Books by Wilbett Oliveira

Wilbet Oliveira é um poeta, no mínimo, singular.
Deambula pelo mundo das palavras com as inquieta... more Wilbet Oliveira é um poeta, no mínimo, singular.
Deambula pelo mundo das palavras com as inquietações
de um ser inserido na complexidade de um mundo (o
nosso mundo), cujos valores em crise apontam para a
fragmentação do ser. Nesse universo complexo e desconexo,
não há como não se colocar em destaque as “fraturas
do sujeito / no embaralhado dos signos / dos salmos,
cartas e tarôs / recolhidas de um mundo em reticências”.
Estes, aliás, são os versos que abrem este compêndio de
poemas intitulado Minúsculos. Se a poesia é a arte da reinvenção
da palavra, de inauguração da palavra, o poeta
não só cria e recria mundos, realidades, como a própria
dimensão do verbo. As palavras atuam para formar imaminúsculos
11
gens, imagens que, num incessante ir e vir, nos remetem,
de novo e sempre, às palavras. Palavras que velam ou desvelam
imagens. Imagens que, marcadas pela precariedade
do discurso, pela impossibilidade do dizer, se metaforizam
através de outras palavras. Embaladas pela sedução,
para suprir as lacunas do discurso, para traduzir ausências,
amenizar dores, escamotear desejos, sufocar aspirações
interiores, para suprir a fragilidade das palavras, dos
conceitos, inventamos metáforas.
O discurso poético, tirando

Maria Eveline Ramalho Ribeiro, analisa, neste livro, a relação existente entre a humanitas grego-... more Maria Eveline Ramalho Ribeiro, analisa, neste livro, a relação existente entre a humanitas grego-hipocrática e a sua relação com a huma-nização da medicina contemporânea, esclarece que, primeiro, a Medicina se desumanizou quando se distanciou da Filosofia; e, segundo, necessário restabelecer esse elo, reconectando a Medicina à Filosofia, por meio da aceitação da proposta hipocrática de Humanitas, o que, para os tempos atuais, implica em substituir uma Medicina baseada em Evidências por uma Medicina baseada em Valores. Perguntando-me se a “humanização da medicina” é uma opção médica ou uma exigência social, a Autora nos responde que, “apesar da tecnificação e da ultraespecialização da medicina moderna, é possível perceber, na formação e na prática médicas atuais, um despertar para a neces-sidade de humanização das medidas tera-pêuticas através da concepção do homem em sua amplitude e complexidade biopsicos-sociais”, graças ao qual o Médico voltará a ser o artesão da vida que faz da Kliné (debruçar a es-cuta sobre um leito a fim de escutar aquele que sofre, um debruçar-se do Saber sobre o Sofrer, da Sabedoria sobre o Sofrimento) a sua arte, o seu ofício, o seu trabalho [...].
Edmundo de Oliveira Gaudêncio
Doutor em Sociologia (UFPB)

A escolha do corpus pode ser justificada por um ponto comum aos contos: em todos três, o protagon... more A escolha do corpus pode ser justificada por um ponto comum aos contos: em todos três, o protagonista é um prisioneiro de uma ordem poderosíssima, de proporções internacionais e em expansão política pelo mundo. Mas esse detalhe parecia mínimo para uma justificativa mais consistente. No caso, observei que os três contos perfazem um arco cronológico do século dezesseis ao século vinte, dois momentos marcantes da expansão ocidental: “La escritura del Dios” está situado no contexto da conquista do México pelos espanhóis; “El milagro secreto” é do contexto imediatamente anterior à Segunda Guerra Mundial, retratando a ocupação nazista da Tchecoslováquia; “Deutsches Requiem” situa-se já no pós-guerra, provavelmente no Processo de Nuremberg, sinalizando a vitória e a expansão dos Aliados ocidentais no limiar da guerra fria. Nessas três situações, os contos oferecem uma leitura muito original do processo moderno de “esclarecimento”, tal como conceituado pelos pensadores da Escola de Frankfurt. Esclarecimento que, em suas irradiações pelo mundo, não consegue abstrair-se do seu oposto, de toda uma prática de “obscurecimento” do processo histórico, representado por práticas de genocídio que revelam não a ignorância de processos anteriores, considerados bárbaros e não-ocidentais, fora da civilização, mas a própria civilização em marcha, sustentada por uma racionalidade cada vez mais forte, tanto do ponto de vista político quanto do ponto de vista de seu aparato técnico. Ao observar que tanto a fundação da América pelos europeus – no contexto das Grandes Navegações – quanto o contexto mais violento do século vinte são inseparáveis da barbárie moderna, de um esclarecimento contraditório e drástico, que significa ao mesmo tempo a negação e a afirmação da razão, decidi recorrer, com maior dedicação, à filosofia de Theodor W. Adorno para ter uma fundamentação teórica apropriada ao desenvolvimento da pesquisa.
