Papers by JOSÉ MARIA SILVA ROSA

Philosophica: International Journal for the History of Philosophy, 2009
O liberum arbitrium, para Santo Anselmo, não pode residir no poder permanente de pecar e de não p... more O liberum arbitrium, para Santo Anselmo, não pode residir no poder permanente de pecar e de não pecar (posse peccare et non peccare), porque tal definiçao tomaria inútil «a graça, a predestinação e a presciencia de Deus» (DLA, I, 207, 1-2). Por outro lado, se nós não tivéssemos sempre essa potestas, o pecado não poderia ser-nos imputado porque nós pecaríamos «sine libero arbítrio». Procurando separar esta alternativa, que lhe parece armadilhada, Santo Anselmo busca uma definição de libertas arbitrii independente do poder negativo de pecar (potestas peccandi) e, a partir da distinção entre voluntas propter se (instrumentum volendi) e voluntas propter aliud (usus sive opus volendi), julga encontrá-la na seguinte: a libertas arbitrii é «o poder de guardar a rectitude da vontade pela própria rectitude» (DLA, III, 212, 19-20: «potestas servandi rectitudinem voluntatis propter ipsam rectitudinem»), poder que exprime a exacta e positiva noção da «justiça original». À luz de tal definição t...

Journal of Teleological Science
If, as St. Augustine suggests, the poematic conception of time as distentio animi that we find in... more If, as St. Augustine suggests, the poematic conception of time as distentio animi that we find in the famous passage from book XI of Confessions (I will sing a song that I have learned by heart... / dicturus sum canticum, quod novi) can be amplified and applied to the entire history of the sons of men, as Augustine himself immediately suggests to us — “[... ] And what happens in the canticle in its entirety, happens in each of its parts and in each of its syllables; it also happens in a longer action, of which, perhaps, that canticle is a small part; it also happens in the life of man, in its entirety, of which all his actions are parts; this very thing happens in all the generations of mankind, of which all the lives of men are a part.” — such a change and widening of scale has serious consequences as far as the constitution of a Theology of History is concerned.
Obra coordenada por: José Eduardo Franco e José Maria Silva RosaEsta obra dedicada ao pensador Je... more Obra coordenada por: José Eduardo Franco e José Maria Silva RosaEsta obra dedicada ao pensador Jesué Pinharanda Gomes que colocamos nas mãos do leitor seria improvável há ainda não muitos anos. É uma obra coletiva nascida em ambiente de cooperação interuniversitária e representa uma importante inflexão no âmbito dos debates sobre o pensamento e a cultura que tiveram lugar em Portugal, na relação íntima ou criticamente distanciada com o mapa de uma identidade consignada como nacional.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

According to Arendt and Habermas, the reinterpretation of Aristotle made by Thomas Aquinas, ident... more According to Arendt and Habermas, the reinterpretation of Aristotle made by Thomas Aquinas, identifying 'politicus' and 'socialis', has weakened the nature of classical Aristotelian politics by introducing in the polis (now 'regnum' / monarchy) relations and private interests that the Greeks had reserved for domestic space ('oikos'). Moreover, being the concept of 'societas' in this context naturally Christian, the purpose of the society is no longer self-sufficiency and acquisition of natural virtue, which allow us to live together in order to the good life, but requires supernatural virtue given by God in order to achieve the true supreme good. Therefore, the possibility of happiness (eudaimonia) now refers to eschatology ('communio sanctorum'), reason because kings are to be subject to priests, especially the pope, Christ’s representative, whose role is to take care of the highest aim of our existence ('visio et fruitio Dei'...

Revista Española de Filosofía Medieval, 2016
According to Arendt and Habermas, the reinterpretation of Aristotle made by Thomas Aquinas, ident... more According to Arendt and Habermas, the reinterpretation of Aristotle made by Thomas Aquinas, identifying politicus and socialis, has weakened the nature of classical Aristotelian politics by introducing in the polis (now regnum / monarchy) relations and private interests that the Greeks had reserved for domestic space (oikos). Moreover, being the concept of societas in this context naturally Christian, the purpose of society is no longer self-sufficiency and acquisition of natural virtue, which allow us to live together in order to the good life, but requires supernatural virtue given by God in order to achieve the true supreme good. Therefore, the possibility of happiness (eudaimonia) now refers to eschatology (communio sanctorum), reason because kings are to be subject to priests, especially the pope, Christ’s representative, whose role is to take care of the highest aim of our existence (visio et fruitio Dei). However, the application of a pyramidal and hierarchical scheme of spir...

