Papers by Carolina Martins
Aedos , 2024
Este artigo discute as possibilidades de considerar o bumba meu boi do Maranhão como uma manifes... more Este artigo discute as possibilidades de considerar o bumba meu boi do Maranhão como uma manifestação afroindígena. O ponto de partida para esta investigação emerge de pesquisas recentes a partir da análise de documentos quando da percepção da brincadeira na atualidade e os diferentes usos que se fazem dela. Na perspectiva proposta aqui, o bumba meu boi possibilitaria, historicamente, articulações entre negros e indígenas, sem, contudo, representar uma suposta mistura racial, tal como apontada por folcloristas, a exemplo de Mário de Andrade.
Desde o final do século XIX, as festas, sendo parte da estrutura do cotidiano, eram apresentadas ... more Desde o final do século XIX, as festas, sendo parte da estrutura do cotidiano, eram apresentadas nos romances que tinham como inspiração as experiências de homens e mulheres nas cidades e no campo. Neste artigo, apresento uma reflexão sobre a abordagem de algumas festas populares da cidade de São Luís, sobretudo do São João e do Bumba meu boi, nas obras de intelectuais maranhenses entre o final do século XIX e segunda metade do século XX. Pretendo, por meio de um exercício de análise histórica tanto das obras quanto dos autores, refletir sobre de que maneira elas representam estas festividades e a realidade social com a qual pretendiam dialogar.
Gênero na Amazônia, Oct 2, 2022

Festas populares e associativismo negro em São Luís do Maranhão (1885-1920) Popular festivities a... more Festas populares e associativismo negro em São Luís do Maranhão (1885-1920) Popular festivities and black associations in São Luís do Maranhão (1885-1920) Carolina Martins * Resumo: Este artigo apresenta uma análise sobre a experiência dos sujeitos sociais do bumba meu boi a partir de uma abordagem que considera a manifestação cultural como uma forma de associativismo negro. Considera-se que os cordões de bumba se constituíam como espaços importantes de compartilhamento de experiências, de luta e de busca pela cidadania, assim como de lazer e de expressão de religiosidades. A partir do entrecruzamento das fontes disponíveis, demonstraremos como esses homens e mulheres se organizavam e se articulavam entre si, dentro do seu campo de possibilidades, no âmbito da própria brincadeira, assim como estabeleciam relações em outros espaços associativos. Palavras-chave: Bumba meu boi; associativismo negro; irmandades religiosas; mundos do trabalho.
Revista História e Cultura/UNESP, 2023
Resumo: O objetivo deste artigo é analisar as relações entre o mundo do trabalho e o universo da ... more Resumo: O objetivo deste artigo é analisar as relações entre o mundo do trabalho e o universo da cultura popular na cidade de São Luís do Maranhão, mais especificamente a partir dos cordões de bumba meu boi. Ao trabalhar com a documentação referente aos pedidos de licença para o bumba meu boi destinados ao chefe de polícia, a partir do entrecruzamento com as fontes de jornal, partimos do pressuposto de que os cordões de bumba meu boi, assim como outras organizações instituídas por trabalhadores, como as associações mutuais e irmandades católicas, eram também uma importante forma de associativismo instituída pelos trabalhadores na cidade. Palavras-chave: Bumba meu boi; Mundos do trabalho; Cultura popular; Patrimônio imaterial.
Este artigo tem como objetivo comparar e analisar os processos de patrimonialização do 'Bumba meu... more Este artigo tem como objetivo comparar e analisar os processos de patrimonialização do 'Bumba meu boi' do Maranhão-patrimonializado pela UNESCO-e das 'Congadas' de Minas Gerais-em processo de registro no IPHAN-observando as articulações entre as respectivas manifestações culturais, o movimento folclórico e as instituições públicas voltadas para a cultura. Refletimos também acerca do conceito de cultura negra e como ele pode nos ajudar a pensar a ação dos sujeitos sociais que recriam e acionam os patrimônios tendo em vista os desafios que se colocam cotidianamente. Para isto, partimos do pressuposto de que a cultura é um direito político. Palavras-chave: Bumba meu boi; Congadas de Minas; Patrimônios culturais afrobrasileiros.

