Artigos by Luiz Augusto Campos
O artigo traça o perfil autoral, disciplinar, bibliográfico e temático da revista DADOS por meio ... more O artigo traça o perfil autoral, disciplinar, bibliográfico e temático da revista DADOS por meio de uma análise bibliométrica de todos os textos publicados pelo periódico nos seus 50 anos de existência (1966-2015). A composição da base se deu pelo processamento dos textos indexados na plataforma SciELO e da leitura e codificação manual dos volumes mais antigos da revista. Diferentes técnicas para o estudo de corpora linguísticos foram utilizadas para delinear o perfil das bibliografias recorrentes, mormente a Análise de Correspondências Simples, e o perfil temático dos textos, sobretudo a Modelagem de Tópicos. Os resultados sugerem que a revista privilegiou artigos sobre as temáticas públicas prementes de cada momento histórico, aliando rigor metodológico ao compromisso com as questões públicas mais candentes no país e no mundo.

A despeito da proliferação de pesquisas sociológicas sobre o racismo, suas origens, dinâmicas e c... more A despeito da proliferação de pesquisas sociológicas sobre o racismo, suas origens, dinâmicas e consequências sociais ainda carecem de uma definição minimamente operacional para o termo. Além da carga política marcante e dos conteúdos que o termo assume histórica e contextualmente, há uma grande discordância sobre quais dimensões do social estão a ele relacionadas. Ora o racismo é definido: 1) como uma doutrina, ideologia ou conjunto de ideais; 2) como um conjunto de atitudes, práticas e comportamentos mais ou menos irrefletidos; 3) como uma propriedade de estruturas sociais, sistemas ou instituições. Este artigo sugere que tais divergências nascem de perspectivas parciais sobre o social, e que as pesquisas empíricas sobre o racismo têm muito a ganhar com uma integração analítica da dimensão ideológica, prática e estrutural. Contudo, para que não se perca de vista a complexidade do fenômeno e, em especial, das políticas públicas existentes para mitigá-lo, é necessário integrar essas três dimensões sem diluí-las analiticamente, isto é, sem conferir precedência de nenhuma delas em relação às outras. Daí a utilidade de uma definição realista crítica do racismo como um fenômeno tridimensional.
O tema das relações raciais ocupa um lugar central nas ciências sociais brasileiras desde a sua i... more O tema das relações raciais ocupa um lugar central nas ciências sociais brasileiras desde a sua institucionalização. Nas últimas décadas, porém, a politização da questão deu nova forma à área de estudos. O objetivo deste trabalho é discutir a produção recente das ciências sociais sobre raça a partir dos artigos publicados nos últimos vintes anos (1994-2013) sobre o tema pelas principais revistas acadêmicas nacionais. Apresentamos aqui os resultados preliminares de uma parte da pesquisa que se baseia somente nos textos acadêmicos disponibilizados pelo portal de divulgação científica SciELO.br.

Resumo Mesmo um observador leigo da política brasileira é capaz de constatar que os pretos e pard... more Resumo Mesmo um observador leigo da política brasileira é capaz de constatar que os pretos e pardos estão excluídos das suas arenas decisórias. Contudo, a ausência de registros sobre a cor/raça de nossos políticos sempre dificultou o dimensionamento dessa sub-representação e as suas possíveis causas. Desde as eleições de 2014, porém, o Tribunal Superior Eleitoral computa a raça/cor dos candidatos registrados, o que permite contornar parcialmente essas dificuldades. Neste trabalho, recorremos a esses dados para dimensionar quão sub-representados pretos e pardos estão na Câmara dos Deputados e, sobretudo, testar algumas hipóteses explicativas de tal fenômeno. Os resultados indicam que as chances eleitorais de pretos e pardos são menores em relação às de brancos por causa de múltiplos fatores: (1) classe de origem, (2) acesso a recursos de campanha e (3) estruturas partidárias competitivas. Tudo isso sugere que medidas que busquem tornar a representação política mais diversa devem considerar a complexidade dos obstáculos interpostos a pretos e pardos.

