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Expansão Saudita e Rivalidade Rashidi

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AL-RASHEED, Madawi. A History of Saudi Arabia.

Nova Iorque: Cambridge University


Press, 2010.

CAPÍTULO 1 – SOCIETY AND POLITICS, 1744-1818 AND 1824-1891

- do século XVI ao século XVIII a região da Arábia esteve sob administração do Império
Otomano.

- No século XVIII, os Al Saud eram líderes tribais no vilarejo de Diriyyah.

- Nota para as reformas religiosas propostas por Muhammad al-Wahabi. Sugeria a adoção
estrita do monoteísmo, o repúdio a formas de idolatria a objetos e pessoas, a eliminação de
uma mediação entre Deus e o homem, de modo que se purificasse o Islã, bem como a guerra
contra aqueles que não seguissem esses princípios. A radicalização do sacerdote fora
controversa já em sua própria época, resultando em sua hostilização pela população da
comunidade onde vivia (Uyaynah) e sua expulsão. “Muhammad ibn Abd al-Wahhab and his
family were asked to leave Uyaynah” (p. 17). “The spread of the Wahhabi da wa (call), the
purification of Arabia of unorthodox forms of religiosity and the enforcement of the sharia
among Arabian society were fundamental demands of the Wahhabi movement” (p. 17).

- O líder religioso, porém, ganhou refúgio entre os líderes de Diriyyah, os al Saud. Wahab e
Saud fecharam parceria, na qual este seria o líder político e aquele o líder religioso.
Imediatamente, iniciaram uma campanha de expansão política e guerra contra os “infiéis”,
gerando prestígio e riqueza para Diriyyah, cujo projeto era tornar-se um emirado.

- O autor enfatiza que o Wahabismo deu forças para uma expansão saudita que fez possível
aumentar a influência política dessa aliança. Wahhabism promised this leadership clear
benefits in the form of political and religious authority and material rewards, without which
the conquest of Arabia would not have been possible. The resultant consolidation enabled the
Saudi leadership to rise to prominence in the region (p. 18).

- Para lutar as guerras de expansão, a aliança recrutava homens moradores da região de Najd,
que eram instados a morrer pela causa da expansão da purificação do Islã (p. 18).
- Under the military leadership of Muhammad ibn Saud’s son, Abd al-Aziz (1765–1803), the
Saudi leadership expanded into Riyadh, Kharj and Qasim by 1792 (p. 20).

- A aliança se desfez quando o Império Otomano invadiu a região, em 1811, capturou e matou
os líderes e saqueou Diriyyah (p. 22).

A fragile saudi revival (1824-1891):

- O filho do líder saudita decapitado na capital do Império Otomano, Turki ibn Abdullah,
retornou a Riyadh e reiniciou a pregação wahabita, buscando restabelecer o reino saudita. Mas
apenas seu filho – neto do decapitado – obteve sucesso em restabelecer o segundo emirado
wahabita-saudita, Faysal. O segundo emirado durou de 1824 a 1891 e foi desfeito por guerras
contra rivais locais, os al-Rashidis (p. 24).

- De 1891 até 1902, os Rashidis governaram a região de Riyadh. Nesse ano, Ibn Saud
assassinou o líder rashidi e se autoproclamou o novo líder. Até 1921, os dois grupo brigaram
pelo governo da região, até a derrota definitiva do grupo dos Rashidi.

The Rashidi Emirate in Ha’il (1836-1921):

- Na província de Najd (Leste/Oriente da peninsula arábica), os Saud-Wahabbi dividiam a


influência política com a família Rashidi – família real da tribo Shammar – que eram os
governantes de Ha’il, cidade ao norte da província de Najd (onde também fica Riyadh) (p.
25).

