Papers by Raul Nunes

Compolítica, 2023
Este trabalho busca adicionar o entretenimento às análises sobre a dimensão comunicativa da ascen... more Este trabalho busca adicionar o entretenimento às análises sobre a dimensão comunicativa da ascensão política de Jair Bolsonaro. Na primeira seção, dialogamos com a literatura sobre entretenimento e política, argumentamos por sua pertinência e propomos a integração das abordagens que enfatizam mediação, lógica e celebridades. Na segunda seção, apresentamos um panorama sobre os dados coletados, que correspondem a 34 participações de Bolsonaro em programas de entretenimento da TV aberta de alcance nacional entre 2010 e 2018. Por fim, à luz dos dados, defendemos o argumento de que a inserção de Bolsonaro no entretenimento contribuiu para sua normalização e projeção. No primeiro sentido, pontuamos que o formato e a recorrência dos programas abriram espaço para a normalização da imagem de Bolsonaro e seu discurso. No segundo, exploramos como a mudança de postura e foco de Bolsonaro ao longo dos programas contribuiu para sua projeção não só entre telespectadores, mas também nas redes sociais.

No clássico Mudança estrutural da esfera pública Jürgen Habermas analisa as mudanças da relação e... more No clássico Mudança estrutural da esfera pública Jürgen Habermas analisa as mudanças da relação entre o público e o privado na história das sociedades europeias, entendendo como momento chave da modernidade a emergência de uma divisão mais nítida entre mercado, Estado e sociedade civil. É neste ínterim que emerge a esfera pública "como a esfera de pessoas privadas que se reúnem em um público"[1] cujo medium consiste na "discussão pública mediante razões" [2]. A esfera pública cada vez mais se consolida como parte fundamental da democracia liberal, uma vez que "por meio da opinião pública, faz a mediação entre o Estado e as necessidades da sociedade" [3]. Alberto Melucci parte daí para entender os "novos" movimento sociais: "Os atores nos conflitos são cada vez mais temporais e sua função é revelar os problemas, anunciar à sociedade que existe um problema fundamental em uma área dada"[4] (tradução minha). Os movimentos sociais são verdadeiros profetas do presente.
Os anos que se seguiram à reeleição de Dilma Rousseff foram de extrema incerteza. O Partido dos T... more Os anos que se seguiram à reeleição de Dilma Rousseff foram de extrema incerteza. O Partido dos Trabalhadores alcançava pela quarta vez o cargo máximo da nação, embora desgastado com a esquerda, com a população e com a base aliada. Enfraquecido com o julgamento do Mensalão pelo Supremo Tribunal Federal em 2012 e o início da Operação Lava-Jato da Polícia Federal em 2014, o partido precisou se aliar cada vez mais a pequenos e médios partidos à direita para garantir sua permanência no poder. Crescentemente, o PT foi sendo associado à corrupção, com grande ativismo da mídia. Some-se a isso uma oposição que não aceitou a derrota e um belicoso presidente da Câmara dos Deputados. Como resultado, 2016 foi o ano da cassação e prisão de Eduardo Cunha, impeachment de Dilma e uma derrota expressiva da esquerda nas eleições municipais, consolidando a aliança PMDB-PSDB que hoje governa o país.

Em 2016 os Dicionários Oxford escolheram como palavra do ano o termo "pósverdade"[i], devido seu ... more Em 2016 os Dicionários Oxford escolheram como palavra do ano o termo "pósverdade"[i], devido seu uso crescente a partir de maio, quando Donald Trump foi declarado candidato republicano às eleições presidenciais dos Estados Unidos e com a saída da Grã-Bretanha da União Europeia (o Brexit), o que aconteceu em junho. Segundo os Dicionários, o "pós", como usado contemporaneamente, denotaria não um período posterior, mas um presente em que a verdade seria deixada de lado, sobretudo no debate político. Os fatos seriam escamoteados em favor de um populismo que mobiliza os sentimentos, e não a racionalidade das pessoas. Catapultada pela mídia inicialmente para descrever essas figuras neoconservadoras e antiglobalização (por vezes referida como extrema direita), a expressão ganhou terreno nas conversas cotidianas [ii]. A força pretensamente autoexplicativa do termo joga para escanteio qualquer discussão mais substantiva sobre a relação entre política e verdade, como se a "era da pós-verdade" fosse verdade inconteste. Façamos então esse exercício.