Outros Tempos: Pesquisa em Foco - História, 2021
Este artigo propõe analisar o relevante papel da imprensa ludovicense no controle das festas popu... more Este artigo propõe analisar o relevante papel da imprensa ludovicense no controle das festas populares e negras, assim como apresenta de que forma os festeiros tornaram os jornais um canal de expressão através do qual positivavam seus divertimentos. Em São Luís, a presença das manifestações culturais como o Bumba meu boi, os sambas, o tambor e as festas do Divino Espírito Santo foi assunto que gerou uma quantidade significativa de notícias e publicações nos jornais, sobretudo, a partir da segunda metade do século XIX. As publicações eram, em sua maioria, reclamações sobre a realização de divertimentos que aconteciam com bastante frequência na cidade. Contudo, apesar das reclamações e da construção da imagem negativa que a imprensa ajudava a reforçar sobre os espaços festivos da classe trabalhadora, os festeiros utilizaram-se dos periódicos para apresentar uma autoimagem positiva e para sua própria defesa, quando necessário.

CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, Dec 1, 2017
RESUMO: O trabalho descreve e analisa a experiência da busca pela ancestralidade de um grupo de p... more RESUMO: O trabalho descreve e analisa a experiência da busca pela ancestralidade de um grupo de pais e mães de santo, tendo como referência o Terreiro do Egito, considerado território sagrado por antigos moradores e por praticantes do Tambor de Mina, religião de matriz africana presente no Maranhão. O terreiro está localizado na comunidade rural de Cajueiro, às margens da baia de São Marcos, município de São Luís do Maranhão, na porção sudoeste da Ilha do Maranhão 1 que desde os anos de 1980 tem sido ameaçada pela expansão do Complexo Portuário de São Luís 2 e por atividades industriais. Nesse sentido, procura mostrar mais recentemente, como a memória coletiva é acionada diante da ameaça de perda deste território. PALAVRAS-CHAVE: Comunidades rurais; Memórias; Território sagrado. Terreiro do Egito: memories and resistance in São Luís do Maranhão ABSTRACT: This job describes and analyses the experience of searching for the ancestry of a group of mães de santo and pais de santo, whose reference is Terreiro do Egito, which is considered a holy territory by old residents and by the ones who follow Tamor de Mina-an African religion common in Maranhão. Terreiro de Mina is localized in Cajueiro's rural community, near São Marcos' bay, in the county of São Luís, southwest of Maranhão island[i], place that is being threatening since the beginning of the 1980s because São Luís Portuary Complex[ii] has been expanding for industrial activities. That's why this article intends to show recently how the collective memory is triggered when the threat of losing this territory is a reality.

As opiniões publicadas em artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, não ... more As opiniões publicadas em artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, não comprometendo a Comissão Maranhense de Folclore. EDITORIAL Dezembro chegou com suas festas e celebrações do catolicismo, incrementando as atividades dos terreiros de Mina, de Cura e de Umbanda-toques de tambor, Baião, ladainhas... Contagiado por essa atmosfera, o Boletim 61 publica mais dois trabalhos sobre o famoso terreiro do Egito-um deles situando-o no contexto das lutas políticas contemporâneas populares da Ilha do Maranhão, ou da ilha de São Luís, como é mais conhecida, e outro relembrando o Baião, ritual que era realizado ali na festa de Santa Luzia. Traz também vários artigos sobre a religiosidade da população afro-brasileira da capital, de outros municípios, como Cururupu, Lago Verde e Lago Açu. Entre eles, um artigo do saudoso Cleides Amorim, quando bolsista de Iniciação cientifica da UFMA/CNPq, sobre um ritual pouco conhecido em terreiros afro-brasileiroso Tambor de Fulupa. Como era de se esperar, o número 61 do Boletim da CMF publica também dois artigos sobre Bumba meu boi, "carro chefe" do folclore maranhense: um deles analisando a questão do sagrado e profano no Bumba meu boi e outro relatando uma experiência de expressividade em sala de aula dessa manifestação de cultura popular maranhense. Na seção Janela do Tempo, o Boletim 61 reproduz um texto em que acadêmico Bernardo de Almeida relembra antigos bares de São Luís e peripécias de intelectuais maranhenses que se reuniam frequentemente em torno do copo.

