Papers by Fernanda Rechenberg

GIS GESTO, IMAGEM E SOM - REVISTA DE ANTROPOLOGIA, 2022
This paper discusses photography and Afro-religiosity based on the researcher's experience as a p... more This paper discusses photography and Afro-religiosity based on the researcher's experience as a photographer in the field of Afro-Gaucho religions. First, the text situates the relationship between photography and Afro-Brazilian religiosity to explore the different facets of obtaining technical images within the sacred, pointing out cases that can help us reflect on the prohibitions imposed and accesses granted to photographic productions in the Afro-religious context. It argues that the construction of an ethics of visibility within religious practices is intertwined with the contexts of meaning production in which these images appear. The essay reflects on the challenges of construing an anthropological ethics of image production in such contexts, and the possibilities of an intersubjective negotiation when photography acts as a material support for perpetuating the collective memories of religious groups. 1. The Ilha da Pintada is one of the sixteen islands that constitutes the neighborhood Arquipélago, which belongs to the municipally of Porto Alegre.

GIS GESTO, IMAGEM E SOM - REVISTA DE ANTROPOLOGIA, 2022
Este artigo discute fotografia e afro-religiosidade com base em minha experiência como fotógrafa ... more Este artigo discute fotografia e afro-religiosidade com base em minha experiência como fotógrafa e pesquisadora no campo religioso afro-gaúcho. Inicialmente, situo a relação entre fotografia e religiosidade afro-brasileira buscando compreender diferentes facetas da obtenção de imagens técnicas no âmbito do sagrado. Sem fazer uma revisão histórica do tema, aponto alguns casos que podem auxiliar as reflexões sobre os interditos e os acessos impostos ou concedidos às produções fotográficas no contexto afro-religioso. Pretendo mostrar que a construção de uma ética na visibilidade das práticas religiosas está entrelaçada com os contextos das produções de sentido em que estas imagens figuram. Discuto, ainda, os desafios na construção de uma ética antropológica na produção de imagens em tais contextos e as possibilidades de uma negociação intersubjetiva quando a produção fotográfica atua como suporte material para a reverberação das memórias coletivas de grupos religiosos.
Anagrama, 2015
O aprimoramento das tecnologias não só possibilitaram novas formas de captação de imagens como ta... more O aprimoramento das tecnologias não só possibilitaram novas formas de captação de imagens como também reposiciona discussões a respeito da prática fotojornalística. A análise contempla o trabalho de fotógrafos de guerra buscam transmitir o seu ponto de vista sobre os conflitos demonstra a autorreferência e a aspectualidade como forma de imprimir o simbólico/imaginário na fotografia noticiosa de guerra. A pesquisa cria margem para buscas novas reflexões teóricas quanto às possibilidades diversas de obtenção da imagem fotográfica a serviço da empresa jornalística

As coberturas fotojornalisticas de guerras foram ao longo da historia beneficiadas pela crenca de... more As coberturas fotojornalisticas de guerras foram ao longo da historia beneficiadas pela crenca de atribuir aos conflitos a verdade documental daquilo que era representado. A imagem indice e a metafora do “espelho do real” fomentaram um mercado de imagens de violencia que sustentavam sua credibilidade, junto ao publico, na transmissao da realidade ocorrida em zonas de conflitos. Isso provocou uma abundância de fotografias pouco reflexivas e colaborativas no discurso ideologico de grandes potencias mundiais. Este trabalho propoe questionar a veracidade da fotografia-documento e lancar luz sobre a permissividade a arte contemporânea como possibilidade de linguagem fotografica, a qual contribui a novas interpretacoes em imagens noticiosas de guerras. Se antes a encenacao, a pose e a manipulacao foram afastadas dos registros imageticos por atribuirem falseamento ao referente, agora esses elementos sao (re)apropriados pelos fotojornalistas alcando o ponto de vista do produtor ao lugar de ...
A Revista Mundau agradece aos organizadores do dossie Cidades Comparadas, Rachel Rocha de Almeida... more A Revista Mundau agradece aos organizadores do dossie Cidades Comparadas, Rachel Rocha de Almeida Barros e Antonio Motta, pelo seu empenho no encaminhamento dessa edicao, e aos autores e autoras que colaboraram com este numero, oportunizando a publicacao de um dossie diversificado em torno das questoes que emergem ou tem lugar nas cidades. Agradecemos ainda o trabalho dos pareceristas que contribuiram com o aprimoramento dos artigos enviados. Por fim, nossa gratidao ao empenho da colega Isabel de Rose que com entusiasmo embarcou no trabalho final desta edicao. Dedicamos este numero, com muito amor, a Olivia.