Butler vs. Bourdieu: uma batalha no reino das práticas julho 13, 2017 por sociofella r Raul Nunes... more Butler vs. Bourdieu: uma batalha no reino das práticas julho 13, 2017 por sociofella r Raul Nunes A vida social é essencialmente prática. Todos os mistérios que seduzem a teoria para o misticismo encontram a sua solução racional na práxis humana e no compreender desta práxis. Karl Marx, Teses sobre Feuerbach Ao tomarmos Émile Durkheim como eixo central da investigação sociológica, teremos os fatos sociais acompanhando o movimento pendular da teoria, ora pendendo para o "individualismo metodológico" weberiano, ora para o "estruturalismo" marxista. Se é verdade, como propôs Jeffrey Alexander (1987), que o embate estrutura x ação foi uma resposta ao estrutural-funcionalismo de Talcott Parsons, fato é que o embate propriamente ontológico da teoria social deu-se e dá-se ainda hoje em outra chave: ação x prática. Não é menor que Karl Marx e Max Weber tenham utilizado termos diferentes para falar da intervenção do ser humano sobre a realidade: ação (handeln), opção weberiana, aponta para um ato isolado, enquanto prática (praktisch), opção marxiana, Butler vs. Bourdieu: uma batalha no reino das pr.

Desde o colapso financeiro de 2008, gestado nos Estados Unidos e espalhado em efeito cascata devi... more Desde o colapso financeiro de 2008, gestado nos Estados Unidos e espalhado em efeito cascata devido à globalização da economia, multiplicaram-se situações de tensão e indeterminação que são comumente tratadas por "crise". Tal termo é utilizado em múltiplos sentidos para abordar casos e objetos muito distintos. Associa-se a "crise" cenários de tensão política nacional (como as crises da Grécia, de Portugal, da Venezuela, do Brasil e outros tantos exemplos recentes), entraves à produção e ao crescimento capitalista (crises econômicas), impasses institucionais, entre outros. A polissemia e a multiplicidade das aplicações do conceito por vezes dificulta a compreensão dos sentidos que lhe são atribuídos para tratar de fenômenos sociais específicos. Como este dossiê lida diretamente com questões de crise(s), julgamos ser proveitosa esta análise introdutória que busca mapear, comparar e contrastar diferentes abordagens das ciências sociais que recorrem ao conceito para tratar de temáticas políticas. Nosso objetivo, portanto, é apresentar ao leitor parâmetros que permitam situar as divergências e convergências semânticas encontradas na literatura segundo critérios que serão estabelecidos na sequência.
As instituições políticas e econômicas de uma nação são o que definem seu sucesso ou seu fracasso... more As instituições políticas e econômicas de uma nação são o que definem seu sucesso ou seu fracasso. Essa é a tese central de Why nations fail: the origins of power, prosperity and poverty, livro lançado pelos economistas Daron Acemoglu e James A. Robinson em 2012. Contrariando perspectivas deterministas, os autores enfatizam o caráter contingente e mutável da história. A popularidade da obra deve-se a seu vasto mergulho empírico na história das nações, utilizando-se de exemplos limítrofes e casos intrigantes para ilustrar uma conclusão simples: o sucesso de uma nação é uma escolha da própria sociedade -obviamente a partir de seu contexto.
A questão da organização apresenta-se com frequência nas discussões sobre conflitos que envolvem ... more A questão da organização apresenta-se com frequência nas discussões sobre conflitos que envolvem interesses coletivos. Organização parece ser um elemento central para a efetividade e durabilidade de ações coletivas. Mais do que isso, há quem argumente que organizações são parte constitutiva da democracia. Organizações e organizar-se, aliás, distinguem-se enquanto substantivo e verbo.