Este artigo propõe analisar o relevante papel da imprensa ludovicense no controle das festas popu... more Este artigo propõe analisar o relevante papel da imprensa ludovicense no controle das festas populares e negras, assim como apresenta de que forma os festeiros tornaram os jornais um canal de expressão através do qual positivavam seus divertimentos. Em São Luís, a presença das manifestações culturais como o Bumba meu boi, os sambas, o tambor e as festas do Divino Espírito Santo foi assunto que gerou uma quantidade significativa de notícias e publicações nos jornais, sobretudo, a partir da segunda metade do século XIX. As publicações eram, em sua maioria, reclamações sobre a realização de divertimentos que aconteciam com bastante frequência na cidade. Contudo, apesar das reclamações e da construção da imagem negativa que a imprensa ajudava a reforçar sobre os espaços festivos da classe trabalhadora, os festeiros utilizaram-se dos periódicos para apresentar uma autoimagem positiva e para sua própria defesa, quando necessário.

RESUMO: O trabalho descreve e analisa a experiência da busca pela ancestralidade de um grupo de p... more RESUMO: O trabalho descreve e analisa a experiência da busca pela ancestralidade de um grupo de pais e mães de santo, tendo como referência o Terreiro do Egito, considerado território sagrado por antigos moradores e por praticantes do Tambor de Mina, religião de matriz africana presente no Maranhão. O terreiro está localizado na comunidade rural de Cajueiro, às margens da baia de São Marcos, município de São Luís do Maranhão, na porção sudoeste da Ilha do Maranhão 1 que desde os anos de 1980 tem sido ameaçada pela expansão do Complexo Portuário de São Luís 2 e por atividades industriais. Nesse sentido, procura mostrar mais recentemente, como a memória coletiva é acionada diante da ameaça de perda deste território. PALAVRAS-CHAVE: Comunidades rurais; Memórias; Território sagrado. Terreiro do Egito: memories and resistance in São Luís do Maranhão ABSTRACT: This job describes and analyses the experience of searching for the ancestry of a group of mães de santo and pais de santo, whose reference is Terreiro do Egito, which is considered a holy territory by old residents and by the ones who follow Tamor de Mina-an African religion common in Maranhão. Terreiro de Mina is localized in Cajueiro's rural community, near São Marcos' bay, in the county of São Luís, southwest of Maranhão island[i], place that is being threatening since the beginning of the 1980s because São Luís Portuary Complex[ii] has been expanding for industrial activities. That's why this article intends to show recently how the collective memory is triggered when the threat of losing this territory is a reality.

As opiniões publicadas em artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, não ... more As opiniões publicadas em artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, não comprometendo a Comissão Maranhense de Folclore. EDITORIAL Dezembro chegou com suas festas e celebrações do catolicismo, incrementando as atividades dos terreiros de Mina, de Cura e de Umbanda-toques de tambor, Baião, ladainhas... Contagiado por essa atmosfera, o Boletim 61 publica mais dois trabalhos sobre o famoso terreiro do Egito-um deles situando-o no contexto das lutas políticas contemporâneas populares da Ilha do Maranhão, ou da ilha de São Luís, como é mais conhecida, e outro relembrando o Baião, ritual que era realizado ali na festa de Santa Luzia. Traz também vários artigos sobre a religiosidade da população afro-brasileira da capital, de outros municípios, como Cururupu, Lago Verde e Lago Açu. Entre eles, um artigo do saudoso Cleides Amorim, quando bolsista de Iniciação cientifica da UFMA/CNPq, sobre um ritual pouco conhecido em terreiros afro-brasileiroso Tambor de Fulupa. Como era de se esperar, o número 61 do Boletim da CMF publica também dois artigos sobre Bumba meu boi, "carro chefe" do folclore maranhense: um deles analisando a questão do sagrado e profano no Bumba meu boi e outro relatando uma experiência de expressividade em sala de aula dessa manifestação de cultura popular maranhense. Na seção Janela do Tempo, o Boletim 61 reproduz um texto em que acadêmico Bernardo de Almeida relembra antigos bares de São Luís e peripécias de intelectuais maranhenses que se reuniam frequentemente em torno do copo.

