Papers by Mariana de Toledo Barbosa
Variações deleuzianas: por um devir menor do pensamento e da vida, 2024
O objetivo deste artigo é lançar luz sobre a criação do conceito deleuzo-guattariano de experimen... more O objetivo deste artigo é lançar luz sobre a criação do conceito deleuzo-guattariano de experimentação, principalmente em sua vertente ética, explorando alguns de seus componentes, de modo a destacar a marca de Espinosa na ética de Deleuze.
Revista de Filosofia AURORA, 2024
O objetivo principal deste artigo é explicitar a dimensão política da língua e seu papel na monta... more O objetivo principal deste artigo é explicitar a dimensão política da língua e seu papel na montagem do conceito deleuzo-guattariano de agenciamento. Para tanto, é indispensável demonstrar como a criação do conceito de agenciamento depende de componentes forjados com o pensamento de Hjelmslev, o que será feito em dois movimentos: o rastreamento de algumas noções da linguística de Hjelmslev, em seus pontos de consenso e dissenso com Saussure; e a elucidação da operação de incorporação da linguística hjelmsleviana pela filosofia de Deleuze e Guattari, em especial no conceito de agenciamento.

Revista Trágica: Estudos de Filosofia da Imanência, 2024
Ao longo de sua obra -sozinho ou em parceria com Félix Guattari-, Deleuze recorre à literatura pa... more Ao longo de sua obra -sozinho ou em parceria com Félix Guattari-, Deleuze recorre à literatura para levantar problemas e propor novos conceitos. A proposta deste artigo é explicitar o uso que o filósofo faz da arte literária por meio de uma análise de três casos: Proust, Kafka e Melville. O foco é a importância de cada um desses escritores para a recolocação de seus problemas políticos. Assim, em Proust e os signos, a conexão entre os conceitos de signo e estilo promove uma política da língua que coloca em questão a noção de Todo, fazendo emergir um novo olhar de conjunto, de unidade derivada. Em Kafka: por uma literatura menor, escrevendo com Guattari, a questão é a maneira pela qual Kafka explora o uso que a minoria judaica de Praga faz do alemão padrão para desmontá-lo e, com isso, arrastar as coordenadas do campo social na direção de um "devir-minoritário". Em seu ensaio sobre Melville (Crítica e clínica), a fórmula "Eu preferiria não" dispara o desenvolvimento de uma tipologia de personagens em que Bartleby e Billy Bud, de um lado, e Ahab e Claggart, de outro, aparecem como antípodas que permitem tensionar o ideal democrático norte-americano e abri-lo para novas conexões (um devir-democrático).

FREITAS, F. L. C. (org.) Algumas intercessões epistemológicas e metodológicas entre as Ciências Humanas e os Saberes Psi, 2024
O título “Trauma e acontecimento” se presta a pelo menos
duas leituras, não necessariamente exclu... more O título “Trauma e acontecimento” se presta a pelo menos
duas leituras, não necessariamente excludentes. A primeira questiona
se o trauma de fato aconteceu, ou melhor, se ele tem um caráter
factual, se ele se passou na realidade concreta, material. E isso
tem uma importância para o campo da psicanálise, sobretudo em
seus primórdios, em que houve divergências a esse respeito, como
se nota, por exemplo, nas diferentes posições de Freud e Ferenczi. A
segunda leitura depende da entrada em cena de um psicanalista de
outra geração, Winnicott, que parece sugerir que não se responda,
mas se deixe em suspenso, a questão sobre a realidade material ou
concreta do trauma. Ao fazer isso, ele promove um deslocamento
de perspectiva, que introduz uma nova articulação entre o trauma
e o acontecimento, que se enriquece ainda de mais nuances quando
se recorre ao conceito deleuziano de acontecimento.
Deleuze descreve o acontecimento como um efeito incorporal
que incide sobre sobre os corpos, como um sentido que
interfere no plano material. Além disso, sublinha que o acontecimento
incorporal não existe à maneira dos corpos, mas insiste,
efetuando-se de modo inesgotável, conforme a uma temporalidade
que escapa inteiramente do tempo presente vivido. Ler o trauma
como acontecimento permite não apenas uma compreensão
mais fina da clínica psicanalítica do trauma, como também uma
melhor aproximação do conceito filosófico de acontecimento e de
suas consequências éticas. Por fim, passa a ser possível perceber e
pensar uma transmutação no cerne do próprio trauma, do próprio
acontecimento.

