Papers by Tamires Quadros
Assim, não é para vós o mel que fazeis, abelhas. Virgílio
Text authorship identification is one of a number of techniques developed by forensic linguistics... more Text authorship identification is one of a number of techniques developed by forensic linguistics, a discipline that uses linguistic analysis to provide evidence that can be used in the dispensation of justice. In forensic stylistics, text analysts try to characterise the choices made in particular texts as unequivocally as possible, focusing upon idiosyncrasies. The safest method seems to be to combine statistical analyses (text stylometry) with the kind of stylistic research (graphic, syntactical, lexical and textual) usually used in text analysis. This paper uses this methodology to analyse a text that has circulated on the internet since 2009 under the name of journalist Clara Ferreira Alves.
![Research paper thumbnail of Luciana Gama Caramuru Poema Epico do Descobrimento da Bahia de Frei Sta Rita Durao 1781[2079]](https://attachments.academia-assets.com/56285750/thumbnails/1.jpg)
O presente artigo traça uma abordagem retórico-poética -vigente no século XVIII português-do Cant... more O presente artigo traça uma abordagem retórico-poética -vigente no século XVIII português-do Canto VII da epopéia do Caramuru-Poema Épico do Descobrimento da Bahia-de Santa Rita Durão questionando a noção de plágio que foi conferida ao poeta no que concerne ao uso das fontes historiográficas utilizadas na construção deste Canto. A crítica literária do séc. XIX, a quem devemos a inserção do Caramuru 2 na Literatura Brasileira, não é nada lisonjeira: Pereira da Silva 3 ,por exemplo, salienta que a epopéia de Durão apresenta "defeitos, aliás notáveis" e sugere que 1 Luciana Gama é professora assistente de Literatura Brasileira na UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) e Mestre em Teoria Literária IEL-UNICAMP. 2 José de Santa Rita Durão, Caramuru. Poema épico do descobrimento da Bahia, composto por Fr. José de Santa Rita Durão, Da Ordem dos eremitas de Santo Agostinho , natural da Cata-Preta nas Minas Geraes, Lisboa, na Regia Officina typographica, ano M.DCC.LXXXI (1781). Com licença da Real Meza censoria 3 Pereira da Silva, Os varões ilustres do Brasil durante os tempos coloniais, Rio de Janeiro, Garnier, 1868,p.299 ISSN 1677-7794 www.historia.uff.br/cantareira =2= Página 2 de 12 poderiam ser "arrancados da obra" as enfastiadas "controvérsias teológicas que entretêm os padres com os gentios". Esmiúça e aprofunda a existência histórica de Diogo Álvares através das fontes variadas e conhecidas (Simão de Vasconcelos, Brito Freire, Rocha Pita, Frei Jaboatão, Pero Lopez de Souza, Gabriel Soares, e o Padre Baltasar Telles) para argumentar que, no "agradável" poema de Santa Rita Durão, há "um ponto real da história revestido das cores poéticas dos romancistas". Outro defeito, também notável, que este crítico levanta, é não ser súbito, inesperado e originais os acontecimentos que são narrados na epopéia. Aponta, assim, que Frei José não teve: grande trabalho para concebê-lo e desenvolvê-lo. Achou-o feito nas tradições. Encontrou-o escrito nas crônicas do seu tempo. Dividiu-o em partes, encerrou cada parte em um canto, e ornou cada canto com certo número de oitavas em versos rimados. www.historia.uff.br/cantareira =3= Página 3 de 12 Sérgio Buarque de Holanda nota em seu ensaio sobre "O mito americano" 5 , que não é exagero dizer-se que "de nenhuma outra figura de nossas letras coloniais, exceção feita do padre Antonio Vieira, dispomos presentemente de informações tão circunstanciadas". No caso, Sérgio Buarque refere-se à minuciosa pesquisa feita pelo Padre Antonio Antunes Vieira, que, com o pseudônimo de Arthur Viegas, publicou em 1914, o livro O Poeta Santa Rita Durão: Revelações históricas de sua vida e do seu século 6 . Vasculhando e refazendo as andanças de Durão, aqui considerado como individualidade psicológica e não como sujeito inserido num tempo e num espaço, determinados por preceptivas retóricas, o autor da obra insere a idéia de que, para usarmos um resumo de Antonio Candido, "Durão foi homem de paixões descontroladas, que chegou à vilania e soube resgatar-se por uma longa, estrênua penitência, não só religiosa como principalmente moral e intelectual". 