Papers by Maria Beatriz Albernaz

Resumo O texto busca compreender os modos como se relacionam praxis e poiesis; o fazer e o livre-... more Resumo O texto busca compreender os modos como se relacionam praxis e poiesis; o fazer e o livre-pensar na escola, partindo de uma postura crítica e analítica da instituição, mas procurando uma via para uma aproximação de maior convergência entre o sensível e o inteligível, através do que aqui chamamos pedagogia do olhar-menino. Espera-se da formulação uma contribuição na ordem do que Giorgio Agamben (2009) identifica como um contradispositivo, isto é, uma profanação das disposições que distanciam a criança da possibilidade de um ponto de vista ou perspectiva própria. Espera-se também que a percepção mais acurada desse olhar aprofunde o entendimento do que vem a ser uma experiência de infância, no sentido de apropriação da vivência pela memória, de abertura para aprendizagens inesperadas, mas também de acesso ao entendimento da aprendizagem sem instrução, tal como indica Walter Benjamin (1995), ou de um modo de aprender criativo, instaurador de novas lógicas, de acordo com Beatriz Olarieta (2015).
A literatura considerada como "menor" não chega a ser universal? Mas o que leva a se reconhecer u... more A literatura considerada como "menor" não chega a ser universal? Mas o que leva a se reconhecer uma determinada literatura como universal? Certas obras são consideradas parte do acervo do tesouro universal. Constituem o cânone. São estudadas, celebradas por sua poética. Há poéticas mais bem-sucedidas e mais inspiradas, e há aquelas escritas por autores tidos como diluidores, considerados de talento menor.
A literatura considerada como "menor" não chega a ser universal? Mas o que leva a se reconhecer u... more A literatura considerada como "menor" não chega a ser universal? Mas o que leva a se reconhecer uma determinada literatura como universal? Certas obras são consideradas parte do acervo do tesouro universal. Constituem o cânone. São estudadas, celebradas por sua poética. Há poéticas mais bem-sucedidas e mais inspiradas, e há aquelas escritas por autores tidos como diluidores, considerados de talento menor.

Existe um mundo que não é escrito e que, no entanto, aprendemos a ler, desde que nascemos. No abe... more Existe um mundo que não é escrito e que, no entanto, aprendemos a ler, desde que nascemos. No aberto dos acontecimentos, chega-se a outras perspectivas, conhecimentos e saberes, enfim à experiência benjaminiana. Superam-se e transcendem-se universos objetivos e subjetivos pela singular leitura do não-escrito-por-letras. Desse processo, depende o exercício de ser cidadão, co-participante da pólis, sempre em campo e a caminho-de, com-outros, no mundo. Paulo Freire brindou-nos com a palavramundo como uma tessitura anônima que não cessa de brotar e instaurar realidades. Ser histórico é mergulhar nessa dinâmica. Desse encontro, sobrevém a memória como escritura da existência; e a percepção e impressão de marcas educadoras na cidade. Na contramão da discursividade, a possibilidade de uma cidade educadora remete-nos à ética de uma comunidade-que-vem, de acordo com Agambem. Em contraposição ao lugar-comum que demoniza a rua e renega o que ela ensina, propõe-se a leitura da cidade, por suas redes políticas e poéticas. Ao passear em suspensão pela cidade, leem-se histórias em diferentes linhas que se entrecruzam e criam referências das e nas paisagens urbanas. Na visão do ambiente como pedagogia em silêncio, vislumbra-se a educação da terceira margem.

