Papers by Leonardo Campoy

Educação em Direitos Humanos: fundamentos e práticas, 2023
As temáticas dos direitos das pessoas com deficiência e das pessoas idosas são de extrema relevân... more As temáticas dos direitos das pessoas com deficiência e das pessoas idosas são de extrema relevância para a discussão acerca dos direitos humanos, os quais têm sentidos abertos e progressivos em relação aos mais diversos grupos sociais que se encontram em situação de desvantagem ou de vulnerabilidade. Por meio desse debate, objetiva-se
a superação dos preconceitos, bem como a promoção de uma sociedade
inclusiva, em que todos sejam considerados
sujeitos de direitos de modo pleno. Nesse aspecto, a educação em direitos humanos é ferramenta indispensável para que possamos promover diálogos, de modo que os(as) formadores(as) ou facilitadores(as) caminhem juntamente com os(as) estudantes através dos processos de
aprendizagem, tendo em vista que, ao reconhecermos vulnerabilidades, observamos que certos sujeitos sociais suportam desproporcionalmente situações de fragilidade, impondo à sociedade uma proteção específica, que justifica a adoção de ações, medidas e políticas para sua superação. Essas são questões vinculantes e dizem respeito a todas as pessoas e ao interesse social coletivo. Neste sentido, o nosso esforço nesse texto é o
de promover uma orientação pedagógica que entenda o corpo numa totalidade que não se reduza ao aspecto biológico, mas o compreenda
em interação nos diferentes contextos, partindo da diversidade sociocultural, por meio da qual a deficiência e/ou a velhice são consideradas enquanto marcadores sociais da diferença.

Las emociones de ida y vuelta. Experiencia etnográfica, método y conocimiento antropológico., 2022
Al hacer antropología, ¿qué nos hace la antropología a nosotros? En este texto, exploro esta preg... more Al hacer antropología, ¿qué nos hace la antropología a nosotros? En este texto, exploro esta pregunta a través de un relato de mis propias experiencias etnográficas, primero con el underground del heavy metal pesado en Brasil y, después, con la clínica neuropediátrica de niños autistas. Indico cómo estas investigaciones construyeron percepciones y transformaciones personales significativas y busco elaborar un elogio a la etnografía como técnica que revela la subjetividad del investigador y, a la vez, lo hace dudar de sí mismo. Se trata, por lo tanto, de un texto que reflexiona sobre enseñanzas y descubrimientos de sí proporcionadas por las experiencias etnográficas. Esta reflexión surgió a partir de comprender que el lugar de enunciación del investigador es social, cultural y, también, emocional.

Olhar de Professor, 2021
Ao ser identificada como uma criança com problemas de aprendizado, Helena e sua família são lança... more Ao ser identificada como uma criança com problemas de aprendizado, Helena e sua família são lançadas em uma longa e incerta jornada em busca de um diagnóstico para a condição da menina. Acompanhamos esse processo por meio de uma etnografia baseada em observações, conversas com os protagonistas e uma análise de documentos médicos e escolares. A história de Helena serve como elemento empírico para uma reflexão crítica acerca da cultura da escolarização contemporânea. Argumentamos que os problemas de aprendizado da menina são indícios de um modelo escolar incapaz de lidar com as diferenças de subjetividades. A escola contemporânea ainda apresenta marcas de uma instituição fundada, no século XIX, sob o propósito da disciplinarização. Assim, a história de Helena é um caso que permite refletir sobre a inclusão escolar a contrapelo, isto é, por meio do entendimento dos mecanismos simbólicos e práticos que realizam a exclusão escolar. Como argumento conclusivo, o artigo aponta para as poten...

