A necessidade do conhecimento das doenças existentes nas áreas de dominação do império britânico durante o século XIX, causadoras de muitas mortes entre os colonizadores, bem como as relações comerciais que os ingleses mantinham com a...
moreA necessidade do conhecimento das doenças existentes nas áreas de dominação do império britânico durante o século XIX, causadoras de muitas mortes entre os colonizadores, bem como as relações comerciais que os ingleses mantinham com a África e as Américas, em especial, fizeram com que as autoridades britânicas atentassem para a necessidade de um maior estudo das patologias endêmicas naquelas regiões tropicais e, consequentemente, buscassem tratamentos para elas ou, pelo menos, minimizar a mortalidade de seus concidadãos. Esta seria a gênese da Liverpool School of Tropical Medicine (LSTM), que, com suas expedições ao redor do mundo, no final do século XIX e início do século XX, imprimiu uma modalidade de estudo peculiar, contribuindo enormemente para o estabelecimento da 1 medicina tropical como ramo das ciências médicas . A escola inglesa se faria presente até na Amazônia brasileira, tendo o Estado do Pará servido de base para as pesquisas encetadas por Walter Myers e Herbert Durhan, que estiveram em Belém no início do século XX, pesquisando sobre a febre amarela. Outra expedição teria como destino o Estado do Amazonas, onde seria instalado um laboratório, na Cidade de Manaus. Um pouco deste capítulo da história da medicina na Amazônia é que pretendemos abordar. HISTÓRICO A história moderna da medicina tropical inicia-se com Patrick Manson, médico inglês que, após sua graduação em 1866, trabalhou por uns anos em Formosa; posteriormente, atuou como oficial médico a serviço da Alfândega Imperial Chinesa, em Amoy, um porto subtropical no sul da China, e, depois, na clínica privada 1 em Hong-Kong . Os mais de 20 anos passados em território chinês deram a Manson experiência suficiente para formular o que se considera como o início da medicina tropical, em função das pesquisas por ele realizadas sobre a filariose e os mosquitos que a transmitiam. Além disso, Manson percebeu sua deficiência quanto ao conhecimento e tratamento das doenças que afligiam seus pacientes. Estas dúvidas eram partilhadas por muitos colegas seus enviados para postos avançados do império britânico e desconhecedores das doenças de clima quente, as quais não faziam parte do currículo das escolas de medicina 2 inglesas .