Entusiasmado com a declaração adorniana, nem sempre bem compreendida, em torno da “poesia após Auschwitz”, procurei fazer uma leitura sistemática dessa concepção, que passa por uma reelaboração de vinte anos: a princípio, uma expressão que parece provocadora; na Dialética negativa, última obra do filósofo publicada em vida, a expressão, já retomada várias vezes, ganha proporções de uma categoria filosófica, política e artística. Decidi então averiguar a possibilidade de aplicação dessa categoria aos três contos elencados, distanciando-me sempre de uma leitura meramente técnica e mecânica, sem a devida avaliação crítica.
Papers by Wilbett Oliveira
Revista Mosaicum
Analisa os pressupostos poéticos em A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade, enfatizando os... more Analisa os pressupostos poéticos em A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade, enfatizando os aspectos relacionaodos à linguagem e o contexto em que o livro foi escrito.
Revista Mosaicum
Resenha do livro Literatura Infantojuvenil: leituras e perspectivas, de Teresa Mendes Cotia, SP: ... more Resenha do livro Literatura Infantojuvenil: leituras e perspectivas, de Teresa Mendes Cotia, SP: Editora Cajuína, 2020. v. 2. ISBN 978-65-86270-33-4.
Revista Mosaicum
Analisa os pressupostos da poesia de Abrahão Costa Andrade no livro Punhal a língua (Opção, 2014)... more Analisa os pressupostos da poesia de Abrahão Costa Andrade no livro Punhal a língua (Opção, 2014), reiterando que as palavras neste livro transpassam o mero exercício metalinguístico e transcendem o estado puramente “pedra”, em sua forma morta, posta, escrita na página para atingir a sua dimensão mais suprema, Nele, o poeta (entre)tece com as palavras a tomada de consciência que ele tem tanto da perversidade quanto da capacidade delas de transcendência e que a poesia e a sua própria redenção

Revista Mosaicum, 2020
Este estudo analisa no texto Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, o processo de estilização, ... more Este estudo analisa no texto Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, o processo de estilização, meio pelo qual o autor tece suas críticas à sociedade. Fundamenta-se nos estudos realizados por Afonso Romano de Sant´Anna sobre a estilização, a partir das ideias de Tynianov e Mikhail Bakthin, que entende o discurso como espaço de inter-relações, tendo a enunciação como ato verbal e extraverbal, produto que, enquanto processo, reitera em si as marcas de sua tessitura. Sustenta a ideia de que o texto suassuniano, recorrendo-se à sátira, à comédia e ao humor, não se prende única e exclusivamente aos autos vicentinos, visto que as especificidades do gênero encontram disseminadas no próprio fazer-literário, e que a criatividade da obra estilizada tem o dialogismo como gesto semântico e não como gesto destruidor. Conclui que a pluralidade de textos presente em Auto da Compadecida emerge de um processo de revitalização do romanceiro nordestino.
desleituras: Literatura, Filosofia, Cinema e outras artes
desleituras: Literatura, Filosofia, Cinema e outras artes
Literatura Infantil: fruição, leituras e perspectivas, de Teresa Mendes, reúne nove ensaios desta... more Literatura Infantil: fruição, leituras e perspectivas, de Teresa Mendes, reúne nove ensaios desta autora, resultantes de suas práticas e experiências como docente da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Portalegre e do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e também como mediadora em oficinas/encontros de/sobre leitura sobre literatura infantil com educadores. Dividido em dois blocos, os três primeiros ensaios discutem a prática e as metodologias usadas no ensino de literatura infantil no contexto escolar — pré-escola — e os demais apresentam diversas análises temáticas em livros infantis.
