Departamento de Antropologia e Arqueologia

Archaeological research on two sugar plantations of the
Chapada dos Guimarães region of West Brazil, the engenhos
(sugar mills) of Rio da Casca and Água Fria, has provided an
opportunity to study the organization and use of these spaces
by planters, free laborers, and slaves. Planters organized the
plantations according to a rigidly hierarchical model in which
the planter’s house was the central location. They distributed
European-produced goods among free laborers and slaves,
aiming to reaffirm this hierarchical order. Though the slaves, in
turn, had to live within this hierarchical system, they were also
able to take advantage of opportunities to subvert this space,
using it according to their own practices and traditions. In
this sense, they invested the locally produced low-fired earthenware with sign-values and symbols related to their African
backgrounds. Thus, two sets of discourses were fitted into the
same landscape, composing a dialectic that characterized the
multicultural space of the plantations.

These preliminary research notes present theoretical and methodological questions regarding a recently inaugurated investigation in historical archeology that intends to analyze daily life under slavery, demographic regimes, cultural practices, and so on. A survey of archeological sites on former 'senzalas' (slave quarters) and slave-owning fazendas in the Paraíba Valley and northern part of the state of Rio de Janeiro is currently in progress. With the cooperation of historians, archeologists, and anthropologists, records of the material culture of slave populations, which originally comprised indigenes and later Africans, are being located at excavations underway on the fazenda that is part of the Jesuit school in Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, first run by the clergy and later by members of the laity in the seventeenth, eighteenth, and nineteenth centuries.

Keywords: historical archeology; slavery; material culture; sugar plantations; Campos dos Goytacazes.

It is our goal, in this article, to discuss the process of ethnogenesis of the African-Brazilian population that inhabits the Guaporé valley, between the states of Mato Grosso and Rondônia, since the eighteenth century. In the beginning of the nineteenth century the Portuguese-Brazilian elite abandoned this region, leaving a material complex related to the colonization process that was gradually reappropriated by the local African and African-descent population, composed mostly by freed slaves and maroons. This population conformed an African-Brazilian territory throughout the Guaporé valley. Simultaneous to this territoriality process was the building of a maroon identity, strongly based on central-African cultural references. Based on written records, oral tradition, ethnographic studies, and archaeological data, we discuss how this process of ethnogenesis occurred.

Neste trabalho são analisadas as louças resgatadas de uma unidade doméstica porto-alegrense de meados do século XIX: o Solar Lopo Gonçalves. A partir da análise desse material e da própria estrutura de habitação buscou-se discutir questões relacionadas ao comportamento de consumo dos ocupantes desse sítio e suas mudanças com o decorrer daquele século. Para tanto, a amostra foi dividida em dois períodos, alusivos às duas famílias que ocuparam o solar entre 1850 e 1890. As diferenças entre o material atribuído a cada ocupação indicaram mudanças no modo de uso desses itens de consumo que foram explicadas em função de um contexto mais amplo: o do desenvolvimento urbano de Porto Alegre no século XIX.

"In a critical analysis about the beginning of the unilinear evolutionist anthropology, Fabian (1983) noticed that the first anthropologists adopted an intellectually conservative notion of time, based on natural history and Newtonian Physics. This
time’s conception equalized time with space, so that non-Western societies started to be seen not only as located on places faraway from Europe, but also inserted in primitive periods of the human history. Thus, anthropology denied coevalness to the non-Western
other, furnishing a strong justification for the expansion of the European colonialism. Although Fabian´s focus is on the practice of anthropology, on this paper I argue that the alochronic devices applied by the anthropologists to deny coevalness to the non-
European peoples was inserted in a wider discourse, which guided the impressions that people from the economically dominant nations kept about the societies of the rest of the world. This discourse is revealed on several travelers´ descriptions about
Brazilian society between the sixteenth and the nineteenth centuries. Following this assumptions Il argue, based on a case study of a plantation in Western Brazil, that the Brazilian dominant classes, through the manipulation of material culture, appropriated
this same set of discourses, applying them to deny coelvaness to the slaves and thus to legitimate the slavery system."

Archaeological research in two peasant households,
located on the sertão do Cariri /CE, furnished important information on both the
social and economic practices of the Brazilian
backlands population. Using an economic anthropology
conceptual framework, based on
the idea of artifacts as commodities (Orser
1992), the artifact variability in these sites was
understood as indicating different spheres of
social interaction, going from the local scale,
related to inner group social relationships,
to the international, regarding the role played
by imported items in these communities. The
economic logic of these communities seems to
have been predominantly non-capitalist, typical
of those societies characterized by Dumont
(1977) as intrinsic. The diachronic analysis, in
its turn, pointed out to a remarkable maintenance
of these groups’ material life patterns,
indicating that the regional hierarquical social
structure kept unaltered throughout the nineteenth-
century.

