Papers by Fernando Zorrer
Helena representa um icone na literatura grega, e, apesar das criticas, ainda se constitui em um ... more Helena representa um icone na literatura grega, e, apesar das criticas, ainda se constitui em um simbolo de beleza. Trata-se, aqui, de contrapor duas obras de areas do conhecimento distintas, isto e, Helena de Euripides e o Elogio de Helena de Gorgias. O texto dramatico sugere que a personagem nao foi para Troia e nem traiu o marido; apresenta tambem outros tracos da personagem que o dramaturgo nao havia mencionado em outras tragedias. Ja o texto do filosofo avalia a inocencia de Helena, defendendo-a, independentemente dos motivos que a conduziram a ir a Troia junto com Paris. Deste modo, ambos os textos convergem em apontar nao so os defeitos bem como as virtudes de Helena.
Abril – NEPA / UFF, 2017
Em Estórias Abensonhadas, o autor moçambicano Mia Couto procura recuperar a tradição cultural atr... more Em Estórias Abensonhadas, o autor moçambicano Mia Couto procura recuperar a tradição cultural através de personagens que são envolvidos por situações-limite em suas vidas. Entre os contos do livro, "Nas águas do tempo" destaca-se por apresentar traços tanto do profano como do sagrado que são peculiares às narrativas míticas. No enredo, o ser divino deve ser respeitado a fim de que não se rompa a unidade mantida com o homem e, deste modo, não se abale a ordem do mundo.
Revista Hélade - Dossiê "LIteratura Antiga: Tempo e Tradição"
A reescrita do mito de Fedra e Hipólito por Sêneca representa um processo dinâmico no qual o auto... more A reescrita do mito de Fedra e Hipólito por Sêneca representa um processo dinâmico no qual o autor examina a tradição e produz uma nova obra. Desde o início da peça, Phaedra, o escritor romano diminui a presença dos deuses no que contribui para a instauração da ideia do homem como centro das ações e como sendo responsável por suas escolhas. Além disso, o drama enfatiza a ideia de que não se deve perder a razão em nome da paixão. Também é possível observar traços da filosofa estóica na censura da aia em relação aos atos praticados pela esposa de Teseu. Deste modo, principalmente dialogando com as construções poéticas de Eurípides, Sêneca apresenta uma nova obra adaptada ao seu contexto histórico-social e literário.

RESUMO Em Estórias Abensonhadas, o autor moçambicano Mia Couto procura re-cuperar a tradição cult... more RESUMO Em Estórias Abensonhadas, o autor moçambicano Mia Couto procura re-cuperar a tradição cultural através de personagens que são envolvidos por situações-limite em suas vidas. Entre os contos do livro, " Nas águas do tempo " destaca-se por apresentar traços tanto do profano como do sagrado que são peculiares às narrativas míticas. No enredo, o ser divino deve ser respeitado a fim de que não se rompa a unidade mantida com o homem e, deste modo, não se abale a ordem do mundo. ABSTRACT In Mia Couto's collection of short stories Estórias Abensonhadas, the Mo-zambican author seeks to revive cultural tradition through characters who are faced with extreme situations in their lives. One of the short stories, " Nas águas do tempo " , stands out as it introduces elements of both the profane and the sacred that are peculiar to mythical narratives. The divine being must be revered so that the link with humankind is not broken and so that the world order is not disturbed.

Resumo: O canto IX, da Ilíada de Homero, apresenta o relato do encontro entre Odisseu e Polifemo.... more Resumo: O canto IX, da Ilíada de Homero, apresenta o relato do encontro entre Odisseu e Polifemo. Trata-se de um acontecimento central nessa epopéia. Dois seres, que pertencem a culturas distintas, civilizada e não civilizada, trocam experiências na tentativa de um diálogo. No entanto, não há a possibilidade de um contato no qual esteja presente a harmonia e o respeito; pelo contrário, prevalece a violência, a destruição e o engano.