Dos antigos exibidores ambulantes às modernas salas multiplex, o cinema perpetuou sua história no... more Dos antigos exibidores ambulantes às modernas salas multiplex, o cinema perpetuou sua história noutra que até então não era sua: na história da cidade. Cinema na cidade é o tema deste trabalho, o qual descreveu e analisou a trajetória espaço-temporal das salas de cinema em Porto Alegre, desde seu surgimento até os dias de hoje. Para identificar os espaços da cidade abrigados pelo cinema, aplicamos as cartografias culturais de Jorge González, partindo de recortes temporais que têm início no princípio do século. Ao trabalhar o espaço urbano, também utilizamos a teorização de Milton Santos, cujas noções de espaço hegemônico e hegemonizado, aplicadas à geografia da cidade, permitiu-nos compreender a dinâmica do consumo cultural através de sua oferta. Verifica-se nessa análise uma mudança no espaço hegemônico da cidade;se no início do século este identificava-se com o centro da cidade, hoje identifica-se com os shopping-centers. Conclui-se que, salvo nas décadas de 50 e 60, a localização das salas de cinema ao longo de sua história sempre esteve vinculada aos espaços hegemônicos; carrega consigo hoje, o mesmo ônus excludente que caracterizava os antigos cinemas da Rua da Praia.

Cadernos de Sociomuseologia, 2020
This research discusses restitution practices in museum institutions based on the work of sharing... more This research discusses restitution practices in museum institutions based on the work of sharing a set of photographs from the collection of the Théo Brandão Museum of Anthropology and Folklore (MTB) of Federal University of Alagoas. We select the “Guerreiro” subseries, a document of the most emblematic play in the state of Alagoas. While these photographs are products of meaning in a specific intellectual context, the regional movements and policies for the defense and promotion of folklore, it is also known that the classificatory and informative framework in museum objects is always transitory and procedural. As interviews with masters and coordinators of Guerreiros’ groups active in Maceió expand the possibilities of interpretations of this collection, they point out issues such as living conditions, migrations, gender roles and authorship, while also providing opportunities for reflections that lead to the design of new museum practices. Key-words: Photographic collection; Gue...
Ponto Urbe, 2019
Novas formas de morar? Os (des)caminhos da expansão imobiliária no litoral no...

ILUMINURAS, 2005
A proposta deste ensaio é pensar a rodoviária como um espaço de encontro cosmopolita, refletindo ... more A proposta deste ensaio é pensar a rodoviária como um espaço de encontro cosmopolita, refletindo acerca das idéias de cosmopolitismo de Gustavo Lins Ribeiro, Ulf Hannerz e Marshall Sahlins. O cosmopolitismo é aqui estudado a partir de depoimentos de trabalhadores da rodoviária, que já passaram por um processo migratório ou que são permanentemente atravessados por deslocamentos e portanto, por diferentes culturas, ethos e visões de mundo Pensar a rodoviária como um espaço cosmopolita requer uma abordagem singular da noção de cosmopolitismo, ou ainda requer explicitar o termo para tentar justificar sua utilização na etnografia de um espaço como a rodoviária. Ulf Hannerz (1990), em artigo sobre cosmopolitas e locais, menciona a mudança na concepção de cosmopolitismo ao longo de diferentes décadas, citando um estudo de Robert Merton em que este aponta na Segunda Guerra Mundial o sujeito cosmopolita como aquele que ultrapassava os limites da localidade na qual habitava, vivendo inserido ...

