção de Eu ganha no decorrer do it... more Pretendemos, neste artigo, apresentar as transformações que a noção de Eu ganha no decorrer do itinerário husserliano; desde a sua exclusão do campo de investigação de uma fenomenologia das vivências, tal como ocorre na Investigaõees óggicas, especificamente na 5ª investigação, até a descoberta do Eu Transcendental, como polo ao qual os vividos remeteriam, com a instituição de uma fenomenologia transcendental como aparece em Ideias I. Desaguando, por fim, em uma investigação a respeito da gênese de constituição deste Eu, tal como será requerida pela investigação fenomenológica de teor propriamente genético. Investigaremos, portanto, as distinções e relações entre estas noções de Eu, em vistas de mostrar que não se tratariam de múltiplos Egos, compreendidos como objetos distintos, mas estes consistiriam em diversos modos de apreensão de um mesmo Eu, a saber, um Eu Funcional.

Dossiê Existências, Ed. Tássia Vianna, 2024
Este dossiê tem por objetivo abordar as temáticas relativas à existência humana, compreendida com... more Este dossiê tem por objetivo abordar as temáticas relativas à existência humana, compreendida como modo de ser no mundo, em relação direta e imediata com a situação fática na qual ela está inserida, e a partir do qual ela se realiza. Tal forma de compreender a realidade humana deriva de uma falência da concepção moderna de compreender o sujeito apartado da realidade, em uma compreensão restrita à epistêmica. A partir disso, a consciência não se resume a uma dimensão de conhecimento do mundo, mas a uma relação de existência, em sua modalidade originária pré-reflexiva e pré-predicativa, ao modo de uma participação no mundo. Deste modo, a consciência humana não é compreendida como "produtora de interioridade" (Sartre, 1939, 1943), o que a levaria a ser compreendida como um "absoluto solitário" (Merleau-Ponty, 1946) que dá origem ao mundo em sua esfera de imanência. Agora, reinserida novamente em sua situação fática, "homem entre homem, coisa entre as coisas" (Sartre, 1939) a realidade humana é convocada a se engajar neste mundo que lhe é inalienável – na medida em que ela só existe em relação a ele, e este mundo só se revela a partir dela.
Tal concepção de existência, como esta totalidade sintética indissociável (Sartre, 1943) – entre o ser do mundo fático e o ser indeterminado da realidade humana, que só existe em relação – só é possível após a superação da "ilusão do trás mundos", propiciada por Nietzsche, em sua crítica à metafísica moderna. Buscamos, com isso, enfatizar a relevância do pensamento nietzscheano para superar o dualismo clássico, evidente em uma concepção moderna de subjetividade, que carece de tal participação no mundo – o que, para Nietzsche, se mostra ainda produto de uma herança platônica que se revela ainda não superada no pensamento moderno. Portanto, privilegiaremos, nesta edição temática, tratar de artigos que salientam a importância de pensar, ainda nos dias de hoje, as teorias de autores como Friedrich Nietzsche, que nos revela o teor trágico da existência humana, bem como a tradição existencial que o precede, incluindo autores como Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty, bem como suas heranças que remontam a influências como Martin-Heidegger, Edmund Husserl, Albert Camus e Søren Kierkegaard
Este artigo tem como objetivo circunscrever os níveis constitutivos da consciência fenomenológica... more Este artigo tem como objetivo circunscrever os níveis constitutivos da consciência fenomenológica, a partir de uma perspectiva da fenomenologia genética husserliana. Nos ocuparemos, aqui, de apresentar os três níveis de constituição da consciência – a saber, a temporalidade originária, as sínteses associativas, e o momento propriamente ativo, doador de sentido. Visto isto, mostraremos que o nível de constituição originário, a síntese de unificação da temporalidade, já é ele próprio subjetivo, de modo tal que não haveria a necessidade de generalizar o papel do Ego – componente essencial dos extratos superiores de consciência – para todos os níveis conscientes, sobretudo aos níveis passivos inferiores

