Papers by Pedro Sussekind
Revista Z Cultural, 2024
O artigo se baseia numa palestra apresentada no encontro “ECOS CONTEMPORÂNEOS DE 1964”, realizado... more O artigo se baseia numa palestra apresentada no encontro “ECOS CONTEMPORÂNEOS DE 1964”, realizado pelo Programa Avançado de Cultura Contemporânea da UFRJ. Minha proposta é fazer um comentário
sobre o contexto em que escrevi o romance Anistia, publicado em 2021. Reflito sobre o termo "anistia" e sua ambivalência, comentando a escolha da palavra como título de uma narrativa sobre um estudante que, em 1979, busca notícias do pai, um dos desaparecidos dos anos de chumbo da ditadura militar brasileira. Destaco as articulações entre aquele período e o contexto político contemporâneo no qual, mais do que nunca, é necessário rememorar nosso passado.

O que nos faz pensar, 2023
Neste artigo, tenho a intenção de analisar a trama amorosa do romance Grande Sertão: veredas, a f... more Neste artigo, tenho a intenção de analisar a trama amorosa do romance Grande Sertão: veredas, a fim de mostrar sua articulação com a trama épica (as guerras entre jagunços). Defendo que Guimarães Rosa desenvolve uma dialética entre dois extremos: o amor carnal, ou desejo erótico, simbolizado pela prostituta Nhorinhá, e o amor espiritual, ou paixão romântica, simbolizado pela noiva Otacília. A relação do protagonista Riobaldo com essas duas personagens é atravessada pelo ciúme de seu amigo Diadorim, expressão de um amor proibido no qual aqueles dois extremos se misturam. A partir de determinadas passagens do romance, discuto a caracterização de Diadorim como figuração da máxima ambiguidade, que é o princípio articulador da narrativa. Nessa figuração, a mistura dos elementos opostos (o feminino e o masculino, a delicadeza e a ferocidade, o ódio e o desejo) articula a trama amorosa não só com a trama épica do romance, mas também com o seu tema metafísico-religioso (a especulação sobre Deus e o diabo).

Viso: Cadernos de Estética Aplicada, 2023
O artigo defende que o extenso debate sobre a relação de Shakespeare e Montaigne deve ser pensad... more O artigo defende que o extenso debate sobre a relação de Shakespeare e Montaigne deve ser pensado a partir da história da recepção dos dois autores. Com base em uma consideração sobre o desenvolvimento desse debate desde o final do século XIX até os dias atuais, é analisado o mais aceito caso de intertextualidade entre obras dos dois escritores, um trecho de "Dos Canibais" citado em A tempestade.
The paper argues that the extensive debate about the relationship between Shakespeare and Montaigne should be considered from the perspective of the history of the reception of the two authors. Based on a evaluation of the development of this debate from the end of the 19th century to the present day, the discussion is centered on the most accepted case of intertextuality between works by the two writers: an excerpt from "On the Cannibals" quoted in The tempest.
Viso, Jan 23, 2010
Considerações sobre a teoria filosófica do gênio Este artigo corresponde a comunicação proferida ... more Considerações sobre a teoria filosófica do gênio Este artigo corresponde a comunicação proferida na mesa "Gênio" do Colóquio "Gênio, criação, autoria", organizado pela Revista Viso e pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, e realizado nas dependências dessa instituição entre os dias 03 e 05 de novembro de 2009.
Viso, Dec 28, 2021
Lucidez diante da barbárie Para comentar o ensaio "Primo Lévi, razão, narração, lacunas", de Jean... more Lucidez diante da barbárie Para comentar o ensaio "Primo Lévi, razão, narração, lacunas", de Jeanne Marie Gagnebin, exploro a herança iluminista do narrador sóbrio e meticuloso de É isto um homem? e proponho uma aproximação entre esse livro e Dialética do esclarecimento, de Adorno e Horkheimer. Considero que as duas obras, publicadas em 1947, logo após o fim da II Guerra Mundial, lidam com uma questão histórica subjacente: Como o projeto europeu das Luzes, que levou à queda do Antigo Regime e fundamentou as constituições dos Estados democráticos modernos, pode ter resultado no totalitarismo, no fascismo, na barbárie?
