Ensino de Ciências e Biologia by Rodrigo Cerqueira do Nascimento Borba

Revista Cocar, 2022
O artigo discute questões do ensino remoto emergencial que atravessam os currículos de Ciências e... more O artigo discute questões do ensino remoto emergencial que atravessam os currículos de Ciências e Biologia na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para isso, aciona narrativas de docentes que lecionam na rede pública estadual de Minas Gerais visando compreender agências e produções destes sujeitos durante a pandemia de COVID-19. Sob perspectiva teórico-metodológica, nossa pesquisa sobre currículos e narrativas se ancora nos estudos de Ivor Goodson, enquanto dialoga com autores dos campos da EJA e do Ensino de Ciências e Biologia no Brasil que fundamentam debates sobre a autonomia e valorização da autoria docente. Assim, infere-se que, apesar do cenário instável e desafiador, professores e professoras têm tentado transgredir cotidianamente dispositivos de controle do seu trabalho e combatido discursos de regulação das subjetividades que se instalam via políticas para a educação brasileira.
This paper analyzes representations and logics produced by young students from a Rio de Janeiro p... more This paper analyzes representations and logics produced by young students from a Rio de Janeiro public school, shared in a focus group on their consumption practices. Inspired by Michel De Certeau, we operate with the notions of "strategy" and "tactics" to understand the interactions of youths with their sociocultural realities, and, from them, the strategies created for the satisfaction of consumer desires or subversion of social devices. promotion to it. Finally, from the narratives of the research subjects, we indicate and debate key elements for the understanding of their experiences against the daily contradictions in which they are inserted.

RESUMO: O presente texto apresenta e discute ameaças à docência relacionadas ao ensino de Ciência... more RESUMO: O presente texto apresenta e discute ameaças à docência relacionadas ao ensino de Ciências e Biologia no Brasil. Partindo das reflexões de Michael Apple (2001; 2015; 2017) sobre as alianças e projetos de controle da profissão docente que têm unido neoliberais e conservadores em pautas compartilhadas, contextualizamos tentativas de regulação do trabalho pedagógico com temas sensíveis aos conversadores e desafios para essas disciplinas escolares em face do cenário atual. Neste sentido, este estudo objetiva interpretar elementos e mensurar possibilidades de constituição de práticas pedagógicas democráticas, múltiplas, inclusivas e capazes de despertar o interesse e o encantamento nos estudantes. O artigo toma como base estudos acerca da abordagem de educação sexual nas aulas de Ciências e Biologia e a influência de vertentes cristãs conservadoras sobre o ensino de Origem da vida e Evolução Biológica na Educação Básica. Os estudos desenvolvidos analisaram a temática reprodução sexual humana em livros didáticos e a legislação que tornou obrigatório, no estado do Rio de Janeiro, o ensino religioso na forma confessional. O cruzamento destes estudos produziu dados de pesquisas que apontam e debatem os retrocessos no que tange à educação sexual e ao ensino da origem e da história dos seres vivos no planeta em bases evolutivas. Nesse bojo, cabe advertir que a frágil laicidade do Estado e dos sistemas educacionais têm se colocado como um fator relevante para a consolidação do comprometimento democrático do ensino de Ciências e Biologia.

