Negócios diretos
intencionais
e ofertas RLP
SUMÁRIO
1. Bolsa de valores e o book de ofertas ................ 3
2. Ofertas Diretas ou Negócios Diretos
Intencionais ................................................................. 7
3. Novas regras para os negócios diretos
intencionais ................................................................. 8
4. Ofertas RLP ............................................................... 9
5. A regulação e o papel do Investidor .............. 14
Fale com a CVM ......................................................... 16
1. Bolsa de valores
e o book de ofertas
A bolsa de valores é um ambiente regulado e organizado, dotado
de um sistema eletrônico, em que investidores podem negociar valo-
res mobiliários, sempre por meio de instituições autorizadas, os inter-
mediários. Na bolsa são negociados, por exemplo, as ações, cotas de
fundos de investimento imobiliário e de outros fundos fechados, ETFs
ou fundos de índices, entre outros.
No mercado brasileiro, esses ambientes organizados de bolsa de-
vem ser administrados por entidades administradoras autorizadas
pela CVM. Atualmente, apenas uma instituição, a B3 S.A.– Brasil, Bolsa
e Balcão, possui tal autorização, e, entre outros serviços prestados, ad-
ministra e operacionaliza o sistema de negociação de ativos chamado
PUMA (Plataforma Unificada MultiAtivos).
Os investidores, no entanto, não participam diretamente da bolsa.
Apenas participantes autorizados acessam o sistema de negociação,
para realizar operações em nome de seus clientes, ou mesmo por
conta própria. Assim, os investidores só têm acesso aos mercados de
bolsa por intermédio de um desses participantes autorizados. As ins-
tituições que podem intermediar negócios nas bolsas de valores são
as sociedades corretoras e as sociedades distribuidoras de títulos e
valores mobiliários, sendo que as corretoras prevalecem como o prin-
cipal prestador desse tipo de serviço.
Portanto, para participar desse mercado, os investidores devem
primeiramente providenciar o seu cadastro em intermediário de sua
escolha, que seja participante da bolsa (a lista de intermediários ha-
bilitados está disponível na página da B3 na Internet). A partir daí,
quando o investidor desejar negociar um valor mobiliário, ele deverá
encaminhar a sua ordem, de compra ou de venda, para o intermediá-
rio contratado, que incluirá a oferta no sistema da bolsa.
Intermediário Bolsa Intermediário
Investidor Investidor Intermediário Investidor Investidor
Investidor Investidor
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SAIBA MAIS
Ordem é a instrução dada por um cliente ao seu intermediário, como
uma corretora, para a execução de uma compra ou uma venda de ações
ou outros valores mobiliários negociados em bolsa. É o ato pelo qual o
cliente determina que um intermediário negocie ou registre operação
com valor mobiliário, em seu nome e nas condições que especificar.
Existem basicamente duas formas de os investidores enviarem as
suas ordens para o seu intermediário. Pela Mesa, em que as ordens
são enviadas aos operadores do intermediário por escrito ou por voz,
ou seja, por e-mail, telefone ou aplicativos de conversa online. E pelo
chamado home broker, um sistema automatizado de acesso direto
(DMA) aos mercados de bolsa, disponibilizado por alguns intermediá-
rios aos seus clientes de varejo.
As ordens somente poderão ser executadas pelos intermedi-
ários se transmitidas por escrito, por telefone ou outros sistemas
de transmissão de voz, ou ainda sistemas eletrônicos de conexões
automatizadas. Independente da forma de transmissão, todas as
ordens devem ser registradas, identificando o horário do recebi-
mento, o cliente que as tenha emitido e as condições de execução.
O ambiente organizado de bolsa funciona como um sistema cen-
tralizado e multilateral de negociação. Todas as ordens de compra e
venda de um mesmo ativo enviadas pelos investidores, de todos os
intermediários e instituições participantes da bolsa, são direcionadas
e centralizadas em um único canal, conhecido como livro central de
ofertas do ativo, ou book de ofertas do ativo.