Resumo: A chamada " sociologia da capacidade crítica " de Luc Boltanski vem se tornando um dos pr... more Resumo: A chamada " sociologia da capacidade crítica " de Luc Boltanski vem se tornando um dos principais paradigmas teóricos de interpretação das relações sociais. Contrário ao modo como a sociologia crítica à la Bourdieu entende a reflexividade humana, Boltanski propõe tratar os indi-víduos como seres reflexivos, plenamente capazes de julgar e criticar o mundo. No entanto, essa " capacidade crítica " funciona em sua sociologia mais como premissa teórica do que como objeto concreto de investigação. Diante disso, este texto argumenta que uma sociologia interessada na capacidade crítica dos sujeitos não pode apenas " supô-la " , deve constituí-la em objeto de estudo sociológico. Para tal, propõe-se reconceituar a capacidade crítica como competência reflexiva, no sentido dado à expressão pela socióloga inglesa Margaret Archer. O recurso às categorias de Archer não apenas ajuda a identificar os limites da sociologia de Boltanski, mas, sobretudo, permite ampliar o seu alcance. Palavras-chave: reflexividade, sociologia da capacidade crítica, conversações internas, Luc Bol-tanski, Margaret Archer.

O presente artigo pretende responder se as políticas de ação afirmativa racial hoje adotadas no B... more O presente artigo pretende responder se as políticas de ação afirmativa racial hoje adotadas no Brasil se encaixam no modelo de políticas multiculturais da maneira como as concebe Will Kymlicka. A questão se justifica para além do interesse teórico, porque elas foram tomadas como uma importação do multiculturalismo anglo-saxão pelos detratores da ação afirmativa. Para tal, emprestamos o conceito de cultura societal, formulado por Kymlicka, e examinamos como a ação afirmativa opera em relação a ele. Em seguida, examinamos os argumentos acerca dessas políticas em vários âmbitos de debate e deliberação (Constituição de 1988, Governo Federal, STF, Programas de Cotas de universidades públicas e jornalismo), para mostrar que a ação afirmativa no Brasil está longe de ser uma política típica do multiculturalismo, ou seja, do reconhecimento da diferença cultural. Há traços aqui e ali de argumentos multiculturalistas na Constituição, no debate público e mesmo na decisão do STF, mas a lógica principal que vigora é a da justiça social, nos termos de um liberalismo igualitário.

Tanto na academia quanto no debate público, o pensamento multiculturalista costuma ser acusado de... more Tanto na academia quanto no debate público, o pensamento multiculturalista costuma ser acusado de congelar as afinidades dos grupos culturais minoritários, essencializando-os. Contudo, tal acusação é em geral direcionada ao multiculturalismo como se tal termo denotasse uma corrente de pensamento homogênea e uma. O objetivo deste texto é discutir a validade de tais acusações tomando como foco de análise as teorias de Will Kymlicka, Iris Marion Young e Bhikhu Parekh para, a partir disso, estabelecer em que em que medida elas de fato promovem a essencialização das minorias culturais. Argumenta-se que, embora esses autores de fato possam ser acusados de essencializar os vínculos culturais em determinados momentos de suas teorias, cada um deles o faz por conta de premissas e intenções teóricas muito distantes. Logo, o debate sobre o tema dificilmente avançará enquanto os críticos anti-essencialistas do multiculturalismo não atentarem para os diferentes tipos de essencialização envolvidas no pensamento multiculturalista.

The absence of certain groups – such as women, homosexuals, blacks, browns etc. – from political ... more The absence of certain groups – such as women, homosexuals, blacks, browns etc. – from political representation has become a central theme in the public debate and academia. However, the extensive bibliography dedicated to the under representation of women in Brazil stands in contrast when compared to the few works on the political marginality of non-whites. In order to fill in this gap, this article discusses the data from a survey on the color of candidates in municipal council elections in 2012 in Rio de Janeiro and São Paulo. Given the lack of official records on the self-declared color of the candidates, almost three thousand photographs, obtained from the Electoral Superior Court, were submitted to classification by a team of researchers. The results allow the authors to question the hypothesis that left-wing parties are more open to non-whites than right-wing denominations. More importantly, they indicated that the marginalization of non-whites from representation cannot be attributed exclusively to shortcomings in recruitment.

