Programa de Pós-graduação em Comunicação

– Por favor, poderia me dizer qual o caminho para eu sair daqui?
– Depende muito de para onde você quer ir – disse o Gato.
– Não importa muito para onde... – disse Alice.
– Então não importa muito o caminho – disse o Gato.
– ...desde que eu chegue a algum lugar – Acrescentou Alice, explicando.
– Ah, mas com toda a certeza, você chega – disse o Gato – se caminhar bastante.
– Alice sentiu que não dava para negar isso, [...]
(CARROLL, 1999, p. 66)

A ansiedade de Alice para se locomover naquele país, ainda que ele fosse ‘maravilhoso’ é análoga ao desafio vivenciado hoje por aqueles que se comprometem com o desafio de mediar aprendizagens – os professores. Eles veem-se envoltos em questões, propostas, desafios, desejos, ânsias e projeções no sentido de encontrar um caminho e uma alternativa prática, que resolva a complexidade do ato educativo e suas demandas atuais.
Nessa estrada, a perspectiva de uma pedagogia ativa no contexto do Ensino Superior aparece como uma possibilidade de repensar e redesenhar os mecanismos que orientam e regulam a aprendizagem nesse âmbito de ensino, levando em consideração, a premissa básica de que formar sujeitos, numa perspectiva profissional, requer também, o endereçamento pela dimensão do humano. Nisso, as estratégias que estimulem a autonomia, a autoaprendizagem, a criatividade crítica e a curiosidade para a pesquisa, constitui condição sine qua non para o desenvolvimento de aprendizagens dinâmicas e significativas.
Toda essa inquietação por mudanças se faz necessária atualmente, partindo do lastro histórico de que todo o processo de ensino e aprendizagem escolar, sempre foi pensado dentro do contexto da acumulação teórica, em que o professor era o detentor e maior soberano do saber e, sobretudo, no Ensino Superior essa lógica prevalecia. Nesse sentido, Moran (2013) confirma que as tradicionais aulas convencionais, baseadas apenas no método expositivo estão realmente ultrapassadas. O professor não pode mais se portar como detentor único do conhecimento e o aluno como receptor passivo de conteúdos, que serão testados, por meio de provas somativas e classificatórias. Portanto, urge a necessidade de uma ruptura com esse modelo e uma consequente redefinição das concepções de sociedade, educação, currículo, escola, ensino e formação superior. Para o autor, hoje é preciso mudar a forma de ensinar e de aprender:
Educar é colaborar para que professores e alunos – nas escolas e organizações – transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional – do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e de trabalho e tornar-se cidadãos realizados e produtivos. (MORAN, 2000, p. 57)
No ceio das múltiplas possibilidades de empreendimento pedagógico que surgem hoje, a proposta apresentada neste estudo bibliográfico e exploratório, de natureza qualitativa, aponta para o desing thinking, tendo como objetivo analisar sua relevância no contexto do Ensino Superior, considerando as possibilidades que ele oferece para a adoção de uma pedagogia ativa e transformadora da prática pedagógica.
Assim, para um melhor entendimento da proposta, trata-se a seguir, brevemente sobre metodologias ativas e educação superior; e posteriormente, aprofunda-se a discussão sobre o desing thinking, considerando especialmente, a necessidade de clarificar o surgimento dessa expressão no campo da educação e suas influências na prática pedagógica no Ensino Superior.

