Papers by Pedro Nascimento

No Brasil, os estudos sobre gênero já contam com um sólido e respeitado lastro nas mais diversas ... more No Brasil, os estudos sobre gênero já contam com um sólido e respeitado lastro nas mais diversas áreas do conhecimento e tal solidez tem inegável relação com o desenvolvimento e a consolidação do feminismo. Mesmo com essa origem tão intimamente ligada, a relação entre a produção de conhecimento e a militância parece-nos ser desde sempre tensa e vista com desconfiança. Cada vez mais testemunhamos muitos/as pesquisadores/as dessa área “engajados/as”, de uma forma ou de outra e em um momento ou outro, nas questões políticas e comunitárias dos sujeitos pesquisados.
Ao propormos o simpósio temático “Entre pesquisar e militar: contribuições e limites dos trânsitos entre pesquisa e militância feministas”, no âmbito do já tradicional reduto de intensa reflexão feminista, o Seminário Internacional Fazendo Gênero, em 2006, interessou-nos discutir como essa velha relação tem sido enfrentada atualmente pelos/as mais diversas/os pesquisadores/as do tema. O simpósio reuniu artigos, das mais variadas áreas disciplinares, que refletiram e discutiram casos e situações de trânsitos entre pesquisa acadêmica e militância em diferentes sentidos: pesquisadoras/es que partiram para a militância (em meio ou após a sua pesquisa) e também militantes que buscaram a universidade levadas/os pela sua militância.
Buscamos debater fundamentalmente as ambivalências vivenciadas nesses duplos movimentos, bem como sobre as limitações e contribuições que essas diferentes posições propiciam tanto para a produção do conhecimento quanto para a prática política. Em linhas gerais, pretendíamos que a discussão proposta abordasse questões tais como: os principais dilemas vivenciados pelos/as pesquisadores/as em termos éticos, teóricos, metodológicos, práticos, e os desdobramentos inesperados da pesquisa, tais como o desencantamento com a militância; o estabelecimento das relações entre pesquisador/a e pesquisados/as e as negociações que permearam essa relação (expectativas do grupo estudado, exigência de engajamento nas suas causas, devolução dos resultados da pesquisa e seus desdobramentos, etc) e, finalmente, os espaços institucionais abertos para a reflexão sobre as implicações desses múltiplos trânsitos entre militância e pesquisa.
Acreditávamos que, sob os auspícios do tema-mote da 7ª edição do Seminário Internacional Fazendo Gênero - “Gênero e Preconceitos”-, um debate sobre a articulação entre produção de conhecimento e militância seria muito bemvindo. E não estávamos erradas! O simpósio reuniu um grupo bastante constante e interessado de pesquisadoras e pesquisadores, que ao longo dos três dias do seminário, trouxeram as suas experiências, compartilharam as suas reflexões e trocaram idéias sobre a relação pouco tranqüila entre pesquisa e militância.
Gostamos tanto dos resultados das discussões que achamos que elas deveriam ser compartilhadas com o maior número de pessoas possível. Foi assim que surgiu a idéia de publicar esse dossiê, que ora apresentamos. Cremos que a qualidade reflexiva, bem como a variedade temática aqui reunida certamente virá a contribuir para que essa discussão se aprofunde. Desejamos que a leitura seja inspiradora!
Alinne Bonetti e Soraya Fleischer
Entrevista com Russel Parry Scott, Professor Titular do Departamento de Antropologia e Museologia... more Entrevista com Russel Parry Scott, Professor Titular do Departamento de Antropologia e Museologia da UFPE, realizada em 2012, em seu apartamento no Recife pelos amigos, colegas e professores Marion Teodósio de Quadros (UFPE) e Pedro Nascimento (UFPB).
Foi motivada por Soraya Fleischer (UnB), que pensou um roteiro inicial e recebeu adesão e sugestões de Pedro e Marion. A transcrição foi feita por Gustavo Angeli (UnB) e editada pelos professores.
Tempus Actas De Saude Coletiva, 2011
Doutor em Antropologia pela UFRGS. Professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Fed... more Doutor em Antropologia pela UFRGS. Professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas.