Sabemos que adjetivos não são recomendáveis mas "extraordinário" como substantivo aqui cabe. Que ... more Sabemos que adjetivos não são recomendáveis mas "extraordinário" como substantivo aqui cabe. Que os pássaros tenham sido seu ponto de partida já pouco importa, ou antes, eles vêm e vão como lhes é próprio, permanecendo a experiência do extraordinário. Os movimentos da música já não se compartimentalizam, são compartilhados em seu todo, o tempo todo. Os silêncios não se fazem apenas ao final da execução de uma obra. O vôo do pássaro é incorporado como parte ativa do seu fazer sonoro. Há pouco tempo ouvi um beija-flor não cantando com o seu bico -ocupado em mergulhar nas flores -mas pelo bater de suas asas, movimento intenso quase inaudível e justamente por isso extra-ordinário. A música de Messiaen ensina-nos esse caminho -o de ouvir o extra no ordinário. Estaria aí talvez uma possibilidade de se fazer uma ponte com o indizível de que nos fala Heidegger. No entanto, atenção, para quem se dispõe a abrir os canais auditivos e escutar sons de pássaros adverte-se que a experiência poderá ser agradável sim mas cansativa quem sabe, e até, como comentou um contemporâneo de Messiaen, desesperadora. Seu caminho, ele nos descreve, não comportava, como supunha aquele comentarista, o desespero, mas uma paciência enorme, amorosa e educadora, primeiro para discernir cada pássaro e seu canto particular (aconselhando para isso as horas do princípio da manhã, por volta das cinco horas), nas posições mais incômodas e menos perturbadoras do ambiente, inteirando-se das nuances do canto de um mesmo pássaro, que variam em situações de amor ou de guerra.
O ser que vem é um ser qualquer. O ser que, seja qual for, importa; sendo amável e desejável, tal... more O ser que vem é um ser qualquer. O ser que, seja qual for, importa; sendo amável e desejável, tal e qual ele é.
Este artigo relata o processo de realização de um vídeo coletivo, em três turmas da disciplina "A... more Este artigo relata o processo de realização de um vídeo coletivo, em três turmas da disciplina "Arte e educação", do primeiro período do curso de Pedagogia do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ). O título dos vídeos, "Pequena viagem ao país do melhor conhecimento -a biblioteca", remete ao texto Confissão criadora, de Paul Klee. A partir da poética suscitada pelas ideias de Klee e pela reverberação das colocações de Agamben sobre os múltiplos papeis da singularidade na "comunidade que vem", busca-se -na arte -sua aproximação com a educação e as possibilidades pedagógicas provenientes da tensão entre ambas.
A ideia de desenvolver um texto sobre a relação entre a escrita e a leitura surgiu primeiramente ... more A ideia de desenvolver um texto sobre a relação entre a escrita e a leitura surgiu primeiramente pelo desejo de consolidação do meu trabalho como professora de diferentes cursos de redação criativa, mas também especificamente a partir de um outro artigo que redigi sobre bibliotecas escolares. Nele, encontram-se listados sete desafios para os profissionais da área, entre os quais a necessidade de preparar a biblioteca não só como um lugar de leitura, mas também de escrita. Isso porque um leitor faz anotações, escreve enquanto lê. De fato, testemunha-se tal necessidade, mesmo que satisfeita de forma indevida, pela enorme quantidade de livros sublinhados que somos obrigados a consultar. É óbvio, portanto, que o impulso existe.
A princípio, havia escolhido como título para este ensaio a fórmula "Enfrentando os desafios esco... more A princípio, havia escolhido como título para este ensaio a fórmula "Enfrentando os desafios escolares", mas percebi que ainda me sinto num momento de reconhecimento desses desafios e que ainda não disponho de um projeto que validasse esse modo gerúndio da ação de enfrentar. Encontro-me num estágio de substantivação das questões, que se mostram aos meus olhos como horizontes e como convites para que eu empreenda esse caminho de enfrentamento.
O artigo propõe uma leitura do livro infantil de Clarice Lispector "O mistério do coelho pensante... more O artigo propõe uma leitura do livro infantil de Clarice Lispector "O mistério do coelho pensante" apresentando questões acerca da construção de sua narrativa; uma breve discussão sobre o sentido do mistério como descoberta de um saber que se mantém encoberto; da liberdade como necessidade e como superação de si mesmo; e das possibilidades de um conhecimento que reúna o sentir, o pensar e o agir pela interrelação da poesia e da filosofia.
Drafts by Maria Beatriz Albernaz
Esta leitura absorve e apresenta o romance "Acayaca 1729", de Joaquim Felício dos Santos (1828-18... more Esta leitura absorve e apresenta o romance "Acayaca 1729", de Joaquim Felício dos Santos (1828-1895) de modo a despir-se de um olhar único e autocentrado enquanto escuta o dizer ou a voz do outro. Trata-se, pois, de um exercício de ouvir-e-falar a voz do outro constantemente desfazendo-se de acessórios retóricos. Para tanto, estaremos aqui recorrendo a sociologia, antropologia e filosofia, como recursos auxiliares na interpretação do romance baseada na paideia poética.
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