Papers by Guilherme D S Viana

Sociabilidades Urbanas - Revista de Antropologia e Sociologia, Nov 2018
Resumo: O artigo traz reflexões sobre os processos de gentrificação, observando quais fenômenos p... more Resumo: O artigo traz reflexões sobre os processos de gentrificação, observando quais fenômenos podem contribuir para que o processo ocorra; qual a consequência do processo efetivado; e para quais fenômenos ele pode vir a contribuir. É apresentado como estudo de caso o Conjunto Habitacional Butantã fase 2 e são descritas as limitações da pesquisa na obtenção de dados e avaliados os depoimentos dos moradores. Pelas características do estudo de caso consegue-se uma base substancial na procura por indícios de processos da primeira e da segunda onda do processo de gentrificação no município de São Paulo e são feitas considerações sobre seu efeito. Abstract: The article brings reflections on the processes of gentrification, observing which phenomena may contribute to the process of gentrification occurring; what is the consequence of the actual process; and with what phenomena it may contribute. A case study is presented as the Butantã Housing phase 2, and the limitations of the research in obtaining data and evaluating the residents' testimonies are described. Due to the characteristics of the case study, a substantial basis is found in the search for indications of first and second wave processes of the gentrification process in the city of São Paulo, and considerations are made about its effect. Este estudo busca observar a gentrificação espontânea em um país " marginal " (BIDOU-ZACHARIASEN, 2006) – o Brasil, tomando como estudo de caso o Conjunto Habitacional Butantã, na cidade de São Paulo. Nos países marginais, ao contrário do que normalmente ocorre em países mais desenvolvidos, não se consegue facilmente atingir o delta de desvalorização e valoração somente com os investimentos particulares dentro de cada lote. Isto ocorre pois a acumulação de valor agregado necessita de um tempo mais longo para que os moradores possam acumular dinheiro suficiente para implantar esses investimentos e, então, conseguirem transferir o valor agregado nos lotes para a região. Para o estudo foram realizadas entrevistas em algumas residências da área de estudo, para caracterizar os moradores segundo sua classe cultural e econômica e, assim, podermos ter ideia da sua contribuição para o processo de gentrificação espontânea. Conforme nos relata FREEMAN (2005), muitos teóricos debatem sobre a importância da transformação demográfica agregada à inclinação do Poder Público para atender as demandas da população que tem mais recursos financeiros e à intermitência do aluguel nas localizações com potencial a transformarem-se em " centralidade de elite ". Reconhece-se que, em tais localizações, ter serviços que atendam gostos 1 dos grupos gentrificadores e um histórico de desinvestimento gera a conveniência necessária nas localizações com pré-1 Entenda-se por " gostos " , todas as influências ambientais (cultura, classe social, influências pessoais) e as diferenças individuais (recursos, motivação, conhecimento, atitudes e personalidade) que influenciarão as decisões de compra em uma determinada localização.
Thesis Chapters by Guilherme D S Viana

Processos de Gentrificação, 2018
"Guilherme Viana expõe os ciclos de investimento e desinvestimento à escala intraurbana como fact... more "Guilherme Viana expõe os ciclos de investimento e desinvestimento à escala intraurbana como factor de gentrificação por via do estudo de caso do conjunto habitacional de Butantã, São Paulo, partindo de um amplo enquadramento conceptual sobre tipos de deslocamento mais frequentes, respectivos factores e dimensões de análise. Mas sobretudo o autor procura tipificar os moradores existentes e os gentrifiers e interroga-se se as técnicas estatísticas e metodologias de recolha de informação pelos recenseamentos permitem captar as lógicas dos deslocamentos, finas demais para se deixar apanhar nas malhas de uma ciência urbana ainda neopositivista. Viana conclui mesmo pela necessidade de inversão do discurso público da lógica do mercado de socialização dos riscos e privatização dos lucros, subjacente à lógica de especulação imobiliária. Assim, os promotores dos empreendimentos que promovem deslocamento, devem providenciar contrapartidas e medidas de compensação ao Estado e às populações, nomeadamente em caso de transtorno causado pela quebra de relações sociais que é infligido às pessoas que se deslocaram forçadamente, e também pelos
prejuízos sociais, pelo fato da pessoa não ter para onde ir, e acabar tendo que ir para um local pior por comparação áquele onde já estava.
O autor ressalta que em épocas de crise ou de instabilidade, nas quais os mecanismos do capital, ou seja, o mercado e suas forças sociais, não conseguem por si só mediar o conflito social, o Estado é chamado para intervir ou mesmo assumir as atividades que antes se realizavam no âmbito do mercado. Quando o capital se vê impossibilitado de se reproduzir é dada a autoridade de direito ao Estado para que mantenha a reprodução do capital, uma vez que este tem o poder para estabelecer novas regras de relações sociais, se necessário, tanto com relação à manutenção do proletariado quanto da classe hegemônica que detém o capital.
Na verdade, esta dimensão plurifacetada e pluriescalar do Estado e das Políticas Urbanas é fundamental e transversal para compreender o palimpsesto do discurso e da materialidade da gentrificação na diversidade do mundo iberoamericano.