- Na década de 1870, o expansionismo Rashidi já não precisava mais contar com a lealdade
dos Shammar, apenas de escravos e outros adeptos, e já era uma organização política
essencialmente militar. O emirado expandiu seus domínios de Damasco até Riyadh (capital
dos Saudi-Wahabbi). A seguir, o autor descreve quais foram as forças tribais políticas que
apoiaram os Rashidi em suas campanhas expansionistas, que foi mudando ao longo do tempo.
Esse apoio, diferente da campanha Saudita (baseada na missão religiosa), era angariado com a
promessa de riqueza e prestígio (p. 26).
- Nota importante sobre a unificação territorial: Nessa época, a unificação territorial –
tanto sob a liderança dos Rashidi quanto dos Saudi – era impossibilitada pela ausência de
infraestrutura de transporte e forças militares suficientes para manter o domínio sobre os
territórios conquistados longinquamente. Embora os territórios centrais, isto é, as capitais dos
emirados (Ha’il, no caso da família Rashid e Riyadh, no caso dos Saud), fossem fácil de
serem dominadas, as regiões mais longínquas e periféricas raramente se mantinham sob
controle por longo tempo. Uma forma de assegurar esse domínio e exigir demonstração de
lealdade era a cobrança de impostos (zakat no caso dos Sauditas e khuwwa no caso dos
Rashidi), mas mesmo assim, esses impostos tinham de ser obrigados à força. O meio para os
Rashidi de manter essa integração territorial e assegurar a união de seus domínios era coletar
esses impostos e redistribuí-los para os líderes das tribos longínquas, criando, assim, uma
dependência desses líderes tribais em relação ao emir Rashidi e garantindo o apoio das tribos
ao emir. Esse padrão verifica-se até hoje porque era o meio encontrado pelos emires para
garantir a unidade de suas posses territoriais. (Mesmo assim, o emir conseguia apenas a
integração e a lealdade econômica no território, mas ainda não dispunha de recursos militares
para conseguir a subjugação política das tribos e unificar a governança territorial sob sua
batuta por um longo tempo) (p. 27-8).

- Na página 28, o autor menciona rapidamente que havia algum apoio de mercadores, artesãos
e agricultores à liderança Rashidi sobre o emirado de Ha’il, já que os emires protegiam a
atividade econômica desses grupos; enquanto a população do emirado também apoiava os
emires em troca de segurança e proteção da cidade * Importante notar que de forma
alguma o apoio de comerciantes e artesãos aos Rashid configura uma espécie de aliança
entre capital e Soberano do tipo daquela celebrada na Europa medieval e que forçou o
aparecimento de instituições de governança política. Pelo contrário, a ausência desse
tipo de aliança – entre operadores de atividades econômicas altamente rentáveis e
operadores da liderança política e religiosa – pode explicar a dificuldade em se
conseguir a unificação territorial e a tardia entrada da Arábia no sistema interestatal
capitalista eurocêntrico. Quando essa aliança finalmente se concretizou, na década de
1930, e seus resultados começaram a aparecer, na década seguinte, o domínio da Casa
Real Saudita se firmou e começou a instalar instituições governamentais semelhantes às
que se encontra nos Estados-nacionais modernos.
- Foi apenas do fim do século XIX que a hegemonia Rashidi sobre Najd começou a declinar,
com a perda de apoio tribal inclusive em sua própria capital. O golpe fatal veio com o retorno,
em 1902, de um Saud (Ibn Saud) a Riyadh, assassinando o interventor Rashidi em Riyadh e
tomando a liderança da cidade de volta para os Saud. Os 20 anos seguintes foram de
competição militar e política entre os Rashid e o líder Saud. Essa competição deteriorou as
capacidades dos Rashidi, comprometendo sua sobrevivência como emirado.

- correlação de forças: Otomanos e Britânicos disputavam posições e apoio na Arábia. Os


Rashid eram aliados dos Otomanos (que na I GM estava sendo derrotados). Os Saud eram
aliados dos Britânicos (que ajudavam os Saud a ganhar posições) (p.28).

- Outro elemento para o enfraquecimento dos Rashid foi a perda de organicidade junto à sua
base de apoio, as tribos e as rivalidades entre si. As dificuldades internas, portanto, também
contribuíram para a queda dos Rashid: a dificuldade de manter a lealdade política de tribos
periféricas e a impossibilidade de manter a coerção militar sobre elas (p. 29).