7 Na obra do Padre Viegas, há a retratação escrita por Santa Rita Durão ao Papa Clemente XIII na qual penitencia da Pastoral que escreveu em 1759, em Portugal, contra os jesuítas, mas assinada pelo Bispo de Leiria, D. João Cosme. O problema é que esta retratação é lida sem se levar em conta as regras retóricas, que norteavam as produções escriturais da Companhia de Jesus e utilizando-se critérios românticos, como o de sinceridade. Assim é que o Caramuru passa a simbolizar a vida de Durão ou, como salienta Antonio Candido: a disciplina da religião e da civilidade, entrando pelas terras do gentio e nelas talhando uma ordem que procura sobrepor-se ao que lhe parecia indisciplina e erro, corresponde de alguma forma à aventura em que procurou superar-se a si mesmo. Coroa sua vida cheia de trabalhos como a síntese que finalmente obteve sobre tudo que nele foi tumulto, desconcerto, complacência no erro e depois aspiração ao bem. 8 5 Sérgio Buarque de Holanda, Capítulos de Literatura Colonial, São Paulo, Brasiliense, 1991, .89 6 Arthur Viegas, O Poeta Santa Rita Durão: Revelações históricas da sua vida e do seu século. Bruxelles, Paris, L'Édition D'Art, Gaudio, 1914. 7 Antonio Candido, Formação da Literatura Brasileira (Momentos decisivos), 6 edição, Belo Horizonte, Itatiaia ,1981,p.186 8 Idem, ibidem, p. 187. www.historia.uff.br/cantareira =5= Página 5 de 12 Na Crônica da Companhia de Jesus temos que: 37.Assentou suas casas naquele reso, que hoje se ve em Villa Velha, além de Nossa Senhora da Vitoria, cujas ruínas ainda agora dao finaes. Teve aqui grãde familia, e muitas mulheres; porque não se havia por honrado o Pincipal, que com elle se não tinha apparentado. Houve muitos filhos, e filhas, que pello tempo forão cabeças de novas gerações. Nestes termos estava, quando chegou a esta Bahia hua não francesa, determinou passar nelle a Portugal por via de França, e carregando a de pau brasil, embarcou a mais querida de suas mulheres, dotada de fermosura, e princesa daquella gente. Fesse á vella, não sem grande inveja das que ficavao. Dellas contão alguns que chegarão a lançarse a nado seguindo a nao, com perda de hua, que ficou afogada nas ondas. Chegado a França, foi ouvido sua história do Rey, e Rainha com satisfação, como cousa tao nova: folgavao de vera esposa, individuo estranho de h~u Novo mundo. Tratarão de Batizar a ella, e casas a ambos na face a Igreja. Celebrou estes Sacramentos hum bispo, dignando-se de ser~e os padrinhos os próprios Reys. Houve ella por nome Catherina Alvarez, sendo o do Brasil Paraguaçu. Derãolhe a Rainha e outros Senhores titulares ricos vestidos, e muitas joias, mas não consentirão passarem a Portugal. O que visto, por meio de hum Portugues por nome Pedro Fernandes Sardina, que acabara em Paris seus estudos, e voltava a Lisboa, fez aviso a elRey D. João o III. Da bõdade da barra, e terra da Bahia, a fim de que a mandasse povoar. Este Pedro Fernandes Sardinha, depois de feito sua recomendação, foi despachado por elRey pera a India, por Viagario geral; e he o mesmo que depois veio por primeiro Bispo do Brasil Dom Pedro Fernandes Sardinha." 13 www.historia.uff.br/cantareira =6= Página 6 de 12 navio. Dizem que se afogou uma e as mais escramentadas nesta, voltaram para terra, cedendo o ímpeto da afeição á doçura da vida. 138. Levados os nossos navegantes a Corte de Paris, como em todas é aprazível a novidade de coisas tão remotas, se dignaram os Reis Cristianissímos de serem padrinhos no casamento e batismo da noiva, que tomou nome de Catherina Alvarez, deixando o primeiro que tinha de Paraguassu. Conforme a esta demonstração, foi a liberalidade de que usaram com eles. E antes de passarem a Portugal, ajustados com uma nau francesa, que se obrigaram a carregar dos frutos da Bahia, em chegando a ela Diogo Alvarez, continuou na mesma prodigiosa veneração de toda aquela gentilidade. 