É bem conhecido o arreigado esquema gnóstico-maniqueu que, para valorizar a salvação da alma, tem... more É bem conhecido o arreigado esquema gnóstico-maniqueu que, para valorizar a salvação da alma, tem de demonizar e tornar má a criação do mundo. O jovem Agostinho, em Cartago, ávido ouvinte dos “mistérios do acerca do princípio, do meio e do fim”, conheceu bem o mito maniqueu e as consequências que este tinha no que respeita ao estatuto ontológico do mundo (globus horribilis), fabricado pela astúcia de um “Pai das Luzes” apanhado de surpresa e incapaz de derrotar as Trevas num combate singular. Produzido assim a partir de uma mistura espúria (Contra Fort., 1: de cuius commixtione cum malo et tenebrarum gente mundus sit fabricatus), a natureza material está aí como prisão da alma, véu denso que a impede de reconhecer a sua origem luminosa e celeste, e de regressar à sua pátria. Em vez de espelho cristalino e trampolim, a natureza é opacidade e armadilha. É igualmente bem conhecido o esforço ingente do Agostinho convertido para, contra manicheos, recuperar a bondade ontológica de toda a criação (v.g., De ordine, De Natura Boni, De Genesi ad litteram, Contra Epistulam quam vocant “Fundamenti”, etc.). Mas nem por isso deixam alguns de observar que Agostinho, por supostamente “nunca ter lavado as mãos dos mistérios de Manés”, ficou de tal modo abismado na soteriologia da alma, que se desinteressou pelo mundo (Sol., I,2,7: Deum animam scire cupio. - Nihilne plus? - Nihil omnino). Ora, importa reavaliar a justeza deste remoque à luz não só daqueles textos de Agostinho, mas inclusive dos que mais colocam o drama da alma no centro, como é o caso de Confessiones. Não é aqui precisamente (X, 66, 9) que Agostinho coloca a beleza do mundo como correlato primeiro da ‘intencionalidade’ da alma? «Interrogatio mea, intentio mea, responsio eorum, species eorum.
Procura-se pensar a Unidade e da Diferença ao nível filosófico, teológico e eclesial, fazendo um ... more Procura-se pensar a Unidade e da Diferença ao nível filosófico, teológico e eclesial, fazendo um percurso pela Filosofia Antiga e pela Teologia Solar egípcia
Para começar, proponho que não tenhamos medo das palavras. Boa morte diz-se em grego «eutanasía» ... more Para começar, proponho que não tenhamos medo das palavras. Boa morte diz-se em grego «eutanasía» = morte doce, morte bela, pacífica, fácil, sem dor, sem sofrimento, sem o pavor do trespasse, etc., que designa precisamente a «distanasía» = a distanásia, a má morte. Este desejo de «eutanasía», que as gregos trouxeram à consciência e à linguagem, é um das desejos mais arreigados na humanidade e em cada um de nós: ter uma boa morte.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
«É preciso passar». A essência do profetismo encontra-se toda na categoria da relação. «Vir de» e... more «É preciso passar». A essência do profetismo encontra-se toda na categoria da relação. «Vir de» e «ser para»: «vir de» de Alguém que proccde de mais longe e que envia; e «ser para» como uma flecha que visa o alvo. Foi assim o Frei Casimiro Wyszynski, na Polónia e em Balsamão.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
O clássico esta na moda. Todos nós ouvimos dizer, a propósito e a despropósito, que isto ou aquil... more O clássico esta na moda. Todos nós ouvimos dizer, a propósito e a despropósito, que isto ou aquilo é clássico, que tal ou tal filme se tornou um clássico; em certos meios, inclusive, fica bem dizer-se que se «está a reler os clássicos» ... Numa palavra: o cIássico é actual, sem ser claro o sentido que cada um atribui a tal afirmação. Todavia, este casamento entre o clássico - algo perene - e a moda - império do efémero - só aparentemente é paradoxal. Com efeito, tal como a moda é uma forma de classificar mercadorias, produtos, ideias, pessoas, etc., também os períodos clássicos trazem consigo movimentos niveladores, modais, massivos. Talvez possamos, então, inverter a ordem: ao invés de dizermos que o clássico é actual, digamos que a época actual se tornou equivocamente clássica