Viso, Jan 3, 2015
Uma paródia do mundo dos mortos Esse artigo é uma réplica ao texto de Pedro Caldas intitulado "A ... more Uma paródia do mundo dos mortos Esse artigo é uma réplica ao texto de Pedro Caldas intitulado "A mosca e a panela: as formas da morte em A montanha mágica".
Viso, Oct 19, 2018
A sociabilidade eletrônica e a tela total Esse artigo é uma réplica ao texto de Bernardo Barros O... more A sociabilidade eletrônica e a tela total Esse artigo é uma réplica ao texto de Bernardo Barros Oliveira intitulado "Por que narrativas de ficção no mundo da sociabilidade eletrônica?".
Viso: Cadernos de estética aplicada, 2012
Este artigo comenta o texto de Ernani Chaves “Foucault: cinismo, arte moderna e estética da exist... more Este artigo comenta o texto de Ernani Chaves “Foucault: cinismo, arte moderna e estética da existência”. O tema indicado no título desse texto é especificado por quatro hipóteses. A primeira diz respeito à relação entre as práticas de vida dos cínicos e o que se pode chamar de “vida artista”. A segunda é que, a partir da relação entre a prática de vida do cinismo e a atitude do artista moderno, seria possível vincular o dizer verdadeiro (parrêsia) e a arte. A terceira consiste em tomar Baudelaire como exemplo do artista moderno que encarna a parrêsia. Já a quarta hipótese não é interpretativa como as três primeiras, mas uma indicação comparativa: a tentativa de mostrar como a leitura do texto de Benjamin sobre Baudelaire pode ter influenciado a mudança de concepção de Foucault acerca do poeta francês.

Artefilosofia, 2011
Se, por um lado, os ensaios de Friedrich Schiller no campo da filosofi a, escritos na última déca... more Se, por um lado, os ensaios de Friedrich Schiller no campo da filosofi a, escritos na última década do século XVIII, tiveram grande repercussão no desenvolvimento da Estética fi losófi ca alemã-tanto nas teorias sistemáticas do Idealismo, quanto no movimento romântico-, por outro lado, seu ponto de partida é claramente delimitado: a fi losofi a crítica kantiana. Em diversas ocasiões, o autor reconhece a infl uência decisiva de Kant, e especialmente o impacto da leitura da Crítica da faculdade do juízo, como referência primordial para suas refl exões teóricas. Na primeira de suas cartas sobre a educação estética do homem, por exemplo, depois de anunciar o propósito de expor os resultados de suas investigações sobre o belo e a arte, ele observa que não pretende "ocultar a origem kantiana da maior parte dos princípios em que repousam as afi rmações que se seguirão". 1 Essa observação vem acompanhada, ainda, de um comentário sobre a maneira como tais princípios, vinculados à "parte prática do sistema kantiano", serão apresentados. Schiller comenta que a "forma técnica" da exposição sistemática, necessária para tornar as ideias evidentes ao entendimento, oculta sua verdade ao sentimento. A análise fi losófi ca se revelaria problemática especialmente quando se trata do fenômeno da beleza, porque "toda a sua magia reside em seu mistério, e a supressão do vínculo necessário de seus elementos é também a supressão de sua essência". 2 Por isso, o autor pede a indulgência de seus leitores com relação às investigações seguintes, que precisam, para captar a "aparência fugaz", fi xá-la aos grilhões da regra e "descarnar seu belo corpo em conceitos". Além de antecipar um importante debate sobre a forma de exposição do pensamento que adota em seus ensaios, Schiller indica na carta em questão dois temas que costumam ser ressaltados pelos comentadores de sua teoria estética. O primeiro é o belo; o segundo, a articulação da beleza à experiência moral, objeto da "parte prática" do sistema kantiano. Essa articulação, que se encontra na base do projeto de educação estética do homem, está relacionada a um diagnóstico do contexto histórico europeu do fi nal do século XVIII e a uma avaliação do papel da arte na cultura moderna. Minha intenção neste estudo é explorar um outro aspecto do pensamento kantiano retomado por Schiller em seus ensaios: o propósito de defi nir o ser humano. Em outras palavras, a tarefa fi losófi ca de responder à pergunta "O que é o homem?", considerada por Kant

O que nos faz pensar
Este ensaio procura mostrar que a abordagem da loucura em Rei Lear se desdobra em três manifestaç... more Este ensaio procura mostrar que a abordagem da loucura em Rei Lear se desdobra em três manifestações interrelacionadas, correspondentes a três personagens: Lear, Pobre Tom e o Bobo. O primeiro enlouquece em decorrência da senilidade e do choque emocional, o segundo encena o desvario de um possesso, e o terceiro usa ironicamente o nonsense para dizer verdades incômodas. Por meio desses personagens, aparecem em cena formas de explicação da loucura concorrentes: a médica, que se baseava no conceito de melancolia; a religiosa, que a associava à possessão demoníaca; e a satírica, que via a loucura como contraparte do saber racional. Recorrendo ao Elogio da loucura de Erasmo e à História da loucura de Foucault, a hipótese defendida no ensaio é a de que Shakespeare combinou diferentes aspectos da experiência da loucura presentes nas manifestações artísticas do início da modernidade, revelando assim uma relação dialética de loucura e sabedoria.