14 E na História da América Portuguesa, de Rocha Pita: 97. Afrontaram-se os exércitos inimigos, e estando o general dos rebeldes em práticas diante dos seus soldados, lhe fez Diogo Alvarez um tiro, com que o matou, com igual assombro dos levantados, os quais fugindo sem atinar no que faziam, só se conformaram em obedecer e sujeitarem ao seu antigo senhor, ponderando que àquelas para eles estranhas e formidáveis armas não poderiam resistir. Este acidente aumentou os respeitos a Diogo Alvarez, de sorte que todos os gentios de maior suposição lhe deram as filhas por comcubinas, e o senhor principal a sua por esposa, conferindo-lhes o nome de Caramuru-açu, que no seu idioma é o mesmo que Dragão que sai do mar. 98. Nesta bárbara união viveu algum tempo; porém descobrindo um navio, que forçado de contrários ventos vagava flutuando pelo galfão da Bahia, em distância que pôde fazer-lhe senhas, sendo pelos mareantes vistas, lhe mandaram um batel, ao qual se lançou a nado fugitivo; e vendo a consorte que se lhe ausentava, levando-lhe aquela porção da alma, sem a qual lhe parecia já impossível viver, trocou pelas prisões de amor, pelas contingências da fortuna e pelos perigos da vida, a liberdade, os pais e o domínio, e lutando com as ondas e com os cuidados, o seguiu ao batel, que recolheu a ambos, e os conduziu ao navio; era francês, e os transportou àquele reino." 15 Na narração da ação da epopéia nas "Reflexões Prévias e Argumento", a passagem é também citada: 14 Francisco de Brito Freyre, Nova Lusitania, Historia da Guerra brasilica a purissima alma e saudosa memoria do serenissimo Principe Dom Theodosio Principe de Portugal e Principe do Brasil, Lisboa, na Officina de Joam Galram, Em tanto Diogo Alvarez assistiu em Paris ao batismo de Paraguaçu sua esposa, nomeada nele Catarina, por Catarina de Medicis, Rainha cristianíssima, que lhe foi madrinha, e tornou com ela para a Bahia, onde foi reconhecida dos Tupinambás, como herdeira do seu principal, e Diogo recebido com o antigo respeito(...). A vantagem de comparar as fontes históricas citadas por Santa Rita e o seu aproveitamento dentro da epopéia do Caramuru é que se desenha, naturalmente, a imitação poética. Preceito que, se não levado em conta num estudo de uma epopéia do século XVIII, torna-a historicamente inverossímil. Como é que o que foi ou poderia ter sido, preceito que sustenta o poético, pode ser considerado como somente o que foi? O que suscita também outra questão: como é que "o que foi" pode ser considerado "verdadeiro" sem se levar em conta que é "verdadeiro" na preceptiva poética e retórica tudo que aparenta a verdade, isto é, o verossímil? Ou seja, os conceitos da preceptiva poética do setecentos português são intermediários entre a epopéia do Caramuru e as fontes históricas utilizadas para a construção dela. A epopéia do Caramuru, principalmente no Canto VII, foi objeto sistemático de análises que não consideram a preceptiva poética e conseqüentemente o conceito de imitação. A narração dos...
o pagamento das tropas, dos alojamentos, e do seu abastecimento. Os comissários estariam subordin... more o pagamento das tropas, dos alojamentos, e do seu abastecimento. Os comissários estariam subordinados aos intendentes, que somavam as atribuições de polícia e disciplina, contando com o apoio dos "Intendentes de Província", em funções como o recrutamento, a perseguição dos desertores e manutenção das milícias. Cf. Francisco Andújar CASTILLO, Ejércitos y militares en la Europa moderna, Madrid, Editorial Síntesis, p. 94. 2 Reportório das ordens do dia do Exército Português, Item 623. 3 Regimento da Capitania Geral de toda a gente da ordenança do reino. Almerim, 8/02/1508. AHM/Div/1/1/2/19. Regimento dos capitães-mores e mais capitães e oficiais das companhias da gente de cavalo e de pé e da ordem que terão em se exercitarem.

