Papers by Raphael Vianna
Resumo: O objetivo deste artigo é introduzir a noção de Zona Crítica como uma ferramenta para inv... more Resumo: O objetivo deste artigo é introduzir a noção de Zona Crítica como uma ferramenta para investigar as situações que envolvem as formas de relacionamento entre os habitantes das bacias hidrográficas. Para tanto, realizou-se uma análise da controvérsia envolvendo a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e o Refúgio da Vida Silvestre do Médio Paraíba do Sul (RJ), uma Zona Crítica em que humanos e não humanos compartilham histórias e ações que afetam a capacidade de habitá-la coletivamente.
Resumo. Nas querelas hídricas, diferentes atores e domínios intensificam as suas interações. Para... more Resumo. Nas querelas hídricas, diferentes atores e domínios intensificam as suas interações. Para distribuir os intercâmbios sem estacionar o inquérito nas purificações, procurou-se demonstrar que as técnicas estão dispersas coletivamente, a depender dos agenciamentos aos quais estão envolvidas. Para tanto, as categorias "fundamento" e "fundação" foram mobilizadas para explorar as sutilezas e os absurdos da concessão do saneamento básico e da hidrometração na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro. Palavras-chave: Inquérito sobre os modos de existência; novo marco do saneamento básico ; hidrometração ; ecologia política.

Vianna, R. , 2019
A tese é composta por três partes (primeira Natureza, segunda Natureza e Cosmopolítica). A ordem ... more A tese é composta por três partes (primeira Natureza, segunda Natureza e Cosmopolítica). A ordem das partes tenciona manifestar o peso dos diferentes valores que foram atribuídos às águas minerais ao longo do tempo (científico, econômico e político), enquanto as conexões específicas entre os diferentes domínios, que conferiram essas sobrecargas, encontram-se descritas nas respectivas partes. Na primeira parte, está o feixe de relações que permitiu à medicina adotar as águas minerais como um objeto de sua prática: medicina, química, indústria e política formaram a rede heterogênea que está na origem da fabricação das águas minerais engarrafadas do sul de Minas Gerais. Mais tarde, a decadência da crenologia não resultou no abandono da fabricação das águas engarrafadas. E se a indústria de engarrafamento encontrou nos diferentes territórios as condições para ambicionar o seu crescimento, alguns anos depois, a abertura dos mercados amplificou esse processo; eis a segunda parte da tese. Nesta, a noção de um mercado autorregulado, que funciona como uma segunda Natureza, foi questionada. A descrição dos ancoramentos institucionais necessários para o funcionamento do mercado das águas minerais foi o método utilizado para desnaturalizálo. Mas se o crescimento do mercado se beneficia com a subtração das possíveis interferências no seu funcionamento, isto favorece o aparecimento dos conflitos territorializados. E se o funcionamento do mercado não parece compatível com os lugares que reúnem outras formas de se relacionar com as águas minerais, surge a necessidade de uma composição, a terceira parte da tese. No circuito das águas do sul de Minas Gerais, duas situações entre as empresas de engarrafamento e os grupos de moradores ganham destaque, uma ocorrida em São Lourenço, envolvendo uma empresa multinacional, e outra em Caxambu e Cambuquira, com a participação de uma empresa estatal que abriu um edital de concessão para atrair um parceiro privado em conta de participação para explorar as águas desses municípios. No primeiro caso, o mapeamento das controvérsias observadas buscou apresentar os desvios desde o planejamento até a interrupção de uma marca de água engarrafada. No caso de Cambuquira e Caxambu, a empresa estatal, sua parceira privada e os grupos de moradores ensaiam um acordo. Nessa translação de interesses o tom é de alerta, e o recado é que outro presente, com as águas, é possível. E ele precisa ser composto. Palavras-chave: Água mineral. Humanidades Científicas. Estudos das Ciências e das Técnicas. Cosmopolítica.

