Books by Pedro Lucas Dulci

A HIPÓTESE REVISITADA: um exame retrospectivo à guisa de prefácio à presente edição Não sou daque... more A HIPÓTESE REVISITADA: um exame retrospectivo à guisa de prefácio à presente edição Não sou daqueles autores que creem que um texto, depois de escrito, tem vida e significado próprio. Ao contrário, estou convicto que minhas intenções autorais controlam o significado de cada palavra e precisam ser compreendidas, analisadas e criticadas antes de serem negadas ou reproduzidas. No entanto, uma coisa não se pode negar: os processos desencadeados pela publicação do Ortodoxia Integral são incontroláveis. Esses já puderam ser observados no evento de lançamento do livro. Um trecho do vídeo da fala do Pr. Paulo Júnior foi recortado e despretensiosamente republicado na internet. Esse vídeo, sem tratamento, sem legenda ou qualquer identificação simplesmente viralizou nas redes sociais. Na última vez que olhamos, eram mais de 750 mil visualizações no Facebook, sem falar em outras mídias sociais que não nos permitem quantificar essa capilaridade. Além disso, o livro abriu a possibilidade de diálogo menos polarizado em torno do tema da missão integral. Não só eu, mas vários membros do Movimento Mosaico foram solicitados para mediar conversas sobre a relação entre ortodoxia bíblica, filosofia reformada, integralidade da missão e desafios latino-americanos. O que percebemos nessas ocasiões foi que, na maioria das vezes, as opiniões das pessoas eram formadas a partir de leituras ou contato com "comentários de comentários" sobre os pastores e principais envolvidos com a teologia como missão integral ou filosofia reformacional. Ficamos muito felizes de poder dissipar a maioria dessas caricaturas envolvendo ideias, posturas e pessoas que admiramos e nos consideramos companheiros de missão. Isso fez com que fosse possível um terceiro e último desdobramento desde o lançamento do Ortodoxia Integral, a saber, uma crescente contribuição de diversos interlocutores com as hipóteses apresentadas no livro. Questionamentos importantes advindos dos amigos Ariovaldo Ramos e Guilherme Burjack, como também o incansável apoio dos amigos Guilherme de Carvalho e Igor Miguel, que fizeram com que a discussão sobre as dimensões integrais da missão de Deus fosse levada adiante. Nesse processo, o diálogo, a crítica e a sugestão de novos pontos de vista dos amigos Daniel Vieira, Guilherme Franco, Jonas Madureira e Marcos Almeida nos ajudaram a refinar e confirmar nossa hipótese central exposta no presente livro.

A forma que escolhemos para recuperar a exemplaridade da vida e da obra do pastor luterano, teólo... more A forma que escolhemos para recuperar a exemplaridade da vida e da obra do pastor luterano, teólogo e mártir alemão Dietrich Bonhoeffer (1906-1945) é tão singular que convém explicar brevemente o que o leitor encontrará a seguir. De maneira nenhuma este pequeno livro é uma biografia. A vida de Bonhoeffer precisaria de 600 a 800 páginas para ser coberta com o mínimo de decência que ela requer. Também não pretendemos apresentar uma introdução ao seu pensamento teológico. Imaginem o quão imenso é o trabalho de percorrer os 17 volumes que compõem as Obras Completas (Werke) de Bonhoeffer. Levou treze anos para reuni-las, editá-las e publicá-las, imagine quantos precisaríamos para comentá-las.
Nem biografia, nem comentário. A singela obra que o leitor tem em mãos é a reunião de pequenos textos escritos em momentos diferentes, publicados em locais diversos e motivados pelos mais distintos acontecimentos no mundo atual. Apenas duas características são comuns a cada um dos textos, percorrendo-os como uma corrente elétrica que ilumina o sentido geral da obra. Em primeiro lugar, todos eles são textos que pensam e problematizam o contemporâneo. Os fatos que desencadearam a escrita de cada uma das linhas a seguir são acontecimentos recentes que, de alguma forma, dizem do nosso tempo e que ainda precisam ser digeridos antes de serem totalmente assimilados. Sendo assim, a primeira característica do conjunto dessa obra é sua tentativa de iluminar o contemporâneo. Trata-se, portanto, de um texto sobre a contemporaneidade, pois já nos foi ensinado um dia que ser contemporâneo é responder ao apelo que a escuridão de uma época faz a cada um de nós.
Ser contemporâneo, contudo, não é a única característica comum aos textos. Em segundo lugar, cada um desses ensaios procura lançar luz em meio à escuridão do nosso presente através do testemunho e do pensamento de Bonhoeffer. Aqui a distinção entre vida e obra não é retórica. Primeiro porque, como em todo processo de formação de si, Bonhoeffer teve sua teologia moldada pelas experiências que Deus concedeu à sua vida. Mais definitivo que isso, entretanto, foi o fato de que Dietrich não se permitiu escapar da coerência com aquilo que escreveu, pregou e ensinou durante todos os anos de sua vida. Mesmo que não possamos subscrever totalmente o conteúdo da sua teologia, não podemos dizer, em hipótese nenhuma, que ela não é consististe e coerente com cada escolha que ele fez. Desde sua decepção com o ambiente acadêmico do Union Theological Seminary, até sua opção por retornar à Alemanha mesmo a custo de sua vida. Bonhoeffer não era uma mentira ambulante, nem um pensador confinado em seu escritório. Isso fica mais evidente ao considerarmos o fato de que ele fora um teólogo martirizado. São pouquíssimos os mártires da cristandade que foram, ao mesmo tempo e na mesma intensidade, teólogos e ativistas – as exceções são Justino, Cipriano, Balthasar Hubmeier e Michael Sattler. Em regra, os acadêmicos não se expõem às tempestades da história. Não foi esse o caso com Bonhoeffer. A coerência entre a teoria e a prática era fundamental para ele.