The Sharifian Emirate in Hijaz:

* Lembrando que Hijaz era a região – a oeste da Arábia – mais desenvolvida


economicamente e que abriga as duas cidades sagradas do islamismo: Medina e Meca. A
peregrinação anual dos fiéis islâmicos a essas cidades alimentou a cidade economicamente
por meio da cobrança de taxas dos peregrinos. Também abriga a cidade de Jidah.

- Em Hijaz, a distribuição socioterritorial era mais dispersa, fragmentada e heterogênea. Dito


de outra forma, não houve o aparecimento de um líder que proclamasse autoridade sobre
largas confederações tribais. Na população de Hijaz também se encontrava islâmicos da
África, da Ásia, Turquia e Índia [população fortemente heterogênea etnicamente]. E também
autoridades religiosas que afirmavam ser descendentes de Maomé e se agrupavam em clãs.

- O desenvolvimento econômico de algumas cidades de Hijaz era patente, especialmente


Meca e Jidah, “centros urbanos cosmopolitas”, “not comparable in size, specialisation and
sophistication to any settlement in Najd or elsewhere in Arabia” (p. 30)
- os líderes desses clãs eram os Sharifs, nomeados pelo Sultão do Império Otomano para
administrar os conflitos cotidianos em Meca e Jidah. O Sharif deveria controlar e pacificar as
confederações tribais no entorno dessas cidades e promover a proteção dos peregrinos na
temporada de peregrinação. Em troca, eles recebiam vantagens tributárias e segurança do
Império Otomano (p. 32). [O FICHAMENTO ESTÁ FORA DA ORDEM DAS PÁGINAS
PARA MELHOR ARTICULAÇÃO DOS ELEMENTOS].

- o principal aspecto administrativo nos emirados de Hijaz era que as cidades sagradas
estavam oficialmente sob domínio do Império Otomano no século XIX. Esse domínio gerava
uma ambiguidade na região, que também tinha de respeitar o Sharif. Havia uma divisão dos
trabalhos administrativos entre essas duas autoridades, embora esta última estivesse
diretamente subordinada àquela (p. 31).

- “Quatro grandes diferenças distinguiam Hijaz de Najd: clãs Sharifianos sagrados


ocupavam posições de autoridade; uma aguda divisão rural-urbana; cidades e portos
heterogêneos e cosmopolitas; e uma potência imperial mantendo presença militar nas
maiores cidades, com o direito de nomear o Sharif – que frequentemente havia sido criado e
educado em Istambul sob o controle e auspícios do Sultão Otomano”. Todavia, as
dificuldades de se obter lealdade e submissão eram as mesmas daquelas enfrentadas pelos
emires de Riadh, Dyriah e Ha’il; bem como os mecanismos de suborno e coerção para
acomodar os descontentamentos (p. 32).

- Da mesma maneira que em outros emirados, o Sharifado em Hijaz foi sendo enfraquecido
pelas próprias rivalidades e disputas inter tribais, dada a dificuldade em se estabelecer
lealdades políticas e submissão por um longo período de tempo (p. 33).

Hasa in the Nineteenth Century:

- Hasa é uma região agrícola e dotada de recursos econômicos: portos e mercadores.


Mercadores viajantes traziam produtos animais e trocavam por produtos agrícolas e
manufaturados na região. A agricultura floresceu bem por causa da riqueza em água possuída
pela região, fazendo surgir um grupo de trabalhadores rurais e camponeses especializados. No
entanto, esses camponeses eram xiitas e, por isso, discriminados pela maioria sunita. Também
eram discriminados por sua atividade econômica, considerada inferior, e por não saberem sua
origem tribal (p. 33).

- Outro grupo econômico da região eram os mercadores que faziam comércio internacional
nos portos de outros países do Golfo Pérsico (p. 34).

- Hasa foi governada primeiro pela confederação Banu Khalid e depois, no início do século
XIX, pelos Saud-Wahabbi. Os Saud governaram até 1838. A partir da década de 1870, os
otomanos governaram, mas precariamente. Mas na verdade não houve na região um emirado
centralizado, como em Najd ou em Hijaz (p. 34).

