Papers by evando luiz

Muiraquitã - Revista de Letras e Humanidades
RESUMO: O modelo CARS para análises de gêneros constantemente mobiliza pesquisas em Linguística c... more RESUMO: O modelo CARS para análises de gêneros constantemente mobiliza pesquisas em Linguística considerando os diferentes contextos comunicativos. Neste artigo, tem-se o objetivo de identificar a organização sociorretórica da seção de metodologia por meio das pistas linguísticas e da estrutura textual em exemplares do gênero monografia. Defende-se que a formalidade da comunidade discursiva em que o gênero circula, determina sua organização retórica. Desenvolveu-se uma pesquisa quanti-qualitativa e descritiva sobre os corpora constituídos por dez seções de metodologia de Trabalho de Conclusão de Curso. As análises basearam-se no quadro de unidades retóricas segundo apresentaram Paiva e Duarte (2018). As discussões consideram as contribuições de: Swales (1990), Biasi-Rodrigues (2009), Bawarshi; Reiff, (2013), Silva, Pedrosa e Alves Filho (2021), dentre outros autores. A pesquisa evidenciou que a seção de metodologia responde às formalidades da comunidade discursiva e dialoga com a organização retórica de outros gêneros da esfera acadêmica.

Sina escrita Durante alguns anos vivi uma rotina com pouca ou sem nenhuma alteração. Saía de casa... more Sina escrita Durante alguns anos vivi uma rotina com pouca ou sem nenhuma alteração. Saía de casa para o trabalho, ia e voltava e eram sempre as mesmas pessoas, mesmos acontecimentos, raras eram as novidades que fossem de fato despertar um olhar mais comprometido. Não é que fosse ruim, sobrava tempo para as tarefas de casa, assistia tv com frequência, lia, escrevia, revisava os planos de trabalho e, antes de ficar tarde, pé na estrada até o ponto do ônibus, alternando entre a esquina da oficina e a sombra do bambu na praça da Matriz. Ali, na praça, era sempre um ponto de encontro, quem chegava ou quem partia era certo que apareceria num desses locais. Todos os dias, cruzava com pessoas já conhecidas no entorno: havia aquelas que ficavam por conta de uma pinga ou um bico para ganhar um trocado, havia as que trabalhavam, havia também os trambiqueiros, enrolados, transeuntes, pedintes, desocupados, os curiosos e fofoqueiros, esses últimos, sempre com um público cativo e ávido por novidades. Sem traquejo para bate-papo, eu ficava apenas observando as movimentações e ouvindo, sem demonstrar interesse, as histórias de quem quer que fosse o destaque da vez. Em poucos minutos esperando o ônibus chegar, dava para saber nos mínimos detalhes as últimas notícias de traição, separação, se sabia quem estava de caso e com quem estava, quem chegou ou estava indo embora, era o lugar certo para saber como estava a avaliação dos políticos, a aceitação ou rejeição dos nomes dos próximos candidatos ao legislativo ou ao executivo. Naquele período, sem o boom de acesso às mídias sociais e já sem emissoras de rádio locais, uma forma de carregar as atualizações sobre as ocorrências diárias era por ali. Era assim até o ônibus chegar, numa das poucas vezes que cheguei com mais tempo, não sei, pode até ter sido atraso do motorista, por isso a demora, alguma coisa se fez diferente. Eu sentado demonstrando estar concentrado nas páginas de um livro, percebi a aproximação de um Senhor, pessoa idosa, jeito manso e gesto de humildade em todo o semblante. Era dessas pessoas que parecem ter um coração do tamanho do mundo, de uma vida para o trabalho, um homem vivido, sábio, mas uma presa fácil para os contos dos enganadores. Parei para ouvi-lo por um instante, achei que fosse um passageiro à espera do ônibus, ou que fosse satisfazer a curiosidade e seguir o seu trajeto. Mas não, deu o seu nome, disse de onde era e começou a contar sobre si e, de sua história mais recente, lamentou os inconvenientes por não saber escrever e, por isso, não poder de próprio punho, registrar suas angústias. Isso sempre me traz reflexões! Aquele Senhor carregava consigo um pedaço de papel (cartão), uma espécie de molde usado para preservar a forma dos objetos comprados embalados, era branco e de superfície lisa por um lado e opaco e áspero por outro. Naquele momento, já tinha isso exposto e, me perguntava se eu sabia escrever tudo em letras grandes, o que me pediu confirmação solicitando que eu escrevesse o nome "TERESINA", ao ver o resultado, sentiu-se confiante e abriu a narrativa que lhe pusera ali diante de mim. Tinha feliz até em seu nome, só que naquele momento era um homem