Tudo isso fez com que uma particularidade se destacasse como distintiva de todo o seu esforço teórico e ministerial – particularidade essa que justifica a união pouco provável de acontecimentos sociopolíticos contemporâneos com raciocínios teológicos do século passado. Bonhoeffer almejava que seus pensamentos sobre Jesus Cristo se mostrassem eticamente frutífero para a sua época. A preocupação com a atualidade da confissão de fé em Cristo marca a obra de Bonhoeffer e nos desafia, ainda hoje, a fazer o mesmo: pensar os acontecimentos contemporâneos através de uma mediação cristocêntrica relevante à nossa geração.

A oposição entre teoria e prática é tão antiga na história das ideias do Ocidente, que quase ning... more A oposição entre teoria e prática é tão antiga na história das ideias do Ocidente, que quase ninguém mais questiona o porquê de existirem pessoas que são teóricos de nascença e outras que são ativistas por natureza. No entanto, surge um grande problema quando essa desconexão entre teoria e prática invade a visão de mundo cristã e segrega grupos inteiros de cristãos que são mais ligados à teoria e outros que são mais afetados pela prática – segregação essa que polariza e impede o relacionamento desses grupos. A hipótese básica do livro Ortodoxia Integral, é que essa desconexão entre teoria e prática é estranha à cosmovisão cristã, e que, tão somente, através de uma recuperação da percepção bíblia de uma fé ortodoxa e integral, é o que nos fará capazes de sermos relevantes à nação brasileira.
Em uma profunda disposição de unidade e cooperação, a intenção de cada uma das páginas do livro é justamente mostrar que o principal desafio que a Igreja brasileira tem no início do século 21 é restabelecer o equilíbrio entre pensamento teológico ortodoxo e ação integral da Igreja na sociedade. Entretanto, essa unidade não é feita de qualquer foram. Na contramão de muitos outros esforços semelhantes no Brasil, a busca do livro é romper com a tensão entre teoria e prática, e não com os irmãos envolvidos nela. Todas as problematizações presentes na obra, foram empreendidas de dentro, por quem crê como eles e que quer dar continuidade na caminhada teológica brasileira – e não romper com quem veio antes de nós. Isso significa que a obra não foi escrita com nenhum sentimento de ressentimento por qualquer parte da atividade teológica brasileira. Tanto uma tradição mais teórica, quanto nossos irmãos mais integrais, cumpriram o seu papel no que dizia respeito aos propósitos de Deus para a nossa nação. O que precisamos, na verdade, é superar a tendência recorrente em nosso meio, de cristãos brasileiros optando por uma ou outra tradição teológica, como se fossem antagônicas – ou até mesmo rivais!
O grande mérito da obra Ortodoxia Integral, talvez seja a motivação de fazer com que seus leitores compreendam que o que precisamos não é uma mudança ou o abandono dos nossos paradigmas de fé, mas a transformar de nossa consciência sobre a missão cristã no mundo contemporâneo. Por meio de um exame direcionado das Escrituras, teremos condições de produzir um entendimento da espiritualidade cristã em que teoria e prática não sejam mais duas coisas distintas, mas dimensões de uma mesma realidade. Isso será feito, a tal ponto, que nenhum discípulo de Cristo conseguirá pensar em uma teoria que não seja radicalmente prática e em uma prática que não seja profundamente teórica.
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Magazine papers by Pedro Lucas Dulci

Na vida dos conceitos, há um momento em que eles perdem a sua inteligibilidade imediata e, como t... more Na vida dos conceitos, há um momento em que eles perdem a sua inteligibilidade imediata e, como todo termo vazio, podem carregar de sentidos contraditórios. divulgou o resumo de um relatório sobre o programa de interrogatórios da CIA, elaborado por espiões americanos de alto escalão após os ataques de 11 de setembro de 2001. O programa aconteceu entre 2002 e 2007, durante a presidência de George W. Bush. Os prisioneiros suspeitos de terrorismo eram interrogados usando métodos como "waterboarding" (simulação de afogamento, que causava convulsões e vômitos), humilhação, esbofeteamento, exposição ao frio e privação de sono por até 180 horas. 1 Nesse processo de divulgação de resultados do relatório, o que mais chamou a atenção da mídia internacional foi o fato de que, de acordo com o documento, a CIA enganou os americanos sobre o que estava fazendo ao utilizar técnicas coercivas de interrogatório -um nome técnico para tortura. Sob o famigerado pretexto de "ajudar a salvar vidas", além tornar oficialmente público a existência de tortura nos suspeitos de terrorismo, a agência também precisou admitir que tal procedimento falhou em conseguir informações que impedissem novas ameaças. 2 A declaração da senadora Dianne Feinstein, membro do Comitê de Inteligência, de que "os presos pela CIA foram torturados, em qualquer definição do termo" 3 nos leva a pensar sobre a atualidade que o conceito de homo sacer introduzido por Agamben ainda tem contemporaneamente. Quem também relaciona tais procedimentos governamentais em relação aos suspeitos de terrorismo com a ideia de vida nua do homo sacer é Slavoj Žižek, quando nos lembra que tais fatos: parecem apontar diretamente para a distinção de Agamben entre o cidadão total e o Homo sacer que, apesar de um ser humano vivo, não é parte da comunidade política. [...] mas isso não quer dizer que se tornaram ilegais por causa de sua atividade terrorista criminosa: quando comete um crime grave, assassinato, por exemplo, um cidadão americano continua sendo um "criminoso legal"; a distinção entre criminosos e não criminosos nada tem em comum com a distinção entre cidadãos "legais" e os que na França são chamados de sans-papiers [sem