Revista Trágica: estudos de filosofia da imanência, 2023
A influência de Spinoza na filosofia de Deleuze é assumida em diversas ocasiões. Deleuze chega a ... more A influência de Spinoza na filosofia de Deleuze é assumida em diversas ocasiões. Deleuze chega a dizer que toda a sua filosofia tendia a uma grande identidade Spinoza-Nietzsche. Nossa hipótese é que, num esforço coletivo para se pensar o que seria uma psicologia spinozista, Deleuze se apresenta como um valioso intercessor, sobretudo no modo como recupera o desejo e a prudência da Ética de Spinoza, introduzindo esses conceitos no campo de sua ética da experimentação. Trata-se de um roubo, visto que Deleuze se considera, como Bob Dylan, um ladrão de pensamentos. E de uma reorientação vertiginosa, uma vez que seu sistema filosófico lida com outras coordenadas. Ainda assim, a perspectiva deleuziana torna perceptíveis e sensíveis pressupostos próprios ao pensamento de Spinoza. E, além disso, cria com ele, e na companhia de Guattari, uma nova consistência para o desejo, que se vale igualmente de elementos oriundos de outros pensadores.
Palavras-chave: desejo; prudência; Spinoza; Deleuze; psicologia spinozista.

Revista Trágica, 2022
Resumo: Neste artigo, busquei apresentar as principais teses de "Deleuze, a arte e a filosofia", ... more Resumo: Neste artigo, busquei apresentar as principais teses de "Deleuze, a arte e a filosofia", versão revista e ampliada de "Deleuze e a filosofia", de Roberto Machado, o primeiro livro sobre Deleuze no Brasil, e um dos primeiros no mundo. São elas: 1) a questão que move o pensamento deleuziano é "O que significa pensar?"; 2) Deleuze constrói a sua filosofia a partir de uma relação peculiar com a história da filosofia e com pensadores de outros domínios, como a ciência e a arte; 3) Deleuze faz mais uma geografia do pensamento do que uma história da filosofia, estabelecendo dois espaços antagônicos do pensamento, da representação e da diferença, utilizando a diferença como critério de seleção de seus aliados na tarefa de composição do espaço da diferença; 4) a singularidade de sua filosofia se deve ao seu procedimento, que pode ser abordado como uma colagem ou um teatro filosófico. A exposição dessas teses será entremeada com anedotas na tentativa de trazer ao leitor a presença do professor e filósofo Roberto Machado, que, ao encarnar os conceitos em seu próprio corpo, parecia transmitir uma vida intensa a eles, e a todos nós que o ouvíamos. Palavras-chave: Roberto Machado, Gilles Deleuze, história da filosofia, geografia do pensamento, procedimento.

HYBRIS, Revista de Filosofía. Vol. 13, N° Especial: A 50 años de El Anti-Edipo. Vigencias para una política, 2022
Em O Anti-Édipo, especialmente no terceiro capítulo deste livro, Deleuze e Guattari
sustentam qu... more Em O Anti-Édipo, especialmente no terceiro capítulo deste livro, Deleuze e Guattari
sustentam que a cada máquina social corresponde um regime de representação que se assenta sobre os fluxos de desejo: a máquina territorial primitiva opera por codificação, a máquina imperial despótica, por sobrecodificação, e a máquina civilizada capitalista, por descodificação e axiomatização. Isso faz com que o uso da língua varie historicamente e
conforme a formação social. Neste artigo, buscamos caracterizar cada um desses regimes de signos e detalhar o modo como a representação se organiza na superfície de cada um dos tipos de socius. Neste esforço, recorremos por vezes a autores da
linguística que inspiraram Deleuze e Guattari, a saber, Saussure e Hjelmslev, no intuito de lançar luz sobre a relação entre língua e socius no âmbito deste livro.

