Papers by Cynthia Valente

Este trabalho consiste na análise da contribuição da mulher para o fortalecimento do cristianismo... more Este trabalho consiste na análise da contribuição da mulher para o fortalecimento do cristianismo durante o século IV. Foi organizado dentro da História das Mulheres, e temporalmente nos localizamos dentro da Antiguidade Tardia, época de transformações culturais, sociais, econômicas e geográficas, que atingiram o Império Romano, em particular a Península Ibérica, ponto de partida da nossa protagonista Egéria, peregrina originária da província romana da Gallaecia, localizada no noroeste da Península Ibérica, e que atravessou o Império em direção à Terra Santa. Usandoa como exemplo central, demonstramos como a mulher peregrina foi, além de protagonista de sua história, atuante e independente em um mundo que nos chegou como sendo masculino. Através das fontes constatamos que as vozes femininas do período que nos chegaram, foram transcritas por homens, ou abandonadas por serem uma história de menor valor. O objetivo desse trabalho foi mostrar que a mulher, além de sujeito da história, também foi capaz de transcrevê-la para outras companheiras, como nos mostrou o Diário de viagem de Egéria, conhecido como Itinerarium. A existência de uma obra como essa, poderá ajudar a solidificar a importância da mulher no processo histórico. Palavras-chave: Egéria. Antiguidade tardia. História das mulheres. Cristianismo primitivo.
Revista Diálogos Mediterrânicos www.dialogosmediterranicos.com.br Número 17 -Dezembro/2019

Revista Mosaico , 2018
Resumo: o objetivo desse artigo consiste em compreender as práticas políticas entre o Império Biz... more Resumo: o objetivo desse artigo consiste em compreender as práticas políticas entre o Império Bizantino e o Reino Visigodo de Toledo durante o século VI. A fonte principal de análise utilizada foi a Historiae Gothorum, de Isidoro de Sevilha, que juntamente com mais duas fontes do período contribuíram para esse artigo. Tanto no documento principal, como nos outros, notamos a instabilidade política entre o Império e o Reino Visigodo, concluindo que as relações entre ambos nunca foram harmoniosas, devido a sempre presente ameaça de Constantinopla ao ter-ritório visigodo; seja por conflitos bélicos em suas fronteiras mediterrâneas, ou devido às ainda existentes possessões territoriais bizantinas em solo peninsular. Abstract: the purpose of this article is to understand the political practices between the Byzantine Empire and the Visigothic Kingdom of Toledo during the sixth century. The main source of analysis used was the Historiae Gothorum, by Isidoro de Sevilha, which along with two other sources of the same period, contributed to this article. In both the main document and the other ones, we note the political instability between the Empire and the Visigothic Kingdom, concluding that the relations between the two have never been harmonious due to the ever present threat of Constantinople to the Visigothic territory; either because of warlike conflicts on its Mediterranean borders, or because of the remaining Byzantine's territorial possessions on peninsular soil.

Resumo: O trabalho busca compreender como a identidade goda, construída a partir da obra de Isido... more Resumo: O trabalho busca compreender como a identidade goda, construída a partir da obra de Isidoro de Sevilha Historiae Gothorum e da conversão do reino à fé católica durante o III Concílio de Toledo, em 589, excluiu e estigmatizou os judeus. As leis aprovadas pelos monarcas e eclesiásticos no decorrer da trajetória do reino toledano visavam encurralar os judeus para que estes se convertessem e de modo algum praticassem o proselitismo. Os bispos toledanos não só foram os grandes fiscais dessas leis, como figuras proeminentes, como Isidoro de Sevilha, Ildefonso de Toledo e Juliano de Toledo contribuíram com a escrita de obras de cunho antijudaico. Abstract: This work seeks to understand how the Goth identity built from Isidore of Seville's work Historiae Gothorum and the conversion of the Kingdom to the Catholic faith during the III Council of Toledo in 589 excluded and stigmatized the Jews. The laws passed by the monarchs and church members in the trajectory of the Toledo kingdom aimed to push the Jews to the conversion and to avoid their proselytism. The Toledo's bishops not only were the great supervisors of these laws as well as prominent figures such as Isidore of Seville, Ildefonso of Toledo and Julian of Toledo contributed to the writing of anti-Jewish works.