Nas últimas décadas, o aumento exponencial do número de cientistas - investigadores, de revistas ... more Nas últimas décadas, o aumento exponencial do número de cientistas - investigadores, de revistas especializadas e de artigos científicos publicados anualmente não só tornou impossível a alguém, mesmo na sua particular área de estudo, ler directa e integralmente todos os textos que lhe interessam e dizem respeito, como, por outro lado, a escala de criação, difusão e utilização dessa produção científica, bem como a sua distribuição a nível mundial, regional, nacional e local tornou-a uma grandeza social e política que não pode ser ignorada. Nasceu assim a knowledge society (ou melhor, a information society) e surgiram igualmente os gigantes mundiais de gestão inteligente dessa informação (v.g., a Thomson Reuters), cujos outputs determinam decisivamente as chamadas science policies de universidades, laboratórios, empresas, governos e mesmo instituições internacionais, como a União Europeia. A sua preocupação central é aferir de modo fiável o impacto desse contínuo fluxo de informação na produção científica subsequente e na transferência para a sociedade (entendida esta quase exclusivamente como aplicação industrial), de modo a determinarem tendências para as suas políticas de financiamento e afectação de recursos. Tal determinou o nascimento de uma ‘ciência sobre ciência para a ciência’, a Cientometria, cujo escopo exclusivo é «analisar os aspectos quantitativos relacionados com a geração, a propagação e a utilização da informação científica a fim de contribuir para uma melhor compreensão do mecanismo das actividades de investigação científica.
El Pensamiento Politico En La Edad Media 2010 Pags 665 676, 2010
Igreja e Estado: Teorias Políticas e Relações de Poder no Tempo de Bonifácio VIII e João XXII, 2016
Já depois de terminado este texto, saiu o artigo do Professor pedro roChe, «Autonomía in temporal... more Já depois de terminado este texto, saiu o artigo do Professor pedro roChe, «Autonomía in temporalibus y preeminencia social del poder laico en el anónimo Rex pacificus Salomon», In: Fuertes herreros José Luis y ponCela González Ángel (Eds.), De Natura.