DISCURSO, MÍDIA E COTIDIANO que a informação pode mais reforçar preconceitos e estereótipos que servir como fonte de formação social segura e consistente. Luís Mauro Sá Martino parte do enunciado-"Tempo é dinheiro", em artigo que se intitula "A velocidade dos afetos nas mídias digitais: vínculos e rupturas". Será? Eis a questão. Diz que gostaria de pensar "um aspecto, ou alguns aspectos, desse fenômeno da velocidade que se acentua nas mídias digitais, mas não se restringe a elas". O fundamento que ancora a ideia de que tempo é dinheiro se expande para uma variedade de outros enunciados que tem têm por base uma mentalidade de ganhos e perdas, como quando se fala, por exemplo, em "investir num relacionamento". Desse fio pode-se desfiar uma meada de afetos, numa em uma lógica de trocas bastante complexas, como ocorre no balcão dos mercados cotidianos. Na verdade, as redes sociais, para além das possibilidades que criam, pouco acrescentam ao que já vem de tempos na convivência social,-antes mesmo que existissem nos moldes que existem hoje. Certo, não vamos mais nos alongar porque a discussão é fascinante e corremos o risco de fugirmos da discussão a que se propõe Sá Martino. Melhor deixarmos aos leitores e leitoras o deleite de mergulhar no texto. Então, passamos agora à temática acerca do cotidiano, embora tenhamos consciência de que todos os textos, de algum modo, tratem de mídia. Se observarmos as práticas sociais, como pensa Fairclough (2016), defrontar-nos-emos, por conseguinte, com a realidade do cotidiano. Cotidiano é, portanto, o construto daquilo que se pratica e se experiencia no dia a dia da sociedade, individualmente, e que resulta das mediações na vida diária, na convivência em grupos sociais, como a família, a vizinhança, o trabalho, as associações em geral-como partido, igreja, sindicato etc. Certeau 1 publicou em dois volumes os livros que receberam o título de A invenção do cotidiano, e desde então, não se deve falar acerca dessa temática sem considerar essa importante referência. Segundo Certeau (1996, p. 31) "o cotidiano é aquilo que nos é dado cada dia (ou que nos cabe em partilha), nos pressiona dia após dia, nos oprime, pois existe uma opressão do presente." E lembra-nos de que todo dia, ao amanhecer, assumimos o peso da vida, as labutas de viver, enfrentando as fadigas, frustrando-nos dos desejos por vivermos certas condições. Diz ele: "o cotidiano é aquilo que nos prende intimamente, a partir do interior." Cita diversas formas de memória, como, por exemplo, "a memória olfativa, memória dos lugares da infância, memória do corpo, dos gestos da infância, dos prazeres" e, por fim, aponta, citando A. Dupont: "o que interessa ao historiador do cotidiano é o invisível. E, conclui: "não tão invisível assim." Evidentemente, o interesse em buscar conhecer aspectos que definem o cotidiano não diz respeito apenas a Certeau, Chizzotti, por exemplo, observa que "as questões do cotidiano têm sido tratadas, no Brasil, a partir de Agnes Helleruma discípula direta de Lukás e da Escola de Budapeste, e por Lefebvre, que faz um tratado do cotidiano procurando extrair as características descritivas da vida cotidiana e criar uma ontologia desta" (Duran, 2007, p. 117).

Este artigo tem por objetivo analisar a participação feminina na blogosfera esportiva. Para a produção deste trabalho buscou-se fundamentação na bibliografia jornalismo esportivo, imprensa feminina e sobre o fenômeno dos blogs na comunicação. O esporte, principalmente o futebol caracteriza-se ainda como uma área praticamente reservada para os homens, mesmo com o crescente número de mulheres nas redações. Observou-se que o blog analisado trata o esporte sob uma perspectiva diferenciada, valorizando temas como a vida pessoal dos atletas.

RESUMO: Neste trabalho buscou-se compreender que possíveis transformações que o uso dos blogs para produção e divulgação de informações trouxe para a prática jornalística. Mais especificamente, para a produção da informação esportiva. Nesse sentido, partiu-se de alguns pressupostos teóricos já definidos nos dez anos de existência do objeto blog para realizar uma análise empírica de dois blogs jornalísticos brasileiros especializados na cobertura esportiva.

Este trabalho busca mapear a blogosfera da cidade de Imperatriz, a segunda maior do Maranhão, localizada a cerca de 600 quilômetros da Capital, São Luís, tendo em vista a falta de dados sobre os blogs atuantes na cidade. A pesquisa foi motivada pela observação do crescimento do número de endereços a partir de 2010 e progressivo aumento de sua influência na agenda de discussão na cidade. Este estudo pretende, dessa forma, elaborar um mapa dos blogs ativos quanto à temática abordada e características estruturais dos mesmos.

Resumo: O artigo é um relato de experiência da pesquisa de doutoramento intitulada Eu não quero ser a mulher saliente! Eu prefiro ser a Isabella Swan! Apropriações das identidades femininas por crianças na recepção midiática, com participação de dezessete crianças, entre dez e treze anos de idade, que teve como objetivo analisar os sentidos produzidos por elas sobre as identidades femininas na recepção midiática. Apresentamos o recorte teórico-metodológico da pesquisa, com fundamento na transmetodologia e multimetodologia (Maldonado, 2012, 2013, 2015). Essa perspectiva parte da compreensão que a realidade e seus processos são apropriados na sua multidimensionalidade e interdisciplinaridade. Assim, recorremos a múltiplas fontes de dados: Diário de Campo, Questionário, Desenho, Produção de Texto, Internet (Google e Redes Sociais) e Rodas de Conversa. Os resultados indicaram fortes relações entre as escolhas das crianças e as identidades femininas veiculadas na mídia, e que estão entranhadas nas experiências vivenciadas na sua cotidianidade.
Palavras-chave: Ciências da Comunicação; Mídias; Crianças; Transmetodologia; Identidades femininas.