Ao contrário do que foi repetido vertiginosamente nas últimas semanas, é agora e não antes, que d... more Ao contrário do que foi repetido vertiginosamente nas últimas semanas, é agora e não antes, que devemos ter coragem de pensar os acontecimentos na sede da revista Charlie Hebdo e seus desdobramentos internacionais. Agora, e não antes, porque nos livramos daquela solidariedade universal que sensibilizou parte da população mundial, entulhando nossos jornais e revistas com comentários de figuras improváveis na defesa da liberdade de expressão -somos um país tão esquizofrênico que não percebemos que as mesmas pessoas que crucificaram a piada de Rafinha Bastos, foram a público canonizar as charges de Charlie. Sem me colocar ao lado de nenhum dos dois, o que desejo é argumentar que precisamos nos livrar o pathos da comoção e pensar mais profundamente. Além disso, é necessário pensar agora e não antes, porque nossa geração necessita exercitar sua memória política. Nós vivemos em tempos de reprodução alucinante das informações, onde se tornou quase impossível não se esquecer do que aconteceu -mesmo que tenha sido algo terrível e de impacto na vida de milhões de indivíduos. Por tudo isso, o presente texto é um breve exercício de memória sobre dois acontecimentos recentes na mesma cidade. Uma problematização extemporânea que, ao contrário do que Charles Dickens fez, contará dois contos sobre a mesma cidade: Paris, na França. No dia 7 de novembro de 1938, em pleno regime nazista, Herschel Feibel Grynszpan, um jovem judeu alemão de apenas 17 anos, atirou e matou um funcionário da embaixada alemã em Paris. O pai desse jovem acabara de ser capturado e colocado em um vagão de trem para ser deportado para um campo de concentração e extermínio na Polônia. Tal episódio, somado aos outros que estavam sendo empreendidos todos os dias contra os judeus, desencadeou esse ato de vingança do rapaz. Infelizmente, aquele jovem errou seu alvo. O homem que ele matou não era o embaixador alemão, o conde Johannes von Welczeck, mas o terceiro secretário da embaixada, Ernst vom Rath.
No dia nove de abril de 2015 completa 70 anos desde o que pastor luterano, teólogo e mártir alemã... more No dia nove de abril de 2015 completa 70 anos desde o que pastor luterano, teólogo e mártir alemão Dietrich Bonhoeffer foi sentenciado e executado pela Gestapo a pedido pessoal de Adolf Hitler. Nesses dias, portanto, seria muito adequado nos ocuparmos com a exemplaridade do pensamento e testemunho de Dietrich. Aqui a distinção entre vida e obra não é retórica. Primeiro porque, como em todo processo de formação de si, Bonhoeffer teve sua teologia moldada pelas experiências que Deus concedeu à sua vida. Mais definitivo que isso, entretanto, foi o

No último dia 29 de novembro, aconteceu na Igreja Presbiteriana Maranatha, em Goiânia, o último E... more No último dia 29 de novembro, aconteceu na Igreja Presbiteriana Maranatha, em Goiânia, o último Encontro do Movimento Mosaico de 2014. Além de tudo aquilo que está se tornando tradição nos eventos realizados pelo Mosaicoa qualidade da reflexão oferecida a um problema contemporâneo, a presença de músicos de altíssima qualidade (a banda Sarrafo), uma experiência de estética incrível e a prática da hospitalidade tipicamente cristã -, também contamos com a presença dos pastores Augustus Nicodemus Lopes e Paulo Borges Júnior. O que estava em jogo dessa vez no encontro era a necessidade de um equilíbrio teológico no Brasil que, ambos, acreditam vir através da percepção por meios dos discípulos de Cristo que a fé cristã ortodoxa, necessariamente, desdobra-se em uma prática de vida integral. Ainda que a temática, bem como sua resposta, possam parecer sem nenhuma novidade, não é esse o caso. Sabemos que no atual cenário cristão brasileiro, multiplicam-se novos métodos de crescimento de igrejas, modismos evangélicos e todo tipo de invencionice de líderes criativospara não dizer o pior. Em um ambiente como esse, reafirmar que a mais tradicional doutrina protestante, deixada pelos reformadores, levará, necessariamente, seus seguidores à promoção de justiça em todas as esferas do mundo, é, no mínimo, algo ousado. No entanto, mesmo que seja ousado, não é sem propósito. O que estava no centro das duas exposições feitas no Encontro Mosaico é a certeza de que o cerne do problema teológico brasileiro não se trata de uma questão de mudar os referenciais teológicos, mas de transformar nossa consciência de missão à luz das Escrituras. Quanto a isso, o rev. Nicodemus incumbiu-se de mostrar a proficuidade da ortodoxia cristã, através da exemplaridade de João Calvino, enquanto o pr. Paulo Júnior insistiu na necessidade de cada cristão se esforçar em manifestar sua fé para além de si mesmo. O ponto de encontro dessas duas exposições foi o emprenho pelo relacionamento. Ambos mostraram que na história da cristandade, só conseguirmos ser ortodoxos e integrais quando compreendermos que nossa espiritualidade precisava transpor os muros da nossa vida privada e transformar a realidade ao nosso redor. Isso só poderia ser feito com uma compreensão relacional da dinâmica do Espírito Santo através de nós. Não é sem motivo que, todas as vezes que as Escrituras falam do enchimento, do fruto e da plenitude do Espírito, elas fazem através de termos que se referem à interação entre indivíduos, e nunca somente sobre a
Está se tornando difícil não estabelecer uma relação direita entre o mês de junho e os acontecime... more Está se tornando difícil não estabelecer uma relação direita entre o mês de junho e os acontecimentos políticos de primeira grandeza. Neste mês, por exemplo, já temos o decurso de um ano desde que as manifestações que tomaram as ruas do Brasil aconteceramas chamadas Jornadas de junho de 2013. Igualmente na memória também se encontram os 25 anos dos protestos desencadeados na Praça da Paz Celestial (Tienanmen) na República Popular da China, entre abril e junho de 1989. Para além da