triste, que estava vindo de sua casa no interior do Maranhão atrás de um parceiro de negócios que lhe devia muito dinheiro. Estava precisando receber, porque, em sua outra casa que fica aqui na cidade, esqueceram a máquina de lavar roupa ligada e isso lhe causou um prejuízo para mais de oitocentos reais em apenas um talão de água. Como não obteve êxito no recebimento, queria deixar anotado num papel rígido e em letras grandes tudo que tinha vendido fiado para receber, quem sabe um dia, futuramente. E assim eu fui transpondo para o papel, numa escrita a caráter, conforme fora dizendo: "-Escreve aí. Essa são as contas de Feliz": seis toras de cinco metros de pau d'arco; quatro toras de seis metros de pau amargoso; sete toras de quatro metros de "praíba"; quatorze quartas de arroz batido e ventado; 40 litros de azeite de coco; dois galos caipiras; quatro capões caipiras; cinco sacos de sessenta quilos de arroz sem ventar; uma banda de porco de 24 quilos; dois porcos capados um com dezesseis e o outro com dezenove quilos. Já quase no limite do papel, e sempre observando se eu escrevia as tais letras grandes, pediu para eu escrever separado; "-Eu, Feliz, recebi de Av R$150,00.". Ainda deu tempo de colocar o local e a data, entreguei o texto escrito e levantei-me já saindo de perto. Mas, olha que surpresa! Eis que o tal "negociante" já ia chegando ali querendo saber o que eram as anotações naquele papel. Apesar da tensão, era tarde para mim, o ônibus chegara, fui o primeiro a entrar e nem quis saber como as coisas ficariam ou quem algum dia em algum lugar faria a leitura dos escritos. Apenas segui viagem torcendo para que aquele Senhor, de nome feliz, recebesse sem demora tudo que lhe era devido. Evando Luiz e Silva Soares da Rocha (julho de 2022).
Muiraquitã - Revista de Letras e Humanidades

O bom e velho banho de rio Queria poder falar de minha terra, a minha digna Palmeirais, sem senti... more O bom e velho banho de rio Queria poder falar de minha terra, a minha digna Palmeirais, sem sentir pesar ou sem ter que concordar com a cantilena que entoa em seus versinhos repetidos e ditos por muitos bons saudosistas que: "aqui é a terra do 'já teve'". Embora seja verdade, não é disso que vou falar, e também, não ousaria, porque, o que temos hoje depende de muitas coisas para continuar existindo. Mas, concordando ou não, o olhar lá de fora nunca vê as coisas aqui de dentro como eu gostaria que visse. Talvez, falte definir o que é ser palmeiraisense! Senão, ao menos assumir o que é mais importante e que nunca pode, sem a interferência divina, deixar de existir. Se um dia eu tivesse que testemunhar sobre o que é relevante em todos esses anos que por aqui vivi e também com base nas estórias que contam por aí, eu colocaria em primeiro lugar a braveza do nosso rio. Logo, com toda a ação desumana que vai contra o seu ciclo, ainda assim, permanece volumoso, corrente, límpido. Além disso, para sentir sua presença nem precisa mergulhar em suas águas, basta saber para onde correm ou desembocam os dois riachos, basta voltar nas origens dos nomes de ruas que cortam nossa cidade, basta perguntar por onde chegaram os primeiros moradores que de muito andar procurando, acharam na beira do rio o local de descanso, arrancho e começo da povoação. Essa influência é tanta, que muito do que guarda nossa memória é em certa medida, momentos vividos ou construídos em contato com as histórias desse querido rio. Mas, como tudo ou quase tudo na vida, a história do rio tem o seu lado ruim, pois, já banhou de tristeza lares desprevenidos, levando em grandes cheias o pouco que o homem conseguiu juntar. Como também, já deixou um vazio no peito de muitas famílias, levando na força da correnteza os seus amados filhos. E ainda, há os registros revoltantes de quem planejando o mal, traçou o caminho da fuga usando as águas do Parnaíba para alcançar a impunidade. Vencendo a provocação do homem, a resposta do rio é sempre uma lição de vida. É ainda hoje, como sempre foi e continuará sendo, um esteio para a sobrevivência. Seja pela pesca farta, seja pela terra que torna viçosa para a agricultura (vazantes), seja pelo banho na alma que faz brando qualquer sofrimento. E então, se ainda tendes dúvidas, que o velho Parnaíba, mesmo não sendo um astro, tem o seu respeito mantido, basta perguntar: aqui em Palmeirais, em pleno calor do mês de setembro, o que mais reúne gente, nas tardes de domingo se não é o bom e velho banho de rio? Evando Luiz e Silva Soares da Rocha (setembro de 2019).