GOT - Journal of Geography and Spatial Planning, 2019
Parte-se da proposta de que o espaço geográfico é hibridizado e dinâmico. Nesse sentido, busca-se... more Parte-se da proposta de que o espaço geográfico é hibridizado e dinâmico. Nesse sentido, busca-se descrever os momentos em que as águas minerais passaram a atuar na formação geo-histórica da região do sul de Minas Gerais. Para tal, foram enfatizados três momentos distintos, porém interconectados: (1) o interesse medicinal sobre as águas minerais; (2) o interesse industrial sobre as águas, ancorado no cientificismo emergente e mais tarde favorecido por uma legislação que passou a considerar as águas minerais como recursos minerais; e (3) a atual "guerra das águas" no sul de Minas Gerais, momento caracterizado pelo conflito de interesses entre empresas e de grupos de cidadãos. Esses últimos reivindicam maior participação na gestão das águas, entendidas como um bem de domínio público, o que é preconizado pela Política Nacional de Recursos Hídricos. Por fim, sublinhamos que pensar outro presente, com as águas, parece uma maneira responsável de não interromper a aliança geo-histórica entre as cidades e as águas minerais do sul de Minas Gerais.

Historia Ambiental Latinoamericana y Caribeña (HALAC) revista de la Solcha, 2018
O objetivo deste artigo é investigar a origem de uma controvérsia sobre as águas minerais: elas s... more O objetivo deste artigo é investigar a origem de uma controvérsia sobre as águas minerais: elas serão um recurso hídrico ou um recurso mineral que deve permanecer submetido ao Código de Mineração brasileiro? Para que seja possível transitar pelos subterrâneos dessa querela, foi preciso realizar uma prospecção. Trata-se de uma investigação que mistura água, ciência e política. No artigo está descrito o modo pelo qual a legislação que trata das águas minerais foi alterada conforme os diferentes momentos políticos. Assim, foi possível inferir que, atualmente, o Código de Mineração parece insuficiente para lidar com as demandas daqueles que falam de onde brotam as águas minerais. A região sul de Minas Gerais é o caso emblemático, aqui apresentado, da ocorrência de conflitos gerados por essa instabilidade institucional. É aí que a Política Nacional de Recursos Hídricos pode oferecer a sua contribuição, já que é mais territorializada e participativa se comparada com a legislação mineral. ...

Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science
Do subsolo às fontes, e das fontes às garrafas, as águas minerais reúnem muitos interesses. O obj... more Do subsolo às fontes, e das fontes às garrafas, as águas minerais reúnem muitos interesses. O objetivo deste artigo é analisar, sem esgotar, o momento em que as águas minerais foram progressivamente deixando de ser um objeto exclusivo da medicina para se tornar uma questão de interesse industrial, um processo que entendemos como uma hibridização. A análise da rede heterogênea que está na origem dessa proliferação foi o caminho adotado para alcançar tal objetivo. Mas se antes as águas minerais foram consideradas como remédios, atualmente, no Brasil, elas são consideradas como recursos minerais, e não como recursos hídricos. Esta é uma situação que favorece a ocorrência de conflitos. É daí que nasce o conceito de recursos híbridos, uma ferramenta que pode ajudar a pensar a extensão e a natureza das redes nas quais as águas minerais estão envolvidas, o que se sugere fundamental para refletir sobre o seu futuro político.
Desenvolvimento e meio ambiente, 2017
RESUMO: O objetivo deste ensaio é atentar para algumas controvérsias que acompanham a chegada des... more RESUMO: O objetivo deste ensaio é atentar para algumas controvérsias que acompanham a chegada dessa nova época, particularmente no Brasil, e destacar a presença de três diferentes grupos na matriz discursiva do Antropoceno: os aceleracionistas, os ecomodernistas e os Terranos. Esclarecer o que está em disputa nesse tempo não parece fácil. É diante desse desafio que proponho a seguinte questão: estamos atrasados? Palavras-chave: Antropoceno; terranos; ecologia política.