Mestrando em Filosofia política e ética (UFG), graduando em Teologia (SPBC) e membro do Movimento... more Mestrando em Filosofia política e ética (UFG), graduando em Teologia (SPBC) e membro do Movimento Mosaico. Parece ser uma regra o fato de que, quando há uma constatação da falência de um empreendimento qualquer, sempre esta é acompanha por uma perspectiva pessimista dos tempos. A igreja de Cristo não escapou a este fenômeno. Não são poucos os que dizem estar cansados da igreja por esta ter se desfigurado em mediocridades sem fim. Contudo, será mesmo este o caso? O Encontro Mosaico sobre Cristianismo Público, que aconteceu em Goiânia no último dia 29 de março, mostrou que existe exceção a esta regra. Pensado, organizado e levado à cabo por uma rede de instituições, movimentos para-eclesiásticos e jovens discípulos de Cristo, o Encontro Mosaico fez jus ao seu nome e produziu uma peça composta de muito mais do que cinquenta tons de cinza. Conforme testemunhou o arquiteto e membro do movimento, Estevão Ávila Oliveira: "vivemos o corpo de Cristo, o mosaico, onde cada parte tem o seu papel sua função e todos unidos dão forma ao que é realmente o movimento do processo, da relação, da interação uns com os outros". Mais do que um relato de caso, a presente reportagem é uma pequena confecção da trama de impressões e conteúdos produzida pelo Encontro Mosaico sobre Cristianismo Público. Colocando-se o desafio de pensar as condições de um cristianismo de relevância e dimensões públicas, o Encontro Mosaico não desconsiderou o fato de que os últimos séculos de propagação da fé cristã foram marcados por uma espiritualidade individualista que produziu conversões religiosas igualmente egocêntricas e socialmente indiferentes. Segundo observou o publicitário e empresário, Gustavo Costa: "o Cristinismo Público me mostrou o quanto a igreja está entorpecida com as ilusões do mundo e consigo mesma, fazendo com que não se consiga mais ter uma expressão verdadeira de Cristo na sociedade". Na verdade, foi justamente a partir deste terreno mencionado que o trabalho de Igor Miguelo convidado especial deste ano do Encontrofoi feito. Teólogo reformado, coordenador pedagógico da Organização Multidisciplinar de Capacitação e Voluntariado e militante do #IgrejaNaRua, Igor Miguel tinhas as condições privilegiadas de articular os desafios concernentes aos primeiros passos para que o cristianismo brasileiro assuma suas responsabilidades e
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na descrição tocquevilliana da democracia americana, surge um paradigma investigativo privilegiad... more na descrição tocquevilliana da democracia americana, surge um paradigma investigativo privilegiado para elaborarmos uma arqueologia do governo biopolítico nas democracias ocidentais hodiernas. Tal intento, que norteará este artigo, poderá trazer luzes a pergunta de La Boétie, que ocupa alguns séculos de filosofia política, a qual seja, procurar saber como esse desejo teimoso de servir se foi enraizando a ponto de o amor à liberdade parecer coisa pouco natural. Convém examinarmos mais detidamente na obra de Tocqueville as relações que podemos traçar entre condições sociais fundamentais e consequências biopolíticas decorrentes. Isso será feito em estreita relação com a filosofia de Giorgio Agamben, que igualmente ocupa-se em perguntar as razões pelas quais, nos limiares da Idade Moderna, a vida natural começa, por sua vez, a ser incluída nos mecanismos e nos cálculos do poder estatal, e a política transforma-se em biopolítica. Tal investigação será empreendida a partir da relação entre a descrição tocquevilliana da democracia na América, bem como o desenvolvimento de muitas teses ali apresentadas, pelo filósofo italiano Giorgio Agamben.

Antes de pensar sobre a viabilidade de conectar a igreja com a academia, é necessário dar um pass... more Antes de pensar sobre a viabilidade de conectar a igreja com a academia, é necessário dar um passo para trás e levantar outra questão igualmente fundamental: quem ou o que separou a igreja da universidade? Ou ainda, qual obstáculo fez os indivíduos acreditarem que não era possível ser cristão no ensino e na pesquisa científica? Essas perguntas têm algumas formas de resposta. Para os objetivos imediatos desse texto, vou abordar apenas duas delas: uma resposta histórica e outra pragmática sobre essa separação. A primeira via de esclarecimento dessa problemática é a simples reconstrução arqueológica de tal desconexão. Essa metodologia é uma das formas privilegiadas de acessar o presente, uma vez que ela o faz através de uma relação com o passado. Grosso modo, a arqueologia consiste em se perguntar pelas condições de possibilidade de refazermos o caminho histórico que desencadeou o fenômeno que temos diante de nós. Trata-se de perguntar pela archē de algo -conceito grego que significa "início" e "princípio". Ou seja, aquilo que tanto deu origem ao fenômeno contemporâneo, como também comandou sua história. Vale ressaltar, no entanto, o que o filósofo italiano Giorgio Agamben diz sobre o método arqueológico: "essa origem não pode ser datada ou cronologicamente situada: é uma força que continua a agir no presente, assim como a infância que, de acordo com a psicanálise, determina a atividade mental do adulto, ou como a forma com que o big bang, de acordo com os astrofísicos, deu origem ao Universo e continua em expansão até hoje". 1 Essa ideia de um evento que aconteceu, mas que não terminou de uma vez por todas, fica muito clara no caso específico da desconexão entre o saber universitário e a fé cristã. Toda a compreensão no senso comum do Ocidente sobre a relação entre academia e igreja foi determinada por um acontecimento em especial: aquilo que ficou conhecido como "o mito do conflito" entre religião e ciência. Esse mito baseia-se na invenção de dois profissionais da controvérsia do século XIX: o cientista John William Draper e o historiador Andrew Dickson White. Basicamente essa posição ficou popularizada nos livros História do 1 Doutorando em Filosofia (UFG) onde desenvolve pesquisa em ética e filosofia política contemporânea. Membro do Movimento Mosaico e da Igreja Presbiteriana Beréia, autor de Ortodoxia Integral: teoria e prática conectadas na missão cristã (2014) e Free Bonhoeffer: confissão de fé e conspiração política (2015).