O objetivo da presente dissertação em História foi compreender a dinâmica utilizada
pela Igreja n... more O objetivo da presente dissertação em História foi compreender a dinâmica utilizada
pela Igreja no reino visigodo de Toledo, durante o século VII, para se firmar
enquanto fé oficial após conversão ao catolicismo, no ano 589, pelo monarca
Recaredo. Para tanto utilizamos como fonte o tratado mariológico De virginitate
perpétua sanctae Mariae, escrito por Ildefonso de Toledo, abade do Mosteiro de
Agali, o qual se tornou bispo metropolitano no reinado de Recesvinto (653-672). A
análise de fontes primárias como o tratado ildefonsiano nos demonstrou importantes
formas de pensar por parte da elite clerical do período, o fortalecimento do culto
mariano como bandeira ideológica da ortodoxia niceísta e também quem eram os
principais “inimigos” da unificação religiosa, no caso a comunidade judaica. A forma
como a Igreja articulava o poder em conjunto com a autoridade régia igualmente foi
possível graças às análises dos Concílios Visigodos. Com isso pretendemos
demonstrar como a Antiguidade Tardia se apresenta como um período histórico de
transformações sociais, culturais, políticas e religiosas. Portanto, através do
pensamento de Ildefonso de Toledo, podemos nos aproximar, analisar e
compreender o nosso recorte temporal, a Hispania durante o século VII.

Resumo: No presente artigo apresentamos um debate acerca do papel da mulher como produtora de con... more Resumo: No presente artigo apresentamos um debate acerca do papel da mulher como produtora de conhecimento e aliada do poder através do tempo. Analisamos fontes da época tardo-antiga que estendem ao medievo e possuem ecos ainda nas obras literárias da modernidade/contemporaneidade. Nota-se a postura insubmissa dos exemplos das mulheres elencadas, seja pela história ou através do subtexto da literatura, possibilitando um outro olhar sobre o entendimento da feminilidade do passado. Portanto, esse estudo contribui para os estudos de gênero que devem resgatar a posição das mulheres lutando por seus direitos de formas diversas desde tempos mais antigos do que a contemporaneidade aponta. Abstract: In this article we present a debate about the role of women as producers of knowledge and allied power over time. We analyze sources of Late-Ancient times extending to the Middle Ages and have still echoes in the literary works of Modernity/ Contemporaneity. It stands the unyielding stance of examples of women listed, either by history or by literature subtext, allowing another look at the understanding of femininity of the past. Therefore, this study contributes to gender studies to rescue the position of women fighting for their rights in various forms since ancient times than the contemporary points.
HISTÓRIA E CULTURAS S ASPECTOS SOBRE A SABEDORIA TOLEDANA NA ANTIGUIDADE TARDIA E NO MEDIEVO IBÉRICO
O objeto do presente trabalho refere-se à analise do uso da teologia mariana na Hispania do sécul... more O objeto do presente trabalho refere-se à analise do uso da teologia mariana na Hispania do século VII pelo Bispo Toledano Ildefonso de Toledo , como instrumento de fortalecimento da ortodoxia niceísta, frente às heresias ainda vigentes e outras dificuldades enfrentadas pela Igreja que estava se construindo.