- A região foi disputada por diversos xeiques árabes e inclusive por potências estrangeiras, por
causa de seus recursos agrícolas e das conexões comerciais possuídas pelos mercadores. Mais
tarde, essas conexões mercantis foram utilizadas por Ibn Saud na consolidação de sua dinastia
e na montagem do Estado nacional moderno.

Emirate Formation in Arabia:

- Aqui o autor argumenta duas coisas;


- A primeira é que a dinâmica de formação dos emirados floresceu principalmente graças à
integração entre grupos nômades (pastoris) e grupos sedentários (agrícolas e mercadores).
Quando os emires conseguiam promover com sucesso essa integração, seus emirados estavam
estáveis. Essa estabilidade era perturbada pelo escasseamento de recursos, por interferências
estrangeiras e pelas próprias rivalidades internas.
- A segunda é que as rivalidades tribais internas dos emirados pesaram mais sobre os Rashid
do que sobre os Saud. Os Rashid tinham vinculação tribal forte, o que no início facilitou sua
expansão, mas depois foi alvo de rivalidades tribais comuns, enfraquecendo-se. Os Saud não
possuíam vinculação tribal, o que os permitia intermediar os conflitos entre as tribos e
acomodar as rivalidades (p. 36).

Embora alguns emirados tenham sido razoavelmente longevos (alternando momentos


de expansão, estabilidade e crise), nenhum reunia as forças e os recursos necessários para se
expandir por toda a península e hegemonizar seu domínio, muito menos unificar a Arábia. No
século XIX, a unificação territorial, sob liderança de qualquer dos xeiques, era impossibilitada
pela ausência de infraestrutura de transporte e forças militares suficientes para manter o
domínio sobre as tribos e territórios conquistados longinquamente. As localidades centrais,
isto é, as capitais dos emirados (Ha’il, no caso da família Rashid e Riyadh, no caso dos Saud,
ambos na região de Najd), eram facilmente controladas, dada sua maior proximidade
geográfica e lealdade social junto ao líder, contanto que o líder do emirado fosse capaz de
garantir a segurança e a proteção de sua cidade e seu povo. Contudo, as regiões mais
periféricas dos emirados raramente se mantinham sob controle estável por longo tempo,
graças às já mencionadas dificuldades de transporte e de recursos militares que dificultavam o
exercício de coerção sobre tribos autônomas longínquas. Quando a violência e a cooptação
falhavam em conter as rebeliões e rivalidades tribais, o emirado se enfraquecia, ficando
vulnerável a ataques dos vizinhos ou mesmo à intervenção de potências estrangeiras, o que
significava o fim de sua dinastia.

CAPÍTULO 2 – THE EMERGING STATE, 1902-1923

The capture of Riyadh (1902):

- Ibn Saud iniciou as batalhas de reconquista para a criação de um terceiro emirado saudita a
partir da retomada de Riyadh das mãos dos Rashid, em um ataque surpresa contra a cidade.
Dali, iniciou a expansão para cidades vizinhas, até a importante conquista em 1906 da
província de Qasim, último refúgio dos Rashidi, que garantiu o reconhecimento do Império
Otomano. Após isso, os sauditas, sob a liderança de Ibd Saud, conquistaram Hasa, de maioria
xiita, e depois os subjugaram, já que eram orientados pela doutrina wahabista (pp. 38-9).
- os ingleses reconheceram o emirado de Najd sob a liderança de Ibn Saud, mas não o de
Hasa. Foi apenas durante a IGM que isso aconteceu.

The first world war and ibn saud:

- Na primeira Guerra, o império otomano e a grã Bretanha disputaram influência dos líderes
mais influentes em Najd: os Saud e os Rashid.

- Os Rashid assinaram acordo com o Império Otomano, que os emprestou alguns soldados e
reconheceu o governo da dinastia sobre toda Najd.
- Ibn Saud firmou cooperação militar com os britânicos, que os concederam 20.000 libras em
doação mais um subsídio anual de 5000 libras até 1924 e o reconhecimento do governo de
Najd e regiões adjacentes (p. 40).