Tássia Vianna de Carvalho, 2023
Resumo: O Ego, tal como Sartre o concebe, é compreendido como um objeto intencional de tipo muito... more Resumo: O Ego, tal como Sartre o concebe, é compreendido como um objeto intencional de tipo muito específico; um objeto que é constituído pela consciênciacomo produto da modificação reflexiva operada sobre a vivência irrefletidamas ele carrega consigo a origem de um engano: ele nos engana sobre sua própria existência, aparecendo como se já estivesse lá anteriormente à reflexão. Mas no que consistiria este engano? E o que motivaria a consciência a enganar-se sobre si própria? Se outorgarmos à consciência reflexiva um poder constitutivo, como poderíamos ainda assegurar um teor de confiabilidade à reflexão como metodológico privilegiado da fenomenologia? Este artigo tem por objetivo descrever fenomenologicamente como a consciência constituiria este objeto de tipo específico, perscrutando o que estaria na origem deste autoengano operado pela consciência. Iniciaremos por descrever a estrutura da consciência em seus diversos graus (irrefletida, refletida, reflexiva). Em seguida, apresentaremos como o Ego é constituído a partir desta modificação estrutural operada pela reflexão, e por fim, descreveremos como a consciência é capaz produzir uma ilusão sobre ela mesma, enganando a si própria sobre sua constituição-mascarando para si mesma sua própria indeterminação ontológica, e apreendendo a si mesma na condição de objeto para a reflexão. Para isto, utilizaremos como texto principal A transcendência do Ego¸ Jean-Paul Sartre, fazendo eventuais recursos à sua ópera magna O ser e o nada, bem como a comentadores canônicos da tradição, como Flajoeliet, Correbyter, e ao célebre artigo de Gurwitsch sobre esta temática, em vista de aprofundar questões lacunares na obra do próprio autor.

Problemata, 2022
The Transcendental Ego is traditionally understood as responsible for unifying the mul... more The Transcendental Ego is traditionally understood as responsible for unifying the multiplicity of apparitions seized by the subject. Sartre realizes that Husserl’s phenomenology helps us understand that intentional consciousness would not require the unifying pole. However, Husserl himself would make a transcendental turn, requiring this Ego –which himself has reject so far. Sartre would notice that husserlian’s phenomenology would make this Ego dispensable, showing us that theanswer for the question about how consciousness would unify himself through the multiplicity of apparitions was already given in Husserl’s phenomenology. We intent to show in this paper that the resource to an I as an unifying pole would not be just unnecessary, but would also be an obstacle to understand the real meaning of intentionality as phenomenology would conceive -keeping in mind that the multiplicity of appearances would be unificated both internally, by the temporality, and externally, by the object pole.

CARVALHO, Tássia Vianna, 2019
Temos como proposta uma análise minuciosa acerca do tema da intersubjetividade conforme descrito ... more Temos como proposta uma análise minuciosa acerca do tema da intersubjetividade conforme descrito por Jean-Paul Sartre. Para isto, é necessário uma melhor compreensão de sua ontologia. Recorremos a seu primeiro ensaio de 1934, A Trans-cendência do Ego, onde o autor primeiro aborda o tema da exposição da consciência, após uma primeira aproximação com a fenomenologia Husserliana onde Sartre toma conhecimento do conceito de intencionalidade que para fornecer uma forma de compreensão da consciência que lhe permitiria reinserir o ser no mundo, em meio às coisas “De um só golpe a consciência está purificada, está clara como uma ventania, não há mais nada nela a não ser um movimento para fugir de si, um deslizar para fora de si”. (SARTRE, 2005, p. 56)