RESUMO: o presente artigo tem como objetivo geral mostrar que a repetição do gesto intelectual de... more RESUMO: o presente artigo tem como objetivo geral mostrar que a repetição do gesto intelectual de Paulo de Tarso é uma das condições privilegiadas para ultrapassarmos a situação de eclipse político em que os governos hodiernos se encontram. Tal objetivo tem dois aspectos particulares. Em primeiro lugar, diz respeito à potencialidade e valor filosófico intrínseco ao próprio texto paulino para a filosofia. Em segundo lugar, refere-se à redescoberta e aos desdobramentos que um pensador contemporâneo empreendeu a partir desses textos. O messianismo paulino pelas lentes de Giorgio Agamben é, ao mesmo tempo, repositório de potencialidades, como também condição de inteligibilidade da própria filosofia que o italiano desenvolveu nos últimos anos.
ABSTRACT: This article has as main objective to show that the repetition of the intellectual gesture of Paul of Tarsus is one of the privileged conditions to overcome the situation of political eclipse in which countries governments today are. This objective has two particular aspects. First, regards to the potential and intrinsic philosophical value to the Pauline text itself to philosophy. Secondly, it refers to the rediscovery and developments that a contemporary thinker undertook from these texts. The Pauline messianism by Giorgio Agamben lenses is at the same time, potential repository, as well as intelligibility condition of philosophy itself that the Italian has developed in recent years.
o presente trabalho procura investigar se existe algum elo de união que perpassa a crítica à civi... more o presente trabalho procura investigar se existe algum elo de união que perpassa a crítica à civilização empreendida pelo filósofo alemão Walter Benjamin, bem como algo que passa necessariamente pela sua rejeição ao capitalismo, impulsionada tanto pelo romantismo alemão, pelo marxismo libertário quando pelo messianismo judaico. Em meio a um
aparente aglomerado filosófico, nossa pergunta metodológica indaga-se pela possibilidade de falar de um fio condutor no pensamento do filósofo das inúmeras passagens e anotações fragmentadas? A hipótese que sustentaremos no presente trabalho é que o messianismo de Benjamin percorre toda a sua obra, como uma corrente elétrica que alimenta e ilumina todos os seus escritos.

RESUMO: o presente artigo tem por objetivo, a partir dos recentes acontecimentos envolvendo refug... more RESUMO: o presente artigo tem por objetivo, a partir dos recentes acontecimentos envolvendo refugiados e imigrantes para a Europa, problematizar a condição política contemporânea. Através da chave de leitura biopolítica de Michel Foucault e Giorgio Agamben, procuraremos mostrar que o que está no centro das características distintivas da governamentalidade atual é uma biologização da vida nua, ou seja, o mero preocupar-se com os corpos de indivíduos matáveis – ainda que, ao mesmo tempo, sejam insacrificáveis. Para tanto, nos ocuparemos com os paradoxos jurídico-político envolvendo a noção de soberania, bem como a aporia envolvendo o poder constituinte e o poder constituído.
Abstract: from the recent events involving refugees and migrants to Europe, this article discusses the contemporary political condition. Through key biopolitics reading Michel Foucault and Giorgio Agamben, will try to show what is at the core of the distinguishing features of the current governmentality is a biologization of bare life. That is, the mere concern itself with the bodies of killable individuals-although at the same time, they are insacrificáveis. To this end, we will work with the legal and political paradoxes involving the notion of sovereignty, but also the aporia involving the constituent power and constituted power.

o presente trabalho tem por objetivo problematizar a condição humana através do dispositivo antro... more o presente trabalho tem por objetivo problematizar a condição humana através do dispositivo antropológico privilegiado que é a condição urbana. Neste sentido, trata-se de perguntar como as dinâmicas sociais de isolamento e convivência urbana, territorializações e relações de poder na cidade, contribuem na construção de identidades e nos processos de subjetivação. A metodologia utilizada para a composição desta pesquisa foi a reconstrução dos argumentos do filósofo Giorgio Agamben – majoritariamente, mas não só, a sua genealogia do homem e do animal em O Aberto – em relação com as recentes contribuições da antropologia filosófica. Ademais, pretende-se deixar claro na conclusão do texto que a presente
genealogia não nos remete a uma saudosa lembrança de um tempo mais originário e puro do ser humano, mas antes, visa possibilitar a estes indivíduos as condições necessárias de pensar novos conceitos, dinâmicas e ações políticas na
contemporaneidade.
The article intends to offer a exposition of the fundamental aspects of teaching practice of the ... more The article intends to offer a exposition of the fundamental aspects of teaching practice of the German philosopher Martin Heidegger and ask whether these characteristics can, today, seems to be relevant to all those engaged in the craft of philosophy professors. This exposition will be made from the report of a prominent student of Heidegger: Hannah Arendt. Relating the events she witnessed with his own texts by Heidegger, Arendt shows us how was unique the Heideggerian educational exercise and how it still is an exemplary for all those concerned with philosophy, even though many of his critics claim that the involvement of Heidegger with the German Third Reich has forever tainted his work.