Questões Virais: Leituras sobre a COVID-19 no Brasil, 2021
O ensaio, tomando como caso paradigmático a pandemia da SARSCoV-2, pede um aparte no debate conte... more O ensaio, tomando como caso paradigmático a pandemia da SARSCoV-2, pede um aparte no debate contemporâneo sobre a emergência climática, reivindicando a fabricação de outros futuros e possíveis, provocado pela seguinte questão: o que é preciso para a COVID-19 existir? O trabalho é dividido em duas partes. Na primeira, descreve-se o aparecimento do coronavírus, que encontrou hospedagem nos Humanos, relacionando-o à emergência climática e ao advento do Antropoceno. Na segunda, é descrita a forma pela qual a disciplina da Economia adquire potência viral, sendo entendida como “Segunda Natureza” e criando, na modernidade dos Humanos, território de hospedagem e reprodução. É dos encontros e tensionamentos dessas duas descrições que se entenderá a COVID-19 como um acontecimento, algo que altera a forma como se enxerga o passado, modificando as dimensões já habitadas, e abre ao futuro novas conexões.

Publicatio UEPG. Revista de ciências sociais aplicadas., 2021
Este texto é breve e tem o ritmo de uma conversação. A hipótese é claudicante e ampla: o avanço d... more Este texto é breve e tem o ritmo de uma conversação. A hipótese é claudicante e ampla: o avanço da modernização se deu com o benefício da Natureza e das leis que dela foram extraídas. A noção de uma Natureza funcionando autonomamente foi emprestada ao mercado: um mercado autorregulado. Hoje, a exigência ecológica mostra que a transcendência do mercado não cabe na imanência da Terra. Os extrativismos são uma expressão flagrante desse transbordamento na América Latina, e não parecem compatíveis com os diferentes modos de existir que a povoam. Se antes, a afinação das divergências proveio do diapasão da Natureza, acompanhada de um silenciamento de muitos mundos, agora, o desafio passa pela criação de composições dissonantes, problema que algumas abordagens têm buscado investigar. Sugere-se que a ecologia política possa encontrar aí alguma inspiração.
Thesis Chapters by Raphael Vianna

Vianna, R., 2019
A tese é composta por três partes (primeira Natureza, segunda Natureza e Cosmopolítica). A ordem ... more A tese é composta por três partes (primeira Natureza, segunda Natureza e Cosmopolítica). A ordem das partes tenciona manifestar o peso dos diferentes valores que foram atribuídos às águas minerais ao longo do tempo (científico, econômico e político), enquanto as conexões específicas entre os diferentes domínios, que conferiram essas sobrecargas, encontram-se descritas nas respectivas partes. Na primeira parte, está o feixe de relações que permitiu à medicina adotar as águas minerais como um objeto de sua prática: medicina, química, indústria e política formaram a rede heterogênea que está na origem da fabricação das águas minerais engarrafadas do sul de Minas Gerais. Mais tarde, a decadência da crenologia não resultou no abandono da fabricação das águas engarrafadas. E se a indústria de engarrafamento encontrou nos diferentes territórios as condições para ambicionar o seu crescimento, alguns anos depois, a abertura dos mercados amplificou esse processo; eis a segunda parte da tese. Nesta, a noção de um mercado autorregulado, que funciona como uma segunda Natureza, foi questionada. A descrição dos ancoramentos institucionais necessários para o funcionamento do mercado das águas minerais foi o método utilizado para desnaturalizálo. Mas se o crescimento do mercado se beneficia com a subtração das possíveis interferências no seu funcionamento, isto favorece o aparecimento dos conflitos territorializados. E se o funcionamento do mercado não parece compatível com os lugares que reúnem outras formas de se relacionar com as águas minerais, surge a necessidade de uma composição, a terceira parte da tese. No circuito das águas do sul de Minas Gerais, duas situações entre as empresas de engarrafamento e os grupos de moradores ganham destaque, uma ocorrida em São Lourenço, envolvendo uma empresa multinacional, e outra em Caxambu e Cambuquira, com a participação de uma empresa estatal que abriu um edital de concessão para atrair um parceiro privado em conta de participação para explorar as águas desses municípios. No primeiro caso, o mapeamento das controvérsias observadas buscou apresentar os desvios desde o planejamento até a interrupção de uma marca de água engarrafada. No caso de Cambuquira e Caxambu, a empresa estatal, sua parceira privada e os grupos de moradores ensaiam um acordo. Nessa translação de interesses o tom é de alerta, e o recado é que outro presente, com as águas, é possível. E ele precisa ser composto. Palavras-chave: Água mineral. Humanidades Científicas. Estudos das Ciências e das Técnicas. Cosmopolítica.
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