ILUMINURAS, 2006
Este trabalho é resultado das inquietações que perpassavam meu trabalho como fotógrafa e minha fo... more Este trabalho é resultado das inquietações que perpassavam meu trabalho como fotógrafa e minha formação como jornalista. Especialmente no que tocava ao diálogo e à relação com “as fontes” ou os sujeitos das matérias jornalísticas, percebia que um certo modo de fazer próprio dos jornalistas muitas vezes desrespeitava ou ignorava essa relação. Buscando amparo no campo da antropologia, encontrei uma linha de diálogo entre as duas áreas, ainda que tênue e pouco explorada. As “fontes” passaram a ser o Outro; o jornalista, o antropólogo; e a matéria, a etnografia. Num momento em que o estatuto da imagem é cada vez mais discutido, me pareceu crucial levantar, nesta monografia, a questão do consumo da imagem do Outro. Para isso, busco apresentar a problemática do fotojornalismo frente à esse consumo e suas possibilidades, em um diálogo estreito com a antropologia, de restituir a palavra e a imagem desse Outro. A experiência de “estar em campo” foi fundamental para a construção deste diálogo...
Horizontes Antropológicos, 2006

This thesis investigates the production, circulation and safekeeping of photographic images of Bl... more This thesis investigates the production, circulation and safekeeping of photographic images of Black residents from the city of Porto Alegre, RS, through an ethnographic research with black families and their private photographic collections as well as an interpretative reading of the photographs that support a visual history of this urban population in public and institutional collections. I discuss the problem of photographic representations surrounding the memories of black families in the urban context of Porto Alegre, in view of the diverse historical and socio-cultural contexts involved in the production of these images. Based on ethnographic research from photographic documentation projects of black residents from the city in both familiar and afro-religious contexts, I present the practices of these residents associated with the photography and the constitution of self-images, and, in particular, the images narrated by these inhabitants in the observations of their private collections.I discuss the weaving of cultural policies by problematizing the different ethical dimensions involved in the implementation of such projects, presenting then, in light of a shared visual anthropology, the construction of the photographs produced during the research and the negotiations that punctuated the consents around both Afro-religious and family portraits. From the convergence of themes such as culture, memory, image and ethnicity in the national and international political agendas, it is discussed the concern of anthropology over the imagistic forms that express memory values, which are now entering a political arena.
Investigação que integra as atividades do Programa São José dos Ausentes, Povo e Paisagem, com o ... more Investigação que integra as atividades do Programa São José dos Ausentes, Povo e Paisagem, com o objetivo de resgatar a história oral através da fotografia. Resultado do trabalho quer vem sendo realizado desde 1995 naquele Município, que se justifica no forte significado atribuído ao retrato de família no resgate da história da própria comunidade. Pretende verificar de que forma o retrato entra na vida das famílias, como ele se constitui num mecanismo de auxílio à memória, e avaliar a importância que uma imagem possui para o ato de "reconhecer-se" entre os sujeitos envolvidos. Numa abordagem de pesquisa qualitativa, a metodologia se fundamentará na técnica de histórias de vida. A meta a ser atingida é a de constituir um quadro-síntese da história de São José dos Ausentes nos últimos cem anos, a ser divulgado na forma de uma publicação e de uma exposição itinerante de fotografias.
Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Antrop... more Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Antropologia Social.
Civitas - Revista de Ciências Sociais, 2015
Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob for... more Exceto onde especificado diferentemente, a matéria publicada neste periódico é licenciada sob forma de uma licença Creative Commons-Atribuição 4.
Cadernos de arte e antropologia, 2014
Notas etNográficas sobre o retrato: repeNsaNdo as práticas de documeNtação fotográfica em uma exp... more Notas etNográficas sobre o retrato: repeNsaNdo as práticas de documeNtação fotográfica em uma experiêNcia de produção compartilhada das imageNs