Do Boi de Viana ao Boi de Pindaré: reflexões acerca da formação do sotaque da Baixada na capital ... more Do Boi de Viana ao Boi de Pindaré: reflexões acerca da formação do sotaque da Baixada na capital 1 Em São Luís, até pelo menos a primeira metade do século XX era marcante a movimentação dos trabalhadores no porto da cidade, antes localizado nas margens do atual centro histórico. Eram estivadores, marítimos e terrestres, que passavam o dia entre as embarcações e os armazéns carregando mercadorias e outros produtos que abasteciam a cidade. Era ali no porto, local de trabalho, que também confraternizavam e realizavam suas brincadeiras, dentre elas o famoso Bumba meu boi. Nas últimas décadas do século XIX, por exemplo, era o Boi da Rampa dos estivadores que fazia a alegria da rapaziada, que utilizavam a rampalocal de embarque e desembarquepara ensaiar e apresentar o grupo nas noites juninas. Este grupo era conhecido em São Luís, se tornando "afamado" 1 Carolina Martins é doutora e mestra em História Social pelo PPGH-UFF. Membro do Grupo de Pesquisa Religião e Cultura Popular (GPMINA-UFMA), do Grupo de Estudos Cultura Negra no Atlântico (CULTNA-UFF) e da Comissão Maranhense de Folclore (CMF).

This work aims to analyze popular festivals in the city of São Luís, capital of Maranhão, between... more This work aims to analyze popular festivals in the city of São Luís, capital of Maranhão, between the 19th and 20th centuries. Among the cultural manifestations, I present the experience of the social subjects of Bumba meu boi and the relations between these revelers and intellectuals, the press, the government and the police authorities. With regards to Bumba meu boi, specifically, a documentary research raised the character of group association instituted by black and caboclo workers, highlighting the articulations between the universe of oxen, the world of work, the Catholic religious brotherhoods and the Tambor de Mina. Deepingly into the analysis on Bumba meu boi, the study seeks to understand its valorization process as a manifestation in the state of Maranhão and the role of folklorists and literates , as well as cattle drovers themselves, which culminated in its recognition as Intangible Cultural Heritage of Humanity by UNESCO in 2019. In the analysis of this process, the approach is extended to the valorization of the popular, observing the negotiations and tensions in the policy of control of the parties and popular amusements carried out by the authorities. In this way, I identify and analyze the control instruments, for example, the Posture Codes and Public Notices used by the police, as well as the sources related to the statistics and the requirements to the chief of police, which made it possible the construction of a festive geography on the island of Maranhão.
Herança, 2021
O Bumba meu boi é uma manifestação cultural presente no estado do Maranhão - no nordeste do Brasi... more O Bumba meu boi é uma manifestação cultural presente no estado do Maranhão - no nordeste do Brasil - e considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO desde 2019. Neste artigo, apresento, a partir de uma perspectiva histórica, o processo de valorização deste folguedo, que atravessou momentos – cheios de idas e vindas - de repressão, negação, aceitação e valorização por parte do poder público, da polícia e da imprensa e o papel dos intelectuais folcloristas para o destaque que o Bumba passou a receber, sobretudo, a partir da segunda metade do século XX. Procuro compreender como as discussões sobre o folclore e a identidade maranhense foram importantes para a escolha do Bumba como a expressão da cultura popular maranhense, que resultou em sua patrimonialização.
Books by Carolina Martins

A presença do bumba meu boi na cidade de São Luís do Maranhão tem sido registrada desde as primei... more A presença do bumba meu boi na cidade de São Luís do Maranhão tem sido registrada desde as primeiras décadas do século XIX. Alvo do controle da polícia no passado, entre proibições e permissões, os cordões de bumba foram conquistando, ao longo do tempo, seu espaço na cidade. Isto foi possível, em grande parte, devido à ação dos próprios brincantes, que souberam se utilizar de diferentes estratégias para que ocorresse uma maior visibilidade e, consequentemente, a valorização da brincadeira no estado, como se percebe atualmente. Nesse sentido, este livro apresenta as memórias e trajetórias de mestres e brincantes do Bumba meu boi de Pindaré, grupo formado na cidade de São Luís em 1960. Através destas memórias, é possível compreender momentos importantes da história social do bumba meu boi no Maranhão e a agência dos sujeitos sociais, envolvidos com esta manifestação, no processo de valorização da brincadeira.
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