Sartre inicia seu primeiro ensaio fenomenológico apontando a tese central e da qual ele não se desvencilhará ao longo de seu percurso filosófico: o Ego não é um habitante da consciência, ele se encontra radicalmente exterior a ela. A consciência é compreendida como um puro ato intencional extrospectivo, em outras palavras, “toda consciência é consciência de qualquer coisa, o que significa que o objeto não está na consciência a título de conteúdo, mas que ele está fora dela como algo intencionalmente visado” (SARTRE, 1994, p.99). Tal forma de compreensão da consciência parece nos fornecer uma possibilidade de superação ao obstáculo do solipsismo na medida em que coloca o ser diante do outro em uma relação não mediada por nenhuma instância de reflexão. Tal temática desaguará em uma longa sessão que compõe a terceira parte de sua obra central de 1943, O Ser e o Nada, dedicada ao tema da alteridade. No existencialismo de Sartre, a intersubjetividade é mediada por um conflito, onde uma consciência de dirige à outra e a apreende como a um objeto, exercendo sua liberdade constituinte sobre ela e, por sua vez, fazendo escoar a liberdade da outra. “o outro é para mim, antes de tudo, o ser para o qual sou objeto” (SARTRE, 2005, p. 347) pois bem, ao mesmo tempo que o outro guarda a minha objetividade, tal liberdade que me falta e que eu nao possuo, eu busco nele esta objetividade. Eu me reconheço na objetividade que me é conferida por ele. Ambas as consciências entram em uma disputa, uma contra a outra, visando conservar a sua liberdade constituinte, e possuir a objetividade que é conferida por outrem pois ela se reconhece nesta objetividade. O outro possui uma face de si como visto de fora, a qual ele não possui e pela qual é responsável. E é exatamente este ponto, do reconhecimento, que me faz ser dependente do outro no interior de meu ser.

CARVALHO, Tássia Vianna, 2019
O tema central deste trabalho de conclusão de curso é a possibilidade de superação do obstáculo d... more O tema central deste trabalho de conclusão de curso é a possibilidade de superação do obstáculo do solipsismo através da dimensão do reconhecimento. Tomamos como base o existencialismo de Jean-Paul Sartre, centrando-nos nas obras A transcendência do ego e O Ser e o Nada: Ensaio de Ontologia Fenomenológica. Apresentamos, neste trabalho de conclusão de curso, investigações a respeito da proposta de superação do obstáculo do solipsismo apresentada pelo autor e até que ponto a possibilidade que Sartre nos fornece se mostra satisfatória. Consideramos que a dimensão do reconhecimento, em Sartre, acarreta um conflito insuperável e inerente a todas as relações intersubjetivas, na qual uma das partes converte-se à posição de objeto e se vê ameaçada pela liberdade ontológica constituinte correspondente ao ser para outro. No ato da relação intersubjetiva, o para-si recorre ao outro para buscar nele sua objetividade, visando reconhecer-se na face de si - que pertence a ele - e que só é evidenciada pelo concurso de outrem. Trata-se da face de si vista de fora, apreendida pelo outro como objetividade. Assim, no reconhecimento sartriano uma das partes é apreendida pela outra como objetividade, enquanto ambas visam manter a sua liberdade ontológica constitutiva do ser para-si e, ao mesmo tempo, buscar a plenitude de determinação do ser em-si. A dimensão da intersubjetividade resulta, então, em uma disputa. O para-si luta para conservar-se em sua liberdade ontologicamente indeterminada, assim como tende a repousar-se na plena objetividade característica do ser em-si (tendo-se em vista que o para-si dirige-se ao mundo para buscar seu ser, bem como ao ser de outrem). Tal atitude é sempre frustrada, pois a plenitude de determinação do ser não é pertencente à compleição ontológica do para-si

CARVALHO, Tássia Vianna, 2019
A semântica compreende o significado literal da sentença enunciada, de forma independente do cont... more A semântica compreende o significado literal da sentença enunciada, de forma independente do contexto, baseando-se apenas na estrutura gramatical da sentença, isolando-a não só do seu contexto de enunciação, mas de qualquer outro elemento extra-linguístico, que é desconsiderado de sua análise.
A pragmática é o campo da linguagem que se dedica a estudar as pressuposições enunciadas, em um contexto que compreende a totalidade dos atos de fala, considerando os elementos linguísticos e não linguísticos que compõe o ato da enunciação.