Trans/Form/Ação, 2022
Ádamo B. E. da Veiga, em "O fascismo transindividual" (VEIGA, 2022), desdobra a íntima relação en... more Ádamo B. E. da Veiga, em "O fascismo transindividual" (VEIGA, 2022), desdobra a íntima relação entre o que nomeia "filosofia do transindividual" e o fenômeno político do fascismo, compreendido sobretudo a partir de Deleuze e Guattari. Nessa articulação, percorre diversas facetas dos temas, explora conceitos do díptico "Capitalismo e esquizofrenia", e, me parece, é bem-sucedido em seu principal objetivo de caracterização do fascismo como transindividual. Como o próprio Veiga admite, esse aspecto do fascismo já estaria posto em Deleuze e Guattari, o que se deve, diz ele, à apropriação que os autores fazem da obra de Gilbert Simondon, autor da "primeira formulação do transindividual", nos termos apresentados pelo artigo. Sem qualquer prejuízo à inquestionável relevância de Simondon na obra de Deleuze, com e sem Guattari, nem à originalidade de sua proposta, gostaria apenas de destacar, com um pouco mais de vagar, outro grande personagem em cena, que é inclusive mencionado, mas não exatamente no que se refere ao transindividual:

Trágica: Estudos de Filosofia da Imanência, 2021
A relação de Gilles Deleuze com as artes é inseparável de seu projeto filosófico mais amplo, marc... more A relação de Gilles Deleuze com as artes é inseparável de seu projeto filosófico mais amplo, marcado pela crítica à representação e pela liberação da dimensão das forças como aquela em que o pensamento é criado. O modelo da representação reúne uma série de pressupostos implícitos da filosofia ocidental e consolida uma moral interna ao pensamento, que oblitera a dimensão genética das forças. A política do pensamento deleuziana rompe com este modelo, em benefício do pensamento compreendido como criação. Filósofos e artistas pensam, criam, e isto permite ao filósofo se aproximar de procedimentos artísticos que se afinam com os seus. Deleuze se encontra com o teatro justamente na crítica à representação e na dramatização compreendida como experimentação de forças puras. Não à toa destacam-se em seus escritos Antonin Artaud, Carmelo Bene e Samuel Beckett. A relação entre teatro e política está presente nos procedimentos dos três: subtração em Bene, crueldade em Artaud e esgotamento em Beckett – estratégias necessárias para que o teatro se libere da representação, de sua moral interna para atingir a dimensão das forças na qual a criação pode emergir.
TRÁGICA: Estudos de Filosofia da Imanência, May 3, 2021
Resenha sobre o livro: SILVA, Cíntia Vieira da. Devires-filosofantes. Coleção X (Organização Rafa... more Resenha sobre o livro: SILVA, Cíntia Vieira da. Devires-filosofantes. Coleção X (Organização Rafael Haddock-Lobo). Rio de Janeiro: Ape’Ku, 2020, 82 p.
Revista Trágica: Estudos de Filosofia da Imanência, 2021
Tradução de:
SIBERTIN-BLANC, Guillaume. “Deleuze et les minorités: quelle politique?”. In: Cités,... more Tradução de:
SIBERTIN-BLANC, Guillaume. “Deleuze et les minorités: quelle politique?”. In: Cités,v. 40. Paris, PUF, 2009, pp. 39-57.