RESUMO: Este artigo demonstra as conexões entre imaginar nações e imaginar infâncias e defende um... more RESUMO: Este artigo demonstra as conexões entre imaginar nações e imaginar infâncias e defende um exame mais crítico dos papéis e das significações mutáveis das lembranças de infância em narrativas autobiográficas, assim como do crescente uso, no mundo inteiro, de memórias de infância para a construção do eu moderno. O vínculo entre o eu da criança e o eu do adulto é o corpo enquanto repositório de memórias e sistema de ação, e o exame profundo e contínuo das experiências de infância é geralmente considerado como uma parte central e natural da representação da pessoa adulta. Logo, as reminiscências de infância costumam desempenhar um papel importante nas narrativas de vida em termos de quantidade, intensidade e centralidade, embora, ao mesmo tempo, tenham recebido pouca atenção teórica até agora. A meu ver, esses fatos fornecem a chave para a análise cultural do presente estágio da modernidade. Distingo as infâncias textuais das infâncias vividas e discuto o tipo de informação sobre uma infância vivida que as histórias de vida podem fornecem. Em particular, pergunto se as histórias de vida contadas por adultos podem nos ajudar a entender as experiências da infância do "ponto de vista da criança". A diferença entre o eu que narra e o eu que foi atinge o seu auge quando as pessoas narram suas experiências da infância. É neste sentido que as lembranças da infância podem ser consideradas como "infâncias ima-* Este artigo é uma versão adaptada e abreviada do capítulo de introdução de GULLESTAD, M. (Ed.). Imagined childhoods: self and society in autobiographical accounts (Infâncias imaginadas: o eu e a sociedade nos relatos autobiográficos). Oslo: Scandinavian University Press, 1996. Tradução de Alain François, com revisão técnica de Fernanda Müller.
Existem milhões de pessoas em todo o mundo direta ou indiretamente envolvidas com o que denomino ... more Existem milhões de pessoas em todo o mundo direta ou indiretamente envolvidas com o que denomino "globalização econômica de baixo para cima" ou "globalização popular", como produtores, vendedores ou consumidores. 1 Quem de nós nunca viu produtos "pirateados", eletrônicos, roupas, bolsas, tênis e brinquedos ou bugigangas globais sendo vendidos em mercados populares ou por vendedores ambulantes, camelôs, em locais como o saara, no rio de Janeiro, a rua 25 de Março, em são Paulo, o shopping oiapoque, em Belo Horizonte, a * Uma primeira versão desse artigo foi lida na iii Conferencia Esther Hermitte, instituto de Desarrollo Económico y social, Buenos Aires, 24 nov. 2006. Agradeço aos meus colegas do ides, em particular a rosana guber, pelo honroso convite.

ii iii Agradecimentos À vida. A concepção e execução desta tese só foram possíveis graças às inúm... more ii iii Agradecimentos À vida. A concepção e execução desta tese só foram possíveis graças às inúmeras circunstâncias favoráveis que me têm ocorrido. Agradeço a ventura de usufruir uma vida pródiga de ensejos inspiradores e de reais amigos que me têm ajudado a despertar o que de melhor há em mim. Os ensinamentos, oportunidades e confiança com que tenho sido agraciado por tantas almas amigas permitem-me parafrasear Isaac Newton e afirmar que "se pude ver mais longe, foi por estar apoiado em ombros de gigantes", entre eles: Os meus pais, Hélio e Elizabeth, e irmãos, Anderson e Tatiana, aos quais devo minhas bases existenciais, muito afeto recebido e um estímulo constante ao meu aprimoramento ético e científico. Os primos Gustavo Couto (médico), Eldo Couto e Márcio Couto (biólogos) que nas inúmeras e inesquecíveis férias no interior de Minas Gerais durante minha infância e adolescência pacientemente sanavam e estimulavam minhas intérminas dúvidas sobre o funcionamento do mundo e dos seres vivos. O amigo-irmão e arquiteto Klaus C. Alberto, um inestimável companheiro de jornada que realizou o trabalho de criação da capa desta tese. Os mestres do Colégio Theorema, por terem me fomentado o prazer do estudo sistemático e inquiridor. Os amigos Dimas Matos, Cosme Massi e Sílvio Chibeni que me despertaram o interesse pelo constante e rigoroso questionamento filosófico e científico. Os mestres de minha graduação na Universidade Federal de Juiz de Fora, em especial aos Professores Júlio F. Chebli, Ângela M. Gollner, Ricardo R. Bastos, Josemar P. Guimarães, André Stroppa e Marcus G. Bastos que muito me ajudaram nos meus primeiros e vacilantes passos da formação acadêmica e iniciação científica.
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