- Assim continuaram as batalhas entre as duas dinastias, especialmente pelo controle de Hail,
em 1917, que Ibn Saud perdeu.

The capture of hail (1921):

- após a segunda guerra mundial, os Rashid, que ainda possuíam algumas cidades de Najd,
ficaram gravemente enfraquecidos por causa do desaparecimento de seus aliados otomanos e
de disputas internas. Por outro lado, Ibn Saud estava muito fortalecido pela aliança com os
britânicos, que lhe forneciam armas e doações em dinheiro. Por isso, conseguiu tomar Hail em
1921, derrotando os Rashid.

The capture of hijaz (1925):

- Uma série de campanhas levou Ibn Saud a conquistar Hijaz, sob a justificativa de garantir a
segurança dos peregrinos a Meca e Medina e sob ameaça do cerco de rivais ao norte de Najd.
Essa foi uma conquista inicial interrompida por um armistício. Durante o armistício, Ibn Saud
montou campanhas militares de conquista sobre a província de Asir, ao sul de Hijaz, cercando
esta. Em 1922, Ibn Saud conquistou também Abha, submetendo o líder local. Em 1924, as
tropas de Ibn Saud invadiram a cidade de Meca, submetendo a população da cidade e obtendo
o reconhecimento de sua autoridade sobre a cidade. As últimas cidades foram Jeddah e
Medina, garantindo o controle total sobre Hijaz. Com isso, Ibn Saud colocara sob sua
administração as regiões mais importantes da Arábia e já obtivera reconhecimento de sua
soberania por parte de potências estrangeiras. “Ibn Saud’s military campaigns in Arabia
guaranteed the expansion of his authority over Najd, Hasa, Hijaz and Asir. This was the first
time that these four regions had been held under the authority of a single ruler since the
Saudi–Wahhabi emirate of the eighteenth century. The military conquests were the
background for the formation of the Saudi state in the twentieth century” (p. 44).
- depois dessas batalhas exitosas de conquistas, o então Rei de Hijaz e Sultão de Najd, Ibn
Saud, firmou acordos para o estabelecimento de fronteiras com vizinhos ao norte da península
(pp. 44-5). Depois, garantiu a soberania interna ao extinguir os territórios tribais e declara-los
território do Estado. Além disso, conseguiu de líderes locais o reconhecimento de sua
soberania, proibindo-os de celebrar acordos com governos estrangeiros, mesmo permitindo
que a administração interna das tribos locais continuasse sob tutela dos líderes locais.

CAPÍTULO 3 – CONTROL AND LOYALTY, 1932-1953

Marginalisng Saudi collateral branches:

- Apenas fala das guerras e disputas entre as famílias. Muitos detalhes irrelevantes, conflitos
familiares entre irmãos, meio-irmãos, primos, etc, de modo que uns ficassem alijados do
governo em favor de outros. Sem qualquer referência à organização estatal, economia, etc.
(pp. 69-71).

Consolidating ibn sauds line of descent:

- muito irrelevante. Relato da quantidade excessiva de casamentos do rei ibn saud e sua
quantidade ainda mais extraordinária de filhos.

Power and Pomp in the pre oil era: the majlis

- mais conteúdo irrelevante descrevendo as festas e encontros em que o rei demonstrava poder
e riqueza como forma de obter legitimidade perante os súditos, bem como recebia
empresários e beduínos para ouvir suas reclamações (pp. 72-83).