O texto inicia-se com uma constatação da existência de três segmentos das teorias dos movimentos ... more O texto inicia-se com uma constatação da existência de três segmentos das teorias dos movimentos sociais, a TPP, a TMR e a TNMS, inserindo o presente trabalho neste último projeto. Para tanto, recorre-se a um trio de autores cruciais para essa abordagem: Alberto Melucci, James Jasper e Francesca Poletta. Com eles, verifica-se a centralidade do conceito de identidade coletiva para a TNMS na tentativa de alcançar os atores coletivos em suas dimensões solidárias, conflitivas e transformadoras. Voltando o olhar para os estudos sobre ciberativismo, o que se constata, ao contrário, é a quase que completa ausência do conceito supracitado nas análises. Encaminha-se então para uma adequação do conceito de identidade coletiva ao estudo sobre ciberativismo, por meio da adoção de esfera pública virtual e contrapúblico subalterno como tipos ideais que dizem da forma de construção de coletividades.
Conference Presentations by Raul Nunes

Dossier Acciones Colectivas y Movimientos Sociales XXXII Congreso Internacional ALAS Perú 2019, 2020
As teorias dos movimentos sociais podem ser divididas em grupos relativamente coesos em termos de... more As teorias dos movimentos sociais podem ser divididas em grupos relativamente coesos em termos de problemas de pesquisa e de conceitos, mas apresentam pouco diálogo efetivo entre si, em parte porque estão voltadas a um conjunto específico de aspectos dos movimentos sociais. Nesse sentido, propõe-se integrar as famílias de teorizações sobre movimentos sociais num quadro mais amplo da sociologia política, amparado na teoria dos campos como teoria social de médio alcance e na teoria da subjetividade coletiva como teoria social geral. Da teoria dos campos, retém-se a concepção do campo como ordem social de nível médio que possui caráter dinâmico-isto é, um campo pode surgir, se consolidar e desaparecer a partir da interação entre os atores e entre os campos. Da teoria da subjetividade coletiva, é crucial o entendimento de que as coletividades humanas apresentam variadas características e estão sempre em constante interação, seja na forma de cooperação ou de conflito. A partir daí se desdobram três categorias presentes nos campos: atores, práticas e gramáticas. Os atores são as partes que se envolvem no conflito em algum nível, disputando determinados recursos num mesmo campo. As práticas correspondem à forma das interações entre os atores, que sempre combinam cooperação e conflito, com os atores podendo se organizar, coordenar suas ações ou entrar em confronto com outros atores. A terceira e última categoria corresponde a gramáticas, ou seja, aos enquadramentos e ideologias presentes num ator ou campo. O objetivo dessas categorias é condensar e integrar conceitos das teorias dos movimentos sociais.

Compolítica, 2019
Resumo: O interesse sobre o ciberativismo vem crescendo na sociedade como um todo e na academia e... more Resumo: O interesse sobre o ciberativismo vem crescendo na sociedade como um todo e na academia em particular. Entretanto, raros são os trabalhos que empreendem abordagem diacrônica do ativismo que tem lugar na internet. Deste modo, este trabalho teve como objetivo esboçar uma primeira narrativa sobre a história do ciberativismo no Brasil, levando em conta seus atores e suas práticas. Para tanto, utilizou-se da literatura empírica existente de modo a levantar dados, fatos e processos. Com isso, percebeu-se três momentos do ciberativismo no país: 1) o surgimento, em que os portais eram a base do ativismo e serviam como fonte de informação e espaço de expressão e articulação; 2) a consolidação, em que os blogs promoviam redes de debates (blogosferas); 3) a rotinização do ciberativismo, tornando-o parte do cotidiano, com o advento das redes sociais, que possibilitaram debates, expressão, informação e ainda convocação de protestos.