Revista Brasileira de Ciências Sociais, 2016
Este artigo apresenta a trajetória de pesquisas etnográficas sobre gênero e masculinidades, desta... more Este artigo apresenta a trajetória de pesquisas etnográficas sobre gênero e masculinidades, destacando as vicissitudes desse objeto de pesquisa em seu cruzamento com a questão do consumo de bebidas alcoólicas. Destaca-se a contribuição da pesquisa etnográfica para o campo de estudos sobre o consumo de bebida alcoólica, evitando uma abordagem medicalizada e moralizante da questão e sua imediata relação com o alcoolismo. Para isso, são considerados os significados socialmente compartilhados sobre o ato social de beber; os elementos do trabalho e da conjugalidade, bem como a rede de relações mais ampla em que os sujeitos estão inseridos. Essa abordagem torna-se importante para compreender como esses sujeitos não podem ser vistos simplesmente como dependentes ou doentes e as formas como múltiplas identidades são negociadas.
Latitude, Oct 13, 2013
Resumo: Este artigo tem por objetivo refletir sobre o diálogo entre gênero, particularmente a dis... more Resumo: Este artigo tem por objetivo refletir sobre o diálogo entre gênero, particularmente a discussão sobre as masculinidades, e a forma como elementos destes discursos podem ser pensados na música popular brasileira. Constitui-se em um exercício de como algumas das questões sobre as quais refleti em pesquisas anteriores a respeito da constituição de certo jeito de ser homem podem ser observadas na produção musical de determinados artistas. O artigo está dividido em duas partes. A primeira visa a situar teoricamente o que estou chamando de discursos sobre gênero e masculinidades. A segunda parte observa como essas imagens diversas sobre os homens surgem nas canções; o modo como certos estereótipos se reproduzem, bem como contrapontos e questionamentos.

Revista Politica Trabalho, Nov 13, 2013
Este artigo discute as implicações da disseminação das Novas Tecnologias Conceptivas no Brasil, f... more Este artigo discute as implicações da disseminação das Novas Tecnologias Conceptivas no Brasil, focando os discursos de popularização por meio de iniciativas de serviços públicos de reprodução assistida. A pesquisa etnográfica desenvolvida em Porto Alegre em um hospital-escola e em serviços comunitários de saúde serve de ponto de partida para refletir sobre os obstáculos para se acessar esses serviços e a manutenção de desigualdades entre os que podem recorrer aos serviços privados e os que dependem exclusivamente dessas iniciativas em hospitais públicos. Os enunciados oficiais do Ministério da Saúde sobre as possibilidades de inserção de serviços de reprodução assistida na rede pública de saúde e a discussão mais específica sobre a inserção de pessoas homossexuais como beneficiárias das tecnologias de reprodução assistida são problematizados. Busca-se evidenciar o caráter normativo dessas tecnologias que é reforçado pelos pressupostos presentes no tipo de serviço disponível: baseado no vínculo conjugal, heterossexual, sem doador de gametas. Por fim, apresento algumas considerações acerca dos significados da reivindicação dessas tecnologias como implicando a ampliação de direitos. O desafio é refletir como podemos, ao mesmo tempo, considerar a possibilidade de garantia de direitos, sem nenhum tipo de discriminação, e criticamente nos posicionarmos sobre os mecanismos que produzem e alimentam a busca por esses direitos. Palavras-chave: reprodução assistida; homossexualidade, Sistema Único de Saúde, normatização.
Vibrant: Virtual Brazilian Anthropology, 2011
Based on ethnographic research in a public hospital that offers assisted reproduction services an... more Based on ethnographic research in a public hospital that offers assisted reproduction services and in low income communities in the city of Porto Alegre, in southern Brazil, this article focuses on cases in which the use of conceptive reproductive technologies for couples is related to the type of relationship established with public health services. The paper also discusses how the fact that people seek medical attention does not invalidate adoption as a way of establishing kinship ties. The aim is to question discourses about the spread of new reproductive technologies, which are generally based on vague definitions of what is called a desire for biological children. In addition, the article reflects on the specific nature of adoption among the working classes in the context of dissemination of such reproductive technologies.