A recepção de textos multimodais em contextos sociais conservadores e os conflitos linguísticos g... more A recepção de textos multimodais em contextos sociais conservadores e os conflitos linguísticos gerados pelos multiletramentos Anteprojeto de pesquisa apresentado à Coordenação do programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Piauí como requisito parcial para a seleção de Mestrado. Área de concentração: Estudos de linguagem Linha de Pesquisa: Texto, discurso e gêneros como práticas sociais. Indicação de Orientador 1: Pedro Rodrigues Magalhães Neto. 1 Identificação do Problema da Pesquisa e Justificativa O presente trabalho é um projeto de pesquisa que terá por objeto de estudo os conflitos linguísticos oriundos da recepção de textos multimodais em contextos linguísticos conservadores. Sabe-se que a linguagem enquanto identidade de um determinado grupo social culturalmente conservador, carrega no seu bojo uma riqueza lexical e semântica. Entretanto, é relutante em incorporar as nuances e dinamismo dos contextos ditos modernos ou contemporâneos. Porém, sabemos que o que se diz num discurso constitui o seu sentido onde é dito. É desta realidade de estratificação da linguagem que buscaremos a descrição dos fenômenos linguísticos conflituosos. Conflituosos no tocante ao que pode representar, significar num determinado contexto em detrimento de uma determinada situação comunicativa ou função social da linguagem. Desta forma, partiremos do objetivo de traçar paralelos entre a linguagem acentuada na tradição dos falantes mais velhos integrantes de grupos sociais de tradição oral e, as novas possibilidades dessa mesma linguagem presentes nas expressões dos indivíduos mais jovens e os recursos mais diversos usados no processo comunicativo, para entender os conflitos linguísticos existentes entre uma e outra forma de uso. Assim, entendemos que os indivíduos nas suas relações sociais produzem, compartilham e usufruem dos mais variados gêneros textuais orais ou escritos, são partícipes, portanto, de várias situações de letramentos. Mas, dentro de determinados contextos ou comunidades linguísticas, coexistem usos
Palmeirais (PI), 01 de dezembro de 2020.
MEMORIAL DE GESTÃO EDUCAÇÃO, UMA SEMENTE PARA O FUTURO SEME 2017 -2020 PALMEIRAIS (PI) 2020 APRES... more MEMORIAL DE GESTÃO EDUCAÇÃO, UMA SEMENTE PARA O FUTURO SEME 2017 -2020 PALMEIRAIS (PI) 2020 APRESENTAÇÃO Este relatório traz em seu corpo a descrição das estratégias e ações adotadas no quadriênio 2017 -2020 no âmbito da rede municipal de ensino de Palmeirais.
Vol. 8, N.2, 2020 by evando luiz

Muiraquitã - Revista Letras e Humanidades, 2020
Concepções de texto e ensino de linguagem à luz dos estudos em Linguística evocam discussões e co... more Concepções de texto e ensino de linguagem à luz dos estudos em Linguística evocam discussões e contribuições para a prática docente. Neste artigo, objetiva-se discutir contribuições das definições de textos e gêneros para as atividades de linguagem. Orienta-se pela seguinte questão norteadora: de que maneira se pode abordar aspectos de linguagem contemplando gêneros digitais? Defende-se a hipótese de que os gêneros digitais refletem diferentes linguagens e dinamizam o ensino. Desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica revisitando os postulados de Beaugrande (2002), Marcuschi (2008; 2010), Koch (2013) e Prieto (2016). Realizou-se uma inves-tigação de natureza qualitativa analisando um corpus composto por exemplares de gêneros digitais. Destaca-se a abordagem curricular dos PCN, Brasil (1998) e da BNCC, Brasil (2018). Dessa forma, a pesquisa evidenciou que a imersão dos gêneros digitais no ensino fornece dinamismo e recursividade para desenvolver as competências e habilidades preconizadas pela BNCC.