Este artigo analisa as críticas de Guerreiro Ramos à proposta da Unesco de patrocinar uma série d... more Este artigo analisa as críticas de Guerreiro Ramos à proposta da Unesco de patrocinar uma série de pesquisas sobre as relações raciais no Brasil no início dos anos 1950. O estudo analisa os trabalhos de Guerreiro Ramos entre 1946 e 1950, considerando suas críticas à tradição de estudos afro-brasileiros, suas abordagens acerca do preconceito de cor sob o prisma das intersecções entre sociologia e psicologia social e as reflexões do cientista social sobre a necessidade de formação de uma intelligentsia negra com o objetivo de combater a discriminação racial no país. Apesar da proposta de Guerreiro Ramos de um Congresso Internacional sobre Raças, ao invés de uma pesquisa acadêmica, não ter vingado, ela gerou um efeito não previsto com a ampliação e diversificação dos estudos da Unesco. Concorreu para tal mudança a existência de um cenário em aberto que foi sendo construído a partir da atuação autônoma de uma rede transatlântica de cientistas sociais progressistas, com experiências diversas de ensino e/ou pesquisa no Brasil e sensível às demandas apresentadas no 1º. Congresso do Negro Brasileiro, patrocinado pelo Teatro Experimental do Negro (TEN).

Parece fora de qualquer polêmica o fato de que a política nacional é majoritariamente branca. Lev... more Parece fora de qualquer polêmica o fato de que a política nacional é majoritariamente branca. Levantamentos recentes indicam que a proporção de negros no parlamento federal nunca ultrapassou os míseros 9%. Mas a despeito dessa evidente marginalidade, pouco se sabe sobre as causas dessa sub-representação política. Este artigo pretende elucidar quais são os principais filtros que afastam os não brancos, pretos e pardos, da política brasileira. Para tal, foi feito um levantamento sobre a cor dos candidatos a vereador nas eleições de 2012 nas duas maiores cidades brasileiras: São Paulo e Rio de Janeiro. Diante da carência de registros oficiais sobre a raça ou cor desses candidatos, optamos por submeter suas fotos, disponibilizadas pelo TSE, à classificação de uma equipe de pesquisadores. Os resultados permitiram entender até que ponto o alheamento político dos não brancos brasileiros se deve: (i) a vieses no recrutamento partidário; (ii) às diferenças de capital educacional e patrimônio entre os candidatos brancos e não brancos; (iii) às desigualdades na distribuição dos recursos partidários e eleitorais; ou (iv) às próprias preferências eleitorais dos votantes. Ao que parece, as chances eleitorais dos pretos e pardos refletem as dificuldades que esses grupos têm em ascender à pequena elite de candidatos que possuem os maiores financiamentos e as maiores votações.
Para facilitar a visualização do gráfico, suprimimos da análise os candidatos do PCO, PCB e PSTU,... more Para facilitar a visualização do gráfico, suprimimos da análise os candidatos do PCO, PCB e PSTU, partidos com poucos candidatos em termos relativos.
The concept of framing is intensively used in media studies. However, it is usually employed in a... more The concept of framing is intensively used in media studies. However, it is usually employed in a fractured way. In despite of its semantics inaccuracy, also contributes to these problems the lack of formal routines to identify media-frames. This article proposes a routine to framing identification based on the combination between Computer-Assisted Qualitative Data Analysis Software (Caqdas) and Correspondence Analysis techniques. Such mixed method could clarify the formalization of media-frames without mechanizing the full process. To exemplify the usefulness of this technique, it’s applied to a corpus of journalistic texts about the affirmative action in Brazil

Tanto no debate público como na literatura acadêmica brasileira, as ações afirmativas raciais cos... more Tanto no debate público como na literatura acadêmica brasileira, as ações afirmativas raciais costumam ser vistas como políticas de promoção da diferença cultural. Contudo, essa associação entre ação
afirmativa e teorias multiculturalistas ou comunitaristas está longe de ser automática. Este artigo pretende evidenciar que os teóricos do multiculturalismo e do comunitarismo mantêm uma relação ambígua com as ações afirmativas raciais, mormente com aquelas implantadas no ensino superior. Discutimos o tratamento dado ao tema por autores-chave da teoria da teoria política e teoria da justiça. A despeito de marcadas discordâncias quanto ao valor da ação afirmativa entre autores e correntes, todos parecem concordar com a ideia de que ações afirmativas raciais são políticas essencialmente
assimilacionistas, e não diferencialistas como pretendem publicistas e cientistas sociais brasileiros. Em suma, ao interpretar erroneamente a teoria e prática da ação afirmativa, autores e publicistas contribuem
para distorcer o debate público sobre esse tema hoje tão importante.