Sistema centralizado e multilateral de negociação é aquele
que possibilita o encontro e a interação de ofertas de compra e
de venda de valores mobiliários, em que todas as ofertas relati-
vas a um mesmo valor mobiliário são direcionadas a um mesmo
canal de negociação, ficando expostas a aceitação e concorrên-
cia por todas as partes autorizadas a negociar no sistema.
As ofertas são ordenadas no book de cada ativo da melhor para a pior.
A melhor oferta de compra enviada, ou seja, a que pretende pagar mais
pelo ativo, entrará na primeira linha das ofertas de compra. Da mesma
forma, a melhor oferta de venda, a que aceita vender o ativo pelo preço
mais baixo, entrará na primeira linha das ofertas de venda, e assim por
diante. Se houver duas ou mais ofertas de mesmo preço, a ordem crono-
lógica do envio é que determinará qual oferta assumirá a frente no book.
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Percebe-se, com isso, que os negócios em bolsa são fechados se-
guindo a prioridade preço-tempo, que, aliás, é o mais utilizado in-
ternacionalmente para confecção dos algoritmos das bolsas para o
“casamento” de ordens (Order Matching Algorithms). Esse tipo de al-
goritmo também é conhecido pelo acrônimo FIFO (First In First Out) e
prioriza a execução da oferta mais antiga ao melhor preço disponível.
A regulamentação dos mercados de bolsa estabelece que
“quando se tratar de sistema de negociação centralizado e
multilateral, a formação de preços deve se dar por meio da
interação de ofertas, em que seja dada precedência sempre
à oferta que represente o melhor preço, respeitada a ordem
cronológica de entrada das ofertas no sistema ou ambiente de
negociação, ressalvados os casos de procedimentos especiais
de negociação previstos em regulamento.”
Como exemplo, vamos supor três intermediários e um ativo A. Para
simplificar, supomos ainda que todas as ordens são de uma unidade
do ativo. O intermediário 1, recebe 2 ordens de compra e 1 ordem de
venda de seus clientes para o ativo A, respectivamente por R$ 9,00, R$
9,50 e R$ 11,00, ou seja, ofertas limitadas1. O intermediário 2, recebe 4
ordens de venda, todas por R$ 10,50, e o intermediário 3 recebe uma or-
dem a mercado2 de compra. O book de ofertas do Ativo A ficaria assim :
Vejam que nesse caso, as ofertas e as negociações foram sendo re-
alizadas respeitando a prioridade preço-tempo. No caso do interme-
diário 2, como as 4 ordens de venda recebidas foram do mesmo preço,
elas são enviadas ao sistema por ordem cronológica. A oferta recebida
do cliente 3, última nesse exemplo, entra no book na primeira linha de
1. Ordem Limitada é aquela que deve ser executada por preço igual ou melhor do que o especificado pelo cliente.
Preço maior ou igual, no caso de venda a limite, ou preço menor ou igual, no caso de compra a limite.
2. Ordem a Mercado é aquela que especifica somente a quantidade e as características dos valores mobiliários
a serem comprados ou vendidos, sem que seja fixado o preço, devendo ser executada a partir do instante em
que for recebida.
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compra e, por ser uma ordem a mercado, já fecha com a melhor ofer-
ta de venda, saindo então do sistema de negociação. Esses procedi-
mentos devem ser seguidos de forma que os intermediários busquem
sempre a melhor execução possível para seus clientes.
Saiba Mais
Quando uma nova oferta entra no mercado e não fecha com ne-
nhuma oferta existente, por exemplo, quando a oferta de compra é
mais baixa que a melhor oferta disponível de venda, ou a oferta de
venda é mais alta que a melhor oferta de compra existente, ela é cha-
mada de oferta neutra. Uma oferta é dita agressora quando ingressa
no mercado para fechar imediatamente com uma oferta existente. Na
outra ponta, a oferta (existente) que é fechada com a oferta agressora
é chamada de oferta agredida.