![Research paper thumbnail of O Velho, o Bobo e o Louco: Ensaio sobre a representação da loucura em Rei Lear [The old man, the fool and the madman: On the representation of madness in King Lear]](https://attachments.academia-assets.com/103453495/thumbnails/1.jpg)
O que nos faz pensar, 2022
Este ensaio procura mostrar que a abordagem da loucura em Rei Lear se desdobra em três manifest... more Este ensaio procura mostrar que a abordagem da loucura em Rei Lear se desdobra em três manifestações interrelacionadas, correspondentes a três personagens: Lear, Pobre Tom e o Bobo. O primeiro enlouquece em decorrência da senilidade e do choque emocional, o segundo encena o desvario de um possesso, e o terceiro usa ironicamente o nonsense para dizer verdades incômodas. Por meio desses personagens, aparecem em cena formas de explicação da loucura concorrentes: a médica, que se baseava no conceito de melancolia; a religiosa, que a associava à possessão demoníaca; e a satírica, que via a loucura como contraparte do saber racional. Recorrendo ao Elogio da loucura de Erasmo e à História da loucura de Foucault, a hipótese defendida no ensaio é a de que Shakespeare combinou diferentes aspectos da experiência da loucura presentes nas manifestações artísticas do início da modernidade, revelando assim uma relação dialética de loucura e sabedoria.
This essay intends to demonstrate that the approach to madness in King Lear can be divided in three interrelated manifestations, corresponding to three characters: Lear, Poor Tom and the Fool. The first becomes mad as a result of senility and emotional shock, the second feigns the madness of a possessed person, and the third ironically uses nonsensical statements to tell uncomfortable truths. Through these characters, competing forms of explanation of madness appear on the scene: the medical one, which is based on the concept of melancholy; the religious one, which associated it with demonic possession; and the satirical one, which saw madness as the counterpart of rational knowledge. Using Erasmus' Praise of Folly and Foucault's History of Madness, the hypothesis defended in the essay is that Shakespeare combined different sides of the experience of madness present in the artistic manifestations of early modernity, thus revealing a dialectical relationship between madness and wisdom.
On naive and sentimental Poetry, the last of Schiller’s philosophical writings, can be considered... more On naive and sentimental Poetry, the last of Schiller’s philosophical writings, can be considered as a synthesis of the discussions on ancient and modern that defines the aesthetic theory during the period of Weimar Classicism. According to Schiller, the imitation of the ideal of beauty in Greek art should be related to a consideration about the new standards in modern poetry. His thoughts on this subject sum up the concepts of ancient and modern, or classic and romantic, in the dialectic relation between the terms naif and sentimental.
O que nos faz pensar, 2014
Este artigo tem como tema a presença da filosofia em Hamlet. Com base em pesquisas a respeito das... more Este artigo tem como tema a presença da filosofia em Hamlet. Com base em pesquisas a respeito das fontes usadas por Shakespeare para escrever a peça, destacam-se três referências filosóficas: o estoicismo de Sêneca, o pensamento político de Maquiavel e o ceticismo de Montaigne. Essas três referências são associadas a personagens específicos: o fiel amigo Horácio é estoico; o rei usurpador Cláudio é maquiavelista; Hamlet admira o estoicismo de seu amigo, usa o maquiavelismo para lidar com a política que o ameaça e, ao mesmo tempo se isola, observando ceticamente um mundo que considera corrompido.