Revista de Filosofia Aurora, 2020
Na filosofia de Gilles Deleuze, há uma ontologia, que é apresentada por meio da tese da univocida... more Na filosofia de Gilles Deleuze, há uma ontologia, que é apresentada por meio da tese da univocidade do ser. Na história da filosofia ocidental, Deleuze destaca três momentos da univocidade do ser: com Duns Scot, o ser é pensado como unívoco (momento da univocidade); com Espinosa, o ser é afirmado como unívoco (momento da imanência); com Nietzsche, o ser é realizado como unívoco (momento da diferença). Em todo caso, a univocidade é uma alternativa à analogia, e a principal discordância entre essas duas teses é que a analogia insere uma hierarquia e uma negatividade no cerne do ser, ao passo que a univocidade põe o ser como igual (não-hierárquico) e isento de negatividade (neutro ou afirmativo).Neste artigo, não se trata de apresentar a teoria da univocidade do ser em Deleuze, mas de explorar a leitura que ele faz da univocidade do ser em Espinosa, e sobretudo a variação a ela imposta entre o primeiro e o segundo livros dedicados ao filósofo holandês, Espinosa e o problema da expressão (1968) e Espinosa: filosofia prática (1981).
Constata-se que, no primeiro estudo, Espinosa é tido principalmente como herdeiro
de Duns Scot, e no segundo, ademais, como aliado de Nietzsche. Tem-se como
hipótese que Espinosa é arrastado, nesse ínterim, do segundo para o terceiro
momento da univocidade do ser, na vassoura de bruxa de Deleuze. A consequência é
que a imanência e a afirmação se conciliam com a diferença. A afirmação do ser passa a ser afirmação da própria diferença. Ou, dito de outro modo, o ser deixa de ser
apenas afirmado para ser realizado como diferença. Chega-se, assim, a uma ontologia
construtivista, que tem a ética como sua condição prática.

Kriterion: Revista de Filosofia, 2018
RESUMO A ética é um tema constante na obra de Gilles Deleuze, ainda que aparentemente não figure ... more RESUMO A ética é um tema constante na obra de Gilles Deleuze, ainda que aparentemente não figure como assunto principal de nenhum de seus livros. Isso se explica, pois, para ele, a filosofia prática, formada pela ética e pela política, é coextensiva a toda a filosofia. Por um lado, não há um aspecto puramente teórico ou especulativo da filosofia; por outro lado, a ética não é uma dentre outras disciplinas filosóficas, mas a sua dimensão prática e sempre presente, não havendo qualquer motivo para que seja tratada em separado. Sendo assim, abordar a ética em Deleuze exige percorrer todos os seus escritos e escolher uma chave de leitura. Aqui, pretende-se explorar como Deleuze lança as bases para a sua própria concepção de ética a partir da grande identidade Spinoza-Nietzsche produzida por ele. Propõe-se uma fórmula para a ética em Deleuze: um corpo que experimenta e avalia. Dessa fórmula, destaca-se o primeiro eixo a ser trabalhado: a ética deleuziana como ética do corpo. O segundo ei...

Trágica: Estudos de Filosofia da Imanência, 2015
É possível sustentar que a obra deleuziana é atravessada, de ponta a ponta, por um pensamento éti... more É possível sustentar que a obra deleuziana é atravessada, de ponta a ponta, por um pensamento ético bastante consistente, apesar de Deleuze jamais ter dedicado um livro inteiro à ética, ou agrupado e sistematizado os elementos que caracterizariam uma perspectiva ética própria. Partindo-se desta hipótese, propôs-se, em estudo anterior, a seguinte fórmula para a ética deleuziana: “um corpo que avalia e experimenta”1 . De acordo com ela, o corpo tem um certo privilégio frente à consciência, quanto a desenvolver uma capacidade de avaliar e experimentar, sem as restrições impostas por códigos morais. A consciência dispõe de uma nobreza relativa, que a habilita inclusive a compor um tipo ativo e a fazer frente ao triunfo da reação e da negação, mas a sua natureza reativa, segundo a qual ela apenas recolhe os efeitos daquilo que acontece ao corpo e à mente, faz com que ela só possa conquistar a sua potência de avaliação e de experimentação depois de uma longa formação, de um demorado aprendizado.
Revista Trágica: Estudos de Filosofia da Imanência, 2015
Texto original montado de conversas com Deleuze e Guattari, recolhidas por Robert Maggiori, no jo... more Texto original montado de conversas com Deleuze e Guattari, recolhidas por Robert Maggiori, no jornal parisiense Libération (12 de setembro 1991), p. 17-19.
Tradução de Guilherme Ivo & Mariana de Toledo Barbosa.
Revisão de Paulo Domenech Oneto.
Revista Trágica: Estudos de Filosofia da Imanência, 2015
Texto originalmente publicado em Les Nouvelles littéraires, 3-9 maio de 1984, p. 75-76.
Viso: Cadernos de estética aplicada, 2014
Esse artigo é uma réplica ao texto de Cíntia Vieira intitulado "Diagrama e catástrofe: Deleu... more Esse artigo é uma réplica ao texto de Cíntia Vieira intitulado "Diagrama e catástrofe: Deleuze e a produção de imagens pictóricas".