Revista Tecnologia e Sociedade, 2006
... 2 Para o desenvolvimento das pesquisas em Camaragibe, Pedro Nascimento residiu durante três m... more ... 2 Para o desenvolvimento das pesquisas em Camaragibe, Pedro Nascimento residiu durante três meses na comunidade no primeiro semestre de 1998 para o ... Tereza Valdes e Olavarria (1998, p. 14-15), referindo-se ao que é ser homem em Santiago do Chile, remetem à ...
Ciência & Saúde Coletiva, 2005
Cadernos …, 2002
RESUMO: Em nossa sociedade, percebe-se um crescimento da preocupação com a adolescência, sendo es... more RESUMO: Em nossa sociedade, percebe-se um crescimento da preocupação com a adolescência, sendo esta última representada não apenas como uma "fase da vida", mas um período, a priori, sempre problemático. O adolescente, por sua vez, tem sido visto como ...
Recife, 20 de junho de 2000.
Thesis Chapters by Pedro Nascimento

A tese discute como sujeitos de diferentes inserções socioeconômicas têm vivenciado o projeto de ... more A tese discute como sujeitos de diferentes inserções socioeconômicas têm vivenciado o projeto de “ter um filho”. Partindo da compreensão de que o “desejo” de ser mãe ou pai não é algo dado, mas construído socialmente, a pesquisa buscou mapear como esse desejo tem sido expresso e quais têm sido as alternativas criadas para sua consecução quando do enfrentamento da “dificuldade para ter filho”. Considerando que o sofrimento gerado pela “ausência de filhos” só surge na medida da estimulação desse desejo, investigaram-se os processos pelos quais a noção de infertilidade enquanto categoria médica se consolida e o caminho pelo qual se dissemina no processo de medicalização da vida. A partir de investigação etnográfica em um hospital público que oferece serviços de reprodução assistida e em comunidades na periferia de Porto Alegre, pôde-se identificar como não é automática a transformação da “ausência de filhos” em um “problema de saúde”. A percepção de formas diferenciadas de encarar a adoção, bem como o tipo de relação estabelecido com os serviços de saúde permite considerar que o acesso a saúde, de uma forma geral, não está desvinculado do acesso às tecnologias reprodutivas, de forma particular. Considerando a desigualdade econômica da sociedade brasileira e a estrutura desigual de acesso a serviços públicos de saúde, a tese problematiza o discurso de garantia de acesso a essas tecnologias por todos e mapeia as diferentes vozes que articulam esse discurso. Nesse processo a vontade das pessoas de terem filhos se mescla com os demais atores envolvidos como médicos, a indústria farmacêutica e o Estado a partir da definição das políticas de assistência à saúde.
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Ao propormos o simpósio temático “Entre pesquisar e militar: contribuições e limites dos trânsitos entre pesquisa e militância feministas”, no âmbito do já tradicional reduto de intensa reflexão feminista, o Seminário Internacional Fazendo Gênero, em 2006, interessou-nos discutir como essa velha relação tem sido enfrentada atualmente pelos/as mais diversas/os pesquisadores/as do tema. O simpósio reuniu artigos, das mais variadas áreas disciplinares, que refletiram e discutiram casos e situações de trânsitos entre pesquisa acadêmica e militância em diferentes sentidos: pesquisadoras/es que partiram para a militância (em meio ou após a sua pesquisa) e também militantes que buscaram a universidade levadas/os pela sua militância.
Buscamos debater fundamentalmente as ambivalências vivenciadas nesses duplos movimentos, bem como sobre as limitações e contribuições que essas diferentes posições propiciam tanto para a produção do conhecimento quanto para a prática política. Em linhas gerais, pretendíamos que a discussão proposta abordasse questões tais como: os principais dilemas vivenciados pelos/as pesquisadores/as em termos éticos, teóricos, metodológicos, práticos, e os desdobramentos inesperados da pesquisa, tais como o desencantamento com a militância; o estabelecimento das relações entre pesquisador/a e pesquisados/as e as negociações que permearam essa relação (expectativas do grupo estudado, exigência de engajamento nas suas causas, devolução dos resultados da pesquisa e seus desdobramentos, etc) e, finalmente, os espaços institucionais abertos para a reflexão sobre as implicações desses múltiplos trânsitos entre militância e pesquisa.