Gênero e feminismo tem ocupado crescente espaço nos debates contemporâneos, sejam acadêmicos ou c... more Gênero e feminismo tem ocupado crescente espaço nos debates contemporâneos, sejam acadêmicos ou cotidianos. Para cada afirmação, uma crítica feminista (ou de gênero). Com bastante esforço feministas e estudiosas de gênero vem construindo novas epistemologias 2 . Os debates sobre feminismo e gênero são tão frutíferos quanto intermináveis: diferença ou igualdade? Redistribuição ou reconhecimento? 3 Mulher ou mulheres? Quem é mulher? 4 Homem pode ser feminista? Travesti é feminista? Mulher trans é mulher? De todos os debates este último talvez seja o mais corrente e polêmico na militância feminista -junto com os da prostituição e da pornografia 5 . Todo coletivo feminista que tente se manter atualizado em algum momento discutirá a questão trans. E que questão é essa? Transgeneridade, transexualidade e travestilidade encerram hoje o maior problema de gênero. A ascensão de Judith Butler e a incisividade de ativistas trans colocam em cheque o último pilar de sustentação da naturalidade do gênero: o seu binômio, sexo (BUTLER, 2008, p 25). A mulher é sua vagina? E até mesmo a mais famosa citação de Beauvoir vira lenha na fogueira 6 . Não há Scott que se salve 7 .

São diversos os espaços de militância feminista, mas um em especial tem despontado como locus do ... more São diversos os espaços de militância feminista, mas um em especial tem despontado como locus do transfeminismo no Brasil: o ciberespaço. O transfeminismo.com, site surgido em 2011, tornou-se um coletivo e uma fonte de informações sobre o feminismo direcionado às questões trans. Nesta plataforma produz-se identidade coletiva por meio de investimentos emocionais, uma rede ativa de relacionamentos e a criação de definições cognitivas do conflito e do " nós ". Articulam-se conceitos como "cisgeneridade" e demandas como a despatologização das identidades trans numa intrincada elaboração sobre a opressão específica sofrida pelas pessoas trans (transfobia) e os caminhos feministas para sua resolução, que perpassam por um enfrentamento dos sistemas médico e jurídico. Aliando-se e afastando-se de outros expoentes do ciberfeminsmo brasileiro, o transfeminismo tece sua rede de relações. E num grupo do Facebook podem ser observadas as interações entre as militantes. Com esse trabalho que apresenta os resultados de uma pesquisa de mestrado pretende-se utilizar o conceito de identidade coletiva, advindo da sociologia dos movimentos sociais, para aplicação no estudo do ciberativismo e, neste caso, do ciberfeminismo.
Thesis Chapters by Raul Nunes

Essa pesquisa se insere no campo de Internet & Política a partir do debate sobre o ciberativismo ... more Essa pesquisa se insere no campo de Internet & Política a partir do debate sobre o ciberativismo no Brasil, com vistas a contribuir para a historicização do ciberativismo como um campo de disputas em torno da opinião pública. A tese enfrenta algumas das lacunas na literatura, como a compreensão do ciberativismo como um campo relativamente autônomo de disputas, a mobilização de um quadro analítico que parte do diálogo com as teorias dos movimentos sociais e uma análise diacrônica de seu desenvolvimento, levando em conta diferentes subcampos. Os dois primeiros capítulos buscam fornecer um quadro teórico-metodológico para a análise do objeto e os três últimos reconstituem os períodos do desenvolvimento do campo ciberativista no Brasil. Nesse sentido, o primeiro capítulo toma como base a teoria das subjetividades coletivas, como teoria geral, e a teoria dos campos, como teoria de médio alcance, para, a partir das diferentes vertentes das teorias dos movimentos sociais, elaborar as categorias analíticas de atores, práticas e gramáticas em interação. No segundo capítulo, o ciberativismo é tratado como objeto teórico e empírico, de modo a propor uma sociologia digital que utilize arquivos da web para a análise de redes sociais, destrinchando a construção do corpus, os parâmetros da análise e o uso de dados secundários. A parte propriamente empírica da tese empreende uma avaliação da hipótese segundo a qual o ciberativismo no Brasil pode ser considerado um campo estável de disputas. O período de emergência do campo é tratado no terceiro capítulo, que descreve a construção da sociedade em rede no país com a ação decisiva do IBASE, o surgimento dos primeiros portais ciberativistas nos anos 1990 e a interação entre os portais ampliados após a virada do milênio. O quarto capítulo explora a febre do ciberativismo a partir de 2005-6, que põe blogosferas em disputa e abre o período de consolidação, em que três grandes subcampos se formam e caminham para a institucionalização: o de centro-esquerda, o de centro-direita e o de direita-radical; além disso, abre um debate sobre o subcampo ciberfeminista. No quinto e último capítulo, a rotinização do campo ciberativista é observada a partir das manifestações de 2013 e da abertura de um novo ambiente comunicacional, com a plataformização da web. A tese conclui que o ciberativismo emergiu e se consolidou como campo de ação por meio das interações entre blogosferas e que com a abertura de um novo cenário técnico e político em 2013 esse campo passa por reacomodações, com uma migração para as plataformas de redes sociais. Finalmente, essa pesquisa entende que o campo ciberativista se constituiu não só como um polo de agendamento da opinião pública, mas antes, entra na disputa no mercado de informação como espaço legítimo de produção da opinião pública.