Revista Olhar do Professor, 2021
Ao ser identificada como uma criança com problemas de aprendizado, Helena e sua família são lança... more Ao ser identificada como uma criança com problemas de aprendizado, Helena e sua família são lançadas em uma longa e incerta jornada em busca de um diagnóstico para a condição da menina. Acompanhamos esse processo por meio de uma etnografia baseada em observações, conversas com os protagonistas e uma análise de documentos médicos e escolares. A história de Helena serve como elemento empírico para uma reflexão crítica acerca da cultura da escolarização contemporânea. Argumentamos que os problemas de aprendizado da menina são indícios de um modelo escolar incapaz de lidar com as diferenças de subjetividades. A escola contemporânea ainda apresenta marcas de uma instituição fundada, no século XIX, sob o propósito da disciplinarização. Assim, a história de Helena é um caso que permite refletir sobre a inclusão escolar a contrapelo, isto é, por meio do entendimento dos mecanismos simbólicos e práticos que realizam a exclusão escolar. Como argumento conclusivo, o artigo aponta para as potencialidades que as etnografias e as subjetividades podem oferecer aos estudos de inclusão e de exclusão escolares.

Resumo Como o autismo e praticado? A pergunta norteia minha exploracao do autismo, realizada a pa... more Resumo Como o autismo e praticado? A pergunta norteia minha exploracao do autismo, realizada a partir de uma etnografia das consultas de criancas diagnosticadas e suas familias com uma neuropediatra. Apos apresentar os contornos da pesquisa e refletir sobre o fato de nao ter passado pela aprovacao dos comites de etica, impondo ao texto a necessidade de apagar qualquer possibilidade de identificacao da principal interlocutora, revisito alguns pontos da historia conceitual do autismo para, depois, abordar a realidade presenciada nas consultas. Balizando a interpretacao a partir das reflexoes de Bateson e Ingold, comparo o fisicalismo das teorias sobre o autismo atualmente dominantes com uma clinica que, mesmo guiada por tal perspectiva, pratica o cuidado da crianca de maneira marcadamente relacional. Desenvolvo esse argumento apontando para a centralidade da familia no cuidado e arremato o texto tratando de como as familias vivenciam o cuidado enquanto se esforcam pelo bem-estar de su...

Research Involving Participants with Cognitive Disability and Difference
When it comes to disability, it is usually understood that anthropology offers the knowledge that... more When it comes to disability, it is usually understood that anthropology offers the knowledge that disabled people have more potential than others have often imagined. How this different perspective on disability is produced and what exactly are its claims? In this commentary on Chapter 17 by Anne Kohler, “Assuming Competency,” it is suggested that the answers to this question lie not on the theories and methods of anthropology, but in a constant quest led by the studies for a perspective in which the interlocutors are not interpreted through stereotypes or preconceptions socially impinged on them. This quest is an epistemological, ontological, political, and ethical position of anthropology that can result in storytelling populated by everyone that has participated in the realization of the story that is being told.

Ensino de sociologia em debate, 2021
Neste artigo, visito minhas vivências como professor de sociologia no ensino médio e na licenciat... more Neste artigo, visito minhas vivências como professor de sociologia no ensino médio e na licenciatura em ciências sociais para sugerir algumas reflexões propositivas sobre o ensino desse saber. Em linhas gerais, defendo uma concepção de ensino de sociologia baseado no que defino como “ensinar sociologia fazendo sociologia”. Para tanto, sugiro que é preciso repensar o que Illich chamou de ‘cultura da escolarização’. Dentre os mecanismos que regem essa cultura, está o de transformar pessoas em alunos. A figura do aluno destituída de pessoa faz parte do sistema de ensino institucional. O aluno que progride na escala do esclarecimento, assimilando conhecimentos por meio de uma rotina de concentração e atenção ao pensamento abstrato, capaz de manter o corpo inerte enquanto sua mente executa o trabalho de absorção e decodificação de informações durante as aulas. Essa figura padronizada e idealizada parece ser um dos pontos de sustentação da ‘cultura da escolarização’. Porém, essa figura não existe na realidade. Assim, o artigo sugere uma forma de ensinar sociologia que trata docentes e alunos como pessoas. No centro gravitacional dessa proposta está o que Masschelein denominou de ‘pedagogia pobre’ ou ‘caminhar pelo mundo’. Procuro traduzir essas denominações na ideia de ensinar sociologia fazendo sociologia.