O presente artigo examina a hipótese de que a teoria política e moral do liberalismo igualitário ... more O presente artigo examina a hipótese de que a teoria política e moral do liberalismo igualitário serve de justificação para políticas de ação afirmativa de recorte étnico-racial, hipótese essa que tem sido assumida como verdadeira por acadêmicos e importantes operadores do direito em nosso país. Buscamos estabelecer como autores fundamentais do liberalismo igualitário, como John Rawls, Ronald Dworkin, Thomas Nagel e Robert Taylor, trataram a questão das políticas de discriminação positiva. O método usado é a interpretação textual, tomando cuidado de trabalhar o mais próximo possível da linguagem e dos conceitos nos próprios textos dos autores e cobrindo a evolução do tema na obra de cada um, particularmente na de Rawls. Pretendemos mostrar que há uma gradação de opiniões em relação à questão, que vai da defesa à rejeição de tais políticas, passando por posições intermediárias que justificam algumas modalidades de ação afirmativa, mas não outras. Portanto, não há uma relação unívoca entre a teoria política e moral do liberalismo igualitário e a justificação de políticas de ação afirmativa de recorte étnico-racial, a despeito do senso comum e do fato de teóricos do liberalismo igualitário e defensores da ação afirmativa partilharem o mesmo lugar no espectro político das democracias liberais. PALAVRAS-CHAVE: teoria política; ação afirmativa; liberalismo igualitário; justiça; Rawls. I. INTRODUÇÃO 1
Cadernos Pagu, 2008
Congress and its current representations about gender are crucial spaces in feminist political st... more Congress and its current representations about gender are crucial spaces in feminist political struggles, but where there are few female voices. In these spaces, we can observe the limitations that the dynamics of the political field impose on certain issues, including gender. This paper discusses how female and male members of congress make their representations about women, analyzing the representations of the female condition present in speeches made in the plenary assembly of Brazilian Chamber of Deputies, in the course of the sessions held on International Women's Day (March 8th), between 1975 and 2006.
El artículo analiza las distintas modalidades de acciones afirmativas raciales vigentes en las un... more El artículo analiza las distintas modalidades de acciones afirmativas raciales vigentes en las universidades públicas brasileñas hasta el 2012. A partir de un levantamiento de las leyes y resoluciones que reglamentan dichas políticas, cruzadas con microdatos producidos por el Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, trazamos un panorama de la acción afirmativa en el país. Nuestro esfuerzo se destina a explicitar los diferentes diagnósticos acerca de las desigualdades educativas en Brasil en los que se basan las universidades para elaborar sus políticas e investigar de qué manera adoptan procedimientos para mitigar las desigualdades en la admisión a sus cursos, enfrentando el desafío de transformar categorías sociológicas como clase, raza y etnicidad, así como demandas gubernamentales y de movimientos sociales, en criterios que orienten las políticas públicas.
The article analyzes current (up to 2012) race-based affirmative actions of various kinds in effe... more The article analyzes current (up to 2012) race-based affirmative actions of various kinds in effect in Brazilian public universities. By drawing on laws and resolutions that regulate such actions, we resort to micro-data from the National Institute for Educational Research to present an overview of affirmative action in the country's public higher education. We aim to detail the diagnoses made by universities regarding education inequality, on which they rely to define student selection policies. We also aim to expose the procedures adopted to lessen inequality, procedures that face up to the challenge of transforming sociological categories such as class, race and ethnicity into public policy criteria, while dealing with demands from both government and social movements.