Viso: Cadernos de estética aplicada, 2016
Este artigo tem como ponto de partida o exemplo da relação espelhada entre um livro e uma pintura... more Este artigo tem como ponto de partida o exemplo da relação espelhada entre um livro e uma pintura de mesmo nome: o retrato que Lucian Freud fez do crítico de arte Martin Gayford e o diário que esse crítico escreveu sobre seu retratista, ambas as obras chamadas Homem com cachecol azul. A partir do exemplo, discuto a metáfora do espelho para caracterizar a arte, recorrendo para isso à teoria da representação artísticas elaborada pelo filósofo norte-americano Arthur Danto no artigo “O mundo da arte”, de 1964, e no primeiro capítulo do livro A transfiguração do lugar-comum, de 1981. Recorro, por fim, a dois exemplos artísticos de espelhamento na representação analisados por Danto em O abuso da beleza, de 2003, um quadro holandês do século dezessete e um poema de Rainer Maria Rilke.
Viso: Cadernos de estética aplicada, 2007
O artigo a seguir discute as conexões entre o filme Quei loro incontri, de Jean-Marie Straub, o r... more O artigo a seguir discute as conexões entre o filme Quei loro incontri, de Jean-Marie Straub, o romance Diálogos com Leucó, de Cesare Pavese, e as reflexões de Friedrich Hölderlin acerca da Grécia Clássica, dos deuses e do mundo moderno. A célebre pergunta "Para que poetas em tempos de indigência?", do poema "Pão e vinho" de Hölderlin, serve como referência para essa discussão.
Viso: Cadernos de estética aplicada, 2015
O tema deste comentário é a temporalidade que se constitui nos episódios da Odisseia em que o her... more O tema deste comentário é a temporalidade que se constitui nos episódios da Odisseia em que o herói assume a função de narrador e relata seu nostos, seu retorno para casa, na condição de navegante por mares e ilhas desconhecidos. Para estudar esse tema, tomo como referência o trecho do Canto IV em que Menelau narra sua aventura com Proteu, o ancião do mar. Destaco (seguindo indicações de Irene De Jong) alguns paralelos entre esse trecho e a narrativa feita por Ulisses na corte dos feácios, do canto IX ao XII. Por fim, com base em uma metáfora formulada por Adorno, proponho uma leitura alegórica da narrativa de Menelau que ressalta a relação entre o narrador-herói, a verdade e o tempo.
Cadernos Benjaminianos, 2013
Este artigo tem como tema a interpretação que Adorno e Horkheimer fazem, na Dialética do esclarec... more Este artigo tem como tema a interpretação que Adorno e Horkheimer fazem, na Dialética do esclarecimento, do episódio das sereias narrado no décimo segundo canto da Odisseia. Com base em comentários de Jeanne Marie Gagnebin sobre essa interpretação, ressalto não só a importância da questão da narrativa no episódio, como também os desdobramentos que a inclusão dessa questão oferece para a própria reflexão proposta pelos autores da Dialética do esclarecimento.

Revue germanique internationale, 2013
Nascimento do trágico (2006), qui s'intéresse à la thèse centrale de Szondi sur les débuts de la ... more Nascimento do trágico (2006), qui s'intéresse à la thèse centrale de Szondi sur les débuts de la philosophie du tragique dans le contexte de la pensée allemande du XIX e siècle. Cependant, comme l'intérêt de l'auteur porte surtout sur Nietzsche, cette reprise de la thèse de Szondi a un but très différent de celui qui oriente l'Essai sur le tragique, à savoir une reconstruction des développements de la philosophie du tragique selon un parcours historique qui aboutit à La Naissance de la tragédie. Ainsi, malgré l'intérêt de certains chercheurs, les contributions plus générales de Peter Szondi à la philosophie de l'art, l'herméneutique et la critique de la littérature sont encore très peu connues au Brésil. Il est possible que cette partialité de la réception brésilienne soit progressivement corrigée, notamment avec la publication de nouvelles traductions, en particulier ses études sur Hölderlin et Celan,
DoisPontos, 2014
Este artigo elabora duas hipóteses a respeito do expressionismo abstrato norte-americano. A prime... more Este artigo elabora duas hipóteses a respeito do expressionismo abstrato norte-americano. A primeira, baseada nas ideias de Clement Greenberg, é que esse movimento pode ser considerado o ápice da evolução do modernismo. A segunda, baseada em considerações de Robert Rosenblum e Jean-François Lyotard, é que os pintores expressionistas abstratos exploraram uma estética do sublime. Portanto, eles retomam a seu modo a elaboração de uma categoria estética tradicional, que já tinha sido tema da pintura figurativa romântica. A principal referência para essa vinculação entre o expressionismo abstrato e o sublime é a obra de Barnett Newman.