Abstract: Book IX of Homer's Iliad tells the story of the encounter of Odysseus and Polyphemous. It is a central point of the epic poem. Two beings belonging to different cultures, civilized and non-civilized, exchange experiences in an attempt to establish a dialogue. However, there is no possibility of a contact in which harmony and respect are present; on the contrary, violence, destruction and cheating prevail. A epopéia Odisséia apresenta-se como um retrato de um mundo ainda repleto de particularidades a serem investigadas. As esferas das quais o canto IX se ocupa não se limitam a viagens pelo desconhecido, mas apresentam relações de força, de sabedoria e de mediocridade humana. Saúda-se a grandeza do homem; entretanto, se ele realmente conseguiu alguma, isso não nasceu de um processo pacífico. Foi, pois, o resultado de uma longa luta de sofrimento e de perda do controle diante da capacidade de destruir um indivíduo. Bruno Snell localiza o momento da descoberta do espírito do homem na irrupção da tragédia, da poesia lírica, além de destacar os textos de Homero (SNELL, 2001: 17). De fato, o mito de Odisseu é resultado de uma nova compreensão do homem acerca do mundo, mais precisamente na cena entre Polifemo e Odisseu, pois tudo inicia pelo enfrentamento de um ser contra outro. Odisseu passa a refletir, uma vez que ele está relatando aos feácios as suas viagens, as experiências que teve com um ser colossal, representado por Polifemo, quando o herói procurava retornar à Ítaca. Há a presença do truque lingüístico quando Polifemo aceita que o nome do herói seja 'Ninguém', canto IX, v. 366. Nessa relação que o herói mantém com o gigante, isso possibilita a Odisseu a construção de especulações a respeito de si mesmo. Na verdade, é a partir do estranho (Polifemo) que Odisseu delimita quem é o seu eu. De fato, o seu estratagema faz do * Doutor em Letras Clássicas pela USP e é pesquisador na área de Literatura Grega e Comparada. O email do autor é [email protected].

Resumo: Helena representa um ícone na literatura grega, e, apesar das críticas, ainda se constitu... more Resumo: Helena representa um ícone na literatura grega, e, apesar das críticas, ainda se constitui em um símbolo de beleza. Trata-se, aqui, de contrapor duas obras de áreas do conhecimento distintas, isto é, Helena de Eurípides e o Elogio de Helena de Górgias. O texto dramático sugere que a personagem não foi para Tróia e nem traiu o marido; apresenta também outros traços da personagem que o dramaturgo não havia mencionado em outras tragédias. Já o texto do filósofo avalia a inocência de Helena, defendendo-a, independentemente dos motivos que a conduziram a ir a Tróia junto com Páris. Deste modo, ambos os textos convergem em apontar não só os defeitos bem como as virtudes de Helena.
Helen is an iconic figure in Greek literature and, despite some criticisms, she is still an archetype of beauty. This study compares two works from distinct areas of knowledge: Euripides's Helen and Gorgias's Encomium of Helen. The drama by Euripides suggests that the character neither went to Troy nor betrayed her husband and also describes other traits of the character not mentioned by the playwright in other tragedies. Gorgias's rhetorical work, on the other hand, argues for Helen's innocence, defending her regardless of the reasons why she eventually went to Troy with Paris. Therefore, both works converge in pointing out Helen's vices and virtues.
ST 70 -Corpo, violência e poder na Antigüidade e no Medievo em perspectiva interdisciplinar A tra... more ST 70 -Corpo, violência e poder na Antigüidade e no Medievo em perspectiva interdisciplinar A tragédia grega Hipólito 1 , de 428 a. C., de Eurípides trata da paixão de Fedra, esposa de Teseu, pelo enteado Hipólito. Como sugere Jacqueline de Romilly 2 , o dramaturgo, ao introduzir o amor como tema para a reflexão dramática, fez uma inovação no teatro grego. Também o tragediógrafo problematiza a questão do adultério que causa profundos transtornos psíquicos na esposa de Teseu. Na verdade, não há uma confirmação absoluta de que se Teseu tivesse morrido, Fedra poderia ter um relacionamento amoroso com Hipólito 3 .