Córdoba, fevereiro do ano do senhor de 584. Hermenegildo está refugiado em uma Igreja católica. A... more Córdoba, fevereiro do ano do senhor de 584. Hermenegildo está refugiado em uma Igreja católica. Ao seu encontro chega seu irmão e antagonista Recaredo, esse vencedor da guerra civil que assolou o reino visigodo de Leovigildo entre 579 e 584. O irmão leva Hermenegildo até seu pai, em Toledo, sede do reino visigodo, ali, segundo as fontes, o filho derrotado ajoelha-se e perde perdão ao pai. O rei Leovigildo, então , levanta, beija o filho, mas o despe de suas vestes reais e o manda em desterro para Valência. Ao que consta, o pai envia um sacerdote ariano para forçar a conversão de Hermenegildo, esse recusa e acaba sendo enviado à Tarragona, onde permanecerá preso , ali, em 585 é decapitado por um godo de nome Sisberto. Em 587, com a morte de Leovigildo, Recaredo assume o trono visigodo e buscando o apoio do clero católico, se converte e, durante o III Concílio de Toledo, em 589, transforma o catolicismo em religião oficial. Recaredo era agora é um rex visigothrum, apoiado pelo clero católico. Essa transformação não seria tão estranha se, há pouco tempo atrás ele não fosse o antagonista do auto-intitulado rei católico Hermenegildo, que a essa altura, de mártir já não era mais lembrado, seu epíteto era agora de um déspota traidor do próprio pai. A manipulação da imagem dos dois irmãos, teve total participação do clero católico. Dotados de grande erudição , esses clérigos católicos, e principalmente os Bispos, tinham papel de destaque na comunidade, 1 Mestranda em História NEMED/UFPR [email protected]. 1 formadores de opinião e propagadores da ideologia vigente, essas idéias encontravam acolhida em meio a população em grande parte iletrada. Pretendemos mostrar a participação da ecclesia visigoda nos âmbitos do poder real visigodo. Começaremos pelo papel de grande importância que teve o Bispo Leandro de Sevilha na conversão católica de Hermenegildo. Em 573, Hermenegildo e seu irmão Recaredo, foram proclamados pelo pai, consortes régios. O primeiro foi enviado em 579 para as províncias do sul, recém conquistadas e de forte presença hispano-romanas, para que ás administrasse. Juntamente com ele, foi sua esposa Ingunda, neta de sua madastra Gosvintha, e filha de Brunilda, essa esposa do rei austrasiano Sisberto. Ingunda era católica, fato que levou primeiramente à uma situação muito conflituosa com sua avó ariana, o que favoreceu sua aproximação com o Bispo Leandro de Sevilha, ardoroso católico. A conversão de Hermenegildo ao catolicismo foi uma questão de tempo. Várias foram as motivações da guerra civil que se formou. O filho rebelde teve o apoio da aristocracia hispano-visigoda do sul que estava sob julgo de Leovigildo. Esse grupo era majoritariamente católico. A rivalidade entre católicos e arianos, que perdurou por muito tempo na península ibérica, tinha também relação com uma questão de identidade. Os godos enxergavam no catolicismo uma questão identitária, para eles essa fé estava ligada aos hispano-romanos, por isso o marco de identidade estava no arianismo. Desde a conversão dos godos pelo Bispo ariano Ufila, essa fé permanecia uma característica de identidade desses bárbaros, em diferenciação com a fé católica hispano-romana.