Ayvu: Revista de Psicologia, 2014
Pretende-se, neste artigo, refazer o trajeto da criação da técnica psicanalítica por Freud, com o... more Pretende-se, neste artigo, refazer o trajeto da criação da técnica psicanalítica por Freud, com o intuito de explicitar a fidelidade freudiana ao primado da clínica sobre a teoria. Freud construiu a psicanálise como um sistema aberto e em variação e não hesitou em transformar a técnica psicanalítica quando a clínica assim o exigiu. Deste modo, na fase conhecida como pré-psicanalítica, desenvolveu, com Breuer, o método catártico, muitas vezes associado à hipnose. Em seguida, já delineado o método propriamente psicanalítico, pôs em primeiro plano a associação livre e a interpretação. Estas, por sua vez, revelaram a transferência e as resistências. O papel da repetição, notado por Freud desde o início de sua prática clínica, assumiu uma outra feição com a concepção da pulsão de morte. A mudança da tópica freudiana também implicou a reformulação de alguns aspectos da técnica psicanalítica. Por fim, já nos seus últimos anos de vida, Freud propôs as construções em análise como alternativa...
Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica, 2013
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Papers by Mariana de Toledo Barbosa
duas leituras, não necessariamente excludentes. A primeira questiona
se o trauma de fato aconteceu, ou melhor, se ele tem um caráter
factual, se ele se passou na realidade concreta, material. E isso
tem uma importância para o campo da psicanálise, sobretudo em
seus primórdios, em que houve divergências a esse respeito, como
se nota, por exemplo, nas diferentes posições de Freud e Ferenczi. A
segunda leitura depende da entrada em cena de um psicanalista de
outra geração, Winnicott, que parece sugerir que não se responda,
mas se deixe em suspenso, a questão sobre a realidade material ou
concreta do trauma. Ao fazer isso, ele promove um deslocamento
de perspectiva, que introduz uma nova articulação entre o trauma
e o acontecimento, que se enriquece ainda de mais nuances quando
se recorre ao conceito deleuziano de acontecimento.
Deleuze descreve o acontecimento como um efeito incorporal
que incide sobre sobre os corpos, como um sentido que
interfere no plano material. Além disso, sublinha que o acontecimento
incorporal não existe à maneira dos corpos, mas insiste,
efetuando-se de modo inesgotável, conforme a uma temporalidade
que escapa inteiramente do tempo presente vivido. Ler o trauma
como acontecimento permite não apenas uma compreensão
mais fina da clínica psicanalítica do trauma, como também uma
melhor aproximação do conceito filosófico de acontecimento e de
suas consequências éticas. Por fim, passa a ser possível perceber e
pensar uma transmutação no cerne do próprio trauma, do próprio
acontecimento.
Palavras-chave: desejo; prudência; Spinoza; Deleuze; psicologia spinozista.
sustentam que a cada máquina social corresponde um regime de representação que se assenta sobre os fluxos de desejo: a máquina territorial primitiva opera por codificação, a máquina imperial despótica, por sobrecodificação, e a máquina civilizada capitalista, por descodificação e axiomatização. Isso faz com que o uso da língua varie historicamente e
conforme a formação social. Neste artigo, buscamos caracterizar cada um desses regimes de signos e detalhar o modo como a representação se organiza na superfície de cada um dos tipos de socius. Neste esforço, recorremos por vezes a autores da
linguística que inspiraram Deleuze e Guattari, a saber, Saussure e Hjelmslev, no intuito de lançar luz sobre a relação entre língua e socius no âmbito deste livro.
SIBERTIN-BLANC, Guillaume. “Deleuze et les minorités: quelle politique?”. In: Cités,v. 40. Paris, PUF, 2009, pp. 39-57.
Constata-se que, no primeiro estudo, Espinosa é tido principalmente como herdeiro