O exemplo serve também para mostrar outra característica impor-
tante desse mercado de bolsa, que é a transparência pré-negociação.
A todo momento, os investidores interessados em negociar um de-
terminado ativo são capazes de visualizar e analisar todas as ofertas
colocadas, os preços, quantidades, e intermediários envolvidos. Fora o
fato de que a normas vigentes exigem também das bolsas outras obri-
gações com respeito à divulgação de informações pós-negociação.
Todos esses procedimentos e regras de negociação para os siste-
mas de negociação da bolsa, previamente estabelecidos e divulgados,
são fundamentais para que se respeitem os princípios de equidade e
transparência nos negócios realizados em mercado, pois permitem a
regular, adequada e eficiente formação dos preços, a pronta realização,
visibilidade e registro das operações realizadas, e a disseminação pú-
blica das ofertas e negócios envolvendo os ativos negociados, com ra-
pidez, amplitude e detalhes suficientes à boa informação do mercado.
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2. OfeRtaS dIRetaS OU
NegócIOS dIRetOS
INteNcIONaIS
Embora a regra geral dos negócios em bolsa seja a formação de
preços por meio da interação das ofertas no livro central, o regula-
mento de negociação da instituição administradora de mercado pre-
vê um procedimento especial denominado negócio direto intencio-
nal ou oferta direta.
O negócio direto é composto por oferta de compra e oferta de
venda de determinado ativo ou derivativo registradas simultanea-
mente por um mesmo preço e pelo mesmo intermediário no siste-
ma de negociação, representando, simultaneamente, o comprador
e o vendedor. O registro de oferta direta é aceito no sistema de ne-
gociação somente se o seu preço for igual ou maior que o preço da
melhor oferta de compra e igual ou menor que o preço da melhor
oferta de venda registrada no livro central de ofertas do respectivo
ativo ou derivativo. A aceitação do registro de ofertas diretas implica
o fechamento de um negócio direto, com prioridade em relação às
ofertas registradas no livro central de ofertas do respectivo ativo ou
derivativo, inclusive as de igual preço.
Negócios diretos intencionais são negócios intencional-
mente realizados por um mesmo intermediário, as corretoras,
por exemplo, representando tanto um cliente que queira ven-
der o ativo (o comitente vendedor), quanto o cliente que dese-
java comprar o ativo (comitente comprador), nos segmentos de
ações e derivativos.
Como qualquer negócio realizado em bolsa, os diretos inten-
cionais devem respeitar as regras previstas no regulamento da B3
para garantir a todos os investidores a melhor execução possível
de suas ordens.
SAIBA MAIS
Spread é o termo em inglês utilizado para representar a diferença
de preço entre a melhor oferta de venda e a melhor oferta de compra
de um ativo no book de ofertas. É muito comum no mercado a utiliza-
ção do termo bid-ask spread, em que bid e ask significam respectiva-
mente as ofertas de compra e de venda.
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3. Novas regras para
os negócios diretos
intencionais
Considerando que a formação de preços deve se dar por meio da
interação de ofertas no livro, mas tendo em conta a utilidade dos ne-
gócios diretos intencionais para a realização de estratégias, a B3, me-
diante autorização da CVM, alterou as condições para a realização de
negócios diretos restringindo a utilização das ofertas diretas a apenas
quatro casos especiais:
a) Ordens com tamanhos desproporcionais em relação à li-
quidez do ativo ou contrato derivativo no primeiro nível de pre-
ços do livro de ofertas, segundo parâmetros a serem periodica-
mente divulgados pela B3;
b) Ordens com tamanhos desproporcionais à liquidez do ati-
vo ou contrato derivativo no primeiro nível de preço do livro de
ofertas para execução ao preço médio do dia, geradas por al-
goritmos do tipo TWAP (Time-Weighted Average Price, ou pre-
ço médio ponderado pelo tempo) e VWAP (Volume-Weighted
Average Price, ou preço médio ponderado por volume), segun-
do parâmetros a serem periodicamente divulgados pela B3;
c) Ordens relacionadas a operações estruturadas envolven-
do diversos contratos e/ou ativos e execução coordenada,
visando a garantir às contrapartes as quantidades e os preços
previamente acordados; ou
d) Ordens destinadas a correção de erros operacionais do
participante.