State Affairs:

A administração cotidiana era feita pelo Rei sob a assessoria de um colegiado reunido no
Comitê Político, formado por membros estrangeiros, mas que prestavam lealdades ao
monarca saudita em retorno aos presentes anuais, dos quais os membros eram completamente
dependentes já que não recebiam salários regulares. Os assuntos debatidos nesse colegiado
eram necessariamente escolhidos pelo Rei, de acordo com suas prioridades, quando
necessitava de conselhos sobre algum tema específico. Os conselheiros eram convidados a
falar e tinham total liberdade de expressão de suas ideias, motivos e argumentos. Quando Rei
julgava suficiente a oitiva dos conselheiros, formulava sua opinião e encerrava o assunto (p.
84).
A administração financeira era assessorada por um ministro específico, que
frequentemente também exercia a função de coletar tributos junto à classe mercantil. O
ministro prestava contas ao monarca toda manhã com os registros contábeis em mãos, como
primeira atividade oficial, após as orações matinais, sem que qualquer outro membro da
realeza ou do Comitê Político notasse suas atividades ou participasse das discussões. O
sistema de coleta tributária dependia da participação de líderes tribais para fiscalizar e cobrar
os impostos a serem pagos em espécie dentre as cabeças de gado possuídas pelos pastores
rurais, a zakat, que compunha parte significativa da arrecadação governamental. Além da
zakat, o imposto coletado de peregrinos mais o imposto sobre produtos importados fizeram o
orçamento sair de cerca de 200.000 libras no início dos anos 1920 para 1,5 milhão de libras no
fim da década. Essas atividades financeiras, fiscais e contábeis, aliadas ao contato do governo
com a classe mercantil do país, sobre a liderança de Abdullah ibn Sulayman, plantaram as
bases para posterior criação de um Ministério das Finanças, sob direção do mesmo Sulayman
(p. 85).
O desenvolvimento dos contatos estrangeiros e a concomitante consolidação do Estado
saudita impuseram também a necessidade da criação de um Ministério de Negócios
Estrangeiros. O ministério recebeu como herança em seu quadro funcional a tradição de ter
como representantes estrangeiros mercadores tradicionais e famílias aristocráticas do país, que
após a criação do ministério se consolidaram nessas posições do funcionalismo civil. O
ministério, sob a liderança de Faysal, filho do monarca Ibn Saud, era responsável pela
tradução das correspondências estrangeiras e pelo cadastro dos estrangeiros, principalmente
peregrinos, que visitavam o país (p. 86). Paralelamente, um exército efetivo era montado,
também como resposta às pressões para a “entrada na modernidade” e no próprio sistema
moderno de Estados, já que o país praticamente não possuía, nos anos 1930 e 1940, forças
armadas organizadas e permanentes (p. 87).

* Na opinião da autora, o surgimento desses ministérios não significou o surgimento de um


Estado bem estruturado na década de 1940.

The Concession for Oil:


- Em 1933 o ministro das finanças assinou o acordo autorizando a concessão à SOCAL
(Standard Oil of California). A empresa concordou em transferir para o monarca um
empréstimo de 20.000 libras e um aluguel anual de 5.000. Em 1933, a SOCAL criou a
subsidiária California Arab Standard Oil Company, que em 1944 tornou-se ARAMCO

- O autor destaca que a peça central nas negociações foi Philby (p. 89).

Oil in COmmercial quantities:

- A perfuração de poços começou em 1935 e o óleo em quantidades comerciais apareceu em


1938 (p. 89). Logo na segunda metade dos anos 1930, o governo deu início ao aproveitamento
das rendas petrolíferas – naquele momento pagas antecipadamente como parte do acordo
firmado com as empresas – para a construção de palácios e instalações novas para acomodar
as instâncias administrativas e a enorme família real.
No fim da Segunda Guerra Mundial, o petróleo já correspondia a mais de 90% da renda
governamental. A transição para os anos 1950 foi o grande ponto de partida para o
crescimento das rendas petrolíferas, considerando que de US$13 milhões, em 1946, a renda
governamental passou para US$212 milhões em 1952 (p. 90). Além das obras palacianas, a
cidade de Riyadh experimentou uma pequena expansão urbana e o governo aproveitou para
incrementar o aparato administrativo: “além dos ministérios criados nos anos 1930 e 1940
(Negócios Estrangeiros e Finanças) mencionados anteriormente, mais cinco foram
inaugurados no início dos anos 1950: Interior (1951), Saúde (1951), Comunicação (1953),
Agricultura e Água (1953) e Educação (1953)” (p. 92, tradução livre).