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Abstract: Book IX of Homer's Iliad tells the story of the encounter of Odysseus and Polyphemous. It is a central point of the epic poem. Two beings belonging to different cultures, civilized and non-civilized, exchange experiences in an attempt to establish a dialogue. However, there is no possibility of a contact in which harmony and respect are present; on the contrary, violence, destruction and cheating prevail. A epopéia Odisséia apresenta-se como um retrato de um mundo ainda repleto de particularidades a serem investigadas. As esferas das quais o canto IX se ocupa não se limitam a viagens pelo desconhecido, mas apresentam relações de força, de sabedoria e de mediocridade humana. Saúda-se a grandeza do homem; entretanto, se ele realmente conseguiu alguma, isso não nasceu de um processo pacífico. Foi, pois, o resultado de uma longa luta de sofrimento e de perda do controle diante da capacidade de destruir um indivíduo. Bruno Snell localiza o momento da descoberta do espírito do homem na irrupção da tragédia, da poesia lírica, além de destacar os textos de Homero (SNELL, 2001: 17). De fato, o mito de Odisseu é resultado de uma nova compreensão do homem acerca do mundo, mais precisamente na cena entre Polifemo e Odisseu, pois tudo inicia pelo enfrentamento de um ser contra outro. Odisseu passa a refletir, uma vez que ele está relatando aos feácios as suas viagens, as experiências que teve com um ser colossal, representado por Polifemo, quando o herói procurava retornar à Ítaca. Há a presença do truque lingüístico quando Polifemo aceita que o nome do herói seja 'Ninguém', canto IX, v. 366. Nessa relação que o herói mantém com o gigante, isso possibilita a Odisseu a construção de especulações a respeito de si mesmo. Na verdade, é a partir do estranho (Polifemo) que Odisseu delimita quem é o seu eu. De fato, o seu estratagema faz do * Doutor em Letras Clássicas pela USP e é pesquisador na área de Literatura Grega e Comparada. O email do autor é [email protected].
Helen is an iconic figure in Greek literature and, despite some criticisms, she is still an archetype of beauty. This study compares two works from distinct areas of knowledge: Euripides's Helen and Gorgias's Encomium of Helen. The drama by Euripides suggests that the character neither went to Troy nor betrayed her husband and also describes other traits of the character not mentioned by the playwright in other tragedies. Gorgias's rhetorical work, on the other hand, argues for Helen's innocence, defending her regardless of the reasons why she eventually went to Troy with Paris. Therefore, both works converge in pointing out Helen's vices and virtues.
Abstract: Book IX of Homer's Iliad tells the story of the encounter of Odysseus and Polyphemous. It is a central point of the epic poem. Two beings belonging to different cultures, civilized and non-civilized, exchange experiences in an attempt to establish a dialogue. However, there is no possibility of a contact in which harmony and respect are present; on the contrary, violence, destruction and cheating prevail. A epopéia Odisséia apresenta-se como um retrato de um mundo ainda repleto de particularidades a serem investigadas. As esferas das quais o canto IX se ocupa não se limitam a viagens pelo desconhecido, mas apresentam relações de força, de sabedoria e de mediocridade humana. Saúda-se a grandeza do homem; entretanto, se ele realmente conseguiu alguma, isso não nasceu de um processo pacífico. Foi, pois, o resultado de uma longa luta de sofrimento e de perda do controle diante da capacidade de destruir um indivíduo. Bruno Snell localiza o momento da descoberta do espírito do homem na irrupção da tragédia, da poesia lírica, além de destacar os textos de Homero (SNELL, 2001: 17). De fato, o mito de Odisseu é resultado de uma nova compreensão do homem acerca do mundo, mais precisamente na cena entre Polifemo e Odisseu, pois tudo inicia pelo enfrentamento de um ser contra outro. Odisseu passa a refletir, uma vez que ele está relatando aos feácios as suas viagens, as experiências que teve com um ser colossal, representado por Polifemo, quando o herói procurava retornar à Ítaca. Há a presença do truque lingüístico quando Polifemo aceita que o nome do herói seja 'Ninguém', canto IX, v. 366. Nessa relação que o herói mantém com o gigante, isso possibilita a Odisseu a construção de especulações a respeito de si mesmo. Na verdade, é a partir do estranho (Polifemo) que Odisseu delimita quem é o seu eu. De fato, o seu estratagema faz do * Doutor em Letras Clássicas pela USP e é pesquisador na área de Literatura Grega e Comparada. O email do autor é [email protected].
Helen is an iconic figure in Greek literature and, despite some criticisms, she is still an archetype of beauty. This study compares two works from distinct areas of knowledge: Euripides's Helen and Gorgias's Encomium of Helen. The drama by Euripides suggests that the character neither went to Troy nor betrayed her husband and also describes other traits of the character not mentioned by the playwright in other tragedies. Gorgias's rhetorical work, on the other hand, argues for Helen's innocence, defending her regardless of the reasons why she eventually went to Troy with Paris. Therefore, both works converge in pointing out Helen's vices and virtues.