Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 2023
Uma diacronia de mais de dez séculos do povo Wauja e seus ancestrais arawak no rio Kamukuwakewene... more Uma diacronia de mais de dez séculos do povo Wauja e seus ancestrais arawak no rio Kamukuwakewene/Batovi possibilita a abordagem de padrões de uso, mobilidade e (re)ocupação da paisagem na longa duração. Um extenso repertório de narrativas se estrutura em torno de lugares com nome – espaços de habitação e de manejo, coleta e perambulação, indexando uma densa paisagem arqueológica e antropogênica, (re)produtora de práticas e sentidos. Uma paisagem outra, coexistente a esta, onde ancestrais não humanos seguem habitando suas aldeias, é também desvelada. A combinação de sentidos temporais lineares e não lineares (cronologia, genealogia e cosmologia) define o caráter multitemporal, propriamente espectral, desse território e sua condição como fonte de vida. Ponto focal nessa trama de relações espaço-temporais, a Gruta de Kamukuwaká é lar do chefe primordial, na fronteira com o agronegócio. O caso de seu tombamento como patrimônio da União e subsequente depredação epitomiza o panorama de desamparo das paisagens fluviais indígenas fora dos territórios demarcados. Problematiza-se o papel da Arqueologia em processos de licenciamento ambiental nas nascentes do Xingu e os desdobramentos de um conceito limitado de passado ‘evidencial’, ensaiando-se subsídios para a proteção legal do rio Kamukuwakewene por meio de uma arqueologia das práticas de sentido.
Situado no cerne urbano de Coimbra, encimando o morro sobranceiro ao Mondego, o espaço do Pátio d... more Situado no cerne urbano de Coimbra, encimando o morro sobranceiro ao Mondego, o espaço do Pátio das Escolas encerra evidências das principais pautas evolutivas da cidade .
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estra... more Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada, E que para de onde veio volta depois, Quase à noitinha pela mesma estrada.
11 Nota introdutória O espaço montemurano, de zonas altas agrestes, pontuadas por superfícies apl... more 11 Nota introdutória O espaço montemurano, de zonas altas agrestes, pontuadas por superfícies aplanadas, acidentados relevos onde domina o granito, rasgados por vales profundos, por onde correm céleres águas, proporciona uma paisagem serrana diversificada que, desde cedo, condicionou os modos de fixação e exploração antrópicas. A freguesia de Tendais não foge a este aspecto, constituindo-se por lugares que abrangem quer ambientes serranos, de que são exemplo Aveloso e Casais (implantados a altitudes entre os 850m e os 1000m), quer ambientes associados à exploração dos recursos proporcionados pelos retalhos férteis, desenvolvidos em patamares, concentrados junto às linhas de água, como Quinhão, Cimo de Vila, Fermentãos, Macieira, Meridãos, Marcelim, Mourelos, Valverde, Enxidrõ, Granja e Soutelo (com altitudes compreendidas entre os 800 e os 350m). Impulsionados pelo particularismo de Montemuro e pelo relativo mutismo das fontes escritas sobre o espaço serrano, propomo-nos a apreender as dinâmicas de povoamento entre os séculos V e XII, socorrendo-nos, para isso, na multiplicidade de vestígios de natureza arqueológica, documental e etnográfica. Neste pequeno artigo, procuraremos esboçar algumas considerações sobre Tendais no dealbar da Idade Média, a partir dos ténues indícios sepulcrais que conhecemos [2]. 21 Tendais à luz da informação documental medieva
S. PEDRO DE VIR-A-CORÇA (MONSANTO, IDANHA-A-NOVA): ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A REINTERPRETAÇÃO DE E... more S. PEDRO DE VIR-A-CORÇA (MONSANTO, IDANHA-A-NOVA): ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A REINTERPRETAÇÃO DE ESPAÇOS SACROS NALONGADIACRONIAl RESUMO
Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 2023
Uma diacronia de mais de dez séculos do povo Wauja e seus ancestrais arawak no rio Kamukuwakewene... more Uma diacronia de mais de dez séculos do povo Wauja e seus ancestrais arawak no rio Kamukuwakewene/Batovi possibilita a abordagem de padrões de uso, mobilidade e (re)ocupação da paisagem na longa duração. Um extenso repertório de narrativas se estrutura em torno de lugares com nome – espaços de habitação e de manejo, coleta e perambulação, indexando uma densa paisagem arqueológica e antropogênica, (re)produtora de práticas e sentidos. Uma paisagem outra, coexistente a esta, onde ancestrais não humanos seguem habitando suas aldeias, é também desvelada. A combinação de sentidos temporais lineares e não lineares (cronologia, genealogia e cosmologia) define o caráter multitemporal, propriamente espectral, desse território e sua condição como fonte de vida. Ponto focal nessa trama de relações espaço-temporais, a Gruta de Kamukuwaká é lar do chefe primordial, na fronteira com o agronegócio. O caso de seu tombamento como patrimônio da União e subsequente depredação epitomiza o panorama de desamparo das paisagens fluviais indígenas fora dos territórios demarcados. Problematiza-se o papel da Arqueologia em processos de licenciamento ambiental nas nascentes do Xingu e os desdobramentos de um conceito limitado de passado ‘evidencial’, ensaiando-se subsídios para a proteção legal do rio Kamukuwakewene por meio de uma arqueologia das práticas de sentido.
Situado no cerne urbano de Coimbra, encimando o morro sobranceiro ao Mondego, o espaço do Pátio d... more Situado no cerne urbano de Coimbra, encimando o morro sobranceiro ao Mondego, o espaço do Pátio das Escolas encerra evidências das principais pautas evolutivas da cidade .
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estra... more Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada, E que para de onde veio volta depois, Quase à noitinha pela mesma estrada.
11 Nota introdutória O espaço montemurano, de zonas altas agrestes, pontuadas por superfícies apl... more 11 Nota introdutória O espaço montemurano, de zonas altas agrestes, pontuadas por superfícies aplanadas, acidentados relevos onde domina o granito, rasgados por vales profundos, por onde correm céleres águas, proporciona uma paisagem serrana diversificada que, desde cedo, condicionou os modos de fixação e exploração antrópicas. A freguesia de Tendais não foge a este aspecto, constituindo-se por lugares que abrangem quer ambientes serranos, de que são exemplo Aveloso e Casais (implantados a altitudes entre os 850m e os 1000m), quer ambientes associados à exploração dos recursos proporcionados pelos retalhos férteis, desenvolvidos em patamares, concentrados junto às linhas de água, como Quinhão, Cimo de Vila, Fermentãos, Macieira, Meridãos, Marcelim, Mourelos, Valverde, Enxidrõ, Granja e Soutelo (com altitudes compreendidas entre os 800 e os 350m). Impulsionados pelo particularismo de Montemuro e pelo relativo mutismo das fontes escritas sobre o espaço serrano, propomo-nos a apreender as dinâmicas de povoamento entre os séculos V e XII, socorrendo-nos, para isso, na multiplicidade de vestígios de natureza arqueológica, documental e etnográfica. Neste pequeno artigo, procuraremos esboçar algumas considerações sobre Tendais no dealbar da Idade Média, a partir dos ténues indícios sepulcrais que conhecemos [2]. 21 Tendais à luz da informação documental medieva
S. PEDRO DE VIR-A-CORÇA (MONSANTO, IDANHA-A-NOVA): ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A REINTERPRETAÇÃO DE E... more S. PEDRO DE VIR-A-CORÇA (MONSANTO, IDANHA-A-NOVA): ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A REINTERPRETAÇÃO DE ESPAÇOS SACROS NALONGADIACRONIAl RESUMO
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