O estudo da pragmática compreende a linguagem em sua perspectiva funcional, analisando as relações entre a língua e o contexto de uso dessa mesma língua. Efetuando a interpretação da língua em determinado contexto especifico na qual ocorreu a enunciação.
Em poucas palavras, podemos dizer que a pragmática é o estudo da interpretação da língua em seu contexto de enunciação, considerando também as condições externas à linguagem, tais como o ambiente no qual o falante de encontra, as condições de produção do discurso, o uso normativo de determinada língua, entre outras.
Em sua obra Lógica e Conversação Grice inicia seu texto descrevendo duas posições opostas no campo de estudo da linguagem, formalistas e informalistas, e apontando um aspecto comum entre os dois: ambos não se debruçam na questão da dependência contextual. Grice constitui sua análise com base na descrição dos movimentos discursivos dos falantes, durante os atos de fala. Apontando para a dimensão fundamental da dependência contextual. Feitas as devidas distinções entre ambos os grupos, o autor sustenta que
“o pressuposto comum a ambos os grupos, de que de fato existem divergências é (em linhas gerais) um erro corrente, e que tal erro resulta de não prestar a devida atenção à natureza e importância das condições que governam a conversação. Por essa razão, passo agora a examinar as condições gerais que, de uma ou outra forma, se aplicam à conversação como tal, independente de seu assunto” (Idem, p. 84)
Em seguida, tendo justificado a necessidade para tal, Grice descreve a noção que, para ele, será fundamental para que se possa examinar as condições gerais que se aplicam à conversação, abarcando não só o que é formalmente enunciado, mas ao que é implicitado, que seria a intenção comunicativa do falante. Pois, para que se possa acessar o significado do proferimento, é necessário que se analise o que é inferido logicamente (que compreenderia o significado da sentença) conjuntamente com o que é inferido pragmáticamente (que seria o significado do falante). Ambas as searas não deveriam caminhar distintamente, pois ambas são necessárias para a compreensão total do proferimento. Há uma interdependência entre a análise meramente semântica que, por sua vez, está inserida contextualmente, e necessita ser analisada neste contexto no qual ela foi proferida, para que possa ser corretamente compreendida.
Conference Presentations by Tássia Vianna
CARVALHO, Tássia Vianna, 2020
Pretendemos abordar um problema atual que norteia a nossa cotidianeidade e a cena política do nos... more Pretendemos abordar um problema atual que norteia a nossa cotidianeidade e a cena política do nosso país nos últimos anos: a guerra cultural e o choque de valores entre a parcela da população que manteve a hegemonia política e cultural, e a outra parcela que se sentiu até então negligenciada pela sociedade e busca ser reconhecida e participar ativamente do contexto social e político. Começaremos analisando as origens da guerra cultural, voltando nossas análises para o objeto de disputa desta guerra; um objeto abstrato e intangível, mas capaz de mobilizar afetos intensamente: os valores pelos quais norteamos as nossas condutas, pelos dos quais as leis são norteadas e pelos quais a sociedade é governada. Concluiremos demonstrando que esta guerra é uma guerra moral. RJ, Niterói 2020 AS ORIGENS DA GUERRA CULTURAL.
CARVALHO, Tássia Vianna., 2020
A Consciência Imaginante: Sartre com e contra Husserl. Tássia Vianna de Carvalho.
Resumo
O pres... more A Consciência Imaginante: Sartre com e contra Husserl. Tássia Vianna de Carvalho.
Resumo
O presente artigo tem como objetivo apresentar a concepção sartriana a respeito do imaginário, assim como descrever a estrutura da imagem conforme sabre a compreende. Para tal fim, apresentaremos o conceito de intencionalidade herdado da fenomenologia husserliana. Tal conceito foi fundamental para elaboração do pensamento de Sartre, e para o desenvolvimento do seu projeto de purificação da consciência. Esperamos que fique claro, ao longo deste texto, o potencial inovador que Sartre vê na consciência intencional assim como as ressalvas apontadas por Sartre ao longo do desenvolvimento do pensamento de Husserl. NITERÓI, RJ. 2020.