Research with children in Communication: an experience report
Abstract: The article is an experience report from the doctoral research entitled I do not want to be the sassy woman! I'd rather be Isabella Swan! Appropriations of the female identities by children in media reception, with the participation of seventeen children, aged between ten and thirteen years, that had as purpose to analyze the senses produced by them about feminine identities in media reception. We present the theoretical-methodological clipping of the research, based on the transmetology and multi-methodology (Maldonado, 2012, 2013, 2015). This perspective starts from the understanding that reality and its processes are appropriated in their multidimensionality and interdisciplinarity. Thus, we use multiple sources of data: Field Diary, Questionnaire, Design, text Production, Internet (Google and Social Networks) and Conversation Wheels. Thus, we used multiple data sources: Questionnaire, Drawing, written production, Internet (Google and Social Networks) and Conversation Circles. The results indicated strong relationships between the children’s choices and the feminine identities conveyed in the media, which are embedded in the experiences lived in their daily life.
Key-words: Communication Sciences; Media; Children; Trans-methodology; Women's Identities.

O presente artigo objetiva analisar as postagens feitas na hashtag #maedemenina no Instagram na perspectiva de compreender a midiatização da infância na atualidade. Para tanto aportamos nas perspectivas de Fausto Neto (2008), Sodré (2003), Barbosa (2007) e Castells (2003). O material de análise trata das postagens feitas no feed por meio da observação da referida hashtag, no qual selecionamos as seis primeiras postagens, entre as que estiveram no enquadramento de “posts mais relevantes” feito pelo próprio Instagram na hashtag nos dias 5 e 12 de junho de 2019. Como resultados, observamos a visibilização das crianças por meio do Instagram narradas por adultos e potencializada pelas redes sociais.
PALAVRAS-CHAVE: Midiatização. Redes Sociais. Instagram. Crianças.

Nesse texto, apresenta-se a abordagem teórico-metodológica e alguns resultados da investigação realizada no doutorado em Comunicação, Brasil, que teve como objetivo analisar as apropriações e os sentidos produzidos por crianças acerca das identidades femininas no âmbito da recepção midiática. Partiu-se do pressuposto de que a mídia afeta a construção de subjetividades, intersetadas por modelos de identidades femininas hegemônicas em circulação na sociedade, conforme Queiroz (2013, 2019), Louro, Felipe e Goellner (2007), Xavier Filha (2011). Nesse sentido, aportou-se na investigação qualitativa e de campo na perspectiva de Winkin (1998), Minayo (2011), Lopes (2014), Guber (2004, 2011) e transmetodológica (Maldonado, 2013, 2015), que compreendem a realidade na sua multidimensionalidade e interdisciplinaridade, e reconhecem que os sujeitos da investigação estão ativamente imbricados em uma teia de relações que emergem de suas ações. Para a geração de dados, recorreu-se a diversas fontes, como o diário de campo, o questionário, o desenho, a produção de texto, a seleção de imagens na internet e as rodas de conversa. Participaram da investigação dezessete crianças, entre nove e treze anos de idade. Os resultados aqui apreciados correspondem às imagens de mulheres/pessoas selecionadas pelas crianças na internet, via Google e Google Imagens. Preponderaram nas suas escolhas gostos por mulheres/pessoas jovens, brancas, magras, ricas e famosas, em especial cantoras, apresentadoras de televisão e atrizes, nacionais e internacionais. Elas explicitaram ser essas pessoas bonitas, estilosas e de ‘boa aparência’. As conclusões indicaram fortes afetações das mídias no reforço de modelos hegemônicos em circulação na sociedade.

O presente artigo resulta da pesquisa realizada na graduação em Pedagogia e apresentado no TCC, que teve como objetivo analisar as concepções sobre os brinquedos e brincadeiras, e sua utilização como ferramenta pedagógica na Educação Infantil. Nessa perspectiva, aportou-se na pesquisa qualitativa e de campo, utilizando-se das técnicas de entrevista com a professora da turma, a produção de desenhos com cinco crianças e a observação dos espaços internos e externos da sala de aula do CMEI Louvor e vida. Utilizou-se, para sua análise, das perspectivas de Brougère (2010), Friedmann (2006), Kishimoto (2008), Kuhlmann (2001, 2005), Queiroz (2009), Vygotsky (2009). Obteve-se como resultados: em se tratando das crianças, percebeu-se que os brinquedos e as brincadeiras são presentes em suas ações cotidianas, com forte afetação das mídias e produtos da indústria cultural. Para elas, é um modo de existir e interagir com o mundo no qual estão imersas. É por intermédio de seus brinquedos e brincadeiras que têm oportunidade de criar um canal de comunicação com o mundo. A professora, por sua vez, expressou compreensão de que as ações de brincar e os brinquedos fazem parte do desenvolvimento infantil e explicitou a urgência de realizar práticas lúdicas na Educação Infantil, o que demanda planejamento, acompanhamento, organização de rotinas e espaços. Reconheceu as brincadeiras como instrumento indispensável para a compreensão do mundo que cerca a criança, convergindo com o pensamento de Vygotsky (2009), que atribui relevante papel ao ato de brincar na constituição do pensamento infantil. Urge, portanto, o desenvolvimento de práticas pedagógicas escolares críticas que reflitam sobre relação mídias, crianças e consumo, e impactem no desenvolvimento das crianças pequenas de forma crítica e emancipatória.