As novas regras visam a limitar a utilização dos negócios diretos in-
tencionais às ordens com tamanhos desproporcionais ou que viabili-
zem operações estruturadas ou, ainda, destinadas à correção de erros
operacionais, e excluem a possibilidade de realização desses negó-
cios para ordens de varejo. Dessa forma, as regras evitam o uso indis-
criminado dos negócios diretos, facilitam as atividades de supervisão,
e reduzem a possibilidade de conflitos de interesse a eles associados,
devolvendo aos diretos intencionais a característica de exceção que
tinham quando foram criados.
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4. Ofertas RLP
A CVM entendeu importante regulamentar o processo de atuação
da carteira própria do intermediário como contraparte do fluxo de
ordens agressoras de clientes de varejo. Partindo do princípio de
que tendo incentivos adequados, os intermediários, que são os
principais responsáveis pelo fluxo de ordens de clientes de varejo
para os negócios em bolsa, serão estimulados a aumentar esse
fluxo e, consequentemente, a própria liquidez do mercado, a B3
desenvolveu um novo tipo de oferta que permite aos intermediários
fornecer liquidez para seus clientes de varejo. O novo tipo de oferta,
denominada Retail Liquidity Provider (RLP) está ativo no sistema de
negociação da B3 desde agosto de 2019 e assim permanecerá pelo
período de 12 meses, durante os quais serão monitorados e avaliados
os resultados obtidos, incluindo indicadores de liquidez, os spreads
verificados e o percentual de negócios realizados em condições
melhores do que as indicadas pelos investidores.
Nesse novo modelo de ofertas, os intermediários que tiverem in-
teresse em atuar como contraparte para seus clientes de varejo deve-
rão emitir, exclusivamente dentro do sistema de negociação da B3, o
PUMA, ofertas do tipo pegged, em que indicam apenas a quantidade
de compra ou venda e o ativo que desejam negociar, pois o preço
será contínua e automaticamente ajustado pelo próprio sistema para
o melhor preço de compra (bid) ou o melhor preço de venda (ask).
Quanto ao preço da oferta, se o spread for fechado, ou seja, se a
diferença entre o bid e o ask for igual à variação mínima de apregoação
(tick-size), a oferta de compra é registrada no bid e a de venda no ask.
No entanto, se a diferença entre o bid e o ask for de dois ou mais tick-
sizes, o preço da oferta RLP deverá sempre ser melhorado em pelo
menos um tick-size, a critério do intermediário.
As ofertas RLP podem ser emitidas exclusivamente por intermedi-
ários e só poderão ter como contraparte uma oferta de um cliente de
varejo do mesmo intermediário, desde que esse cliente tenha previa
e expressamente aceitado ter como sua contraparte uma oferta RLP.
É importante destacar que a oferta RLP não poderá ser agredida
por qualquer oferta de mercado, dessa forma, ela não terá transpa-
rência pré-negociação, o que significa que os demais participantes
do mercado não conseguirão identificar a existência de uma oferta
RLP no livro de ofertas. No entanto, a transparência pós-negociação
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segue inalterada, uma vez que a divulgação de informações ao mer-
cado ocorrerá imediatamente após o fechamento dos negócios, in-
cluindo aqueles fechados tendo uma oferta RLP como contraparte.