ILUMINURAS, 2020
Resumo: Este artigo enfoca as memórias, as narrativas e as formas de sociabilidade religiosas de ... more Resumo: Este artigo enfoca as memórias, as narrativas e as formas de sociabilidade religiosas de uma rede de moradores da parte de baixo da Ilha da Pintada, localidade lacustre da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, reunidos em torno das práticas e tradições afro-religiosas lideradas por uma família negra. A partir de uma pesquisa etnográfica, focada nos acervos fotográficos desta família, este trabalho busca compreender os conflitos e as táticas desta rede de moradores no enfrentamento cotidiano dos preconceitos raciais. A memória traumática e a tensão permanente entre os moradores da parte de cima e da parte de baixo da ilha inscrevem este território em um jogo conflitual permeado de adesões e evitações a diferentes grupos e espaços na Ilha da Pintada, ora flexíveis, ora determinantes na construção de identidades específicas. Palavras-chave: fotografia, memória, conflito, umbanda, Ilha da Pintada STORIES FROM KEPT IMAGES: NARRATIVES ABOUT NEGRITUDE, CONFLICT AND RELIGIOSITY...

Tempo e Memória Ambiental: etnografia da duração nas paisagens citadinas, 2021
Temos aprendido, nas últimas décadas, que a questão ambiental mobilizadora de debates públicos nã... more Temos aprendido, nas últimas décadas, que a questão ambiental mobilizadora de debates públicos não existe a priori, mas compreende um conjunto de práticas, habilidades e políticas, no âmbito de diferentes éticas de ação e de relação no mundo vivido. Há quinze anos, iniciava meu percurso como antropóloga no estudo etnográfico sobre memória, cotidiano e meio ambiente em um bairro do extremo sul porto-alegrense.
A pesquisa mobilizava a categoria meio ambiente para compreender os
possíveis conflitos no modo de vida diverso das aglomerações urbanas das áreas centrais. Em um cenário de praias balneáveis, pesca e ruralidades, escutei narrativas dos antigos face ao ritmo dos tempos que traziam a luz elétrica, o aterramento das margens lacustres, o partilhamento dos terrenos, a deposição de lixo, a indústria e o emprego precário, o asfaltamento das vias de acesso e a vinda de novos moradores. Aprendi o conhecimento tático dos moradores frente aos desafios de habitar áreas alagadiças que anualmente recebem a visita da enchente, as mobilizações comunitárias e um persistir coletivo no lugar conhecido como o “nosso Lami”. Nesse bairro, uma área delimitada destina-se à preservação de espécies endêmicas da região do extremo sul da América do Sul: a Reserva Biológica do Lami, rebatizada em 2004 com o nome do conhecido ambientalista gaúcho José Lutzenberger, criada em 1975 e que concentra hoje uma área de 204,04 hectares. Situada na principal via de acesso à praia do Lami, a reserva enquadra-se na categoria mais restritiva das unidades de conservação71, proibindo a visitação pública, exceto em atividades educacionais e de pesquisa científica. No ano de 2006, um episódio ganhou os contornos do que, na época, interpretei como um conflito socioambiental, com a mobilização de um grupo de moradores pela saída da, então, diretora da Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger (RBLJL), que havia assumido há cerca de um ano, propondo ações disruptivas à gestão anterior. Mais especificamente, essas ações referiam-se ao descumprimento do plano de manejo participativo, elaborado em 2002, o qual, segundo a administradora, não seguia as diretrizes de uma reserva biológica. Em um momento que considero propício, revisito o episódio da audiência pública realizada em setembro de 2006 na Casa Verde, sede da RBLJL, em que busquei etnografar o conflito socioambiental (Little, 2006) que se colocava entre um grupo de moradores e a administração da reserva. Proponho, a partir desse episódio, refletir acerca das políticas de controle dos ambientes ditos naturais, considerando as relações interespecíficas em um lugar taticamente “possuído” (Mayol, 1996) por seus moradores.