Research Involving Participants with Cognitive Disability and Difference
This chapter reports on ethnographic fieldwork conducted in a child neurologist’s project for aut... more This chapter reports on ethnographic fieldwork conducted in a child neurologist’s project for autistic children and their families in a large Brazilian city. The interactional dynamics of the consultations made the presence of the researcher, an anthropologist, become an active participation. Both families and the neuropediatrician requested the anthropologist’s opinion on the situations addressed in their conversations, and the anthopologist interacted frequently with the children. These demands necessitated a response, not only in an ethical sense, but also because they were fundamentally of communicational nature. The participation of the anthropologist helped translate medical, familial, and autistic languages, and thus helped communication between the three diverse actors present at the consultations: doctor, family, and child. The anthropologist became a reference in the consultations because a kind of anthropological therapy was performed. This chapter presents reflections on...

Resumo Como o autismo é praticado? A pergunta norteia minha exploração do autismo, realizada a pa... more Resumo Como o autismo é praticado? A pergunta norteia minha exploração do autismo, realizada a partir de uma etnografia das consultas de crianças diagnosticadas e suas famílias com uma neuropediatra. Após apresentar os contornos da pesquisa e refletir sobre o fato de não ter passado pela aprovação dos comitês de ética, impondo ao texto a necessidade de apagar qualquer possibilidade de identificação da principal interlocutora, revisito alguns pontos da história conceitual do autismo para, depois, abordar a realidade presenciada nas consultas. Balizando a interpretação a partir das reflexões de Bateson e Ingold, comparo o fisicalismo das teorias sobre o autismo atualmente dominantes com uma clínica que, mesmo guiada por tal perspectiva, pratica o cuidado da criança de maneira marcadamente relacional. Desenvolvo esse argumento apontando para a centralidade da família no cuidado e arremato o texto tratando de como as famílias vivenciam o cuidado enquanto se esforçam pelo bem-estar de suas crianças. Palavras-chave: Autismo. Biomedicina. Desenvolvimento. Família. Abstract How autism is enacted? This question drives my exploration of autism, performed by an ethnography of the medical appointments of diagnosed children and their families with a neuropediatrician. After 1 Esse artigo é uma versão bastante modificada de minha apresentação no GT " Antropologia e as doenças de longa duração " , na 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada em 2014. As modificações se devem aos valiosos e precisos comentários feitos pelas coordenadoras do GT, Mónica Franch e Soraya Fleischer, pela debatedora do dia da apresentação, Sônia Weidner Maluf, e pelos pareceristas anônimos que avaliaram a submissão do texto a esse periódico. A todos sou imensamente grato.

My doctoral research was an ethnography of autistic children consultations with a neuropediatrici... more My doctoral research was an ethnography of autistic children consultations with a neuropediatrician. For two years, I participated in about 800 consultations of 300 children, inside the consulting room, observing the relations between the doctor, the patients and their families, experiencing the practical establishment of diagnosis, the elaborations of treatment and care in general, as well as the life dramas involved in the emergence of children's mental illness. The interactional dynamics of consultations – a private space occupied by doctor, child and one or two family members – made my presence become an active participation. Both families and the neuropediatrician were requesting my opinion about the situations addressed in their conversation, and my interaction with the children, for their initiative, was being increasingly frequent. I responded to these demands, not only in reason of an ethical sense – a retribution for opening the private space of consultation – but mainly because they were fundamentally of communicational nature. My participation and my interaction translated languages and thus helped communication between the three so diverse actors present at the consultations, doctor, family and child. So I became a reference in the consultations for the treatment of children because I ended up performing a kind of anthropological therapy, translating medical, familial and autistic languages to each other. In my presentation, I propose to reflect on this experience, exploring the possibilities and risks of a sort of anthropological therapy applied to interactions between doctors, patients and families in the context of children's mental health.