De acordo com as regras, se um intermediário tiver uma oferta RLP
presente no livro, e qualquer cliente de varejo desse intermediário en-
viar uma oferta agressora para o mesmo ativo, a oferta RLP terá prio-
ridade para execução sobre todas as ofertas presentes no livro dos
demais intermediários, considerando sempre o primeiro nível de pre-
ços do livro de ofertas em um dado instante, ou seja, o melhor preço
de compra ou de venda, em cada caso. No entanto, a oferta RLP não
terá prioridade sobre ofertas de clientes do mesmo intermediário que
possam ser fechadas pela oferta agressora de outras categorias de
clientes. A exceção é o cliente institucional que expressamente tenha
concordado com a possibilidade de ser preterido.
Vale lembrar que os intermediários precisão respeitar limites para
realização de negócios nesse novo formato. O número total de con-
tratos negociados via RLP não poderá superar o percentual de 15%
do total, calculados com base na relação entre o “volume de RLP” e
o “volume total do instrumento”. Se um intermediário ultrapassar o
percentual estabelecido, deverá compensar no mês imediatamente
subsequente ou até que o excesso total seja compensado, de forma a
garantir o cumprimento do limite.
Outra característica relevante da oferta RLP é a permissão, que será
administrada por uma funcionalidade do PUMA, para que o interme-
diário possa vender para outro intermediário ou mesmo um cliente a
possibilidade de ser contraparte de seu fluxo de ofertas de varejo. Ou
seja, os intermediários poderão ser remunerados pelo fluxo de ordens
que geram, instrumento conhecimento no mercado como payment
for order flow.
Também é fundamental assinalar que durante o período de testes
da nova funcionalidade, a oferta RLP poderá ser utilizada exclusiva-
mente nos minicontratos futuros de dólar dos EUA e nos minicontra-
tos futuros de IBOVESPA.
Ao se analisar as características da oferta RLP, nota-se que a exe-
cução dessas ofertas no algoritmo do sistema de negociações da bol-
sa passará a ter a priorização preço-intermediário-tempo. Ou seja,
com esse tipo de ofertas, ao melhor preço de compra ou de venda, a
oferta emitida pela carteira própria do intermediário terá prioridade
sobre as demais ofertas presentes no livro para fechamento contra as
ofertas agressoras de clientes de varejo daquele mesmo intermediário.
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Trata-se de uma mudança de paradigma, quando comparado ao
modelo anterior, mas que pode criar incentivos adequados ao fluxo de
ordens de varejo e à liquidez dos negócios em bolsa. É preciso manter,
no entanto, a devida proteção do investidor, o cumprimento dos princí-
pios de melhor execução, preservando o adequado funcionamento do
processo de formação de preços, e consequentemente a transparência
e a equidade do mercado, por isso, a supervisão, monitoração e avalia-
ção dos resultados do período de testes em curso é crucial para uma
decisão quanto à manutenção do modelo ou a sua descontinuidade.
Características das ofertas RLP:
a) Funciona exclusivamente dentro do PUMA Trading System.
b) Pode ser agredida exclusivamente por ofertas de clientes do
mesmo intermediário e que forem marcadas com um identifi-
cador de varejo.
c) É uma oferta do tipo pegged, na qual o intermediário indica a
quantidade de compra e/ou de venda, sendo o seu preço contí-
nua e automaticamente ajustado pelo PUMA Trading System para
o melhor preço de compra (bid) ou o melhor preço de venda (ask).
d) Quando a diferença entre o bid e o ask é de 1 tick-size, a
oferta RLP de compra é registrada no bid e a de venda no ask.