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Papers by Tássia Vianna
Acesso em: https://anpof.org.br/resenhas/nas-margens-da-presenca-a-questao-do-logus-em-merleau-ponty
Tal concepção de existência, como esta totalidade sintética indissociável (Sartre, 1943) – entre o ser do mundo fático e o ser indeterminado da realidade humana, que só existe em relação – só é possível após a superação da "ilusão do trás mundos", propiciada por Nietzsche, em sua crítica à metafísica moderna. Buscamos, com isso, enfatizar a relevância do pensamento nietzscheano para superar o dualismo clássico, evidente em uma concepção moderna de subjetividade, que carece de tal participação no mundo – o que, para Nietzsche, se mostra ainda produto de uma herança platônica que se revela ainda não superada no pensamento moderno. Portanto, privilegiaremos, nesta edição temática, tratar de artigos que salientam a importância de pensar, ainda nos dias de hoje, as teorias de autores como Friedrich Nietzsche, que nos revela o teor trágico da existência humana, bem como a tradição existencial que o precede, incluindo autores como Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty, bem como suas heranças que remontam a influências como Martin-Heidegger, Edmund Husserl, Albert Camus e Søren Kierkegaard
Sartre inicia seu primeiro ensaio fenomenológico apontando a tese central e da qual ele não se desvencilhará ao longo de seu percurso filosófico: o Ego não é um habitante da consciência, ele se encontra radicalmente exterior a ela. A consciência é compreendida como um puro ato intencional extrospectivo, em outras palavras, “toda consciência é consciência de qualquer coisa, o que significa que o objeto não está na consciência a título de conteúdo, mas que ele está fora dela como algo intencionalmente visado” (SARTRE, 1994, p.99). Tal forma de compreensão da consciência parece nos fornecer uma possibilidade de superação ao obstáculo do solipsismo na medida em que coloca o ser diante do outro em uma relação não mediada por nenhuma instância de reflexão. Tal temática desaguará em uma longa sessão que compõe a terceira parte de sua obra central de 1943, O Ser e o Nada, dedicada ao tema da alteridade. No existencialismo de Sartre, a intersubjetividade é mediada por um conflito, onde uma consciência de dirige à outra e a apreende como a um objeto, exercendo sua liberdade constituinte sobre ela e, por sua vez, fazendo escoar a liberdade da outra. “o outro é para mim, antes de tudo, o ser para o qual sou objeto” (SARTRE, 2005, p. 347) pois bem, ao mesmo tempo que o outro guarda a minha objetividade, tal liberdade que me falta e que eu nao possuo, eu busco nele esta objetividade. Eu me reconheço na objetividade que me é conferida por ele. Ambas as consciências entram em uma disputa, uma contra a outra, visando conservar a sua liberdade constituinte, e possuir a objetividade que é conferida por outrem pois ela se reconhece nesta objetividade. O outro possui uma face de si como visto de fora, a qual ele não possui e pela qual é responsável. E é exatamente este ponto, do reconhecimento, que me faz ser dependente do outro no interior de meu ser.
A pragmática é o campo da linguagem que se dedica a estudar as pressuposições enunciadas, em um contexto que compreende a totalidade dos atos de fala, considerando os elementos linguísticos e não linguísticos que compõe o ato da enunciação.
O estudo da pragmática compreende a linguagem em sua perspectiva funcional, analisando as relações entre a língua e o contexto de uso dessa mesma língua. Efetuando a interpretação da língua em determinado contexto especifico na qual ocorreu a enunciação.
Em poucas palavras, podemos dizer que a pragmática é o estudo da interpretação da língua em seu contexto de enunciação, considerando também as condições externas à linguagem, tais como o ambiente no qual o falante de encontra, as condições de produção do discurso, o uso normativo de determinada língua, entre outras.