Doing fieldwork in consultations of autistic children and their families with a child neurologist... more Doing fieldwork in consultations of autistic children and their families with a child neurologist in Brazil, I noticed how important is for the doctor's work, for the purpose of diagnostic, treatment and care in general, to take into consideration the history, the socioeconomic and the cultural contexts of her patients and their kin. My ethnography shows that, to establish the diagnosis of autism and to choose treatments, the clinician considers the relational issues of her patients just as the brain ones. However, on the other side, reading the contemporary medical anthropology literature, one realizes that biomedical psychiatry is almost always interpreted as profoundly determined by the molecular gaze, as if its practitioners were disregarding the relational dimensions of the patients. In my presentation, I propose to tackle this apparent contradiction, firstly, by affirming that no matter how molecular biomedical psychiatry is understood, when it comes to its clinical practice, the relational and cultural dimensions are taken into account to complete the task of diagnosis, treatment definition and care in general. Secondly, as a consequence of the first conclusion, I suggest that anthropology, to fully comprehend contemporary biomedicine, has to constant counterbalance its cabinet theoretical analysis by first hand ethnographies of clinical practices. Finally, based on these conclusions, I argue that no matter how global mental health and biomedical psychiatry are, the good practice in medicine is defined by the consideration of local and relational contexts. That is the knowledge anthropology can offer to global mental health point of view.
Revista Brasileira de Ciências Sociais, 2016

Esse trabalho se propõe a oferecer aos professores de Física e Sociologia um relato de uma ativid... more Esse trabalho se propõe a oferecer aos professores de Física e Sociologia um relato de uma atividade desenvolvida na 2ª série do ensino médio em um colégio da rede privada de ensino de Curitiba (PR) no ano de 2010. Nessa atividade, propomos a articulação entre o conhecimento científico, o desenvolvimento tecnológico e a forma como eles são assimilados e influenciam a sociedade. A partir da análise de uma conta de luz, os alunos foram conduzidos ao estudo de todo o processo, desde a geração da energia elétrica em uma suposta hidrelétrica, passando pela transmissão da eletricidade, pelo uso da eletricidade nas residências, pela leitura do relógio contador feita pelo leiturista até o pagamento da conta de energia elétrica. Uma problematização fictícia baseada na ideia do suposto desenvolvimento de um dispositivo que, fizesse a leitura e transmissão de dados do consumo de energia elétrica foi feita como forma de questionar os alunos sobre a relação entre investimentos em desenvolvimento científico e tecnológico e o impacto na sociedade. Como forma de avaliação, os alunos discursaram sobre a forma pela qual as transformações tecnológicas afetam o nosso cotidiano. A abordagem CTS a partir das disciplinas de Física e Sociologia se propõe a romper a histórica separação entre as denominadas ciências naturais e ciências humanas.

Esse trabalho se propõe a oferecer aos professores de Física e Sociologia um relato de uma ativid... more Esse trabalho se propõe a oferecer aos professores de Física e Sociologia um relato de uma atividade desenvolvida na 2ª série do ensino médio em um colégio da rede privada de ensino de Curitiba (PR) no ano de 2010. Nessa atividade, propomos a articulação entre o conhecimento científico, o desenvolvimento tecnológico e a forma como eles são assimilados e influenciam a sociedade. A partir da análise de uma conta de luz, os alunos foram conduzidos ao estudo de todo o processo, desde a geração da energia elétrica em uma suposta hidrelétrica, passando pela transmissão da eletricidade, pelo uso da eletricidade nas residências, pela leitura do relógio contador feita pelo leiturista até o pagamento da conta de energia elétrica. Uma problematização fictícia baseada na ideia do suposto desenvolvimento de um dispositivo que, fizesse a leitura e transmissão de dados do consumo de energia elétrica foi feita como forma de questionar os alunos sobre a relação entre investimentos em desenvolvimento...
Books by Leonardo Campoy
Música Extrema em Deba(r)te: Saberes e Práticas Marginais, 2024
Queríamos, e ainda queremos, de todas formas, pôr em evidência a potência em ato da Música Extrem... more Queríamos, e ainda queremos, de todas formas, pôr em evidência a potência em ato da Música Extrema como manifestação legítima de uma anti/contra/sub/outra cultura, que, se por um lado, não se submete aos ditames do capital, do Estado, da religião, da militarização, das hierarquias familiares patriarcais, ao mesmo tempo estava, por outro lado, recheada de contradições, violências e más contaminações da sociedade que essa mesma Música Extrema ansiava em rechaçar.

