Thesis Chapters by Luciana Barbosa
Entrevista: Usos medicinais de maconha e produção de conhecimento , 2023
Entrevista para divulgação científica acerca da elaboração da tese, resultados e desdobramentos.

Tese - REDES CANÁBICAS NO ÂMBITO DA SAÚDE: USOS MEDICINAIS DE MACONHA, MOBILIZAÇÃO SOCIAL E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO, 2021
Os usos medicinais de maconha tem sido foco de debates em torno do direito à saúde e
sobre políti... more Os usos medicinais de maconha tem sido foco de debates em torno do direito à saúde e
sobre políticas de drogas em diversos países do mundo. Mesmo em países onde o acesso
legal à planta não foi regulamentado, seus usos têm se difundido como possibilidade de
tratamento para diversas enfermidades. O presente trabalho buscou compreender como
tais usos têm sido viabilizados, quais conhecimentos o embasam e como tais
conhecimentos são produzidos, uma vez que a planta é ainda proibida na maior parte do
mundo. Os dados apresentados resultam da pesquisa realizada entre os anos 2017 e
2019 nas cidades do Rio de Janeiro/Brasil e Santiago/Chile, elaborada a partir da
observação participante, realização de entrevistas semiestruturadas e análise
documental. As conclusões apontam que o conhecimento em torno dos usos medicinais
de maconha, como dosagens, variedades de plantas, técnicas de cultivo e a elaboração
do óleo artesanal, têm sido produzidos principalmente por uma rede colaborativa por
meio da qual circulam informações, relatos de experiências, sementes, mudas, flores e
tudo o que diz respeito à maconha. Howard Becker já chamou atenção para o fato de
que usuários de drogas ilícitas desenvolvem seus conhecimentos sobre as substâncias
que consomem a partir de uma rede informal de comunicação por meio da qual circulam
experiências e informações resultantes de suas pesquisas individuais. A presente
pesquisa acrescenta que, no caso da maconha, essa rede tem se expandido com o
desenvolvimento dos usos medicinais da planta, que ampliaram a circulação das
informações acerca da canabis, não estando mais circunscrita a usuários de maconha,
mas também aos familiares de usuários medicinais, que levam consigo experiências de
suas carreiras como familiares e pacientes de doenças de difícil controle. Essa expansão
da rede canábica pode ser simbolizada pelo encontro entre cultivadores/as e mães de
crianças com doenças raras, e o compartilhamento de seus conhecimentos e
experiências. A formalização desses atores e atrizes nas associações canábicas tem
fomentado não apenas o aumento dessa rede de comunicação e troca de conhecimento,
como acionado instituições de pesquisa, promovendo a produção de conhecimento
científico. O conhecimento colaborativo produzido por esses grupos, ao ser corroborado
por médicos engajados e apoiado por advogados ativistas tem resultado no acesso a tal
tratamento por meio da judicialização da saúde e na disputa epistemológica em torno da
maconha.

SOB O SIGNO DA CURATELA: AS RELAÇÕES ENTRE FAMÍLIA, JUSTIÇA E MEDICINA EM TORNO DOS PROCESSOS DE INTERDIÇÃO POR DIAGNÓSTICOS DE DOENÇAS MENTAIS , 2015
Essa dissertação tem o intuito de analisar os atuais mecanismos de interdição de pessoas com diag... more Essa dissertação tem o intuito de analisar os atuais mecanismos de interdição de pessoas com diagnóstico de “doença mental” a partir da compreensão sobre as relações entre família, justiça e psiquiatria tecidas durante o processo legal. Geralmente acionado pela família, o processo de interdição busca estabelecer restrições ao exercício dos atos da vida civil de um indivíduo diagnosticado com uma “doença mental” que o caracterize como “incapaz” do ponto de vista médico e jurídico. Com a interdição sentenciada pelo juiz, um curador é nomeado para responsabilizar-se pela administração dos bens e da vida do sujeito interditado passando este a ter todos seus atos considerados legalmente nulos por tempo indeterminado. Além disso, a interdição tem sido um recurso utilizado como comprovação da incapacidade do indivíduo para o trabalho em casos onde o curador requer o “Benefício de Prestação Continuada” junto ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), em nome da pessoa interditada. Pretende-se então, a partir da exposição de trechos etnográficos, suscitar a discussão sobre a negociação de significados entre as instituições envolvidas assim como as relações entre os diferentes saberes e práticas, certas vezes conflitantes, ocasionadas por tal processo. O intuito é também contemplar questões morais e éticas presentes nos discursos legais, médicos e sociais sobre os comportamentos categorizados como “sintomas” e “doenças” pelo saber psiquiátrico e, em razão da avaliação da perícia médica, incapacitantes do ponto de vista jurídico, assim
como os seus efeitos na vida dos indivíduos interditados e suas famílias.
