
Lucas Freire
Professor Adjunto do Departamento de Antropologia (ICS/UERJ). Graduado em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Especialista em Gênero e Sexualidade pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ). Mestre e Doutor em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS/MN/UFRJ). Atualmente realiza estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais (PPHPBC) da Escola de Ciências Sociais/CPDOC da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Rio).
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Papers by Lucas Freire
uma identidade homossexual masculina é perpassada por uma série de negociações e ocorre por meio de quatro processos distintos: percepção, aceitação, prática e comunicação. Através da análise dos relatos dos sujeitos sobre suas trajetórias, busco
evidenciar como estes quatro processos são essencialmente dinâmicos e não-lineares, acontecendo, por vezes, de modo simultâneo.
uma identidade homossexual masculina é perpassada por uma série de negociações e ocorre por meio de quatro processos distintos: percepção, aceitação, prática e comunicação. Através da análise dos relatos dos sujeitos sobre suas trajetórias, busco
evidenciar como estes quatro processos são essencialmente dinâmicos e não-lineares, acontecendo, por vezes, de modo simultâneo.
A partir da narrativa de alguns casos acompanhados ao longo do trabalho de campo, discuto de que maneira noções como a de “classificação de risco” são acionadas nesses processos de modo a definir um certo “ritmo de gestão”. Além disso, busco demonstrar como o “ritmo da gestão” está fortemente relacionado a uma retórica de “crise” que tem sido produzida e mobilizada por diferentes atores e instituições para descrever o atual quadro da saúde pública no Rio de Janeiro. A ideia de ritmo – isto é, não apenas uma sucessão de tempos, mas fundamentalmente a velocidade com que esses tempos se sucedem – é utilizada para caracterizar a regulação dos fluxos de atendimento dos “assistidos” da instituição. Assim, por meio de uma reflexão sobre o “ritmo”, tento compreender as formas pelas quais tempo, risco e sofrimento imbricam-se nas vidas de pessoas que aguardam a vacância de um leito em um hospital público; que esperam que o estoque do medicamento utilizado para controlar os sintomas de uma doença crônica seja reposto; que permanecem em filas para a realização de uma cirurgia durante anos; em suma, que se dirigem até a CRLS para demandar judicialmente o direito à saúde.
Na primeira parte da tese, abordo a conformação de diferentes discursos e narrativas que culminam na produção de um enquadramento que define a conjuntura como uma “crise da saúde pública no Rio de Janeiro”, utilizado para justificar uma série de medidas e decisões acerca dos rumos das políticas de saúde nos âmbitos municipal, estadual e até mesmo federal. Por meio de um apanhado dos principais discursos sobre a crise que começaram a circular na mídia a partir de meados de 2014, exploro como estes configuram diferentes versões da crise em uma disputa política acerca da “verdade”. Ao trazer uma perspectiva histórica para pensar a situação contemporânea, sugiro que a crise decretada em 2015 não é um episódio pontual na trajetória da saúde pública no Rio de Janeiro, mas sim um ponto crítico de um modo de governo que se faz por meio da produção incessante da escassez.
A segunda parte tem a ver com o acionamento do Judiciário como forma de garantir direitos e de tentar gerir e/ou contornar os efeitos dessa crise na vida daqueles que dependem do Sistema Único de Saúde. Baseado em uma etnografia realizada entre os meses de dezembro de 2016 e dezembro de 2017 em um órgão público chamado Câmara de Resolução de Litígios de Saúde, busco discutir como o fenômeno da judicialização da saúde é gerenciado por meio de procedimentos burocráticos que objetivam oferecer uma “resolução administrativa” para os potenciais litígios. Ao descrever o cotidiano dessa instituição, pretendo explorar como a precariedade e a escassez são administradas rotineira e continuamente por um grupo de agentes ligados a diferentes instâncias e órgãos estatais. Considero essa gestão pela escassez um elemento central da operação do chamo aqui de necrogovernança: um conjunto de ações estatais de gestão de populações que tem por objetivo fazer morrer certos grupos sociais através da corrosão das condições e possibilidades de vida das pessoas e da inviabilização de sua existência.