H rstóRtcA: ALGUMAS nlttclçots ARTIGO 'As cotnpu ter sitn Lt /¡ tots h¿,e r'/iscotcretl, tonal/1, pcrfèct ntusic is borìng it is thc slight intpct.lèctions in rone afi(l tintltc that nnkc a ¡>ìccc ol-ntusic ich mtl pleas|ng to thc car, ;ttttl bcautifìtl tnusic lícs betl'ccn cacophony antl pcrlèctìon,4n thropology shoult/ cen te 4 2 n (l orch cstr¿ttc aroutrl it ¡tinc.i¡>al tltcnte, thc quc.st fòr untlerctantling tltc ltunun condition using scicnirtc ¡linci¡t/cs, yet be tolcr¿ujt of'thc tliscord¿nce thitt l,il/, in thc ent/, nt;tkc it rich nntl nt c a t tingfiil. " (Ihznar,l 997 :224) RESUMO O artigo apresenta algr-rmas alternativas analíticas e lnterpretativas para a realização de estudos sobre espacialidade em sítios históricos, tomando con.lo exemplo três casos brasileiros, que serão exarlrinados com base na classitìcação äe teorias em nír,el baixo, médio e alto. É reconhecida a presença de tensões teóricas no nível alto, argur-nentando-se que esta tendência pode ser produtiva para a Arqueologia Histórica. ABSTRACT 7-his paper presents sonte analytical and inte4tretative alteutatives for the studies about spatiality in historical sites. It takes three braziïan cases as exantples, exantinitlg then based on the classilicaaon of-theories in low; niddle, and high level. 7he presence of-theoretical tensions is recognized at the high level, but rve suggest that this trend wouJd be producttve for the Ifìstorical Archaeology.

Syntanski 2 RESUMO Durante a etapa de análise do material recuperado em dois sítios históricos oitocentistas de Porto Alegre, o Solar Lopo Gonçalves e o Mercado Público Central, verificoLt-se a presença de artefatos reciclados de vidro e louça. O fato de não constaren-ì, na literatura especializadaprodtzida no Brasil, dados sobre o assunto, n-ìostrou a necessidade da elaboração deste artigo. A intenção prircipal não foi realizar una análise aprofundada desras evidências, mas sin discutílas à luz da arqueologia comporramental de Schiffer (1987),levantando hipóteses sobre suas possíveis funções e utilização por grupos sociais economicanente não favorecidos. ABSTRACT l)Ltring the analysis of-the natenal recovered jn two niteteenth century historical sites fion porto Alegre, the Lopo Gonçalvez house and the Mercado

O atigo apresenta os resultados da análise da amostra de vidros de um sítio doméstico oitocentista, o solar Lopo Gonçalves. A identificação da forma, função e período de produção de um número considerável de peças possibilitou a manipulação quantitativa da amostra, viabilizando a discussão de questões relacionadas ao intervalo manufaturadeposição desses itens e, mais amplamente, ao comportamento de consumo, hábitos alimentares e cuidados com a saúde dos grupos domésticos que ocuparam o sítio em questão.

Este artigo discute os modos nos quais os grupos escravos dos engenhos de Chapada dos Guimarães (MT) utilizaram cerâmicas localmente produzidas visando a afirmar identidades diferenciadas. A análise explora as dimensões de variação dessas peças considerando as flutuações nas origens dos escravos entre 1790 e 1888. As correlações observadas sugerem que: (a) cerâmicas decoradas produzidas localmente foram usadas para expressar identidades diferenciadas entre os escravos africanos; (b) alguns significados amplamente difundidos na África subsaariana, relacionados ao simbolismo da cerâmica, foram reproduzidos em Chapada; e (c) o nível de significância que os escravos africanos atribuíram a essas peças não foi mantido pelos escravos afro-brasileiros. Essas evidências sugerem que, nessa região, o processo de crioulização foi generacional, só se consolidando quando uma população afro-brasileira, culturalmente mais homogênea do que a africana, tornou-se demograficamente dominante. É então discutida a distribuição das cerâmicas e de outras categorias de artefatos nos engenhos como uma estratégia através da qual os escravos se reapropriaram simbolicamente desses espaços de acordo com suas próprias percepções, impregnando-os com memórias e representações de origem africana.
Palavras-chave: cultura material escrava, identidades africanas, crioulização.