Conference Presentations by Luciana Barbosa

Os usos medicinais de maconha tem sido foco de debates em torno do direito à saúde e sobre políti... more Os usos medicinais de maconha tem sido foco de debates em torno do direito à saúde e sobre políticas de drogas em toda a América Latina. Mesmo em países nos quais o cultivo da planta não foi regulamentado, como no Brasil e no Chile, seus usos têm se difundido como possibilidade de tratamento para diversas enfermidades. O presente trabalho buscou compreender como tais usos têm sido viabilizados, quais conhecimentos o embasam e como tais conhecimentos são produzidos, uma vez que a planta é ainda proibida na maior parte do mundo. Os dados apresentados resultam da pesquisa realizada entre os anos 2017 e 2019 nas cidades do Rio de Janeiro/Brasil e Santiago/Chile, elaborada a partir da observação participante, realização de entrevistas semiestruturadas e análise documental. As conclusões apontam que o conhecimento em torno dos usos medicinais de maconha, como dosagens, tipos de plantas, técnicas de cultivo e a elaboração do óleo artesanal, tem sido produzidos principalmente por uma rede colaborativa por meio da qual circulam informações, relatos de experiências, sementes, mudas, flores e tudo o que diz respeito à maconha. Howard Becker já chamou atenção para o fato de que usuários de drogas ilícitas desenvolvem seus conhecimentos sobre as substâncias que consomem a partir de uma rede informal de comunicação por meio da qual circulam experiências e informações resultantes de suas pesquisas individuais. A presente pesquisa acrescenta que, no caso da maconha, essa rede tem se expandido com o desenvolvimento dos usos medicinais da planta, que ampliaram a circulação das informações acerca da canabis, não estando mais circunscrita a usuários de maconha, mas também aos familiares de usuários medicinais, que levam consigo experiências de suas carreiras como pacientes de doenças de difícil controle. Essa expansão da rede canábica pode ser simbolizada pelo encontro entre expertises de cultivadores e mães de crianças com doenças raras e difícil controle. A formalização desses atores nas associações canábicas tem fomentado não apenas o aumento dessa rede de comunicação e troca de conhecimento, como acionado instituições de pesquisa, promovendo a produção de conhecimento científico. O conhecimento colaborativo produzido por esses grupos, ao ser corroborado por médicos engajados e apoiado por advogados ativistas tem resultado no acesso a tal tratamento por meio da judicialização da saúde e na produção de conhecimento científico, por meio do acionamento de instituições de pesquisa.
Papers by Luciana Barbosa

Ilha Revista de Antropologia
Neste artigo demonstro como os usos medicinais de cannabis têm sido viabilizados no Chile a part... more Neste artigo demonstro como os usos medicinais de cannabis têm sido viabilizados no Chile a partir da experiência da Fundação Daya, por meio do associativismo terapêutico. A pesquisa foi realizada com base na observação participante junto à associação durante seis meses, em entrevistas com membros da equipe e em pesquisa documental. Compreendo, a partir da pesquisa realizada, que as ações coletivas organizadas por ativistas, somadas à produção de evidências, e a organização desses grupos em associações canábicas têm incentivado o debate público acerca do tema e, consequentemente, a produção de conhecimento credenciado e não credenciado. Nesse processo, foram desenvolvidas controvérsias científicas e disputas epistemológicas por meio das quais novos saberes e práticas relacionadas à saúde são experienciados e difundidos. A partir da análise realizada, elucido o processo por meio do qual uma planta tem sido transformada em medicamento no Chile.