" Os brancos dormem muito, mas só conseguem sonhar com eles mesmos." (Davi Kopenawa, A queda do C... more " Os brancos dormem muito, mas só conseguem sonhar com eles mesmos." (Davi Kopenawa, A queda do Céu, 2015) Na década de 1980, Frijot Capra já nos chamava a atenção para o fato de a crise ambiental ser, na verdade, uma crise de percepção provocada pelo avanço de um cartesianismo e mecanicismo a serviço do capital. A marcha messiânica do projeto da Modernidade, materializado pelo capitalismo tardio do século XX, provocou e se constituiu a partir de grandes rupturas nas formas de viver e produzir mundos pré-capitalistas. A Educação Ambiental, especialmente aquela que se forjou na América Latina nas últimas décadas, pode ser entendida como uma resposta às ruínas deixadas pelos cinco séculos de poder colonial. Embora diversa, a Educação Ambiental Latinoamericana é marcada por um caráter popular, emancipatório e protagonizada por movimentos e comunidades em luta por outros mundos possíveis. Mais recentemente, a bandeira do Bem-Viver, tradução para o Sumak Kawsay de origem quéchua, tem sintetizado e aglutinado as diversas trajetórias de luta e esperanças de povos indígenas, comunidades tradicionais e movimentos sociais do campo e da cidade de nossa Abya Yala. A construção do Bem-Viver, por sua vez, está assentada nos saberes e sabedorias tradicionais de nossos povos. Assim, uma Educação Ambiental comprometida com a diversidade biocultural e a construção do Bem-Viver necessita estar atenta à tarefa urgente e permanente de descolonização do ser, do saber e do poder em nosso continente. É a partir dessa inquietação que esse dossiê se propõe a reunir reflexões em torno de caminhos epistemológicos e metodológicos para uma Educação Ambiental que, enraizada no chão de nossa história, lance as sementes de outros futuros possíveis. "Diversidade". Essa pode ser considerada a palavra que sintetiza o que os leitores e as leitoras encontrarão nos textos deste número temático, que reúne doze artigos selecionados. Textos diversos, ricos e vivos como a natureza e os mundos outros que seus autores e autoras ousam sonhar e propor com criatividade, boniteza e esperança. Diferentes de tantas formas, mas dialogáveis de modo ímpar por que se unem com generosidade à complexa trama dos debates da educação ambiental, respondem com coragem ao convite-desafio de discutirem as questões socioambientais de modo integrado e aberto.
Resumo: O presente texto é um ensaio que tem como objetivo apresentar e discutir interfaces entre... more Resumo: O presente texto é um ensaio que tem como objetivo apresentar e discutir interfaces entre questões da Educação do Campo e da Educação Ambiental. Neste exercício teórico, as trajetórias dessas duas áreas são compreendidas como singulares, mas são resguardados os atravessamentos que emergem especialmente quando os conflitos pelo direito à terra são focalizados. Dialogando com os debates da esfera educacional e ambiental, pensam-se temas como agroecologia e ecossocialismo tais quais enredos para que os conhecimentos dos movimentos sociais e saberes dos sujeitos do campo possam ser mobilizados e considerados nos processos de formação humana direcionados à transformação social e à construção da justiça ambiental. Palavras-chave: Ecossocialismo. Agroecologia. Justiça ambiental.

Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 2020
Resumo O presente texto se debruça sobre a tarefa de pensar a Educação em Ciências dentro de um c... more Resumo O presente texto se debruça sobre a tarefa de pensar a Educação em Ciências dentro de um cenário no qual auto e pós-verdades, fake news e boatos na internet podem ser interpretadas como metonímias dos nossos tempos. Seu principal objetivo é realizar um exercício teórico de análise sobre o papel social que a Educação em Ciências pode desempenhar na construção de uma sociedade que seja capaz de problematizá-las. Para esse empreendimento, produzimos interlocuções com referenciais ligados às Ciências Humanas e Sociais, tais como Michel Foucault, Michel De Certeau e François Dubet. Sem abrir mão do diálogo com o campo educacional, também recorremos às considerações de obras elaboradas por autores como Ivor Goodson e Paulo Freire. Considerando que a especialização e o crescimento da natureza técnica da Ciência Moderna, desagregada de sua popularização, aumentam as desigualdades e promovem processos de exclusão e de alienação, apresentamos um modelo de formação escolar amparado nas aprendizagens narrativas propostas por Goodson que privilegia a construção de outras relações entre conhecimentos e vivências produzidos nas escolas. Argumentamos que, evidenciando como se processa a construção dos saberes discentes cotidianos e a forma como suas experiências são erigidas em diferentes realidades, é possível trabalhar múltiplas dimensões dos conhecimentos científicos. Isto oportuniza a construção de novos sentidos para as experiências estudantis, enquanto o entendimento dos conceitos e conteúdos científicos podem ser desenvolvidos de modo não apartado das culturas e das emoções que interpelam os processos de escolarização e as instituições educacionais.

Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 2020
O presente texto se debruça sobre a tarefa de pensar a Educação em Ciências dentro de um cenário ... more O presente texto se debruça sobre a tarefa de pensar a Educação em Ciências dentro de um cenário no qual auto e pós-verdades, fake news e boatos na internet podem ser interpretadas como metonímias dos nossos tempos. Seu principal objetivo é realizar um exercício teórico de análise sobre o papel social que a Educação em Ciências pode desempenhar na construção de uma sociedade que seja capaz de problematizá-las. Para esse empreendimento, produzimos interlocuções com referenciais ligados às Ciências Humanas e Sociais, tais como Michel Foucault, Michel De Certeau e François Dubet. Sem abrir mão do diálogo com o campo educacional, também recorremos às considerações de obras elaboradas por autores como Ivor Goodson e Paulo Freire. Considerando que a especialização e o crescimento da natureza técnica da Ciência Moderna, desagregada de sua popularização, aumentam as desigualdades e promovem processos de exclusão e de alienação, apresentamos um modelo de formação escolar amparado nas aprendizagens narrativas propostas por Goodson que privilegia a construção de outras relações entre conhecimentos e vivências produzidos nas escolas. Argumentamos que, evidenciando como se processa a construção dos saberes discentes cotidianos e a forma como suas experiências são erigidas em diferentes realidades, é possível trabalhar múltiplas dimensões dos conhecimentos científicos. Isto oportuniza a construção de novos sentidos para as experiências estudantis, enquanto o entendimento dos conceitos e conteúdos científicos podem ser desenvolvidos de modo não apartado das culturas e das emoções que interpelam os processos de escolarização e as instituições educacionais.

Educação em Revista, 2020
RESUMO: O artigo interpela a inclinação historiográfica que permeia as pesquisas em História da E... more RESUMO: O artigo interpela a inclinação historiográfica que permeia as pesquisas em História da Educação em Ciências comumente dirigidas para sujeitos históricos que circularam por espaços privilegiados de produção e socialização de conhecimentos. Amparado por um arsenal teórico-metodológico que conjuga referenciais da História, da Memória e do movimento biográfico, o texto discute a pertinência de pesquisas acerca das trajetórias sociais de atores escolares ordinários, ou seja, sujeitos periféricos, invisibilizados pela historiografia. Apostamos que estudos que tratem de entender de modo relacional sua trajetória de vida e os contextos social e cultural de seu tempo podem oferecer interessantes subsídios e potentes indícios para que outras histórias sobre a Educação em Ciências sejam produzidas, contadas e escritas a partir desse movimento. Para isso, também são problematizadas determinadas representações hegemonizadas sobre o passado das disciplinas escolares Ciências e Biologia. Com esse fim, desenvolvemos um exercício de pesquisa empírica com base na trajetória de um sujeito periférico em especial. Argumentamos que pode ser produtivo, para a ampliação do repertório de conhecimentos sócio-históricos sobre as referidas disciplinas escolares, investigar as histórias de vida de professores e professoras que atualmente se encontram em zonas de invisibilidade para a História da Educação em Ciências.
O artigo apresenta e discute uma iniciativa promovida pela Regional 2 (RJ/ES) da Associação Brasi... more O artigo apresenta e discute uma iniciativa promovida pela Regional 2 (RJ/ES) da Associação Brasileira do Ensino de Biologia (SBEnBio) para compreensão das práticas de ensino de Ciências e Biologia desenvolvidas por docentes durante o isolamento social determinado pela pandemia de COVID-19 no período compreendido entre março e abril de 2020. Aplicamos um questionário on-line a 187 respondentes. Os resultados indicam que demandas metodológicas sobre planejamento, avaliação e estratégias didáticas constituíram os principais desafios nesta conjuntura. Destaca-se também o aumento da carga de trabalho e as dificuldades de acesso à internet de seus estudantes. Concluímos que é um momento árduo para a maioria dos docentes, mas que associações como a SBEnBio podem criar espaços para reflexão sobre essas práticas.

The activation of diversified historical sources and methodological approaches have been requeste... more The activation of diversified historical sources and methodological approaches have been requested to the production of a new socio-historical knowledge concerning the historical constitutions of the school subjects of science and biology. This approach allows the understanding of controversies and disputes about these subjects. The present paper aims to present and problematize the use of an investigative resource developed in the field of Social sciences and still unusual in the science education studies with historical perspectives: the photobiography. This device combines references from Sociology, History of Education and Curriculum. In the paper, the photobiography dialogues with a research on the social trajectory of a science teacher whose professional practices were in tune with the assumptions of the "Science Education Innovation Movement" of the 1960s and 1970. The photobiography device is used for triggering memories and the production of other meanings of science teaching at that milieu.