Iluminuras, 2006
Este trabalho é resultado das inquietações que perpassavam meu trabalho como fotógrafa e minha fo... more Este trabalho é resultado das inquietações que perpassavam meu trabalho como fotógrafa e minha formação como jornalista. Especialmente no que tocava ao diálogo e à relação com “as fontes” ou os sujeitos das matérias jornalísticas, percebia que um certo modo de fazer próprio dos jornalistas muitas vezes desrespeitava ou ignorava essa relação. Buscando amparo no campo da antropologia, encontrei uma linha de diálogo entre as duas áreas, ainda que tênue e pouco explorada. As “fontes” passaram a ser o Outro; o jornalista, o antropólogo; e a matéria, a etnografia.
Num momento em que o estatuto da imagem é cada vez mais discutido, me pareceu crucial levantar, nesta monografia, a questão do consumo da imagem do Outro. Para isso, busco apresentar a problemática do fotojornalismo frente à esse consumo e suas possibilidades, em um diálogo estreito com a antropologia, de restituir a palavra e a imagem desse Outro.
A experiência de “estar em campo” foi fundamental para a construção deste diálogo. Enquanto jornalista pude experimentar uma nova maneira de contar uma estória, imbuída de preocupações e metodologias caras à antropologia. O distrito de Barra do Ouro – RS foi o campo desta pesquisa, onde busquei, junto aos velhos narradores do lugar, restituir sua voz e imagem.
Trabalho apresentado como conclusão de curso de graduação em Comunicação Social - Jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Uploads
Papers by Fernanda Rechenberg
A pesquisa mobilizava a categoria meio ambiente para compreender os
possíveis conflitos no modo de vida diverso das aglomerações urbanas das áreas centrais. Em um cenário de praias balneáveis, pesca e ruralidades, escutei narrativas dos antigos face ao ritmo dos tempos que traziam a luz elétrica, o aterramento das margens lacustres, o partilhamento dos terrenos, a deposição de lixo, a indústria e o emprego precário, o asfaltamento das vias de acesso e a vinda de novos moradores. Aprendi o conhecimento tático dos moradores frente aos desafios de habitar áreas alagadiças que anualmente recebem a visita da enchente, as mobilizações comunitárias e um persistir coletivo no lugar conhecido como o “nosso Lami”. Nesse bairro, uma área delimitada destina-se à preservação de espécies endêmicas da região do extremo sul da América do Sul: a Reserva Biológica do Lami, rebatizada em 2004 com o nome do conhecido ambientalista gaúcho José Lutzenberger, criada em 1975 e que concentra hoje uma área de 204,04 hectares. Situada na principal via de acesso à praia do Lami, a reserva enquadra-se na categoria mais restritiva das unidades de conservação71, proibindo a visitação pública, exceto em atividades educacionais e de pesquisa científica. No ano de 2006, um episódio ganhou os contornos do que, na época, interpretei como um conflito socioambiental, com a mobilização de um grupo de moradores pela saída da, então, diretora da Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger (RBLJL), que havia assumido há cerca de um ano, propondo ações disruptivas à gestão anterior. Mais especificamente, essas ações referiam-se ao descumprimento do plano de manejo participativo, elaborado em 2002, o qual, segundo a administradora, não seguia as diretrizes de uma reserva biológica. Em um momento que considero propício, revisito o episódio da audiência pública realizada em setembro de 2006 na Casa Verde, sede da RBLJL, em que busquei etnografar o conflito socioambiental (Little, 2006) que se colocava entre um grupo de moradores e a administração da reserva. Proponho, a partir desse episódio, refletir acerca das políticas de controle dos ambientes ditos naturais, considerando as relações interespecíficas em um lugar taticamente “possuído” (Mayol, 1996) por seus moradores.
