Papers by teresa cristina toledo de paula

Conservar tecidos ou qualquer outro material implica, necessariamente, compreender e conhecer ess... more Conservar tecidos ou qualquer outro material implica, necessariamente, compreender e conhecer esse material. O tecido, matéria-prima processada, tem a diversidade como principal elemento definidor:identificar suas características, entender suas propriedades e conhecer seus históricos diferenciados envolve uma gama bastante grande de variáveis e especialidades. Para conservar o que temos, portanto, precisamos antes de tudo compreender aquilo que temos em mãos. A bibliografia internacional específica tanto sobre tecidos como sobre conservação de tecidos, em termos gerais, fornece uma parte considerável das respostas que precisamos. Tão logo as questões se particularizam ou se localizam no Brasil, entretanto, desaparecem os livros, as pesquisas e as idéias inviabilizando, muitas vezes, o trabalho de conservação do patrimônio. As poucas informações que dispomos sobre os tecidos no Brasil encontram-se dispersas em relatos de viajantes, atas de importação/exportação, livros de economia, botânica e química à espera de novas articulações e pesquisas.

Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 2004
Este texto descreve, com o apoio de desenhos e imagens, os diferentes aspectos considerados no de... more Este texto descreve, com o apoio de desenhos e imagens, os diferentes aspectos considerados no desenvolvimento do trabalho de conservação e restauração de um estandarte de tecido pertencente à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Brasil, realizado entre setembro de 2001 e julho de 2002 no Setor de Têxteis do Museu Paulista da USP. O estandarte, criado em 1918 para representar a Escola de Medicina em desfiles e celebrações públicas, foi encomendado ao pintor Oscar Pereira da Silva e traz os principais símbolos atribuídos à medicina. Confeccionado em tecido de seda verde (cor atribuída à medicina), entretanto, desde muito tempo teve sua cor alterada para amarelo ouro e, como um estandarte cor de ouro, tornou-se o símbolo da escola nas últimas décadas. Este artigo descreve em detalhes o processo de tomada de decisão e o tratamento de conservação realizado.
Através dessa discussão específica, todavia, é repensado o papel da conservação/restauração de be... more Através dessa discussão específica, todavia, é repensado o papel da conservação/restauração de bens culturais frente à sensibilidade, atitude e ideário deste fim de milênio.

Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 1994
A área de conservação de têxteis históricos, ainda pouco difundida no Brasil, encontra-se, hoje, ... more A área de conservação de têxteis históricos, ainda pouco difundida no Brasil, encontra-se, hoje, em uma fase de reavaliação de seus métodos de trabalho e filosofia de intervenção. A expressão "/ess is more", pode ser considerada definidora dessa nova prática e característica dos anos 90. Um novo ideá rio, baseado no respeito às características dos objetos, em abordagens menos intervencionistas, pouco químicas, de preservação, e, principalmente, no fim do mito da reversibilidade em conservação/restauração, trouxe à área têxtiL como às demais, uma série de mudanças em procedimentos e posturas até então considerados consensuais pelos principais centros de competência. Espera-se, hoje, muito mais, que o conservador/restaurador exerça o papel de um administrador dos processos de deterioração dos objetos, do que aquele anterior, do profissional que, embora apoiado em métodos e técnicas científicas, causava modificações irreversíveis nos objetos. Mas essa discussão apenas se inicia e podemos sugerir que se encontrem, hoje, duas principais linhas de abordagem. Uma primeira, acreditamos, seria aquela que privilegia os aspectos estéticos de um objeto e por eles justifica seus métodos de intervenção e filosofia de preservação. Situa-se nessa linha, por certo, a Fundação Abegg, na Suíça, que mantém inalterados seus métodos de trabalho desde os anos 60. Uma segunda linha, menos intervencionista, mais engajada nas novas idéias de fim-de-século, seria aquela que defende a intervenção mínima, enfatizando o trabalho preventivo e justificando a restauração apenas como último recurso. Assim parecem trabalhar Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Ser. p. 301-319 V.Z jan./dez. 1994 hoje, os principais museuse instituições internacionais, bem como os centros de formação profissional como o The Textile Conservation Centre (TCC), Inglaterra. E, evidentemente, essas idéias, aqui simplificadas, podem ser detectadas na produção bibliográfica específica da área têxtil e devem, no caso do Brasil-onde inexiste a tradição de preservação dessa tipologia de objetos e onde esboçam-se, apenas, os primeiros trabalhos-, ser entendidas e, se reproduzidas, situadas dentro do contexto mundial no qual se originaram. 302 Os anos 60-70 : o início da sistematização de um conhecimento próprio Os anos 70 podem ser considerados decisivos para a área de Conservação de Têxteis. Até então, qualquer teorização envolvendo discussões ético-filosóficas, métodos de abordagem e conhecimentos técnicos, persistiam tendo por base, quer a bibliografia, quer os pressupostos de análise estabelecidos para as áreas de Conservação e Restauração de Monumentos Arquitetõnicos e Pinturas,vigentes desde o século XIX. Um objeto têxtil parecia, até então, ser pensado apenas em sua tridimensionalidade, enquanto escultura, construção, cujas partes e eventuais grafismos precisavam, sempre, ser restaurados e entendidos tais quais. Sua especificidade era apenas de ordem físico-química e seguiria, portanto, os mesmos sistemas de abordagem vigentes, institucionalmente, para todas as tipologias de objetos. Os anos 60 iniciariam a transformação efetivada na década seguinte. São publicados os artigos de James Rice, do Texti/e Museum, Washington; Dorothy Burnham e o Royal Ontario Museum apresentam o trabalho de sistematização da t~rminologia têxtil realizado pelos membros do C.I.E.T.A. (Centre International d'Etude des Textiles Anciens), em seis idiomas; e na Suíça, é criada, em 1967, a Fundação Abegg, cujas atividades de curadoria passariam a sistematizar e divulgar toda a tradição escandinava, alemã e leste-européia na conservação de têxteis históricos. Mas foi a década de 1970, todavia, aquela que trouxe, em definitivo, a sistematização do conhecimento da área. A reestruturação da atividade em grandes museus e a preocupação com a formação de um novo perfil de profissional, deram continuidade aos novos tempos. Publicam-se dois manuais importantes, os primeiros, acredita-se, inteiramente dedicados à conservação de têxteis: Texti/e Conservation, de J. Leene (1972) e The Core & Preservotion of Texti/es, de K. Finch e G. Putnam (1977). De características bastante diversas, ambos marcarão, definitivamente, os trabalhos dessa especialidade da conservação: o primeiro, evidenciando, qualitativa e quantitativamente a existência da área; o segundo, introduzindo idéias e propostas de ética e prática diferenciadas. O trabalho coordenado por Jentina Leene, ao reunir artigos dos principais centros e profissionais es[)ecializados na área têxtil, unificou, pela primeira vez, o repertório específico das práticas e abordagens vigentes. The Core & Preservotion of Texti/es é publicado dois anos após o início dos trabalhos de Karen Finch no Victoria & Albert Museum, Londres, e da fundação, por ela, do The Textile Conservation Centre, marcando o início do trabalho de formação acadêmica de profissionais conservadores naquele país. No mesmo ano, nos Estados Unidos, Nobuko Kajitani, hoje Conservadora-Chefe de têxteis do The Metropolitan Museum of Art, de Nova York, publica seu texto Preservation of paper and texti/es of historic and artistic value, contribuindo, assim, para que a discussão teórico-metodológica das atividades de preservação de acervos têxteis se desse, efetivamente, em nível mundial. A partir de então, multiplicam-se as publicações periódicas, inserções em manuais gerais e edições resultantes de encontros temáticos. Precisam ser destacados,aqui,o ensaio de Hanna Jedrezejewska, Problems of ethics in the Conservation of Textiles, de 1980, e o livro de Sheila landi, The Textile Conservator's Manual, editado em 1985 e ainda hoje, o mais completo e elaborado trabalho da área. A reunião de uma bibliografia introdutória2 A bibliografia de Conservação de Têxteis Históricos, hoje, é vastíssima,

Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 1999
da USP [...] como és um grande caçador, eu gostaria que me dissesses que cores de garanhão & égua... more da USP [...] como és um grande caçador, eu gostaria que me dissesses que cores de garanhão & égua são capazes de produzir cavalos de cor parda. Por parda refiro-me a uma tonalidade creme, misturada com marrom ou acinzentado. Perguntei a uma porção de pessoas & não consigo descobrir. Também não consigo descobrir de que cor é ao nascer, o potro que mais tarde se transformará no cavalo pardo. Já que estou fazendo perguntas, faço-te mais esta. Algum dia já viste um Asno com uma listra dupla nos ombros? (CHARLES DARWIN, out. 1858) 2 A conservação de bens culturais apresenta-se, hoje, como uma atividade científica e não como uma ciência. As novas tecnologias, a pesquisa dos diferentes materiais, a melhor compreensão dos processos de degradação, aliados a uma ética e a uma visão de mundo do profissional conservador e da instituição que ele representa, juntos é que formam a atividade de conservação 3. Esta atividade encontra-se organizada internacionalmente desde 1930, quando se realizou em Roma a primeira conferência internacional de conservação 4. Atualmente as principais idéias e experiências de trabalho em conservação-mais no exterior do que no Brasil-refletem as discussões surgidas nos congressos e/ou encontros promovidos pelas principais organizações internacionais de conservação: ICOM-CC

Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 2005
naturalista Hermann von Ihering, os historiadores Affonso d´Escragnolle Taunay, Sérgio Buarque de... more naturalista Hermann von Ihering, os historiadores Affonso d´Escragnolle Taunay, Sérgio Buarque de Hollanda e Mario Neme, dentre outros. Nos próprios textos da revista, entretanto, apenas dois momentos editoriais aparecem comentados: o primeiro, já em 1918, quando Taunay assume o Museu Paulista e avalia a publicação 3. E o segundo, em 1947, com o texto de Sérgio Buarque de Hollanda que apresenta um histórico e efetiva as vocações diferenciadas da Revista do Museu Paulista e dos Annaes do Museu Paulista 4. Em 1964, aparece impresso pela primeira vez, na página de rosto da revista, o brasão da Universidade de São Paulo 5. Merece destaque especial, nesse contexto específico, a então surpreendente publicação integral, em 1951, de A moda no século XIX: ensaio de sociologia estética, tese de Gilda Rocha de Mello e Souza, reeditada como livro somente em 1987 6. Outro texto a ser destacado, em um de seus últimos números, é o artigo sobre conservação de artefatos plumários do restaurador Carlos Régis Leme Gonçalves 7. Os Annaes do Museu Paulista (1922-1987) e posteriormente os Anais do Museu Paulista: história e cultura material (1993-) surgem, ambos, com diretrizes bem claras. Em 1922, Taunay, seu criador e principal autor até então, apresenta a publicação como orgão da Seção de História do Brasil destinado à publicação de documentos da instituição 8 , vocação reiterada, em 1949, por Sergio Buarque de Hollanda 9. O mesmo seria feito por Ulpiano Bezerra de Meneses, em 1993, quando a Nova Série foi publicada 10. Muitos artigos publicados nos diversos volumes contêm indicações preciosas para futuras pesquisas, tão necessárias, sobre a indumentária no Brasil, sobre o custo de fios e tecidos e sobre fibras, hoje inexistentes, como é o caso da aramina, que chegou inclusive a participar de feiras agrícolas 11. Merece destaque, ainda na série inicial, o artigo de Mario Neme sobre a utilização cultural de acervos e a importância da atividade de conservação 12. Na Nova Série, merecem destaque, dentro dos objetivos específicos deste estudo, o texto e o ensaio bibliográfico sobre conservação de têxteis e a seleção bibliográfica sobre indumentária e moda 13. Dédalo, diferentemente das publicações anteriores-ambas de um mesmo museu-, foi uma publicação de dois museus: entre 1965-1968 era chamada Revista de Arte e Arqueologia do então criado Museu de Arte e Arqueologia (MAA), e, a partir de 1970 e até 1989, tornou-se a Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia (antigo MAE). Seus primeiros números preocuparam-se, sobretudo, em apresentar textos enfatizando e esclarecendo as diferenças conceituais e metodológicas entre as áreas de sua competência. Destaque-se o texto de Vera Coelho comentando o pequeno número de estudos sobre os têxteis 14. E também, o texto de Hugues de Varine-Bohan, então diretor do ICOM, que analisa os museus de sete países latino-americanos por ele visitados naquele ano, inclusive o Brasil e a USP 15. Em sua segunda fase foram poucos os artigos de interesse desse estudo, geralmente breves inserções. Destaque-se um texto dedicado aos problemas freqüentemente encontrados na curadoria de acervos de arte 316
Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 2008
O texto discute idéias predominantes, hoje, nas práticas de conservação de bens culturais móveis ... more O texto discute idéias predominantes, hoje, nas práticas de conservação de bens culturais móveis no Ocidente. São apontadas, também, algumas tendências de pensamento em diferentes contextos de trabalho, identificando-se eventuais mudanças e semelhanças entre as idéias anteriormente vigentes e aquelas que muito provavelmente sejam, já, um legado para este novo século.
Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 2003
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