Em sua obra Lógica e Conversação Grice inicia seu texto descrevendo duas posições opostas no campo de estudo da linguagem, formalistas e informalistas, e apontando um aspecto comum entre os dois: ambos não se debruçam na questão da dependência contextual. Grice constitui sua análise com base na descrição dos movimentos discursivos dos falantes, durante os atos de fala. Apontando para a dimensão fundamental da dependência contextual. Feitas as devidas distinções entre ambos os grupos, o autor sustenta que
“o pressuposto comum a ambos os grupos, de que de fato existem divergências é (em linhas gerais) um erro corrente, e que tal erro resulta de não prestar a devida atenção à natureza e importância das condições que governam a conversação. Por essa razão, passo agora a examinar as condições gerais que, de uma ou outra forma, se aplicam à conversação como tal, independente de seu assunto” (Idem, p. 84)
Em seguida, tendo justificado a necessidade para tal, Grice descreve a noção que, para ele, será fundamental para que se possa examinar as condições gerais que se aplicam à conversação, abarcando não só o que é formalmente enunciado, mas ao que é implicitado, que seria a intenção comunicativa do falante. Pois, para que se possa acessar o significado do proferimento, é necessário que se analise o que é inferido logicamente (que compreenderia o significado da sentença) conjuntamente com o que é inferido pragmáticamente (que seria o significado do falante). Ambas as searas não deveriam caminhar distintamente, pois ambas são necessárias para a compreensão total do proferimento. Há uma interdependência entre a análise meramente semântica que, por sua vez, está inserida contextualmente, e necessita ser analisada neste contexto no qual ela foi proferida, para que possa ser corretamente compreendida.
Conference Presentations by Tássia Vianna
Resumo
O presente artigo tem como objetivo apresentar a concepção sartriana a respeito do imaginário, assim como descrever a estrutura da imagem conforme sabre a compreende. Para tal fim, apresentaremos o conceito de intencionalidade herdado da fenomenologia husserliana. Tal conceito foi fundamental para elaboração do pensamento de Sartre, e para o desenvolvimento do seu projeto de purificação da consciência. Esperamos que fique claro, ao longo deste texto, o potencial inovador que Sartre vê na consciência intencional assim como as ressalvas apontadas por Sartre ao longo do desenvolvimento do pensamento de Husserl. NITERÓI, RJ. 2020.
Acesso em: https://anpof.org.br/resenhas/nas-margens-da-presenca-a-questao-do-logus-em-merleau-ponty
Tal concepção de existência, como esta totalidade sintética indissociável (Sartre, 1943) – entre o ser do mundo fático e o ser indeterminado da realidade humana, que só existe em relação – só é possível após a superação da "ilusão do trás mundos", propiciada por Nietzsche, em sua crítica à metafísica moderna. Buscamos, com isso, enfatizar a relevância do pensamento nietzscheano para superar o dualismo clássico, evidente em uma concepção moderna de subjetividade, que carece de tal participação no mundo – o que, para Nietzsche, se mostra ainda produto de uma herança platônica que se revela ainda não superada no pensamento moderno. Portanto, privilegiaremos, nesta edição temática, tratar de artigos que salientam a importância de pensar, ainda nos dias de hoje, as teorias de autores como Friedrich Nietzsche, que nos revela o teor trágico da existência humana, bem como a tradição existencial que o precede, incluindo autores como Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty, bem como suas heranças que remontam a influências como Martin-Heidegger, Edmund Husserl, Albert Camus e Søren Kierkegaard
Sartre inicia seu primeiro ensaio fenomenológico apontando a tese central e da qual ele não se desvencilhará ao longo de seu percurso filosófico: o Ego não é um habitante da consciência, ele se encontra radicalmente exterior a ela. A consciência é compreendida como um puro ato intencional extrospectivo, em outras palavras, “toda consciência é consciência de qualquer coisa, o que significa que o objeto não está na consciência a título de conteúdo, mas que ele está fora dela como algo intencionalmente visado” (SARTRE, 1994, p.99). Tal forma de compreensão da consciência parece nos fornecer uma possibilidade de superação ao obstáculo do solipsismo na medida em que coloca o ser diante do outro em uma relação não mediada por nenhuma instância de reflexão. Tal temática desaguará em uma longa sessão que compõe a terceira parte de sua obra central de 1943, O Ser e o Nada, dedicada ao tema da alteridade. No existencialismo de Sartre, a intersubjetividade é mediada por um conflito, onde uma consciência de dirige à outra e a apreende como a um objeto, exercendo sua liberdade constituinte sobre ela e, por sua vez, fazendo escoar a liberdade da outra. “o outro é para mim, antes de tudo, o ser para o qual sou objeto” (SARTRE, 2005, p. 347) pois bem, ao mesmo tempo que o outro guarda a minha objetividade, tal liberdade que me falta e que eu nao possuo, eu busco nele esta objetividade. Eu me reconheço na objetividade que me é conferida por ele. Ambas as consciências entram em uma disputa, uma contra a outra, visando conservar a sua liberdade constituinte, e possuir a objetividade que é conferida por outrem pois ela se reconhece nesta objetividade. O outro possui uma face de si como visto de fora, a qual ele não possui e pela qual é responsável. E é exatamente este ponto, do reconhecimento, que me faz ser dependente do outro no interior de meu ser.
