Papers by Patricia Geremias
7O Encontro Escravidao E Liberdade No Brasil Meridional, Jan 20, 2015
A historiografia relativa ao trabalho domestico no Brasil oitocentista tem a maior parte de sua p... more A historiografia relativa ao trabalho domestico no Brasil oitocentista tem a maior parte de sua producao dedicada ao trabalho domestico realizado por adultos, especialmente mulheres adultas - livres, libertas e escravas. As criancas, quando inseridas nos estudos da tematica, foram retratadas majoritariamente como consumidoras d esses servicos ( especialmente aqueles prestados pelas amas de leit e) e raramente como prestadoras dos mesmos. Contribuir para os estudos da tematica com a analise d as experiencias d as criancas que viveram e trabalharam como empregadas domesticas no seculo XIX constitui um desafio aos historiadores. Esse desafio se deve, em parte, por se tratar de criancas pobres, muitas delas orfas ou abandonadas, cujas trajetorias raramente eram documentadas e tambem pela dificuldade de encontrarmos registros de contratos de trabalho domestico que eram, geralmente, acordados informalmente entre patroes e empregados. Ha, porem, uma serie de fontes possiveis para o estudo do trabalho domestico infantil, especialmente os processos de tutela e os contratos de soldada oriundos dos juizados de o rfaos e a usentes. E ssas fontes foram utilizadas pela historiografia brasileira nos ultimos anos com o objetivo principal de analisar a aplicacao da lei do Ventre Livre e as experiencias dos filhos das escravas (ingenuos) no processo de “transicao” do mercado de trabalho escravo para o mercado de trabalho “livre”. Dentro dessa perspectiva, esses estudos ressaltaram que a pratica da tutela caracterizava-se , na verdade, n uma forma de “escravidao disfarcada”. A relacao direta entre os processos de tutela e os contratos de soldada com o processo de emancipacao gradual da escravidao no pais, acabou por limitar as possibilidades analiticas dessas fontes, bem como suas possiveis r elacoes com tematicas e contextos mais amplos. Dessa forma, pretendo chamar a atencao para o uso das mesmas na analise das experiencias das criancas livres pobres (e nao apenas dos ingenuos) que viveram e trabalharam como empregadas domestic a s em “casas de familia” na segunda metade do seculo XIX .
Tese de Doutorado em História, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2019
A presente tese analisa os arranjos de criação e trabalho de crianças pobres, filhos e filhas dos... more A presente tese analisa os arranjos de criação e trabalho de crianças pobres, filhos e filhas dos trabalhadores urbanos da cidade do Rio de Janeiro entre os anos de 1860 e 1910. Tais arranjos se davam informalmente através da prática da agregação das crianças aos domicílios de terceiros e, formalmente, a partir da intervenção do juizado de órfãos e a utilização dos instrumentos jurídicos da tutela e da soldada. A historiografia brasileira tem analisado essa intervenção a partir do contexto da promulgação de Lei de 1871 e do processo gradual de emancipação no país. Nossa intenção é apresentar uma alternativa de análise focada na prática de circulação de crianças e na organização social do trabalho doméstico como chaves explicativas para a conformação de arranjos informais de criação e trabalho de menores pobres, destacando a intervenção judicial como parte de um processo mais amplo da expansão do capitalismo no Brasil oitocentista. Nesse sentido, oferecemos uma “radiografia” da soldada como recurso jurídico adaptado às novas exigências do mercado de trabalho capitalista para a contratação, controle e remuneração da mão de obra de menores em fins do século XIX na cidade do Rio de Janeiro.
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