O tema desta tese se direciona ao estudo das populações pré-históricas que ocuparam a região de Diamantina, estado de Minas Gerais, Brasil, em horizontes cronológicos estabelecidos como Antigo (Pleistoceno/Holoceno Inferior) e Recente...
moreO tema desta tese se direciona ao estudo das populações pré-históricas que ocuparam a região de Diamantina, estado de Minas Gerais, Brasil, em horizontes cronológicos estabelecidos como Antigo (Pleistoceno/Holoceno Inferior) e Recente (Holoceno Superior). Baseado em horizontes de ocupações separados por um hiato temporal mínimo de 6.000 anos, este estudo propôs-se a analisar diacronicamente a gestão das matérias-primas líticas em três sítios arqueológicos desta região, considerando sua interface com elementos específicos reconhecidos no espaço, com o intuito de alcançar a percepção sobre a interação destas populações diacrônicas com a paisagem, suas percepções sobre as matérias-primas, alterações potenciais de utilização refletidas nas indústrias líticas e suas significações. Para tanto, empregamos nos trabalhos de campo e gabinete um referencial teórico-metodológico articulado, procedente de estudos de tecnologia lítica, e de processos interdisciplinares que relacionam a Arqueologia e algumas especialidades das Geociências em dois de seus principais segmentos: a Arqueologia da Paisagem e a Geoarqueologia. A análise diacrônica da gestão das principais matérias-primas, o quartzo hialino e o quartzito, assim como das demais matérias-primas registradas nos sítios arqueológicos em interface com a paisagem e os territórios - compreendidos a partir da caracterização do espaço - evidenciaram elementos semelhantes e dessemelhantes, os quais originaram interpretações direcionadas a gestão destas matérias-primas, as cadeias operatórias e a organização tecnológica, e, a função dos sítios arqueológicos. Para além, os resultados permitiram, oportunamente, aprimorar a compreensão de elementos potenciais na paisagem que possivelmente contribuíram para a escolha do local de implantação dos sítios em estudo, bem como, da possível predileção das ocupações pré-históricas na Formação geológica Galho do Miguel. Por fim, ao explorar as relações entre os sítios arqueológicos em estudo, suas indústrias líticas e o espaço em que se inserem, encontramos resultados que proporcionaram a ampliação do conhecimento sobre as populações que ocuparam os horizontes Antigo e Recente na região de Diamantina, contribuindo para a construção do conhecimento sobre a pré-história da Serra do Espinhaço.