A pragmática é o campo da linguagem que se dedica a estudar as pressuposições enunciadas, em um contexto que compreende a totalidade dos atos de fala, considerando os elementos linguísticos e não linguísticos que compõe o ato da enunciação.
O estudo da pragmática compreende a linguagem em sua perspectiva funcional, analisando as relações entre a língua e o contexto de uso dessa mesma língua. Efetuando a interpretação da língua em determinado contexto especifico na qual ocorreu a enunciação.
Em poucas palavras, podemos dizer que a pragmática é o estudo da interpretação da língua em seu contexto de enunciação, considerando também as condições externas à linguagem, tais como o ambiente no qual o falante de encontra, as condições de produção do discurso, o uso normativo de determinada língua, entre outras.
Em sua obra Lógica e Conversação Grice inicia seu texto descrevendo duas posições opostas no campo de estudo da linguagem, formalistas e informalistas, e apontando um aspecto comum entre os dois: ambos não se debruçam na questão da dependência contextual. Grice constitui sua análise com base na descrição dos movimentos discursivos dos falantes, durante os atos de fala. Apontando para a dimensão fundamental da dependência contextual. Feitas as devidas distinções entre ambos os grupos, o autor sustenta que
“o pressuposto comum a ambos os grupos, de que de fato existem divergências é (em linhas gerais) um erro corrente, e que tal erro resulta de não prestar a devida atenção à natureza e importância das condições que governam a conversação. Por essa razão, passo agora a examinar as condições gerais que, de uma ou outra forma, se aplicam à conversação como tal, independente de seu assunto” (Idem, p. 84)
Em seguida, tendo justificado a necessidade para tal, Grice descreve a noção que, para ele, será fundamental para que se possa examinar as condições gerais que se aplicam à conversação, abarcando não só o que é formalmente enunciado, mas ao que é implicitado, que seria a intenção comunicativa do falante. Pois, para que se possa acessar o significado do proferimento, é necessário que se analise o que é inferido logicamente (que compreenderia o significado da sentença) conjuntamente com o que é inferido pragmáticamente (que seria o significado do falante). Ambas as searas não deveriam caminhar distintamente, pois ambas são necessárias para a compreensão total do proferimento. Há uma interdependência entre a análise meramente semântica que, por sua vez, está inserida contextualmente, e necessita ser analisada neste contexto no qual ela foi proferida, para que possa ser corretamente compreendida.
Resumo
O presente artigo tem como objetivo apresentar a concepção sartriana a respeito do imaginário, assim como descrever a estrutura da imagem conforme sabre a compreende. Para tal fim, apresentaremos o conceito de intencionalidade herdado da fenomenologia husserliana. Tal conceito foi fundamental para elaboração do pensamento de Sartre, e para o desenvolvimento do seu projeto de purificação da consciência. Esperamos que fique claro, ao longo deste texto, o potencial inovador que Sartre vê na consciência intencional assim como as ressalvas apontadas por Sartre ao longo do desenvolvimento do pensamento de Husserl. NITERÓI, RJ. 2020.