
Andréia Gomury
Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro com a pesquisa intitulada "Infelizes, Miudinhos, Fugitivos”: ponto de vista, referenciação e imagem do sertanejo em Vidas secas, de Graciliano Ramos. Graduada e licenciada em Letras (português/francês/literaturas) pela mesma universidade. Possui Especialização em Planejamento, Implementação e Gestão da EaD pela UFF e Especialização em Educação de Jovens e Adultos na Diversidade e Inclusão pela mesma universidade. Experiência em EaD. Há 10 anos atuando como mediadora pedagógica no curso de Licenciatura em Pedagogia da UERJ.
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Alfredo Bosi (2006), em conformidade com o esquema historiográfico nacionalista-realista compartilhado com Nelson Werneck Sodré (1964), localiza Vidas secas, de Graciliano Ramos, no fecho de uma progressão evolutiva do sertanismo, a título de “obra prima da sobriedade formal” na qual “o esforço de objetivação foi bem logrado” (BOSI, 2006, p. 403).
Podemos realmente dizer que esse esforço de objetivação em Vidas secas foi bem logrado? Existe, de fato, em Vidas secas, esse esforço de objetivação? Partindo dessas questões, busco demonstrar, ao longo das páginas deste livro, que o esforço de objetivação não foi bem logrado no romance, conforme afirma Bosi. De acordo com Alan Rabatel (2016), a ideia de uma “focalização zero” não resiste à análise. Haverá sempre as marcas de alguém tentando se apagar no texto
Com os estudos imagológicos de Daniel-Henri Pageaux (2011), podemos compreender a impossibilidade de se apagar as marcas enunciativas. Segundo o autor, “a imagem é uma espécie de língua, de língua segunda para dizer o Outro e, consequentemente, para dizer também um pouco de si, de sua cultura” (PAGEAUX, 2011, p. 111). Com essa definição de imagem, ele nos mostra que sempre haverá as marcas de quem enuncia, os rastros de subjetividade de quem articula determinado discurso. Em Vidas secas identificamos as marcas da subjetividade enunciativa em terceira pessoa a serviço de um certo imaginário.
Essas afirmações de Pageaux são suplementadas pela teoria da referenciação de Lorenza Mondada e Danièle Dubois (2003). Para elas, a referenciação não está ancorada em um “valor de verdade”, e, sim, verdade enquanto construção.
A construção dos objetos de discurso é marcada pela instabilidade das categorias, ou seja, não se pergunta como as informações são transmitidas e, sim, como as atividades humanas e linguísticas estruturam e dão sentido ao mundo.
Sendo assim, segundo Mondada e Dubois (2003, p. 21), a estabilidade é produzida criando-se “efeitos de objetividade e de realidade – que, desde então, não podem ser considerados como dados, mas como resultantes de processos simbólicos complexos”.
Vidas secas, portanto, à luz da imagologia, da teoria do ponto de vista e da referenciação, extrapola os limites de “produção da ilusão de um mundo objetivo (da objetividade do mundo), ‘pronto’ para ser percebido cognitivamente pelos indivíduos racionais” (MONDADA; DUBOIS, 2003, p. 21), entrando, assim, em tensão com o esquema historiográfico teleológico nacionalista-realista de Bosi e Sodré.
(EaD) com foco no aluno e descrever as contribuições dos docentes, principalmente do design
instrucional, para o desenvolvimento da autonomia dos alunos no processo de ensino-aprendizagem.
Utilizamos o conceito de (poli)docência, de Daniel MIll. Neste conceito, a categoria docente
ultrapassa o fazer pedagógico para além do professoral e se dá em um ambiente
hierarquizado, onde há um único objetivo: a autonomia do aluno e seu aprendizado. O estudo
torna-se relevante como fonte de pesquisas futuras e para o aprimoramento e elaboração de
novas práticas metodológicas com foco mais direcionado ao aluno, principalmente a partir da
criatividade dos docentes na utilização das ferramentas didático-pedagógicas oferecidas.
Alfredo Bosi (2006), em conformidade com o esquema historiográfico nacionalista-realista compartilhado com Nelson Werneck Sodré (1964), localiza Vidas secas, de Graciliano Ramos, no fecho de uma progressão evolutiva do sertanismo, a título de “obra prima da sobriedade formal” na qual “o esforço de objetivação foi bem logrado” (BOSI, 2006, p. 403).
Podemos realmente dizer que esse esforço de objetivação em Vidas secas foi bem logrado? Existe, de fato, em Vidas secas, esse esforço de objetivação? Partindo dessas questões, busco demonstrar, ao longo das páginas deste livro, que o esforço de objetivação não foi bem logrado no romance, conforme afirma Bosi. De acordo com Alan Rabatel (2016), a ideia de uma “focalização zero” não resiste à análise. Haverá sempre as marcas de alguém tentando se apagar no texto
Com os estudos imagológicos de Daniel-Henri Pageaux (2011), podemos compreender a impossibilidade de se apagar as marcas enunciativas. Segundo o autor, “a imagem é uma espécie de língua, de língua segunda para dizer o Outro e, consequentemente, para dizer também um pouco de si, de sua cultura” (PAGEAUX, 2011, p. 111). Com essa definição de imagem, ele nos mostra que sempre haverá as marcas de quem enuncia, os rastros de subjetividade de quem articula determinado discurso. Em Vidas secas identificamos as marcas da subjetividade enunciativa em terceira pessoa a serviço de um certo imaginário.
Essas afirmações de Pageaux são suplementadas pela teoria da referenciação de Lorenza Mondada e Danièle Dubois (2003). Para elas, a referenciação não está ancorada em um “valor de verdade”, e, sim, verdade enquanto construção.
A construção dos objetos de discurso é marcada pela instabilidade das categorias, ou seja, não se pergunta como as informações são transmitidas e, sim, como as atividades humanas e linguísticas estruturam e dão sentido ao mundo.
Sendo assim, segundo Mondada e Dubois (2003, p. 21), a estabilidade é produzida criando-se “efeitos de objetividade e de realidade – que, desde então, não podem ser considerados como dados, mas como resultantes de processos simbólicos complexos”.
Vidas secas, portanto, à luz da imagologia, da teoria do ponto de vista e da referenciação, extrapola os limites de “produção da ilusão de um mundo objetivo (da objetividade do mundo), ‘pronto’ para ser percebido cognitivamente pelos indivíduos racionais” (MONDADA; DUBOIS, 2003, p. 21), entrando, assim, em tensão com o esquema historiográfico teleológico nacionalista-realista de Bosi e Sodré.
(EaD) com foco no aluno e descrever as contribuições dos docentes, principalmente do design
instrucional, para o desenvolvimento da autonomia dos alunos no processo de ensino-aprendizagem.
Utilizamos o conceito de (poli)docência, de Daniel MIll. Neste conceito, a categoria docente
ultrapassa o fazer pedagógico para além do professoral e se dá em um ambiente
hierarquizado, onde há um único objetivo: a autonomia do aluno e seu aprendizado. O estudo
torna-se relevante como fonte de pesquisas futuras e para o aprimoramento e elaboração de
novas práticas metodológicas com foco mais direcionado ao aluno, principalmente a partir da
criatividade dos docentes na utilização das ferramentas didático-pedagógicas oferecidas.