Neste contexto, o papel do Estado Neoliberal é exatamente criar, manter e conservar uma estrutura institucional apropriada às práticas do mercado, apesar de depois de criadas, as condições não mais requererem intervenções que ultrapassem as de um Estado mínimo. Neste sistema, ganha relevo a forma como a produção do espaço se realiza cada vez mais como condição geral da (re)produção capitalista, não só na produção de infraestrutura, como na de ambiente construído, formando o aparato necessário à reprodução ininterrupta do sistema. O
objetivo do Estado Capitalista não é eliminar as contradições do sistema, mas atenuá-las, reproduzindo no tecido social a dinâmica da acumulação capitalista extraída da produção de ambiente construído. Cabe ao Estado, inserido na lógica do sistema capitalista, garantir a
reprodução do capital, gerindo conflitos e contradições produzidos pelo próprio sistema e que podem interferir na plena realização do ciclo de capital, seja pela produção de infraestruturas, seja pelo controle dos salários de modo a mantê-los baixos, seja pelas políticas de concorrência e de regulação que formula (LEFEBVRE, 1974; LOJKINE, 1997; HARVEY, 2010; HIRSCH, 2010; BOURDIEU, 2014; CARLOS; 2015; AVELÃS NUNES, 2013, 2016)." (Luís Mendes, Luis Salinas, Marcio Moraes Valenca, Sergi Martínez-Rigol)
Mestrado "Processos de Gentrificação" publicado em 29-11-2018 no Teses USP.
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prejuízos sociais, pelo fato da pessoa não ter para onde ir, e acabar tendo que ir para um local pior por comparação áquele onde já estava.
O autor ressalta que em épocas de crise ou de instabilidade, nas quais os mecanismos do capital, ou seja, o mercado e suas forças sociais, não conseguem por si só mediar o conflito social, o Estado é chamado para intervir ou mesmo assumir as atividades que antes se realizavam no âmbito do mercado. Quando o capital se vê impossibilitado de se reproduzir é dada a autoridade de direito ao Estado para que mantenha a reprodução do capital, uma vez que este tem o poder para estabelecer novas regras de relações sociais, se necessário, tanto com relação à manutenção do proletariado quanto da classe hegemônica que detém o capital.
Na verdade, esta dimensão plurifacetada e pluriescalar do Estado e das Políticas Urbanas é fundamental e transversal para compreender o palimpsesto do discurso e da materialidade da gentrificação na diversidade do mundo iberoamericano.
Neste contexto, o papel do Estado Neoliberal é exatamente criar, manter e conservar uma estrutura institucional apropriada às práticas do mercado, apesar de depois de criadas, as condições não mais requererem intervenções que ultrapassem as de um Estado mínimo. Neste sistema, ganha relevo a forma como a produção do espaço se realiza cada vez mais como condição geral da (re)produção capitalista, não só na produção de infraestrutura, como na de ambiente construído, formando o aparato necessário à reprodução ininterrupta do sistema. O
objetivo do Estado Capitalista não é eliminar as contradições do sistema, mas atenuá-las, reproduzindo no tecido social a dinâmica da acumulação capitalista extraída da produção de ambiente construído. Cabe ao Estado, inserido na lógica do sistema capitalista, garantir a
reprodução do capital, gerindo conflitos e contradições produzidos pelo próprio sistema e que podem interferir na plena realização do ciclo de capital, seja pela produção de infraestruturas, seja pelo controle dos salários de modo a mantê-los baixos, seja pelas políticas de concorrência e de regulação que formula (LEFEBVRE, 1974; LOJKINE, 1997; HARVEY, 2010; HIRSCH, 2010; BOURDIEU, 2014; CARLOS; 2015; AVELÃS NUNES, 2013, 2016)." (Luís Mendes, Luis Salinas, Marcio Moraes Valenca, Sergi Martínez-Rigol)
Mestrado "Processos de Gentrificação" publicado em 29-11-2018 no Teses USP.
prejuízos sociais, pelo fato da pessoa não ter para onde ir, e acabar tendo que ir para um local pior por comparação áquele onde já estava.
O autor ressalta que em épocas de crise ou de instabilidade, nas quais os mecanismos do capital, ou seja, o mercado e suas forças sociais, não conseguem por si só mediar o conflito social, o Estado é chamado para intervir ou mesmo assumir as atividades que antes se realizavam no âmbito do mercado. Quando o capital se vê impossibilitado de se reproduzir é dada a autoridade de direito ao Estado para que mantenha a reprodução do capital, uma vez que este tem o poder para estabelecer novas regras de relações sociais, se necessário, tanto com relação à manutenção do proletariado quanto da classe hegemônica que detém o capital.
Na verdade, esta dimensão plurifacetada e pluriescalar do Estado e das Políticas Urbanas é fundamental e transversal para compreender o palimpsesto do discurso e da materialidade da gentrificação na diversidade do mundo iberoamericano.
Neste contexto, o papel do Estado Neoliberal é exatamente criar, manter e conservar uma estrutura institucional apropriada às práticas do mercado, apesar de depois de criadas, as condições não mais requererem intervenções que ultrapassem as de um Estado mínimo. Neste sistema, ganha relevo a forma como a produção do espaço se realiza cada vez mais como condição geral da (re)produção capitalista, não só na produção de infraestrutura, como na de ambiente construído, formando o aparato necessário à reprodução ininterrupta do sistema. O
objetivo do Estado Capitalista não é eliminar as contradições do sistema, mas atenuá-las, reproduzindo no tecido social a dinâmica da acumulação capitalista extraída da produção de ambiente construído. Cabe ao Estado, inserido na lógica do sistema capitalista, garantir a
reprodução do capital, gerindo conflitos e contradições produzidos pelo próprio sistema e que podem interferir na plena realização do ciclo de capital, seja pela produção de infraestruturas, seja pelo controle dos salários de modo a mantê-los baixos, seja pelas políticas de concorrência e de regulação que formula (LEFEBVRE, 1974; LOJKINE, 1997; HARVEY, 2010; HIRSCH, 2010; BOURDIEU, 2014; CARLOS; 2015; AVELÃS NUNES, 2013, 2016)." (Luís Mendes, Luis Salinas, Marcio Moraes Valenca, Sergi Martínez-Rigol)
Mestrado "Processos de Gentrificação" publicado em 29-11-2018 no Teses USP.