Quando a diferença entre o bid e o ask é de 2 ou mais tick-sizes,
o preço da oferta RLP é sempre melhorado em pelo menos 1
tick-size, a critério do intermediário.
e) A oferta RLP só poderá ser registrada com validade para o dia.
f ) A oferta identificada como cliente de varejo só poderá ser do
tipo limitada ou a mercado.
g) Considerando (i) o 1º nível de preços do livro central de ofer-
tas em um dado instante; (ii) a presença de uma oferta RLP do
intermediário no livro; e (iii) a chegada de uma oferta agressora
de um cliente de varejo deste intermediário:
i. a oferta RLP tem prioridade sobre todas as ofertas dos de-
mais intermediários;
ii. a oferta RLP não tem prioridade sobre ofertas de clien-
tes do mesmo intermediário que possam ser fechadas pela
oferta agressora. Dessa forma, se existir no livro central de
ofertas uma oferta de outro cliente do mesmo intermediá-
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rio que possa ser fechada pela oferta agressora, esta é dire-
cionada para o livro central de ofertas, atendendo a todas
as ofertas de todos os intermediários até a última oferta do
cliente do mesmo intermediário que puder ser fechada.
Havendo saldo remanescente, a oferta agressora é encami-
nhada para a RLP; e
iii. em todos os casos, se existir saldo após a execução pela
RLP, este será redirecionado para o livro central de ofertas.
h) Caso os clientes institucionais (i) informem expressamente
para o intermediário e (ii) façam a marcação nas ofertas envia-
das à plataforma de negociação, a B3 poderá não aplicar a ca-
racterística disposta no item (g) (ii).
i) O número total de contratos negociados via RLP não poderá
superar o percentual de 15% (Y) do total. Excluem-se dos cál-
culos do “volume total do instrumento” e do “volume de RLP”
os contratos negociados pela conta própria do participante na
RLP, e incluem-se os contratos negociados pelos clientes do
participante na RLP. Dada a regra acima e considerando que a
RLP se refere, exclusivamente, a clientes de varejo, cada inter-
mediário poderá submeter à RLP no máximo Y/X de seu volume
de varejo, sendo X o market share dos clientes de varejo no ins-
trumento considerando-se o mercado como um todo.
i. O percentual Y poderá ser alterado pela B3 dependendo
das condições de mercado, o que será comunicado com
antecedência aos participantes.
ii. O percentual X será atualizado mensalmente e calculado
como a média diária do market share dos clientes de varejo
do mês anterior.
Dessa forma, a média apurada para o mês t será o parâme-
tro a ser observado como limite no mês t+1. Esse limite visa
também garantir que parcela relevante do fluxo de vare-
jo originado pelos intermediários interaja com os demais
investidores, o que contribui para aumento da liquidez e
redução de spreads.
j) Por não poder ser agredida por qualquer oferta de mercado, a
RLP não conta com transparência pré-negociação; e a divulga-
ção de informações ao mercado (market data) ocorre imediata-
mente após o fechamento dos negócios.
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k) Por intermédio do PUMA Trading System, os intermediários
A1, A2, ..., An podem permitir que um intermediário B atue
como contraparte “consolidadora” de seus respectivos fluxos
agressores de ofertas de varejo, respeitadas todas as demais
condições. Os intermediários A1, A2, ..., An podem estipular um
preço a ser cobrado de B.
l) Por intermédio do PUMA Trading System, um intermediário
também pode permitir que um cliente atue como contraparte
de seu fluxo agressor de ofertas de varejo, respeitadas todas as
demais condições. O intermediário pode estipular um preço a
ser cobrado desse cliente.
m) Inicialmente, a RLP poderá ser utilizada exclusivamente
nos minicontratos futuros de dólar comercial (WDO) e de
Ibovespa (WIN). Futuramente, mediante avaliação dos resul-
tados da nova funcionalidade, a B3 poderá alterar a lista dos
produtos autorizados.
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5. A regulação e o papel do
Investidor
A regulação e a autorregulação do mercado atuarão para garantir
o pleno cumprimento das normas estabelecidas para as ofertas RLP,
não apenas em relação à atuação dos intermediários em conflito de
interesses com seus clientes, mas também para verificar o cumpri-
mento das regras de melhor execução e suitability, sempre direcio-
nadas pelos princípios da transparência e da equidade nos negócios.
Para isso, os intermediários estarão sujeitos a uma série de obrigações.