LAS EMOCIONES DE IDA Y VUELTA. EXPERIENCIA ETNOGRÁFICA, MÉTODO Y CONOCIMIENTO ANTROPOLÓGICO, 2022
En este libro, autoras y autores vinculados a instituciones de México, Brasil, Colombia, Mozambiq... more En este libro, autoras y autores vinculados a instituciones de México, Brasil, Colombia, Mozambique, Francia y Estados Unidos, abordan aspectos de su interioridad, sensorialidad, emotividad o vida anímica, ofreciéndonos textos acerca de sus experiencias de campo y del proceso a través del cual ampliaron su perspectiva como investigadores/as. Ellos/as problematizan el modo como constituyeron vínculos y describieron al “otro”, sus interlocutores/as durante el trabajo de campo; describen el cambio en las preguntas de investigación y del enfoque analítico de los fenómenos abordados; problematizan su punto de vista a partir de marcadores sociales de la diferencia; analizan sus límites de observación, percepción y comprensión; y caracterizan su registro moral, desde el cual se posicionan para escribir. En suma, ellos y ellas narran sus emociones de ida y de vuelta para cuestionar el desvanecimiento de las emociones del/la autor/a en nuestras producciones bibliográficas y así advertir sobre la reproducción de la separación entre sujeto y objeto, tan problematizada por nosotras/os mismos, antropólogos/as.
Música Extrema: ruídos, imagens e sentidos, 2022
“Precisamos saudar esse livro, que dá continuidade aos Diálogos com a música extrema, de 2021, po... more “Precisamos saudar esse livro, que dá continuidade aos Diálogos com a música extrema, de 2021, por trazer à baila um estilo de música que, de algum modo, podemos considerar como ‘marginal’, como ‘alternativo’, que engaja seus praticantes e amantes de modo intenso, visceral, como é a própria música produzida. Este livro nos provoca, nos incita, ao transitar por essas perturbações sonoras que não nos deixam parados, indiferentes”. (Sílvio Gallo, trecho do prefácio)
Interação humanas e matemática, 2020