Ilha - revista de antropologia, 2023
Neste artigo demonstro como os usos medicinais de cannabis têm sido viabilizados no Chile a parti... more Neste artigo demonstro como os usos medicinais de cannabis têm sido viabilizados no Chile a partir da
experiência da Fundação Daya, por meio do associativismo terapêutico. A pesquisa foi realizada com base
na observação participante junto à associação durante seis meses, em entrevistas com membros da equipe
e em pesquisa documental. Compreendo, a partir da pesquisa realizada, que as ações coletivas organizadas
por ativistas, somadas à produção de evidências, e a organização desses grupos em associações canábicas
têm incentivado o debate público acerca do tema e, consequentemente, a produção de conhecimento
credenciado e não credenciado. Nesse processo, foram desenvolvidas controvérsias científicas e disputas
epistemológicas por meio das quais novos saberes e práticas relacionadas à saúde são experienciados
e difundidos. A partir da análise realizada, elucido o processo por meio do qual uma planta tem sido
transformada em medicamento no Chile.

Mediações - Revista de Ciências Sociais
O presente artigo analisa como os usos medicinais de maconha têm sido viabilizados em países que ... more O presente artigo analisa como os usos medicinais de maconha têm sido viabilizados em países que não possuem regulamentação para tal acesso. Os dados apresentados resultam de pesquisa realizada nas cidades do Rio de Janeiro/Brasil e Santiago/Chile, elaborada a partir de observação participante, entrevistas semiestruturadas e análise documental. As conclusões apontam que o conhecimento acerca dos usos medicinais de maconha tem sido produzido principalmente por uma rede colaborativa por meio da qual circulam informações, experiências, conhecimentos, sementes, mudas e flores. Essa rede é construída por usuários e familiares de pessoas com doenças de difícil controle para as quais a medicina apresenta tratamentos insuficientes do ponto de vista dos pacientes e seus familiares, e também por médicos, advogados, ativistas e pesquisadores. O conhecimento produzido por esses grupos, ao ser corroborado pelo acionamento de instituições de pesquisa, e pelo apoio de médicos e advogados ativistas...

Redes canábicas e usos medicinais de maconha: associativismo como parte do processo terapêutico, 2022
O presente artigo tem como objetivo construir um panorama sobre como se mobilizam os atores socia... more O presente artigo tem como objetivo construir um panorama sobre como se mobilizam os atores sociais em torno do acesso à maconha para fins medicinais no Brasil, especialmente no que se refere às ações coletivas
promovidas entre os anos de 2014 e 2019 por meio do associativismo canábico. A partir de uma pesquisa etnográfica realizada junto a associações canábicas brasileiras, e pela análise documental e de audiências públicas, compreendeu-se que o ativismo em torno do tema tem resultado no maior acesso a tal tratamento, por meio da desobediência civil e da judicialização da saúde. Como o conhecimento necessário para realizar
o tratamento com cannabis não tem sido produzido pelas instituições médicas ou institutos de pesquisa, para acessá-los é necessário engajar-se em coletivos ou associações canábicas. Nesse sentido, o engajamento
promove o maior acesso à saúde, uma vez que tais movimentos têm resultado em possibilidades para tal tratamento. Além disso, a credibilidade e legitimidade alcançada pelas associações canábicas tem potencial para ampliar a democratização do debate sobre o tema da cannabis, uma vez que aumentam a participação social nos processos de tomada de decisão, e demandam meios democráticos de acesso.

Revista Mediações, 2022
O presente artigo analisa como os usos medicinais de maconha têm sido
viabilizados em países que ... more O presente artigo analisa como os usos medicinais de maconha têm sido
viabilizados em países que não possuem regulamentação para tal acesso. Os dados apresentados resultam de pesquisa realizada nas cidades do Rio de Janeiro/Brasil e Santiago/Chile, elaborada a partir de observação participante, entrevistas semiestruturadas e análise documental. As conclusões apontam que o conhecimento acerca dos usos medicinais de maconha tem sido produzido principalmente por uma rede colaborativa por meio da qual circulam informações, experiências, conhecimentos, sementes, mudas e flores. Essa rede é construída por usuários e familiares de pessoas com doenças de difícil controle para as quais a medicina apresenta tratamentos insuficientes do ponto de vista dos pacientes e seus familiares, e também por médicos, advogados, ativistas e pesquisadores. O conhecimento produzido por esses
grupos, ao ser corroborado pelo acionamento de instituições de pesquisa, e pelo apoio de médicos e advogados ativistas, tem resultado no acesso a tal tratamento por meio do cultivo medicinal não autorizado e pela via da judicialização da saúde.