O presente artigo visa abordar a questão da espiritualidade bíblica dos corpos, a partir do que f... more O presente artigo visa abordar a questão da espiritualidade bíblica dos corpos, a partir do que ficou conhecido como o “cuidado de si e dos outros” na antiguidade grega - que foi retomado pelo apóstolo Paulo e, contemporaneamente, pelo filósofo Michel Foucault. Nosso objetivo é argumentar que tal ética do governo de si só é possível pela convicção de que Espírito Santo nos habita, fornecendo-nos condições de possibilidade de termos domínio próprio e desencadearmos uma vida virtuosa, tanto na vida pública quanto na vida privada.
Existe contemporaneamente uma recuperação secularizada do pensamento do apóstolo Paulo por vários... more Existe contemporaneamente uma recuperação secularizada do pensamento do apóstolo Paulo por vários filósofos, juristas e pensadores não cristãos. 1 Por esse motivo, uma série de pensadores hodiernos volta-se para os escritos de Paulo como fontes privilegiadas para se pensar a condição humana e a condição social contemporânea de uma forma muito frutíferapara além daquela visão tacanha da academia que tradicionalmente só conseguia enxergar a Bíblia como um livro mitológico sem importância para o pensamento. O que estes autores têm mostrado é que as Escrituras são uma fonte privilegiada na história dos sistemas de pensamento, bem como o pensamento de Paulo de importância fundamental.

the present work aims to reconstruct Nietzsche’s argument about the conditions of emergence of a ... more the present work aims to reconstruct Nietzsche’s argument about the conditions of emergence of a superior culture, taking as a criterion for evaluating, the fecundity of life. For this purpose, we will proceed as follows: (1) recover the arguments on the said topic, mostly using what Nietzsche writes in Abstract: The present work aims to reconstruct Nietzsche's argument about the conditions of emergence of a superior culture, taking as a criterion for evaluating the fecundity of life. For this purpose, we will proceed as follows: (1) recover the arguments on the said topic, mostly using what Nietzsche writes in Human, All Too Human, and then (2) will enter with a critique of Nietzsche's thinking from the work of Giorgio Agamben. Such inclusion is justified by that Agamben is also known contemporaneously as a critic of metaphysical dualisms centered on capturing the potential of life, through his genealogy of contemporary. This makes the Italian is, somehow debtor as well as a critic of Nietzsche's philosophical project. For all this, even if the direct references to Nietzsche in the work of Italian are not plentiful, we try to show that the relationship between the two philosophers is not absurd. Rather, it is possible footsteps in the genealogical dance of western culture.
This paper intends to analyze the contributions of the work On Death and dying Elisabeth Kübler-R... more This paper intends to analyze the contributions of the work On Death and dying Elisabeth Kübler-Ross to problematize the human condition of patients with end-stage diseases. After performing a seminar about death and dying, for years, Kübler-Ross developed, together with their students, a theory about stages of a patient and their family members are in a position to proximity to death. This methodology developed by the author provides us conditions of possibility, not only clarify several possible reactions of patients faced with death, but also to understand how our societies, structurally, are not prepared to confront this subject. This article exploring the bioethical ramifications of psychiatric contribution of the author relating them to recent biopolitics research of Giorgio Agamben.
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Nem biografia, nem comentário. A singela obra que o leitor tem em mãos é a reunião de pequenos textos escritos em momentos diferentes, publicados em locais diversos e motivados pelos mais distintos acontecimentos no mundo atual. Apenas duas características são comuns a cada um dos textos, percorrendo-os como uma corrente elétrica que ilumina o sentido geral da obra. Em primeiro lugar, todos eles são textos que pensam e problematizam o contemporâneo. Os fatos que desencadearam a escrita de cada uma das linhas a seguir são acontecimentos recentes que, de alguma forma, dizem do nosso tempo e que ainda precisam ser digeridos antes de serem totalmente assimilados. Sendo assim, a primeira característica do conjunto dessa obra é sua tentativa de iluminar o contemporâneo. Trata-se, portanto, de um texto sobre a contemporaneidade, pois já nos foi ensinado um dia que ser contemporâneo é responder ao apelo que a escuridão de uma época faz a cada um de nós.
Ser contemporâneo, contudo, não é a única característica comum aos textos. Em segundo lugar, cada um desses ensaios procura lançar luz em meio à escuridão do nosso presente através do testemunho e do pensamento de Bonhoeffer. Aqui a distinção entre vida e obra não é retórica. Primeiro porque, como em todo processo de formação de si, Bonhoeffer teve sua teologia moldada pelas experiências que Deus concedeu à sua vida. Mais definitivo que isso, entretanto, foi o fato de que Dietrich não se permitiu escapar da coerência com aquilo que escreveu, pregou e ensinou durante todos os anos de sua vida. Mesmo que não possamos subscrever totalmente o conteúdo da sua teologia, não podemos dizer, em hipótese nenhuma, que ela não é consististe e coerente com cada escolha que ele fez. Desde sua decepção com o ambiente acadêmico do Union Theological Seminary, até sua opção por retornar à Alemanha mesmo a custo de sua vida. Bonhoeffer não era uma mentira ambulante, nem um pensador confinado em seu escritório. Isso fica mais evidente ao considerarmos o fato de que ele fora um teólogo martirizado. São pouquíssimos os mártires da cristandade que foram, ao mesmo tempo e na mesma intensidade, teólogos e ativistas – as exceções são Justino, Cipriano, Balthasar Hubmeier e Michael Sattler. Em regra, os acadêmicos não se expõem às tempestades da história. Não foi esse o caso com Bonhoeffer. A coerência entre a teoria e a prática era fundamental para ele.