Selles Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da Licença Creative Commons At... more Selles Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da Licença Creative Commons Atribuição Não Comercial-Compartilha Igual (CC BY-NC-4.0), que permite uso, distribuição e reprodução para fins não comerciais, com a citação dos autores e da fonte original e sob a mesma licença. Resumo: O presente artigo aciona o conceito de restauração conservadora elaborado por Michael Apple (2001; 2015; 2017) para refletir sobre os rumos das políticas curriculares que interpelam as disciplinas escolares Ciências e Biologia na atualidade. Aproximando-nos de tensões que são fruto das históricas disputas entre o público e o privado na educação brasileira, debatemos incursões recentes do conservadorismo sobre os currículos dessas disciplinas. Assim, apresentamos e discutimos tentativas de constrangimento ao ensino de determinadas temáticas que são atravessadas por controvérsias socioculturais: evolução biológica; corpo humano, saúde e diferença; diversidade étnico-racial. Por fim, também sinalizamos severas ameaças aos princípios democráticos que regem a educação do país. Palavras-chave: Ensino de Ciências e Biologia; restauração conservadora; currículo; BNCC.
A Educação Indígena se caracteriza por sua amplitude e pluralidade, condizentes com os povos, cul... more A Educação Indígena se caracteriza por sua amplitude e pluralidade, condizentes com os povos, culturas e linguagens que o Brasil abrange. Assim, apesar de determinados documentos e diretrizes prescreverem como deve ser a Educação Básica de sujeitos indígenas, existe um extenso mosaico de práticas possíveis. No presente artigo, portanto, buscamos compreender configurações curriculares que podem ser assumidas pelas disciplinas Ciências e Biologia no espaço escolar indígena. Através da realização de entrevistas semiestruturadas com professores indígenas e não indígenas atuantes em diferentes etnias, constatamos e analisamos grande diversidade de práticas pedagógicas. Argumentamos pela incorporação e reafirmação dos saberes tradicionais nas/pelas disciplinas focalizadas, além da inclusão da comunidade nas decisões escolares.
As pesquisas em História da Educação em Ciências têm apresentado e discutido insuficientemente a ... more As pesquisas em História da Educação em Ciências têm apresentado e discutido insuficientemente a participação das mulheres na construção social dos currículos. O presente trabalho, de natureza teórica, objetiva suscitar um debate sobre tal insuficiência, que certamente invisibiliza a participação feminina na História do Currículo. Partindo do diálogo com referenciais da História das Mulheres, questionamos os silêncios e os esquecimentos operados no campo e propomos que sejam exercitadas outras formar de historicizar e narrar as políticas e práticas da Educação em Ciências.
Resumo: A discussão de temas transversais na escola é importante e necessária por mobilizar diver... more Resumo: A discussão de temas transversais na escola é importante e necessária por mobilizar diversos saberes e suscitar reflexões relacionadas a questões relevantes para o amadurecimento crítico de alunos da Educação Básica, tais como relações étnico-raciais e sexualidades. Este trabalho analisa questionários de estrutura aberta, respondidos por participantes de um evento ocorrido em uma escola pública federal no Rio de Janeiro destinado a promover debates sobre variados temas transversais. Diante das respostas obtidas, consideramos estas ações como caminhos possíveis para estimular o desenvolvimento de uma educação baseada no respeito e na ética, que tenha como objetivo a formação de cidadãos críticos e questionadores. Palavras chave: temas transversais, diversidade, Colégio Pedro II.

Analisamos a participação de organismo internacional de grande influência econômica, como agente ... more Analisamos a participação de organismo internacional de grande influência econômica, como agente da elaboração e legitimação das políticas que orientam a educação de países periféricos. Diante do cenário de disputas ideológicas, investigamos três documentos da UNESCO que tratam da Educação e do Ensino de Ciências no Brasil, buscando, com nossa pesquisa, indicar as ideias centrais dessa agência para a formação da classe trabalhadora e problematizar possíveis consequências para a educação científica no país. Além disso, também refletimos sobre a noção de educação veiculada nos documentos em pauta, bem como discutimos as implicações que essas percepções podem acarretar se apropriadas pelo campo do Ensino de Ciências da forma como estão prescritas. Concluímos que a relação público-privado na educação brasileira é historicamente controversa e problemática para a emancipação da classe trabalhadora, insistindo em uma formação ora centrando em conceitos difusos, como qualidade, ora reeditando o paradigma tecnicista.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) atua por intermédio d... more A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) atua por intermédio de projetos de "cooperação técnica" em parceria com diversas instâncias governamentais e com setores da sociedade civil, nas áreas de Educação, Ciências Naturais, Ciências Humanas e Sociais, Cultura e Comunicação e Informação1.
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