Em um domingo do mês de novembro, do ano de 658, o Abade do Mosteiro de Agali, Ildefonso de Toled... more Em um domingo do mês de novembro, do ano de 658, o Abade do Mosteiro de Agali, Ildefonso de Toledo, foi consagrado Bispo Metropolitano de Toledo, cargo máximo da Igreja Visigoda. Embora o processo de nomeação dos cargos episcopais tivesse sido normatizado no IV Concílio de Toledo (633) na forma de uma eleição onde o clero e a população participavam 1 , na prática, a partir do começo do século VII, eram os monarcas que decidiam a escolha. Ildefonso, na ocasião, foi escolhido pelo monarca Recesvinto (653-672) para o cargo de metropolitano. Se havia outro concorrente, não sabemos; mas a figura de Ildefonso, podemos considerar, era muito proeminente na época: ele tinha um cargo de prestígio como abade do Mosteiro de Agali, centro de influência intelectual e de poder dentro do reino. Além disso, Ildefonso já se distinguia por suas obras literárias acerca da ortodoxia niceísta. Conforme Juliano de Toledo (apud RIVERA RECIO, 1985:144), biógrafo de Ildefonso, o bispo era um homem desprovido de ambição, e teria sido obrigado por Recesvinto a aceitar o cargo de metropolitano; Juliano assim define Ildefonso: Dignísimo de toda alabanza por la ejemplaridad de sus virtudes, distinguiéndose por el temor de Dios y por la religiosidad de su vida, así como por su escrupuloso proceder; honorable en la manera de comportarse, único por su paciencia, prudente, y discreto en guardar secretos, lleno de sabiduría; es decir, se distinguió tanto por lo relevante de sus méritos como por la rectitud y acierto de su gobierno. Com todo esse elogio, Ildefonso parece ser considerado a escolha ideal para o cargo em questão. No entanto, porque durante o episcopado de Ildefonso o rei Recesvinto não convocou nenhum concílio? Teria Ildefonso exercido seu poder de bispo de outra maneira? Pois bem, a autoridade dos bispos nicenos se fortaleceu muito durante o século IV, logo após as grandes perseguições cristãs cessarem no Império Romano. Com Constâncio II (337-361), de fato, o episcopado passou a ser considerado um cargo de grande confiança
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pela Igreja no reino visigodo de Toledo, durante o século VII, para se firmar
enquanto fé oficial após conversão ao catolicismo, no ano 589, pelo monarca
Recaredo. Para tanto utilizamos como fonte o tratado mariológico De virginitate
perpétua sanctae Mariae, escrito por Ildefonso de Toledo, abade do Mosteiro de
Agali, o qual se tornou bispo metropolitano no reinado de Recesvinto (653-672). A
análise de fontes primárias como o tratado ildefonsiano nos demonstrou importantes
formas de pensar por parte da elite clerical do período, o fortalecimento do culto
mariano como bandeira ideológica da ortodoxia niceísta e também quem eram os
principais “inimigos” da unificação religiosa, no caso a comunidade judaica. A forma
como a Igreja articulava o poder em conjunto com a autoridade régia igualmente foi
possível graças às análises dos Concílios Visigodos. Com isso pretendemos
demonstrar como a Antiguidade Tardia se apresenta como um período histórico de
transformações sociais, culturais, políticas e religiosas. Portanto, através do
pensamento de Ildefonso de Toledo, podemos nos aproximar, analisar e
compreender o nosso recorte temporal, a Hispania durante o século VII.
pela Igreja no reino visigodo de Toledo, durante o século VII, para se firmar
enquanto fé oficial após conversão ao catolicismo, no ano 589, pelo monarca
Recaredo. Para tanto utilizamos como fonte o tratado mariológico De virginitate
perpétua sanctae Mariae, escrito por Ildefonso de Toledo, abade do Mosteiro de
Agali, o qual se tornou bispo metropolitano no reinado de Recesvinto (653-672). A
análise de fontes primárias como o tratado ildefonsiano nos demonstrou importantes
formas de pensar por parte da elite clerical do período, o fortalecimento do culto
mariano como bandeira ideológica da ortodoxia niceísta e também quem eram os
principais “inimigos” da unificação religiosa, no caso a comunidade judaica. A forma
como a Igreja articulava o poder em conjunto com a autoridade régia igualmente foi
possível graças às análises dos Concílios Visigodos. Com isso pretendemos
demonstrar como a Antiguidade Tardia se apresenta como um período histórico de
transformações sociais, culturais, políticas e religiosas. Portanto, através do
pensamento de Ildefonso de Toledo, podemos nos aproximar, analisar e
compreender o nosso recorte temporal, a Hispania durante o século VII.