de Duns Scot, e no segundo, ademais, como aliado de Nietzsche. Tem-se como
hipótese que Espinosa é arrastado, nesse ínterim, do segundo para o terceiro
momento da univocidade do ser, na vassoura de bruxa de Deleuze. A consequência é
que a imanência e a afirmação se conciliam com a diferença. A afirmação do ser passa a ser afirmação da própria diferença. Ou, dito de outro modo, o ser deixa de ser
apenas afirmado para ser realizado como diferença. Chega-se, assim, a uma ontologia
construtivista, que tem a ética como sua condição prática.
Tradução de Guilherme Ivo & Mariana de Toledo Barbosa.
Revisão de Paulo Domenech Oneto.
duas leituras, não necessariamente excludentes. A primeira questiona
se o trauma de fato aconteceu, ou melhor, se ele tem um caráter
factual, se ele se passou na realidade concreta, material. E isso
tem uma importância para o campo da psicanálise, sobretudo em
seus primórdios, em que houve divergências a esse respeito, como
se nota, por exemplo, nas diferentes posições de Freud e Ferenczi. A
segunda leitura depende da entrada em cena de um psicanalista de
outra geração, Winnicott, que parece sugerir que não se responda,
mas se deixe em suspenso, a questão sobre a realidade material ou
concreta do trauma. Ao fazer isso, ele promove um deslocamento
de perspectiva, que introduz uma nova articulação entre o trauma
e o acontecimento, que se enriquece ainda de mais nuances quando
se recorre ao conceito deleuziano de acontecimento.
Deleuze descreve o acontecimento como um efeito incorporal
que incide sobre sobre os corpos, como um sentido que
interfere no plano material. Além disso, sublinha que o acontecimento
incorporal não existe à maneira dos corpos, mas insiste,
efetuando-se de modo inesgotável, conforme a uma temporalidade
que escapa inteiramente do tempo presente vivido. Ler o trauma
como acontecimento permite não apenas uma compreensão
mais fina da clínica psicanalítica do trauma, como também uma
melhor aproximação do conceito filosófico de acontecimento e de
suas consequências éticas. Por fim, passa a ser possível perceber e
pensar uma transmutação no cerne do próprio trauma, do próprio
acontecimento.
Palavras-chave: desejo; prudência; Spinoza; Deleuze; psicologia spinozista.
sustentam que a cada máquina social corresponde um regime de representação que se assenta sobre os fluxos de desejo: a máquina territorial primitiva opera por codificação, a máquina imperial despótica, por sobrecodificação, e a máquina civilizada capitalista, por descodificação e axiomatização. Isso faz com que o uso da língua varie historicamente e
conforme a formação social. Neste artigo, buscamos caracterizar cada um desses regimes de signos e detalhar o modo como a representação se organiza na superfície de cada um dos tipos de socius. Neste esforço, recorremos por vezes a autores da
linguística que inspiraram Deleuze e Guattari, a saber, Saussure e Hjelmslev, no intuito de lançar luz sobre a relação entre língua e socius no âmbito deste livro.
SIBERTIN-BLANC, Guillaume. “Deleuze et les minorités: quelle politique?”. In: Cités,v. 40. Paris, PUF, 2009, pp. 39-57.
Constata-se que, no primeiro estudo, Espinosa é tido principalmente como herdeiro
de Duns Scot, e no segundo, ademais, como aliado de Nietzsche. Tem-se como
hipótese que Espinosa é arrastado, nesse ínterim, do segundo para o terceiro
momento da univocidade do ser, na vassoura de bruxa de Deleuze. A consequência é
que a imanência e a afirmação se conciliam com a diferença. A afirmação do ser passa a ser afirmação da própria diferença. Ou, dito de outro modo, o ser deixa de ser
apenas afirmado para ser realizado como diferença. Chega-se, assim, a uma ontologia
construtivista, que tem a ética como sua condição prática.
Tradução de Guilherme Ivo & Mariana de Toledo Barbosa.
Revisão de Paulo Domenech Oneto.