Book Reviews by Maria Vitoria Fischer Novaes

Durkheim inicia o prefácio à primeira edição trazendo a Sociologia para o lugar em que ele consid... more Durkheim inicia o prefácio à primeira edição trazendo a Sociologia para o lugar em que ele considera correto: o da ciência. Durante todo o texto, é nesse sentido que ele se direciona e é com esse objetivo que o texto se desenrola, o de trazer a Sociologia para seu lugar de direito, ou seja, tratá-la e analisá-la enquanto ciência. Para tanto, uma vez que a Sociologia é ciência, deve-se ter então uma metodologia para estudá-la, e são as regras dessa metodologia que são aqui apresentadas. Durkheim sublinha que o sociólogo deve " não se deixar intimidar pelos resultados a que levam as suas investigações, se foram metodicamente conduzidas " [DURKHEIM, pp21, 2004] e ressalta que, à medida que se adquirir uma experiência mais aprofundada da realidade social, esse método será revisto e reformulado no futuro, aliás, como todos os métodos são revistos à medida que a ciência avança. Assim, a metodologia durkheimiana tem algumas ideias centrais que são a base de seu pensamento e permeiam todos os conceitos apresentados no texto. Os fatos sociais devem ser tratados como coisas. Neste sentido, para Durkheim, as propriedades características da " coisa " não podem ser entendidas pela introspecção, mas de forma essencialmente objetivista, empirista e indutivista, ao contrário de Comte, tido, por Durkheim como subjetivista e filosófico. A sociologia, enquanto o estudo dos fatos sociais, é muito influenciável pelas sugestões do senso comum, as discussões e assuntos estudados são facilmente abordados por ideias pré-concebidas, prática muito prejudicial ao estudo científico dos fenômenos sociais. Na medida em que não se deve tratar os temas estudados de maneira introspectiva, Durkheim ressalta a necessidade do cientista se afastar de seus conceitos e maneiras de pensar já estabelecidos, já que é difícil entender quanto de si o cientista coloca na análise dos fatos, isto é, é difícil entrever as verdadeiras razões que determinam ações e a natureza dessas ações quando se está contaminado por ideias pré-concebidas. Se não há condições de entender as razões de determinadas ações no âmbito psíquico de um indivíduo, seria próximo de impossível É coisa todo o objeto de conhecimento que não é naturalmente compenetrável pela inteligência, tudo aquilo de que não podemos adquirir uma noção adequada por um simples processo de análise mental, tudo o que o espírito só consegue compreender na condição de sair de si próprio, por via de observações e experimentações. [DURKHEIM, pp15, 2004]
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