Os usos medicinais de maconha tem sido foco de debates em torno do direito à saúde e sobre políti... more Os usos medicinais de maconha tem sido foco de debates em torno do direito à saúde e sobre políticas de drogas em toda a América Latina. Mesmo em países nos quais o cultivo da planta não foi regulamentado, como no Brasil e no Chile, seus usos têm se difundido como possibilidade de tratamento para diversas enfermidades. O presente trabalho buscou compreender como tais usos têm sido viabilizados, quais conhecimentos o embasam e como tais conhecimentos são produzidos, uma vez que a planta é ainda proibida na maior parte do mundo. Os dados apresentados resultam da pesquisa realizada entre os anos 2017 e 2019 nas cidades do Rio de Janeiro/Brasil e Santiago/Chile, elaborada a partir da observação participante, realização de entrevistas semiestruturadas e análise documental. As conclusões apontam que o conhecimento em torno dos usos medicinais de maconha, como dosagens, tipos de plantas, técnicas de cultivo e a elaboração do óleo artesanal, tem sido produzidos principalmente por uma rede colaborativa por meio da qual circulam informações, relatos de experiências, sementes, mudas, flores e tudo o que diz respeito à maconha. Howard Becker já chamou atenção para o fato de que usuários de drogas ilícitas desenvolvem seus conhecimentos sobre as substâncias que consomem a partir de uma rede informal de comunicação por meio da qual circulam experiências e informações resultantes de suas pesquisas individuais. A presente pesquisa acrescenta que, no caso da maconha, essa rede tem se expandido com o desenvolvimento dos usos medicinais da planta, que ampliaram a circulação das informações acerca da canabis, não estando mais circunscrita a usuários de maconha, mas também aos familiares de usuários medicinais, que levam consigo experiências de suas carreiras como pacientes de doenças de difícil controle. Essa expansão da rede canábica pode ser simbolizada pelo encontro entre expertises de cultivadores e mães de crianças com doenças raras e difícil controle. A formalização desses atores nas associações canábicas tem fomentado não apenas o aumento dessa rede de comunicação e troca de conhecimento, como acionado instituições de pesquisa, promovendo a produção de conhecimento científico. O conhecimento colaborativo produzido por esses grupos, ao ser corroborado por médicos engajados e apoiado por advogados ativistas tem resultado no acesso a tal tratamento por meio da judicialização da saúde e na produção de conhecimento científico, por meio do acionamento de instituições de pesquisa.
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Thesis Chapters by Luciana Barbosa
sobre políticas de drogas em diversos países do mundo. Mesmo em países onde o acesso
legal à planta não foi regulamentado, seus usos têm se difundido como possibilidade de
tratamento para diversas enfermidades. O presente trabalho buscou compreender como
tais usos têm sido viabilizados, quais conhecimentos o embasam e como tais
conhecimentos são produzidos, uma vez que a planta é ainda proibida na maior parte do
mundo. Os dados apresentados resultam da pesquisa realizada entre os anos 2017 e
2019 nas cidades do Rio de Janeiro/Brasil e Santiago/Chile, elaborada a partir da
observação participante, realização de entrevistas semiestruturadas e análise
documental. As conclusões apontam que o conhecimento em torno dos usos medicinais
de maconha, como dosagens, variedades de plantas, técnicas de cultivo e a elaboração
do óleo artesanal, têm sido produzidos principalmente por uma rede colaborativa por
meio da qual circulam informações, relatos de experiências, sementes, mudas, flores e
tudo o que diz respeito à maconha. Howard Becker já chamou atenção para o fato de
que usuários de drogas ilícitas desenvolvem seus conhecimentos sobre as substâncias
que consomem a partir de uma rede informal de comunicação por meio da qual circulam
experiências e informações resultantes de suas pesquisas individuais. A presente
pesquisa acrescenta que, no caso da maconha, essa rede tem se expandido com o
desenvolvimento dos usos medicinais da planta, que ampliaram a circulação das
informações acerca da canabis, não estando mais circunscrita a usuários de maconha,
mas também aos familiares de usuários medicinais, que levam consigo experiências de
suas carreiras como familiares e pacientes de doenças de difícil controle. Essa expansão
da rede canábica pode ser simbolizada pelo encontro entre cultivadores/as e mães de
crianças com doenças raras, e o compartilhamento de seus conhecimentos e
experiências. A formalização desses atores e atrizes nas associações canábicas tem
fomentado não apenas o aumento dessa rede de comunicação e troca de conhecimento,
como acionado instituições de pesquisa, promovendo a produção de conhecimento
científico. O conhecimento colaborativo produzido por esses grupos, ao ser corroborado
por médicos engajados e apoiado por advogados ativistas tem resultado no acesso a tal
tratamento por meio da judicialização da saúde e na disputa epistemológica em torno da
maconha.