Saiba Mais
Suitability é o termo em inglês utilizado para representar o dever
que todos os intermediários têm de verificar a adequação do investi-
mento ao perfil do cliente.
Entre outras regras, a opção de ser contraparte de uma oferta RLP
deverá estar disponível para todo cliente de varejo por meio de me-
canismo de autorização (opt-in), vedada a adesão como padrão sem a
manifestação expressa do cliente. Da mesma forma, deverão estar dis-
poníveis mecanismos de descontinuação (opt-out). Os intermediários
deverão ainda verificar o cumprimento dos requisitos de suitability no
oferecimento dos contratos em que a oferta RLP estiver operando.
Os intermediários deverão ainda garantir que não haverá re-
presamento artificial das ordens dos clientes de varejo, encami-
nhando-as diretamente para o sistema de negociação. Além disso,
o intermediário que deseje utilizar a oferta RLP deverá garantir a
transparência dessas ofertas publicando mensalmente em sua pá-
gina na internet informações qualitativas e quantitativas, comple-
mentadas por métricas de risco associadas a operações regulares e
de day-trade, incluindo a probabilidade de perda em operações de
day-trade envolvendo minicontratos.
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Saiba Mais
Viver de Daytrading. Foi divulgado recentemente estudo acadêmi-
co realizado por professores da FGV/SP que analisaram todas as ope-
rações de day-trade realizadas com minicontratos de Futuro de dólar
e Futuro de Ibovespa entre os anos de 2012 e 2017. Eles apresentam
fortes evidências de que não faz sentido, ao menos econômico, tentar
viver de day-trading. Por exemplo, 19.696 pessoas começaram a fazer
day-trade em mini índice entre 2013 e 2015; dessas, 18.138 (92,1%)
desistiram, umas mais cedo, outras mais tarde; das 1.558 pessoas que
persistiram por mais de 300 pregões, tentando de fato viver de day-
trading, 91% tiveram prejuízo e apenas 13 pessoas obtiveram lucro
médio diário acima de R$ 300,00.
Essas obrigações, evidentemente, não reduzem o papel do inves-
tidor em suas decisões de investimento. Especificamente sobre as
ofertas RLP, é fundamental que o investidor procure se informar se o
intermediário de sua escolha utiliza esse tipo de oferta, e leia atenta-
mente os documentos disponibilizados pelo intermediário a respeito,
que deverão indicar com clareza as vantagens e desvantagens da fun-
cionalidade. Devem ainda estar atentos às políticas de tarifas e taxas
de corretagem divulgadas e especificadas em notas de corretagem,
e checar todas as informações divulgadas pelo intermediário em seu
site que dão transparência às ofertas.
Somente após esses esclarecimentos, o investidor deve tomar a sua
decisão, optando ou não por ser contraparte desse tipo de oferta, e sem-
pre respeitando o seu perfil de antes de escolher os seus investimentos.
Por fim, destacamos que a denúncia ou reclamação é uma das
formas mais eficazes de a CVM identificar e agir contra atividades ir-
regulares por parte dos participantes do mercado. Dessa forma, con-
vidamos os investidores a acessarem com regularidade os canais de
atendimento da CVM disponíveis, seja para o esclarecimento de suas
dúvidas, seja para registrarem uma denúncia ou reclamação.
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Fale com a CVM
Para consultas, reclamações e sugestões, utilize os canais abaixo:
Atendimento via internet
O Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) funciona como
a interface entre o investidor e a CVM. Trata-se de formulário
eletrônico para cadastramento de consultas, reclamações,
denúncias e outras demandas para a Autarquia, relativas ao
mercado de valores mobiliários.
Acesse em [Link] > Atendimento
Atendimento telefônico
Consulte o número em [Link] > Atendimento
Atendimento por Carta e Pessoalmente
Superintendência de Proteção e Orientação aos Investidores:
RJ - Rua Sete de Setembro, 111/5º andar • 20050-901
SP - Rua Cincinato Braga, 340/2º andar • 01333-010
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