O presente trabalho teve como objetivo compreender como se dá a construção de identidade coletiva... more O presente trabalho teve como objetivo compreender como se dá a construção de identidade coletiva no site/coletivo transfeminismo.com, percebendo a criação de definições cognitivas do conflito e do “nós”, o investimento emocional e a rede ativa de relacionamentos. Com isso se objetivou atinar para a pertinência do conceito de identidade coletiva para o estudo do ciberativismo, salientando suas possibilidades e peculiaridades. Definido o ciberativismo como a utilização da internet pelos movimentos sociais, coube analisar como se perfaz essa relação. No estudo específico do transfeminismo.com o conceito de identidade coletiva foi operacionalizado no exame do site transfeminismo.com, do grupo do Facebook “Transfeminismo <3” e das interações com outros blogs/sites (Blogueiras Feministas, Geledés e Escreva, Lola, Escreva). Assim se observou que a publicação de textos no site funciona como produção de um enquadramento delimitado, que forja uma unidade identitária e também exclusões na construção do “nós”. O grupo no Facebook mostrou pouco debate, mas variadas formas de postagens que criam afetividade entre os indivíduos que o compõem. As interações com outros blogs/sites evidenciam relações de solidariedade e de disputa entre os sujeitos ciberativistas. Finalmente, conclui-se com uma reflexão sobre a importância do site/coletivo transfeminismo.com enquanto contrapúblico interconectado a inserir-se na esfera pública virtual e o papel do anonimato na fabricação da identidade coletiva transfeminista por meio do ciberativismo.
Artigos by Raul Nunes
Núcleo de Estudos de Teoria Social e América Latina (NETSAL): histórico, abordagens, produções e contestações, 2019
Artigo escrito por Raul Nunes e Simone Gomes inserido no Dossiê Especial "50 anos de produção e t... more Artigo escrito por Raul Nunes e Simone Gomes inserido no Dossiê Especial "50 anos de produção e transmissão de conhecimento do IESP-UERJ por seus estudantes" da revista Caderno de Estudos Sociais e Políticos (CESP)
Books by Raul Nunes

Junho de 2013: sociedade, política e democracia no Brasil, 2022
Os protestos de Junho de 2013 continuam, de fato, a suscitar longos debates na esfera pública e n... more Os protestos de Junho de 2013 continuam, de fato, a suscitar longos debates na esfera pública e no meio acadêmico. No calor do momento, diversas interpretações apressadas foram feitas, muitas das quais simplesmente encaixando os eventos nos quadros referenciais dos autores e das autoras, quase sempre caindo no maniqueísmo entre um movimento autônomo (Cava e Cocco, 2014; Moraes et al., 2014; Judensnaider et al., 2013) ou fascista (Reis e Soares, 2017; F. Santos, 2013; Souza, 2016). Embora alguns estudos mais detidos venham sendo elaborados (Bringel e Pleyers, 2015; Tavares et al., 2016; Mendonça e Figueiredo, 2019; Mendonça e Bustamante, 2020), fato é que pouco esforço foi feito ainda no sentido de inserir essas manifestações em uma temporalidade ampliada, buscando enfatizar o caráter processual da história. Eis o exercício que se esboça aqui: examinar as camadas do tecido social necessárias para recompor as teias por trás dessa temporalidade ampla, que tem seus antecedentes em 1978 e chega até a atualidade, coincidindo com o início, o desenvolvimento e o ocaso do que se convencionou chamar de Nova República.
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