Sêmen ou versos entretecidos ou um só poema, 2020
Livro de poesias
Revista Mosaicum, n. 30, 2019
Resumo: Este ensaio analisa os pressupostos poéticos do livro Minimal lâmina: despoesia, de Wilbe... more Resumo: Este ensaio analisa os pressupostos poéticos do livro Minimal lâmina: despoesia, de Wilbett Oliveira, apontando o seu processo de construção-o seu fazer-poético-fun-damentado na própria contradição entre o que se escreve e o modo como devem ser inter-pretados os poemas, a qual transcende o mero exercício metalinguístico para atingir uma dimensão de sentido mais ampla. Abstract: This essay analyzes the poetic assumptions of the book Minimal blade: despoesia, by Wilbett Oliveira, pointing to its construction process-its poetic making-based on the contradiction between what is written and the way poems should be interpreted, which transcends the mere metalinguistic exercise to reach a deeper dimension of meaning.
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Books by Wilbett Oliveira
Deambula pelo mundo das palavras com as inquietações
de um ser inserido na complexidade de um mundo (o
nosso mundo), cujos valores em crise apontam para a
fragmentação do ser. Nesse universo complexo e desconexo,
não há como não se colocar em destaque as “fraturas
do sujeito / no embaralhado dos signos / dos salmos,
cartas e tarôs / recolhidas de um mundo em reticências”.
Estes, aliás, são os versos que abrem este compêndio de
poemas intitulado Minúsculos. Se a poesia é a arte da reinvenção
da palavra, de inauguração da palavra, o poeta
não só cria e recria mundos, realidades, como a própria
dimensão do verbo. As palavras atuam para formar imaminúsculos
11
gens, imagens que, num incessante ir e vir, nos remetem,
de novo e sempre, às palavras. Palavras que velam ou desvelam
imagens. Imagens que, marcadas pela precariedade
do discurso, pela impossibilidade do dizer, se metaforizam
através de outras palavras. Embaladas pela sedução,
para suprir as lacunas do discurso, para traduzir ausências,
amenizar dores, escamotear desejos, sufocar aspirações
interiores, para suprir a fragilidade das palavras, dos
conceitos, inventamos metáforas.
O discurso poético, tirando
Edmundo de Oliveira Gaudêncio
Doutor em Sociologia (UFPB)
Entusiasmado com a declaração adorniana, nem sempre bem compreendida, em torno da “poesia após Auschwitz”, procurei fazer uma leitura sistemática dessa concepção, que passa por uma reelaboração de vinte anos: a princípio, uma expressão que parece provocadora; na Dialética negativa, última obra do filósofo publicada em vida, a expressão, já retomada várias vezes, ganha proporções de uma categoria filosófica, política e artística. Decidi então averiguar a possibilidade de aplicação dessa categoria aos três contos elencados, distanciando-me sempre de uma leitura meramente técnica e mecânica, sem a devida avaliação crítica.
Papers by Wilbett Oliveira
Deambula pelo mundo das palavras com as inquietações
de um ser inserido na complexidade de um mundo (o
nosso mundo), cujos valores em crise apontam para a
fragmentação do ser. Nesse universo complexo e desconexo,
não há como não se colocar em destaque as “fraturas
do sujeito / no embaralhado dos signos / dos salmos,
cartas e tarôs / recolhidas de um mundo em reticências”.
Estes, aliás, são os versos que abrem este compêndio de
poemas intitulado Minúsculos. Se a poesia é a arte da reinvenção
da palavra, de inauguração da palavra, o poeta
não só cria e recria mundos, realidades, como a própria
dimensão do verbo. As palavras atuam para formar imaminúsculos
11
gens, imagens que, num incessante ir e vir, nos remetem,
de novo e sempre, às palavras. Palavras que velam ou desvelam
imagens. Imagens que, marcadas pela precariedade
do discurso, pela impossibilidade do dizer, se metaforizam
através de outras palavras. Embaladas pela sedução,
para suprir as lacunas do discurso, para traduzir ausências,
amenizar dores, escamotear desejos, sufocar aspirações
interiores, para suprir a fragilidade das palavras, dos
conceitos, inventamos metáforas.
O discurso poético, tirando
Edmundo de Oliveira Gaudêncio
Doutor em Sociologia (UFPB)
Entusiasmado com a declaração adorniana, nem sempre bem compreendida, em torno da “poesia após Auschwitz”, procurei fazer uma leitura sistemática dessa concepção, que passa por uma reelaboração de vinte anos: a princípio, uma expressão que parece provocadora; na Dialética negativa, última obra do filósofo publicada em vida, a expressão, já retomada várias vezes, ganha proporções de uma categoria filosófica, política e artística. Decidi então averiguar a possibilidade de aplicação dessa categoria aos três contos elencados, distanciando-me sempre de uma leitura meramente técnica e mecânica, sem a devida avaliação crítica.