como os seus efeitos na vida dos indivíduos interditados e suas famílias.
Conference Presentations by Luciana Barbosa
Papers by Luciana Barbosa
experiência da Fundação Daya, por meio do associativismo terapêutico. A pesquisa foi realizada com base
na observação participante junto à associação durante seis meses, em entrevistas com membros da equipe
e em pesquisa documental. Compreendo, a partir da pesquisa realizada, que as ações coletivas organizadas
por ativistas, somadas à produção de evidências, e a organização desses grupos em associações canábicas
têm incentivado o debate público acerca do tema e, consequentemente, a produção de conhecimento
credenciado e não credenciado. Nesse processo, foram desenvolvidas controvérsias científicas e disputas
epistemológicas por meio das quais novos saberes e práticas relacionadas à saúde são experienciados
e difundidos. A partir da análise realizada, elucido o processo por meio do qual uma planta tem sido
transformada em medicamento no Chile.
promovidas entre os anos de 2014 e 2019 por meio do associativismo canábico. A partir de uma pesquisa etnográfica realizada junto a associações canábicas brasileiras, e pela análise documental e de audiências públicas, compreendeu-se que o ativismo em torno do tema tem resultado no maior acesso a tal tratamento, por meio da desobediência civil e da judicialização da saúde. Como o conhecimento necessário para realizar
o tratamento com cannabis não tem sido produzido pelas instituições médicas ou institutos de pesquisa, para acessá-los é necessário engajar-se em coletivos ou associações canábicas. Nesse sentido, o engajamento
promove o maior acesso à saúde, uma vez que tais movimentos têm resultado em possibilidades para tal tratamento. Além disso, a credibilidade e legitimidade alcançada pelas associações canábicas tem potencial para ampliar a democratização do debate sobre o tema da cannabis, uma vez que aumentam a participação social nos processos de tomada de decisão, e demandam meios democráticos de acesso.
viabilizados em países que não possuem regulamentação para tal acesso. Os dados apresentados resultam de pesquisa realizada nas cidades do Rio de Janeiro/Brasil e Santiago/Chile, elaborada a partir de observação participante, entrevistas semiestruturadas e análise documental. As conclusões apontam que o conhecimento acerca dos usos medicinais de maconha tem sido produzido principalmente por uma rede colaborativa por meio da qual circulam informações, experiências, conhecimentos, sementes, mudas e flores. Essa rede é construída por usuários e familiares de pessoas com doenças de difícil controle para as quais a medicina apresenta tratamentos insuficientes do ponto de vista dos pacientes e seus familiares, e também por médicos, advogados, ativistas e pesquisadores. O conhecimento produzido por esses
grupos, ao ser corroborado pelo acionamento de instituições de pesquisa, e pelo apoio de médicos e advogados ativistas, tem resultado no acesso a tal tratamento por meio do cultivo medicinal não autorizado e pela via da judicialização da saúde.