Tudo isso fez com que uma particularidade se destacasse como distintiva de todo o seu esforço teórico e ministerial – particularidade essa que justifica a união pouco provável de acontecimentos sociopolíticos contemporâneos com raciocínios teológicos do século passado. Bonhoeffer almejava que seus pensamentos sobre Jesus Cristo se mostrassem eticamente frutífero para a sua época. A preocupação com a atualidade da confissão de fé em Cristo marca a obra de Bonhoeffer e nos desafia, ainda hoje, a fazer o mesmo: pensar os acontecimentos contemporâneos através de uma mediação cristocêntrica relevante à nossa geração.
Em uma profunda disposição de unidade e cooperação, a intenção de cada uma das páginas do livro é justamente mostrar que o principal desafio que a Igreja brasileira tem no início do século 21 é restabelecer o equilíbrio entre pensamento teológico ortodoxo e ação integral da Igreja na sociedade. Entretanto, essa unidade não é feita de qualquer foram. Na contramão de muitos outros esforços semelhantes no Brasil, a busca do livro é romper com a tensão entre teoria e prática, e não com os irmãos envolvidos nela. Todas as problematizações presentes na obra, foram empreendidas de dentro, por quem crê como eles e que quer dar continuidade na caminhada teológica brasileira – e não romper com quem veio antes de nós. Isso significa que a obra não foi escrita com nenhum sentimento de ressentimento por qualquer parte da atividade teológica brasileira. Tanto uma tradição mais teórica, quanto nossos irmãos mais integrais, cumpriram o seu papel no que dizia respeito aos propósitos de Deus para a nossa nação. O que precisamos, na verdade, é superar a tendência recorrente em nosso meio, de cristãos brasileiros optando por uma ou outra tradição teológica, como se fossem antagônicas – ou até mesmo rivais!
O grande mérito da obra Ortodoxia Integral, talvez seja a motivação de fazer com que seus leitores compreendam que o que precisamos não é uma mudança ou o abandono dos nossos paradigmas de fé, mas a transformar de nossa consciência sobre a missão cristã no mundo contemporâneo. Por meio de um exame direcionado das Escrituras, teremos condições de produzir um entendimento da espiritualidade cristã em que teoria e prática não sejam mais duas coisas distintas, mas dimensões de uma mesma realidade. Isso será feito, a tal ponto, que nenhum discípulo de Cristo conseguirá pensar em uma teoria que não seja radicalmente prática e em uma prática que não seja profundamente teórica.
https://livrariaprimicias.com.br/ortodoxia-integral.html
Magazine papers by Pedro Lucas Dulci
Papers by Pedro Lucas Dulci
ABSTRACT: This article has as main objective to show that the repetition of the intellectual gesture of Paul of Tarsus is one of the privileged conditions to overcome the situation of political eclipse in which countries governments today are. This objective has two particular aspects. First, regards to the potential and intrinsic philosophical value to the Pauline text itself to philosophy. Secondly, it refers to the rediscovery and developments that a contemporary thinker undertook from these texts. The Pauline messianism by Giorgio Agamben lenses is at the same time, potential repository, as well as intelligibility condition of philosophy itself that the Italian has developed in recent years.
aparente aglomerado filosófico, nossa pergunta metodológica indaga-se pela possibilidade de falar de um fio condutor no pensamento do filósofo das inúmeras passagens e anotações fragmentadas? A hipótese que sustentaremos no presente trabalho é que o messianismo de Benjamin percorre toda a sua obra, como uma corrente elétrica que alimenta e ilumina todos os seus escritos.
Abstract: from the recent events involving refugees and migrants to Europe, this article discusses the contemporary political condition. Through key biopolitics reading Michel Foucault and Giorgio Agamben, will try to show what is at the core of the distinguishing features of the current governmentality is a biologization of bare life. That is, the mere concern itself with the bodies of killable individuals-although at the same time, they are insacrificáveis. To this end, we will work with the legal and political paradoxes involving the notion of sovereignty, but also the aporia involving the constituent power and constituted power.
genealogia não nos remete a uma saudosa lembrança de um tempo mais originário e puro do ser humano, mas antes, visa possibilitar a estes indivíduos as condições necessárias de pensar novos conceitos, dinâmicas e ações políticas na
contemporaneidade.
Nem biografia, nem comentário. A singela obra que o leitor tem em mãos é a reunião de pequenos textos escritos em momentos diferentes, publicados em locais diversos e motivados pelos mais distintos acontecimentos no mundo atual. Apenas duas características são comuns a cada um dos textos, percorrendo-os como uma corrente elétrica que ilumina o sentido geral da obra. Em primeiro lugar, todos eles são textos que pensam e problematizam o contemporâneo. Os fatos que desencadearam a escrita de cada uma das linhas a seguir são acontecimentos recentes que, de alguma forma, dizem do nosso tempo e que ainda precisam ser digeridos antes de serem totalmente assimilados. Sendo assim, a primeira característica do conjunto dessa obra é sua tentativa de iluminar o contemporâneo. Trata-se, portanto, de um texto sobre a contemporaneidade, pois já nos foi ensinado um dia que ser contemporâneo é responder ao apelo que a escuridão de uma época faz a cada um de nós.
Ser contemporâneo, contudo, não é a única característica comum aos textos. Em segundo lugar, cada um desses ensaios procura lançar luz em meio à escuridão do nosso presente através do testemunho e do pensamento de Bonhoeffer. Aqui a distinção entre vida e obra não é retórica. Primeiro porque, como em todo processo de formação de si, Bonhoeffer teve sua teologia moldada pelas experiências que Deus concedeu à sua vida. Mais definitivo que isso, entretanto, foi o fato de que Dietrich não se permitiu escapar da coerência com aquilo que escreveu, pregou e ensinou durante todos os anos de sua vida. Mesmo que não possamos subscrever totalmente o conteúdo da sua teologia, não podemos dizer, em hipótese nenhuma, que ela não é consististe e coerente com cada escolha que ele fez. Desde sua decepção com o ambiente acadêmico do Union Theological Seminary, até sua opção por retornar à Alemanha mesmo a custo de sua vida. Bonhoeffer não era uma mentira ambulante, nem um pensador confinado em seu escritório. Isso fica mais evidente ao considerarmos o fato de que ele fora um teólogo martirizado. São pouquíssimos os mártires da cristandade que foram, ao mesmo tempo e na mesma intensidade, teólogos e ativistas – as exceções são Justino, Cipriano, Balthasar Hubmeier e Michael Sattler. Em regra, os acadêmicos não se expõem às tempestades da história. Não foi esse o caso com Bonhoeffer. A coerência entre a teoria e a prática era fundamental para ele.