Oil and society in the 1940s and 1950s:

- O autor nota que o governo saudita, apesar de contar com instâncias ministeriais,
permanecia como uma monarquia absolutista, sem qualquer feição de organização estatal
descentralizada e efetuada burocraticamente (p. 92).

- A provisão dos principais serviços “públicos” era realizada pela própria ARAMCO, desde a
infraestrutura sanitária e o provimento de água potável para as residências reais até a
construção de escolas, hospitais, estradas, etc. (p. 92).
- O autor nota a constituição social que se configurou no entorno da produção petrolífera.
Havia praticamente um apartheid nacional em que os americanos e os árabes eram separados
fisicamente. Os primeiros viviam em vilas bastante bem urbanizadas e com serviços
comerciais e básicos funcionando plenamente. Os árabes moravam em vilas que sequer
dispunham de energia elétrica e provisão de água (pp. 92-3). Também conta que as condições
de trabalho, de moradia e salário empurraram os trabalhadores para o desenvolvimento de
uma espécie de consciência política, já sob alguma influência da União Soviética, gerando
sindicatos, revoltas, greves, dissidentes, presos, gérmens de uma economia industrial comum
(pp. 95-6).

Saudi Arabia and Britain:

- Os britânicos não puderam se manter suficientemente próximos dos árabes, inclusive


demonstrando que iam fortalecer rivais dos sauditas (o Iraque). Por isso, os sauditas
preferiram aproximação com os EUA, através da ARAMCO (p. 100).

- The main factor behind Saudi–American relations during the Second World War was oil and
the commercial interests of American oil companies. After the oil concession of 1933, Saudi
Arabia became the first independent Arab state to develop important relations with the United
States (p. 101).

The end of an era:


CAPÍTULO 4 – THE POLITICS OF DISSENT, 1953-1973

- O autor tratará da disputa pela coroa após a morte da Ibn al-Sa’ud, nas décadas de 50 e 60,
uma disputa interna que o autor irá relacionar ao contexto dos conflitos e dinâmica regionais
no mundo árabe (p. 102).

CAPÍTULO 5 – FROM AFFLUENCE TO AUSTERITY 1973-1990

- o autor inicia pintando dois momentos econômicos para a ASD. Em um primeiro momento,
a afluência de recursos petrolíferos por causa do embargo permitiu a expansão da
infraestrutura e das reformas modernizantes iniciadas nos anos 1960, ao mesmo tempo em
que gerou dependência e vulnerabilidade externa. Essa vulnerabilidade apareceu no segundo
momento, quando a afluência acabou, na metade dos anos 1980, e diminuiu a entrada de
renda. O autor articula esses eventos com a dinâmica geopolítica regional e a parceria com os
Estados Unidos (p. 130).

Affluence: the oil embargo (1973):

- Boicote: Embora a Arábia Saudita estivesse insistindo na retórica de que não seria adequado
utilizar o petróleo para fins políticos, o país jamais conseguiu evitar a associação entre esses
dois elementos. Muito menos durante a guerra do Yom Kippur, entre Israel e Egito, durante a
qual os países reunidos na Organização de Libertação da Palestina pressionaram a Arábia
Saudita para juntar-se ao boicote da venda de óleo para os Estados Unidos e aliados europeus.
O boicote era uma resposta ao apoio que os ocidentais prestavam a Israel durante a guerra, em
detrimento da capacidade militar do Egito (p. 132). Além desse boicote, “Ten Arab oil
ministers met in Kuwait on 17 October and agreed to reduce oil production by 5 per cent
every month until the Middle East conflict was resolved”, além de um aumento imediato de
17% no preço. “On 18 October Saudi Arabia went further than the decision taken at the
Kuwait meeting by announcing a 10 per cent reduction in oil production, with a complete ban
on petroleum shipment to the United States” (p. 132).