Num momento em que o estatuto da imagem é cada vez mais discutido, me pareceu crucial levantar, nesta monografia, a questão do consumo da imagem do Outro. Para isso, busco apresentar a problemática do fotojornalismo frente à esse consumo e suas possibilidades, em um diálogo estreito com a antropologia, de restituir a palavra e a imagem desse Outro.
A experiência de “estar em campo” foi fundamental para a construção deste diálogo. Enquanto jornalista pude experimentar uma nova maneira de contar uma estória, imbuída de preocupações e metodologias caras à antropologia. O distrito de Barra do Ouro – RS foi o campo desta pesquisa, onde busquei, junto aos velhos narradores do lugar, restituir sua voz e imagem.
Trabalho apresentado como conclusão de curso de graduação em Comunicação Social - Jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
A pesquisa mobilizava a categoria meio ambiente para compreender os
possíveis conflitos no modo de vida diverso das aglomerações urbanas das áreas centrais. Em um cenário de praias balneáveis, pesca e ruralidades, escutei narrativas dos antigos face ao ritmo dos tempos que traziam a luz elétrica, o aterramento das margens lacustres, o partilhamento dos terrenos, a deposição de lixo, a indústria e o emprego precário, o asfaltamento das vias de acesso e a vinda de novos moradores. Aprendi o conhecimento tático dos moradores frente aos desafios de habitar áreas alagadiças que anualmente recebem a visita da enchente, as mobilizações comunitárias e um persistir coletivo no lugar conhecido como o “nosso Lami”. Nesse bairro, uma área delimitada destina-se à preservação de espécies endêmicas da região do extremo sul da América do Sul: a Reserva Biológica do Lami, rebatizada em 2004 com o nome do conhecido ambientalista gaúcho José Lutzenberger, criada em 1975 e que concentra hoje uma área de 204,04 hectares. Situada na principal via de acesso à praia do Lami, a reserva enquadra-se na categoria mais restritiva das unidades de conservação71, proibindo a visitação pública, exceto em atividades educacionais e de pesquisa científica. No ano de 2006, um episódio ganhou os contornos do que, na época, interpretei como um conflito socioambiental, com a mobilização de um grupo de moradores pela saída da, então, diretora da Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger (RBLJL), que havia assumido há cerca de um ano, propondo ações disruptivas à gestão anterior. Mais especificamente, essas ações referiam-se ao descumprimento do plano de manejo participativo, elaborado em 2002, o qual, segundo a administradora, não seguia as diretrizes de uma reserva biológica. Em um momento que considero propício, revisito o episódio da audiência pública realizada em setembro de 2006 na Casa Verde, sede da RBLJL, em que busquei etnografar o conflito socioambiental (Little, 2006) que se colocava entre um grupo de moradores e a administração da reserva. Proponho, a partir desse episódio, refletir acerca das políticas de controle dos ambientes ditos naturais, considerando as relações interespecíficas em um lugar taticamente “possuído” (Mayol, 1996) por seus moradores.
Num momento em que o estatuto da imagem é cada vez mais discutido, me pareceu crucial levantar, nesta monografia, a questão do consumo da imagem do Outro. Para isso, busco apresentar a problemática do fotojornalismo frente à esse consumo e suas possibilidades, em um diálogo estreito com a antropologia, de restituir a palavra e a imagem desse Outro.
A experiência de “estar em campo” foi fundamental para a construção deste diálogo. Enquanto jornalista pude experimentar uma nova maneira de contar uma estória, imbuída de preocupações e metodologias caras à antropologia. O distrito de Barra do Ouro – RS foi o campo desta pesquisa, onde busquei, junto aos velhos narradores do lugar, restituir sua voz e imagem.
Trabalho apresentado como conclusão de curso de graduação em Comunicação Social - Jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.