Linhas, Jun 26, 2012
, é um prazer recebê-lo e podermos realizar esta entrevista. Inicialmente, o senhor poderia apres... more , é um prazer recebê-lo e podermos realizar esta entrevista. Inicialmente, o senhor poderia apresentar-se dizendo-nos sobre sua formação e áreas de atuação como professor e investigador? José Maria da Silva Rosa: Bem, a gente se apresentar tem sempre algo de artificioso, porque tendemos a construir a nossa história, a nossa narrativa pessoal como um "percurso de coerências", quando muitas vezes o mais fecundo na nossa experiência vivida foram as hesitações, as aporias vividas, os becos sem saída (ou não) onde nos metemos… Não, não estou fugindo à questão; estou só partilhando algo que muitas vezes me faz pensar, que é esta inevitável tendência que temos de olhar para trás, na nossa vida, dando sentido atual a acontecimentos que na altura não tiveram tal significado. E nesse olhar anatréptico, regressivo, costumamos ser muito (demasiado?) indulgentes conosco mesmos, construindo uma "boa história". Somos muito moralistas... São Nietzsche, ora pro nobis. Quero começar por dizer que tive um percurso acadêmico pouco regular e não muito recomendável a terceiros [risos]. Comecei por estudar Teologia na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa. A opção por Teologia foi natural visto que na altura eu estava no Seminário. Vale a pena dizer, porém, que do ensino secundário, as áreas que sempre me apaixonaram foram, sobretudo, a Matemática, a Filosofia e a Literatura. A certa altura do meu percurso, saí da Teologia (por ter saído do Seminário, mas a Teologia permaneceu e permanece sempre como "velho amor") e matriculei-me em Direito na Faculdade Clássica de Lisboa. Depois do primeiro ano, porém, concluí que tinha "demasiado jeito" para o Direito e decidi abandonar para ingressar em Filosofia (via Ensino) na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.
A estrutura interna deste opúsculo de Santo Anselmo (1033-1109), «Fides quaerens intellectum» ou ... more A estrutura interna deste opúsculo de Santo Anselmo (1033-1109), «Fides quaerens intellectum» ou «A fé em busca de inteligência» organiza-se segundo um ritmo diádico, ritmo que modula a vida, sístole e diástole do agostiniano «coração inquieto», «hálito de uma respiração interior» que, pendularmente, vai da existência à essência e desta àquela, como melodia onde a nota ou o trecho anterior requer e supõe a nota ou o trecho seguintes. A sua estrutura argumentativa divide-se em duas partes fundamentais. A primeira, que vai até ao capítulo IV, põe a questão «se Deus existe» e responde-lhe afirmativamente com a asserção de que ele é «um ser maior do que o qual nada pode ser pensado», pelo que existe tanto na mente como na realidade. A segunda...info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Quem, ainda que por uma vez apenas, na sua inevitável viagem para Tebas, não se confrontou já com... more Quem, ainda que por uma vez apenas, na sua inevitável viagem para Tebas, não se confrontou já com a questão: Quem sou? Como um assaltante na estrada, a pergunta brota. E quer uns se circunscrevam ao que pergunta revela acerca da dimensão interrogante daquele que a põe, ou outros avancem precipitadamente para as respostas possíveis, o certo é que a pergunta persiste e resiste às investidas de uns e de outros. E, contudo, a própria questão parece trazer já consigo um princípio de resposta. Na pergunta “quem?” parece estar já implicitamente pressuposto ou aceite que há um “quem”. Todavia, este primevo índice de uma identidade é constantemente assolado pela experiência de uma radical impermanência, já desvelada pela pergunta, impermanência que salta desse choque, como uma faúlha.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
A existência do fenómeno religioso e sua permanência ao longo da história, a sua unidade fundamen... more A existência do fenómeno religioso e sua permanência ao longo da história, a sua unidade fundamental bem como a originalidade e inesgotabilidade de suas expressões são dados irrecusáveis abundantemente confirmados pelas Ciências das Religiões. Há milhares de anos que as interrogações fundamentais sobre o sentido do mundo e da vida alimentam a reflexão do homem, que assim marca religiosamente os espaços socioculturais que constrói e habita.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

Rhêtorikê: revista digital de retórica, 2008
I-A verdade da fé à prova da verosimilhança Quando se trata de analisar as relações da experiênci... more I-A verdade da fé à prova da verosimilhança Quando se trata de analisar as relações da experiência da fé, e a exigência desta se apresentar como "verdade" comunicável, com as artes de bem falar, ou seja, com a retórica, vem sempre a propósito começar com um texto de Agostinho de Hipona, paradigmático quanto ao modo como ele entendia as relações entre o discurso da persuasão-sujeito às regras do negotium forense-e o anúncio do evangelho. O texto em causa, embora não seja de Confissões, tematiza cristalinamente a mise en scène que esta obra põe em prática. É um trecho bem conhecido de De Doctrina christiana (IV, II, 3), obra decisiva para uma ampla hermenêutica das relações entre a fé cristã e cultura greco-romana, fascinada pela retórica. E reza assim: Considerando que, graças à arte da retórica, se pode persuadir alguém tanto daquilo que é verdadeiro como daquilo que é falso, quem ousaria dizer que a verdade deve fazer frente à mentira com defensores sem armas? E que, por conseguinte, aqueles que se esforçam por convencer acerca das coisas falsas devem saber didaskalia xxxvii (2007)2. 97-119
Permitam-me começar com uma pergunta: Será que havia amor na Idade Média? Será que se amava nesse... more Permitam-me começar com uma pergunta: Será que havia amor na Idade Média? Será que se amava nesses «tempos sombrios»? Afinal, a Idade Média não é tão-só aquele Mar de Trevas, com o cortejo dos seus apocalípticos horrores, as invasões bárbaras, o obscurantismo, a bestialidade das procissões dos autoflagelantes, a brutalidade, a pobreza extrema e esgazeada, a caça às bruxas, as Cruzadas, a Inquisição? Enfim, em três palavras: Peste, Fome e Guerra?info:eu-repo/semantics/publishedVersio
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