sobre políticas de drogas em diversos países do mundo. Mesmo em países onde o acesso
legal à planta não foi regulamentado, seus usos têm se difundido como possibilidade de
tratamento para diversas enfermidades. O presente trabalho buscou compreender como
tais usos têm sido viabilizados, quais conhecimentos o embasam e como tais
conhecimentos são produzidos, uma vez que a planta é ainda proibida na maior parte do
mundo. Os dados apresentados resultam da pesquisa realizada entre os anos 2017 e
2019 nas cidades do Rio de Janeiro/Brasil e Santiago/Chile, elaborada a partir da
observação participante, realização de entrevistas semiestruturadas e análise
documental. As conclusões apontam que o conhecimento em torno dos usos medicinais
de maconha, como dosagens, variedades de plantas, técnicas de cultivo e a elaboração
do óleo artesanal, têm sido produzidos principalmente por uma rede colaborativa por
meio da qual circulam informações, relatos de experiências, sementes, mudas, flores e
tudo o que diz respeito à maconha. Howard Becker já chamou atenção para o fato de
que usuários de drogas ilícitas desenvolvem seus conhecimentos sobre as substâncias
que consomem a partir de uma rede informal de comunicação por meio da qual circulam
experiências e informações resultantes de suas pesquisas individuais. A presente
pesquisa acrescenta que, no caso da maconha, essa rede tem se expandido com o
desenvolvimento dos usos medicinais da planta, que ampliaram a circulação das
informações acerca da canabis, não estando mais circunscrita a usuários de maconha,
mas também aos familiares de usuários medicinais, que levam consigo experiências de
suas carreiras como familiares e pacientes de doenças de difícil controle. Essa expansão
da rede canábica pode ser simbolizada pelo encontro entre cultivadores/as e mães de
crianças com doenças raras, e o compartilhamento de seus conhecimentos e
experiências. A formalização desses atores e atrizes nas associações canábicas tem
fomentado não apenas o aumento dessa rede de comunicação e troca de conhecimento,
como acionado instituições de pesquisa, promovendo a produção de conhecimento
científico. O conhecimento colaborativo produzido por esses grupos, ao ser corroborado
por médicos engajados e apoiado por advogados ativistas tem resultado no acesso a tal
tratamento por meio da judicialização da saúde e na disputa epistemológica em torno da
maconha.
como os seus efeitos na vida dos indivíduos interditados e suas famílias.
experiência da Fundação Daya, por meio do associativismo terapêutico. A pesquisa foi realizada com base
na observação participante junto à associação durante seis meses, em entrevistas com membros da equipe
e em pesquisa documental. Compreendo, a partir da pesquisa realizada, que as ações coletivas organizadas
por ativistas, somadas à produção de evidências, e a organização desses grupos em associações canábicas
têm incentivado o debate público acerca do tema e, consequentemente, a produção de conhecimento
credenciado e não credenciado. Nesse processo, foram desenvolvidas controvérsias científicas e disputas
epistemológicas por meio das quais novos saberes e práticas relacionadas à saúde são experienciados
e difundidos. A partir da análise realizada, elucido o processo por meio do qual uma planta tem sido
transformada em medicamento no Chile.
promovidas entre os anos de 2014 e 2019 por meio do associativismo canábico. A partir de uma pesquisa etnográfica realizada junto a associações canábicas brasileiras, e pela análise documental e de audiências públicas, compreendeu-se que o ativismo em torno do tema tem resultado no maior acesso a tal tratamento, por meio da desobediência civil e da judicialização da saúde. Como o conhecimento necessário para realizar
o tratamento com cannabis não tem sido produzido pelas instituições médicas ou institutos de pesquisa, para acessá-los é necessário engajar-se em coletivos ou associações canábicas. Nesse sentido, o engajamento
promove o maior acesso à saúde, uma vez que tais movimentos têm resultado em possibilidades para tal tratamento. Além disso, a credibilidade e legitimidade alcançada pelas associações canábicas tem potencial para ampliar a democratização do debate sobre o tema da cannabis, uma vez que aumentam a participação social nos processos de tomada de decisão, e demandam meios democráticos de acesso.
viabilizados em países que não possuem regulamentação para tal acesso. Os dados apresentados resultam de pesquisa realizada nas cidades do Rio de Janeiro/Brasil e Santiago/Chile, elaborada a partir de observação participante, entrevistas semiestruturadas e análise documental. As conclusões apontam que o conhecimento acerca dos usos medicinais de maconha tem sido produzido principalmente por uma rede colaborativa por meio da qual circulam informações, experiências, conhecimentos, sementes, mudas e flores. Essa rede é construída por usuários e familiares de pessoas com doenças de difícil controle para as quais a medicina apresenta tratamentos insuficientes do ponto de vista dos pacientes e seus familiares, e também por médicos, advogados, ativistas e pesquisadores. O conhecimento produzido por esses
grupos, ao ser corroborado pelo acionamento de instituições de pesquisa, e pelo apoio de médicos e advogados ativistas, tem resultado no acesso a tal tratamento por meio do cultivo medicinal não autorizado e pela via da judicialização da saúde.