O baixo curso do rio Araguari é susceptível às modificações ambientais devido à formação do perío... more O baixo curso do rio Araguari é susceptível às modificações ambientais devido à formação do período quaternário da Planície Costeira do Amapá que o torna frágil às interferências antrópicas. A intensa criação de búfalos na região é responsável pelo surgimento de inúmeros canais que modificam a paisagem. Nos últimos anos houve significativas mudanças com a abertura de um canal conhecido localmente por canal "Boa Sorte", ou também Furo do Uricurituba. Neste contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar a evolução de alterações morfológicas fluviais e os decorrentes impactos sociais e ambientais na área. Na primeira etapa, foram realizadas 16 entrevistas semiestruturadas com os moradores residentes no trecho compreendido entre o Canal da Boa Sorte e a comunidade do Tabaco. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas pelo método de Análise de Conteúdo de Bardin. Na segunda etapa foi realizada uma análise temporal, em um período de 28 anos, com base em imagens TM, ETM+ e OLI do satélite Landsat 5, 7 e 8, respectivamente. A morfologia dos corpos d’agua foi mapeada através da técnica de vetorização manual no software ArcGis 10.1. Foram identificadas 5 categorias na análise das entrevistas: Mudanças Ambientais, Causas das mudanças ambientais, Canal da Boa Sorte, Impactos socioambientais e Intervenção política. As principais mudanças ambientais identificadas foram o fim da pororoca, aumento da salinidade da água, redução da vazão do rio Araguari e assoreamento, e a inversão do sentido do fluxo do rio a jusante do Canal da Boa Sorte. As causas das mudanças foram atribuídas à abertura do Canal da Boa Sorte, que recorrentemente era mencionado como igarapé há 3 anos. Os impactos mais intensos referem-se ao período em que água encontrava-se salina resultando em problemas de saúde, na redução da disponibilidade de peixes e na própria escassez de água para dessendentação. Outro impacto foi o prejuízo ao transporte fluvial tradicional e comercial e a perda de geração de renda com o ecoturismo para visualização da pororoca. As intervenções políticas na área se resumem ao fornecimento de água mineral às escolas das comunidades, o que não é suficiente para a demanda. A análise temporal corroborou com o crescimento do Canal da Boa Sorte, especialmente no período de 2006 a 2014, quando aumentou18,24 km, resultando em aproximadamente 31 km de extensão, conectando o rio Araguari ao rio Amazonas. O assoreamento da foz do Araguari é perceptível nas imagens de satélite pela presença de significativos bancos de lama expostos e com vegetação pioneira. A observação de campo proporcionou a validação das mudanças e impactos socioambientais indicados pelos moradores, que conjuntamente à análise temporal permitiu o acompanhamento da evolução do Canal da Boa Sorte juntamente ao período indicado nas entrevistas. Conclui-se que ações preventivas e politicas públicas devam ser engendradas no sentido de adaptar as ações de manejo de recursos hídricos neste frágil trecho da bacia hidrográfica.
O baixo curso do rio Araguari é susceptível às modificações ambientais devido à formação do perío... more O baixo curso do rio Araguari é susceptível às modificações ambientais devido à formação do período quaternário da Planície Costeira do Amapá que o torna frágil às interferências antrópicas. A intensa criação de búfalos na região é responsável pelo surgimento de inúmeros canais que modificam a paisagem. Nos últimos anos houve significativas mudanças com a abertura de um canal conhecido localmente por canal "Boa Sorte", ou também Furo do Uricurituba. Neste contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar a evolução de alterações morfológicas fluviais e os decorrentes impactos sociais e ambientais na área. Na primeira etapa, foram realizadas 16 entrevistas semiestruturadas com os moradores residentes no trecho compreendido entre o Canal da Boa Sorte e a comunidade do Tabaco. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas pelo método de Análise de Conteúdo de Bardin. Na segunda etapa foi realizada uma análise temporal, em um período de 28 anos, com base em imagens TM, ETM+ e OLI do satélite Landsat 5, 7 e 8, respectivamente. A morfologia dos corpos d’agua foi mapeada através da técnica de vetorização manual no software ArcGis 10.1. Foram identificadas 5 categorias na análise das entrevistas: Mudanças Ambientais, Causas das mudanças ambientais, Canal da Boa Sorte, Impactos socioambientais e Intervenção política. As principais mudanças ambientais identificadas foram o fim da pororoca, aumento da salinidade da água, redução da vazão do rio Araguari e assoreamento, e a inversão do sentido do fluxo do rio a jusante do Canal da Boa Sorte. As causas das mudanças foram atribuídas à abertura do Canal da Boa Sorte, que recorrentemente era mencionado como igarapé há 3 anos. Os impactos mais intensos referem-se ao período em que água encontrava-se salina resultando em problemas de saúde, na redução da disponibilidade de peixes e na própria escassez de água para dessendentação. Outro impacto foi o prejuízo ao transporte fluvial tradicional e comercial e a perda de geração de renda com o ecoturismo para visualização da pororoca. As intervenções políticas na área se resumem ao fornecimento de água mineral às escolas das comunidades, o que não é suficiente para a demanda. A análise temporal corroborou com o crescimento do Canal da Boa Sorte, especialmente no período de 2006 a 2014, quando aumentou18,24 km, resultando em aproximadamente 31 km de extensão, conectando o rio Araguari ao rio Amazonas. O assoreamento da foz do Araguari é perceptível nas imagens de satélite pela presença de significativos bancos de lama expostos e com vegetação pioneira. A observação de campo proporcionou a validação das mudanças e impactos socioambientais indicados pelos moradores, que conjuntamente à análise temporal permitiu o acompanhamento da evolução do Canal da Boa Sorte juntamente ao período indicado nas entrevistas. Conclui-se que ações preventivas e politicas públicas devam ser engendradas no sentido de adaptar as ações de manejo de recursos hídricos neste frágil trecho da bacia hidrográfica.
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