Tudo isso fez com que uma particularidade se destacasse como distintiva de todo o seu esforço teórico e ministerial – particularidade essa que justifica a união pouco provável de acontecimentos sociopolíticos contemporâneos com raciocínios teológicos do século passado. Bonhoeffer almejava que seus pensamentos sobre Jesus Cristo se mostrassem eticamente frutífero para a sua época. A preocupação com a atualidade da confissão de fé em Cristo marca a obra de Bonhoeffer e nos desafia, ainda hoje, a fazer o mesmo: pensar os acontecimentos contemporâneos através de uma mediação cristocêntrica relevante à nossa geração.
Em uma profunda disposição de unidade e cooperação, a intenção de cada uma das páginas do livro é justamente mostrar que o principal desafio que a Igreja brasileira tem no início do século 21 é restabelecer o equilíbrio entre pensamento teológico ortodoxo e ação integral da Igreja na sociedade. Entretanto, essa unidade não é feita de qualquer foram. Na contramão de muitos outros esforços semelhantes no Brasil, a busca do livro é romper com a tensão entre teoria e prática, e não com os irmãos envolvidos nela. Todas as problematizações presentes na obra, foram empreendidas de dentro, por quem crê como eles e que quer dar continuidade na caminhada teológica brasileira – e não romper com quem veio antes de nós. Isso significa que a obra não foi escrita com nenhum sentimento de ressentimento por qualquer parte da atividade teológica brasileira. Tanto uma tradição mais teórica, quanto nossos irmãos mais integrais, cumpriram o seu papel no que dizia respeito aos propósitos de Deus para a nossa nação. O que precisamos, na verdade, é superar a tendência recorrente em nosso meio, de cristãos brasileiros optando por uma ou outra tradição teológica, como se fossem antagônicas – ou até mesmo rivais!
O grande mérito da obra Ortodoxia Integral, talvez seja a motivação de fazer com que seus leitores compreendam que o que precisamos não é uma mudança ou o abandono dos nossos paradigmas de fé, mas a transformar de nossa consciência sobre a missão cristã no mundo contemporâneo. Por meio de um exame direcionado das Escrituras, teremos condições de produzir um entendimento da espiritualidade cristã em que teoria e prática não sejam mais duas coisas distintas, mas dimensões de uma mesma realidade. Isso será feito, a tal ponto, que nenhum discípulo de Cristo conseguirá pensar em uma teoria que não seja radicalmente prática e em uma prática que não seja profundamente teórica.
https://livrariaprimicias.com.br/ortodoxia-integral.html
ABSTRACT: This article has as main objective to show that the repetition of the intellectual gesture of Paul of Tarsus is one of the privileged conditions to overcome the situation of political eclipse in which countries governments today are. This objective has two particular aspects. First, regards to the potential and intrinsic philosophical value to the Pauline text itself to philosophy. Secondly, it refers to the rediscovery and developments that a contemporary thinker undertook from these texts. The Pauline messianism by Giorgio Agamben lenses is at the same time, potential repository, as well as intelligibility condition of philosophy itself that the Italian has developed in recent years.
aparente aglomerado filosófico, nossa pergunta metodológica indaga-se pela possibilidade de falar de um fio condutor no pensamento do filósofo das inúmeras passagens e anotações fragmentadas? A hipótese que sustentaremos no presente trabalho é que o messianismo de Benjamin percorre toda a sua obra, como uma corrente elétrica que alimenta e ilumina todos os seus escritos.
Abstract: from the recent events involving refugees and migrants to Europe, this article discusses the contemporary political condition. Through key biopolitics reading Michel Foucault and Giorgio Agamben, will try to show what is at the core of the distinguishing features of the current governmentality is a biologization of bare life. That is, the mere concern itself with the bodies of killable individuals-although at the same time, they are insacrificáveis. To this end, we will work with the legal and political paradoxes involving the notion of sovereignty, but also the aporia involving the constituent power and constituted power.
genealogia não nos remete a uma saudosa lembrança de um tempo mais originário e puro do ser humano, mas antes, visa possibilitar a estes indivíduos as condições necessárias de pensar novos conceitos, dinâmicas e ações políticas na
contemporaneidade.
Keywords: technique, modernity, truth, serenity
its practices through a growing insertion of life at the center of public
management. This biopolitical turn unleashed a series of new processes
and dynamics in society which have as primary goal the regulatory
intervention of life. This paper will present a specific unleashment: the
profusion of virtual exception spaces in which reigns the policy of silence.
Virtual is here understood in its computational sense, as that reality which
exists only as world simulation of life through a set of electronic devices
(hardware). Faced with the imperative to communicate in a continuous
transmission of speech, through the abundant social networks, the
contemporary witnesses the transformation of language into noise.
Although we think we have more possibilities of expression, in fact we
help to build a scenario in which the hallucinating reproduction of the
word creates a polyphonic sound that resembles a continuous noise and
prevents us from discerning the well-saidfrom the badly-said. Given this, we
ask ourselves about the danger that the world, its essential openness and
the real would sink into virtual violence that touches us through policies
of silence.