Through research that looks at opinion columns published in the major Brazilian press, we analyze... more Through research that looks at opinion columns published in the major Brazilian press, we analyze the position that the country's social scientists have taken on the issue of the racial quota system that has been implanted in some of its universities. Our main goal is to demonstrate the plurality of opinions embroiled in the controversy, in order to then identify commom lines of argument. Initially, we discuss the validity of two widely-disseminated interpretations of the controversy: the one which sees the polemic as a moment of collision between two antagonistic ideals of justice and another which sees the polemic as a new phase in discordant public sphere images of Brazilian racial reality. Finally, we conclude by suggesting that the discrepancies detected are not based on irreconcilable differences. Rather, the majority of the actors involved mobilize similar bases of justification in order to further their arguments.
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Artigos by Luiz Augusto Campos
afirmativa e teorias multiculturalistas ou comunitaristas está longe de ser automática. Este artigo pretende evidenciar que os teóricos do multiculturalismo e do comunitarismo mantêm uma relação ambígua com as ações afirmativas raciais, mormente com aquelas implantadas no ensino superior. Discutimos o tratamento dado ao tema por autores-chave da teoria da teoria política e teoria da justiça. A despeito de marcadas discordâncias quanto ao valor da ação afirmativa entre autores e correntes, todos parecem concordar com a ideia de que ações afirmativas raciais são políticas essencialmente
assimilacionistas, e não diferencialistas como pretendem publicistas e cientistas sociais brasileiros. Em suma, ao interpretar erroneamente a teoria e prática da ação afirmativa, autores e publicistas contribuem
para distorcer o debate público sobre esse tema hoje tão importante.
afirmativa e teorias multiculturalistas ou comunitaristas está longe de ser automática. Este artigo pretende evidenciar que os teóricos do multiculturalismo e do comunitarismo mantêm uma relação ambígua com as ações afirmativas raciais, mormente com aquelas implantadas no ensino superior. Discutimos o tratamento dado ao tema por autores-chave da teoria da teoria política e teoria da justiça. A despeito de marcadas discordâncias quanto ao valor da ação afirmativa entre autores e correntes, todos parecem concordar com a ideia de que ações afirmativas raciais são políticas essencialmente
assimilacionistas, e não diferencialistas como pretendem publicistas e cientistas sociais brasileiros. Em suma, ao interpretar erroneamente a teoria e prática da ação afirmativa, autores e publicistas contribuem
para distorcer o debate público sobre esse tema hoje tão importante.
expose les controverses publiques et les problèmes pratiques gérés par la présence de ces différentes modèles de classification raciale.
no ENEM de 2012. Em relação ao perfil socioeconômico, o
texto traz dados gerais sobre os inscritos, suas desigualdades
de classe, condições no ensino médio, educação dos pais etc.
Observamos também a taxa de participação no exame de
cada um dos grupos raciais, bem como o desempenho geral
deles nas provas. Finalmente, relacionamos esses dados de
desempenho com aqueles sobre a condição socioeconômica.
O objetivo é evidenciar como as desigualdades de desempenho
parecem aumentar quando comparamos brancos e nãobrancos
no topo da hierarquia social.
Federais e das Assembleias Legislativas estaduais de acordo
com a cor e o sexo autodeclarados pelos eleitos em outubro de
2014. O Objetivo é estabelecer em que medida as
desigualdades de gênero e de raça permanecem tendo
impactos na política, alijando dos legislativos federal e
estaduais mulheres, pretos e pardos. Como o texto demonstra,
a participação das mulheres no parlamento evoluiu muito
pouco e os pretos e pardos também se encontram distantes de
uma presença na política comparável a sua presença na
sociedade.
ENEM pelos estudantes que se candidataram às cotas nas
instituições públicas de ensino superior via Sistema de
Seleção Unificada (SISU). As evidências mostram que a lógica
de funcionamento do SISU cria incentivos para que a escolha
de um curso superior se torne cada vez mais racional e que
os candidatos modelem suas expectativas de carreira
conforme o seu desempenho no ENEM. Como consequência,
constatamos que a distância na nota de cotistas e nãocotistas
tende em geral a ser muito baixa, senão mesmo
insignificante. Verificamos ainda outro fenômeno
surpreendente, ainda que marginal. Se na maioria dos cursos
a cota serve para garantir o ingresso de seus beneficiários,
em alguns cursos tem ocorrido o oposto e pleiteantes às
cotas que obtiveram melhor desempenho que os não-cotistas
não têm conseguido ingressar na universidade. Nesses casos,
em vez de funcionar como um piso garantidor de uma
presença mínima dos cotistas, o modelo das cotas
implantado nas instituições de ensino federais pela Lei
12.711 acaba por funcionar como um teto para essa
presença.
afirmativas raciais pelo jornal de maior circulação nacional, a
Folha de S. Paulo. A partir de um amplo levantamento de
todos os textos sobre o tema publicados no jornal durante a
primeira década do milênio, o presente trabalho examina a
distribuição dos textos nas seções, a organização das opiniões
dadas como relevantes e os atores sociais que tiveram maior
visibilidade na cobertura.
afirmativas raciais por um dos principais veículos de
imprensa brasileiros: o jornal carioca O Globo. A partir de
um amplo levantamento de tudo que foi publicado sobre o
tema durante a primeira década do milênio, o texto
apresenta como o jornal distribuiu os textos nas suas seções,
como ele organizou as opiniões consideradas e quais atores
sociais tiveram maior visibilidade em sua cobertura do tema.
Palavras-chave : Racismo; Preconceito; Discriminação; Realismo crítico.