Uploads
Papers by Pedro Sussekind
sobre o contexto em que escrevi o romance Anistia, publicado em 2021. Reflito sobre o termo "anistia" e sua ambivalência, comentando a escolha da palavra como título de uma narrativa sobre um estudante que, em 1979, busca notícias do pai, um dos desaparecidos dos anos de chumbo da ditadura militar brasileira. Destaco as articulações entre aquele período e o contexto político contemporâneo no qual, mais do que nunca, é necessário rememorar nosso passado.
The paper argues that the extensive debate about the relationship between Shakespeare and Montaigne should be considered from the perspective of the history of the reception of the two authors. Based on a evaluation of the development of this debate from the end of the 19th century to the present day, the discussion is centered on the most accepted case of intertextuality between works by the two writers: an excerpt from "On the Cannibals" quoted in The tempest.
This essay intends to demonstrate that the approach to madness in King Lear can be divided in three interrelated manifestations, corresponding to three characters: Lear, Poor Tom and the Fool. The first becomes mad as a result of senility and emotional shock, the second feigns the madness of a possessed person, and the third ironically uses nonsensical statements to tell uncomfortable truths. Through these characters, competing forms of explanation of madness appear on the scene: the medical one, which is based on the concept of melancholy; the religious one, which associated it with demonic possession; and the satirical one, which saw madness as the counterpart of rational knowledge. Using Erasmus' Praise of Folly and Foucault's History of Madness, the hypothesis defended in the essay is that Shakespeare combined different sides of the experience of madness present in the artistic manifestations of early modernity, thus revealing a dialectical relationship between madness and wisdom.
sobre o contexto em que escrevi o romance Anistia, publicado em 2021. Reflito sobre o termo "anistia" e sua ambivalência, comentando a escolha da palavra como título de uma narrativa sobre um estudante que, em 1979, busca notícias do pai, um dos desaparecidos dos anos de chumbo da ditadura militar brasileira. Destaco as articulações entre aquele período e o contexto político contemporâneo no qual, mais do que nunca, é necessário rememorar nosso passado.
The paper argues that the extensive debate about the relationship between Shakespeare and Montaigne should be considered from the perspective of the history of the reception of the two authors. Based on a evaluation of the development of this debate from the end of the 19th century to the present day, the discussion is centered on the most accepted case of intertextuality between works by the two writers: an excerpt from "On the Cannibals" quoted in The tempest.
This essay intends to demonstrate that the approach to madness in King Lear can be divided in three interrelated manifestations, corresponding to three characters: Lear, Poor Tom and the Fool. The first becomes mad as a result of senility and emotional shock, the second feigns the madness of a possessed person, and the third ironically uses nonsensical statements to tell uncomfortable truths. Through these characters, competing forms of explanation of madness appear on the scene: the medical one, which is based on the concept of melancholy; the religious one, which associated it with demonic possession; and the satirical one, which saw madness as the counterpart of rational knowledge. Using Erasmus' Praise of Folly and Foucault's History of Madness, the hypothesis defended in the essay is that Shakespeare combined different sides of the experience of madness present in the artistic manifestations of early modernity, thus revealing a dialectical relationship between madness and wisdom.
Os dois ensaios dedicados à Odisseia discutem, respectivamente, a busca da verdade empreendida na Telemaquia e a forma de narração do episódio das sereias, tendo como principal referência a interpretação desse episódio na Dialética do esclarecimento, de Adorno e Horkheimer. A segunda parte é constituída por dois estudos de Rei Lear que extraem da peça questões históricas, matemáticas, antropológicas e filosóficas, além de questionar a problemática recepção dessa tragédia que já foi renegada, considerada impossível de encenar e ao mesmo tempo avaliada como a obra‑prima de Shakespeare. A terceira parte discute a presença da filosofia em Grande sertão: veredas e as questões suscitadas pela estrutura narrativa do romance. Os ensaios levam em conta a apropriação que Guimarães Rosa faz de temas tradicionais da filosofia e da literatura, o caráter indomável ou inclassificável desse livro modernista brasileiro, assim como sua rica fortuna crítica.