Drafts by evando luiz
O que ainda não escreveram sobre mim, 2024
O que ainda não escreveram sobre mim Eu cheguei de noitinha cedo, como costumam dizer por aqui, "... more O que ainda não escreveram sobre mim Eu cheguei de noitinha cedo, como costumam dizer por aqui, "à boquinha da noite", era período de lua nova, o escuro se fazia forte, os bichos da mata já recolhidos, por causa de seus hábitos noturnos, eram esperados por caçadores do alto de suas redes (tipoias) armadas no topo das árvores. Ninguém anunciou que eu chegaria, nem ao menos previu que eu estivesse a caminho.
A vida tem dessas coisas, 2024
VIVER TEM DESSAS COISAS É comum ouvir e, com certa nostalgia, relatos do que foi a infância nos a... more VIVER TEM DESSAS COISAS É comum ouvir e, com certa nostalgia, relatos do que foi a infância nos anos 70, 80 e 90 do século XX. Nem tudo foi bom, há passagens que não valem a pena relembrar. O que sofremos, as necessidades que passamos, os sonhos deixados para trás...desejos, vontades e expiações dolorosas que endureceram muitos corações. Mas, no tecido da memória, os registros de momentos de glórias, realizações e feitos incríveis permanecem coloridos e, por
Perto das ilusões, 2024
Perto das ilusões (ao meu amor, MARCELINA RODRIGUES) Eu não te vi de longe, nem menina nem mulher... more Perto das ilusões (ao meu amor, MARCELINA RODRIGUES) Eu não te vi de longe, nem menina nem mulher, Não vivi disputas nem conquistas em parcerias. Quando dei por mim, já te tinhas em feições de quem me tirara a razão Deixando à espreita as emoções que satisfazem o ego, Como que só por estar perto de ti qual grande realização, Chamar-te pelo nome e ouvir a voz de resposta,
Filhos, 2024
Vinícius de Moraes No final tudo dará certo! Sem querer antecipar o futuro, prefiro ir vivendo o ... more Vinícius de Moraes No final tudo dará certo! Sem querer antecipar o futuro, prefiro ir vivendo o agora, um dia de cada vez a sobrecarregar as memórias, acumular compromissos e priorizar os sonhos e desejos acima de tudo. Mesmo que os planos já não se cumpram, sempre haverá algo diferente para acontecer e, por que não, aceitar e aprender a viver e conviver quando o diferente é com "a gente"? Se for para acontecer, o destino não se furta ao que é da ordem divina, nesta ou noutra ocasião, teremos o que é nosso por merecimento. Se me dedicasse somene a lametar o que me desagrada, teria deixado de viver tantas coisas únicas e especiais. Eu digo sobre isso, o quanto tenho sido escolarizado na companhia de meus filhos, vendo-os crescerem físcia e mentalmente.

Introdução A Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro é um programa que envolve profess... more Introdução A Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro é um programa que envolve professores e alunos do Ensino Fundamental e Médio, de escolas públicas do Brasil inteiro, desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com vários segmentos da iniciativa privada, a qual teve sua gênese no projeto "Escrevendo o futuro" no ano de 2002. No início, entretanto, o programa restringia seu alcance a apenas duas séries/anos, mas ao longo dos anos, dada a sua pretensão social, estendeu-se pelos anos finais do Ensino Fundamental e passou a englobar também as três etapas do nível médio. Na abordagem deste tema, sob o ponto de vista dos procedimentos apontados para o trabalho com a leitura e a escrita nos moldes da Olimpíada de Língua Portuguesa discutimos caminhos consistentes para desenvolver nos alunos as habilidades inerentes à produção de textos. De certo que, nos últimos anos, estudos e pesquisas têm mostrado que o trabalho com o ensino de linguagem, no que se refere ao domínio e uso da leitura e da escrita, vem apresentando resultados insatisfatórios. Isso, em função de diversos fatores que culminam para a desmotivação do aluno no aperfeiçoamento das habilidades de leitura e escrita. Aqui também, buscamos pontuar a relevância das atividades e oficinas de leitura e escritura de textos abordadas nos materiais que embasam e dão suporte para cada etapa do evento "Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro" para a prática cotidiana do ensino de linguagem. Ao discutirmos sobre textos, gênero e ensino, orientamo-nos conforme as contribuições de Schneuwly e Dolz (2004). Além disso, recorremos às considerações de Marcuschi (2008) que em sua abordagem visa relacionar teoria e prática. Também, são fundantes as proposições de Antunes (2003), em que se vislumbram 109 Professor e Mestre pelo Programa de Mestrado Acadêmico em Letras, da Universidade Estadual do Piauí-Uespi.
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Vol. 8, N.2, 2020 by evando luiz
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