- “the oil embargo shocked the international community as the price of oil rose by almost 70
per cent” (p. 132).
- impactos do boicote para a economia saudita: “In Saudi Arabia the oil embargo resulted
in a dramatic increase in oil revenues, thus allowing Faysal to launch his economic
transformation and increase his government spending on infrastructure […]. Saudi Arabia
entered the age of affluence” (p. 133). Com isso, o governo Faisal foi capaz de elevar o gasto
público e iniciar a execução do Primeiro Plano Quinquenal, lançado para os anos 1970-1975.
He expanded education and health services, improved transport and communication facilities,
implemented bedouin sedentarisation schemes and, most importantly, increased Saudi
military capabilities through the purchase of arms from the United States (p. 133).

- O autor ressalta que o país já vinha assumindo retoricamente uma responsabilidade regional
e religiosa de proteção do povo palestino e da religião islâmica. Essa retórica traduziu-se em
prática efetiva no boicote de 1973. O boicote então atraiu a atenção do mundo para o país
como peça central na política mundial do petróleo, enquanto os países árabes compreenderam
a posição de liderança da ASD no contexto regional e religioso (p. 134).

The reign of king khalid (1975-1982):

- O autor conta como um certo “materialismo” da família real sob o reino de Khalid, após
Faisal, gerou tensões internas e questionamentos à família real (pp. 138-40).

Austerity the reign of king Fahd (1982-2005):

- “Fahd’s early years as King coincided with a sharp decrease in oil prices, which reached
their lowest level in 1986. The oil price dropped from $32 per barrel to $15 in the early 1980s,
thus reducing Saudi oil revenues by over 30 per cent. Within six months, between January and
July 1986, oil prices dropped from $26 to $8 per barrel” (p. 144). Seguindo essa queda nos
preços do petróleo e na renda, o PIB do país também caiu drasticamente. A depreciação do
cenário econômico obrigou o país a adotar uma estratégia de austeridade orçamentária (p.
144).

- Quarto plano quinquenal: o autor sintetiza rapidamente que o quarto plano, lançado para
1985-1990, planejou a redução do investimento em infraestrutura e alocar mais recursos,
proporcionalmente, ao desenvolvimento de recursos econômicos e humanos.
- O autor nota também que nessa diminuição do ritmo da atividade econômica, houve redução
da procura por salas para escritórios que já estavam construídas e também redução da
atividade da construção civil.

- O governo não cortou substancialmente gastos sociais, seguro, saúde e educação. Mas
reduziu subsídios para a atividade agrícola e para o setor de energia elétrica e gás, fazendo
aumentar os preços desses serviços (p. 145).

Saudis remember the 1980s as a decade of austerity alien to the generation that prospered
during the oil boom of the late 1970s (p. 145).

The decline in Saudi revenues in the 1980s encouraged the government to promote the
rhetoric of ‘Saudisation’, a programme aimed at the gradual replacement of foreigners with
Saudis as the latter acquired education, training and skills. This was a stated objective of the
fourth five-year plan (1985-90). Reliance on foreign labour had long been regarded as a
necessary evil during a period of transition (p. 146). O programa teve pouco sucesso,
especialmente porque o país ainda não dispunha dos recursos humanos necessários para serem
alocados em setores que exigiam altas habilidades, e os nacionais sauditas estavam pouco
dispostos a assumir os trabalhos exercidos pelos imigrantes. Por isso, o país permaneceu
dependente da mão de obra estrangeira, especialmente no setor de construção civil e outros
serviços (p. 147).

- O autor nota um desenvolvimento interessante nos anos 1980. Começou a ficar mais nítida
uma divisão social ideacional entre quem tinha uma postura mais “liberal”, segundo
princípios religiosos e morais de forma mais flexível e vendo com bons olhos a aproximação
com o Ocidente; e aqueles que pregavam uma versão mais radicalizada do Islã, e que a
conduta deveria obedecer estritamente aos preceitos morais e religiosos, sugerindo regras
mais estritas para as mulheres e a demonização do Ocidente. A parte interessante é que entre
aqueles primeiros estavam pessoas mais velhas, e estes últimos eram majoritariamente jovens.
Isso tem explicação em uma série de fatores, mas especialmente porque a expansão das
universidades nos anos 1980 envolveu especialmente a expansão das universidades religiosas
(p. 150).

Saudi and American relations in the 1980s [p. 154]:

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