Acreditávamos que, sob os auspícios do tema-mote da 7ª edição do Seminário Internacional Fazendo Gênero - “Gênero e Preconceitos”-, um debate sobre a articulação entre produção de conhecimento e militância seria muito bemvindo. E não estávamos erradas! O simpósio reuniu um grupo bastante constante e interessado de pesquisadoras e pesquisadores, que ao longo dos três dias do seminário, trouxeram as suas experiências, compartilharam as suas reflexões e trocaram idéias sobre a relação pouco tranqüila entre pesquisa e militância.
Gostamos tanto dos resultados das discussões que achamos que elas deveriam ser compartilhadas com o maior número de pessoas possível. Foi assim que surgiu a idéia de publicar esse dossiê, que ora apresentamos. Cremos que a qualidade reflexiva, bem como a variedade temática aqui reunida certamente virá a contribuir para que essa discussão se aprofunde. Desejamos que a leitura seja inspiradora!
Alinne Bonetti e Soraya Fleischer
Foi motivada por Soraya Fleischer (UnB), que pensou um roteiro inicial e recebeu adesão e sugestões de Pedro e Marion. A transcrição foi feita por Gustavo Angeli (UnB) e editada pelos professores.
Thesis Chapters by Pedro Nascimento
Books by Pedro Nascimento
Ao propormos o simpósio temático “Entre pesquisar e militar: contribuições e limites dos trânsitos entre pesquisa e militância feministas”, no âmbito do já tradicional reduto de intensa reflexão feminista, o Seminário Internacional Fazendo Gênero, em 2006, interessou-nos discutir como essa velha relação tem sido enfrentada atualmente pelos/as mais diversas/os pesquisadores/as do tema. O simpósio reuniu artigos, das mais variadas áreas disciplinares, que refletiram e discutiram casos e situações de trânsitos entre pesquisa acadêmica e militância em diferentes sentidos: pesquisadoras/es que partiram para a militância (em meio ou após a sua pesquisa) e também militantes que buscaram a universidade levadas/os pela sua militância.
Buscamos debater fundamentalmente as ambivalências vivenciadas nesses duplos movimentos, bem como sobre as limitações e contribuições que essas diferentes posições propiciam tanto para a produção do conhecimento quanto para a prática política. Em linhas gerais, pretendíamos que a discussão proposta abordasse questões tais como: os principais dilemas vivenciados pelos/as pesquisadores/as em termos éticos, teóricos, metodológicos, práticos, e os desdobramentos inesperados da pesquisa, tais como o desencantamento com a militância; o estabelecimento das relações entre pesquisador/a e pesquisados/as e as negociações que permearam essa relação (expectativas do grupo estudado, exigência de engajamento nas suas causas, devolução dos resultados da pesquisa e seus desdobramentos, etc) e, finalmente, os espaços institucionais abertos para a reflexão sobre as implicações desses múltiplos trânsitos entre militância e pesquisa.
Acreditávamos que, sob os auspícios do tema-mote da 7ª edição do Seminário Internacional Fazendo Gênero - “Gênero e Preconceitos”-, um debate sobre a articulação entre produção de conhecimento e militância seria muito bemvindo. E não estávamos erradas! O simpósio reuniu um grupo bastante constante e interessado de pesquisadoras e pesquisadores, que ao longo dos três dias do seminário, trouxeram as suas experiências, compartilharam as suas reflexões e trocaram idéias sobre a relação pouco tranqüila entre pesquisa e militância.
Gostamos tanto dos resultados das discussões que achamos que elas deveriam ser compartilhadas com o maior número de pessoas possível. Foi assim que surgiu a idéia de publicar esse dossiê, que ora apresentamos. Cremos que a qualidade reflexiva, bem como a variedade temática aqui reunida certamente virá a contribuir para que essa discussão se aprofunde. Desejamos que a leitura seja inspiradora!
Alinne Bonetti e Soraya Fleischer
Foi motivada por Soraya Fleischer (UnB), que pensou um roteiro inicial e recebeu adesão e sugestões de Pedro e Marion. A transcrição foi feita por Gustavo Angeli (UnB) e editada pelos professores.