No número especial "Anormalidades: diferenças corporificadas em discursos e práticas", da revista... more No número especial "Anormalidades: diferenças corporificadas em discursos e práticas", da revista Teoria e Cultura, propomos uma reflexão sobre a experiência de vida de pessoas que são atravessadas pela noção de “anormalidade”, seja em uma dimensão corporal ou cognitiva. O objetivo foi o de congregar trabalhos e etnografias que refletem sobre as bases de uma corporalidade comum na construção do sujeito político e social, questionando os ideais de normalidade e anormalidade implícitos nas normatizações e nos dispositivos – sejam eles biomédicos, jurídicos, educacionais, estéticos, arquitetônicos, nos produtos, padrões ou procedimentos. Optamos pela ideia de anormalidade por acreditar que ela possibilita abordar tanto o corpo anormal quanto os saberes/ poderes que desenvolvem anormalidades, ambos em múltiplos registros. O número reúne contribuições de pesquisadores latino-americanos que questionam o lugar e o sentido da ideia de anormalidade nas subjetividades e nas corporalidades, observando as interfaces em que a noção é criada, deslocada ou subvertida e os contextos nos quais ela é problematizada.
Uploads
Papers by Leonardo Campoy
a superação dos preconceitos, bem como a promoção de uma sociedade
inclusiva, em que todos sejam considerados
sujeitos de direitos de modo pleno. Nesse aspecto, a educação em direitos humanos é ferramenta indispensável para que possamos promover diálogos, de modo que os(as) formadores(as) ou facilitadores(as) caminhem juntamente com os(as) estudantes através dos processos de
aprendizagem, tendo em vista que, ao reconhecermos vulnerabilidades, observamos que certos sujeitos sociais suportam desproporcionalmente situações de fragilidade, impondo à sociedade uma proteção específica, que justifica a adoção de ações, medidas e políticas para sua superação. Essas são questões vinculantes e dizem respeito a todas as pessoas e ao interesse social coletivo. Neste sentido, o nosso esforço nesse texto é o
de promover uma orientação pedagógica que entenda o corpo numa totalidade que não se reduza ao aspecto biológico, mas o compreenda
em interação nos diferentes contextos, partindo da diversidade sociocultural, por meio da qual a deficiência e/ou a velhice são consideradas enquanto marcadores sociais da diferença.
Books by Leonardo Campoy
a superação dos preconceitos, bem como a promoção de uma sociedade
inclusiva, em que todos sejam considerados
sujeitos de direitos de modo pleno. Nesse aspecto, a educação em direitos humanos é ferramenta indispensável para que possamos promover diálogos, de modo que os(as) formadores(as) ou facilitadores(as) caminhem juntamente com os(as) estudantes através dos processos de
aprendizagem, tendo em vista que, ao reconhecermos vulnerabilidades, observamos que certos sujeitos sociais suportam desproporcionalmente situações de fragilidade, impondo à sociedade uma proteção específica, que justifica a adoção de ações, medidas e políticas para sua superação. Essas são questões vinculantes e dizem respeito a todas as pessoas e ao interesse social coletivo. Neste sentido, o nosso esforço nesse texto é o
de promover uma orientação pedagógica que entenda o corpo numa totalidade que não se reduza ao aspecto biológico, mas o compreenda
em interação nos diferentes contextos, partindo da diversidade sociocultural, por meio da qual a deficiência e/ou a velhice são consideradas enquanto marcadores sociais da diferença.
Entre 2013 e 2015, uma vez por semana, acompanhei uma neuropediatra atendendo crianças autistas e suas famílias em um projeto voluntário, que ela própria implantou, abrigado em um centro universitário da mesma especialidade, em uma grande cidade brasileira. Participei de todas as etapas do seu serviço, dedicando especial atenção ao processo de confirmação do diagnóstico de autismo e às orientações de cuidado que a doutora oferecia às famílias, sobretudo aos pais. Basicamente, portanto, realizei uma etnografia de consultas de uma neuropediatra do autismo. Nessa tese, descrevo e analiso algumas das dimensões que, tal como camadas, constituem a realidade desse ambulatório. O texto divide-se em três partes. A primeira, “entrando no ambulatório”, começa por um capítulo em que relato minha chegada até à doutora e seu projeto e apresento as inspirações teóricas e metodológicas da pesquisa, Annemarie Mol e Tim Ingold. O segundo, voltado à pessoa da doutora, explora as razões que
fizeram essa mulher recém-especializada em neuropediatria dedicar-se a um projeto voluntário de atendimento à criança autista. Ainda nesse capítulo, reflito sobre questões éticas que perpassaram a etnografia, sugerindo, como provocação, uma aplicação prática da antropologia à saúde mental infantil. A segunda parte, “dentro do ambulatório”, abre com um capítulo sobre o atendimento da doutora, refletindo sobre suas palavras e ações sobre a medicina do autismo, e fecha com o quarto da tese, em que analiso as consequências do autismo na realidade das famílias, centrando a argumentação na categoria do amor.
Finalmente, na terceira parte, “entre o ambulatório e a antropologia”, arranjo uma reflexão antropológica acerca do saber que orienta o trabalho da doutora, isto é, as neurociências em sua acepção biomédica.
ENGLISH
Between 2013 and 2015, once a week, I accompanied a child neurologist attending autistic children and their families in a volunteer project, which she implanted, housed in a university center of the same specialty, in a large Brazilian city. I participated in all stages of her service, paying special attention to the process of confirmation of diagnosis of autism and to the care guidelines that she offered to families, especially to the parents. Basically, therefore, I performed an ethnography of consultations of a child neurologist of autism. In this thesis, I describe and analyze some of the dimensions that, like layers, constitute the reality of this clinic. The text is divided into three parts. The first one, "entering the outpatient clinic",
begins with a chapter in which I report my arrival to the doctor and her project and present the theoretical and methodological inspirations of the research, Annemarie Mol and Tim Ingold. The second, considering the doctor as a person, explores the reasons that made this woman recently specialized in neuropediatrics dedicate herself to a voluntary project of attendance to the autistic child. Also in this chapter, I reflect on ethical issues that have permeated the ethnography, suggesting as a provocation a practical application of anthropology to children's mental health. The second part, "inside the outpatient clinic," opens with a chapter on the doctor's attendance, reflecting on her words and actions on autism medicine, and closes with the fourth of the thesis, in which I analyze the consequences of autism in the families realities, centering the argument in the category of love. Finally, in the third part, "between the outpatient clinic and anthropology", I arrange an anthropological reflection on the knowledge that guides the doctor's work, that is, the neurosciences in its biomedical sense.