Quero começar citando aqui um enunciado do meu filho de sete anos: "Eu amo o coronavírus, papai!"... more Quero começar citando aqui um enunciado do meu filho de sete anos: "Eu amo o coronavírus, papai!". Achei muito interessante essa visão afirmativa, por tomá-lo como uma potência da natureza, em relação a um vírus dito assassino por grande parte da sociedade. Questiona-se se o vírus é vivo ou não; ele é uma macromolécula e, como não se reproduz por conta própria, é tido como um modo não vivo. Mas, mais que vida, há potência. E, uma vez que a vida é um modo da potência também, o vírus se apresenta como expressão, manifestação dessa potência, como o são as grandes catástrofes: terremotos, vulcões, furacões... Enfim, uma violência da natureza que, ao mesmo tempo, é uma potência afirmativa de si mesma, é um modo, é uma modalidade do real. Como não acredito no mal e, junto com Espinosa, penso que o mal não é nada, não porque o bem é tudo, mas porque o bem também não é nada, então bem e mal seriam efeitos, geralmente ficções. Mas por que o vírus é visto assim de modo tão terrível por todos, e não por meu filho? 1 Texto elaborado a partir da transcrição do encontro online Conversa Viva, com Eder Amaral e Cecília Barros-Cairo, realizado em 20/05/2020 pelo canal Bica Vidraça do YouTube. Recuperado de: https://www.youtube.com/watch?v=lQj_pU5cUF8&t=3597s. 2 Filósofo, livre pensador da filosofia da diferença. Autor do livro Saúde, desejo e pensamento (Hucitec, 2008), considerado uma referência entre as melhores e mais acessíveis introduções ao pensamento nômade e à filosofia da diferença. Contato:
Clínica e (A)normalidade: Interpelações Pandêmicas, 2022
Quero começar citando aqui um enunciado do meu filho de sete anos: "Eu amo o coronavírus, papai!"... more Quero começar citando aqui um enunciado do meu filho de sete anos: "Eu amo o coronavírus, papai!". Achei muito interessante essa visão afirmativa, por tomá-lo como uma potência da natureza, em relação a um vírus dito assassino por grande parte da sociedade. Questiona-se se o vírus é vivo ou não; ele é uma macromolécula e, como não se reproduz por conta própria, é tido como um modo não vivo. Mas, mais que vida, há potência. E, uma vez que a vida é um modo da potência também, o vírus se apresenta como expressão, manifestação dessa potência, como o são as grandes catástrofes: terremotos, vulcões, furacões... Enfim, uma violência da natureza que, ao mesmo tempo, é uma potência afirmativa de si mesma, é um modo, é uma modalidade do real. Como não acredito no mal e, junto com Espinosa, penso que o mal não é nada, não porque o bem é tudo, mas porque o bem também não é nada, então bem e mal seriam efeitos, geralmente ficções. Mas por que o vírus é visto assim de modo tão terrível por todos, e não por meu filho? 1 Texto elaborado a partir da transcrição do encontro online Conversa Viva, com Eder Amaral e Cecília Barros-Cairo, realizado em 20/05/2020 pelo canal Bica Vidraça do YouTube. Recuperado de: https://www.youtube.com/watch?v=lQj_pU5cUF8&t=3597s. 2 Filósofo, livre pensador da filosofia da diferença. Autor do livro Saúde, desejo e pensamento (Hucitec, 2008), considerado uma referência entre as melhores e mais acessíveis introduções ao pensamento nômade e à filosofia da diferença. Contato:
Este livro envolve 33 autores imaginando e fabulando, em 46 verbetes, as questões: o que é a educ... more Este livro envolve 33 autores imaginando e fabulando, em 46 verbetes, as questões: o que é a educação? o que é a pedagogia? o que é pensar? Sua graça-útil ou utilidade-graciosa consiste em funcionar como introdução à zona de variação contínua de uma educação da diferença.
Quero começar citando aqui um enunciado do meu filho de sete anos: "Eu amo o coronavírus, papai!"... more Quero começar citando aqui um enunciado do meu filho de sete anos: "Eu amo o coronavírus, papai!". Achei muito interessante essa visão afirmativa, por tomá-lo como uma potência da natureza, em relação a um vírus dito assassino por grande parte da sociedade. Questiona-se se o vírus é vivo ou não; ele é uma macromolécula e, como não se reproduz por conta própria, é tido como um modo não vivo. Mas, mais que vida, há potência. E, uma vez que a vida é um modo da potência também, o vírus se apresenta como expressão, manifestação dessa potência, como o são as grandes catástrofes: terremotos, vulcões, furacões... Enfim, uma violência da natureza que, ao mesmo tempo, é uma potência afirmativa de si mesma, é um modo, é uma modalidade do real. Como não acredito no mal e, junto com Espinosa, penso que o mal não é nada, não porque o bem é tudo, mas porque o bem também não é nada, então bem e mal seriam efeitos, geralmente ficções. Mas por que o vírus é visto assim de modo tão terrível por todos, e não por meu filho? 1 Texto elaborado a partir da transcrição do encontro online Conversa Viva, com Eder Amaral e Cecília Barros-Cairo, realizado em 20/05/2020 pelo canal Bica Vidraça do YouTube. Recuperado de: https://www.youtube.com/watch?v=lQj_pU5cUF8&t=3597s. 2 Filósofo, livre pensador da filosofia da diferença. Autor do livro Saúde, desejo e pensamento (Hucitec, 2008), considerado uma referência entre as melhores e mais acessíveis introduções ao pensamento nômade e à filosofia da diferença. Contato:
Clínica e (A)normalidade: Interpelações Pandêmicas, 2022
Quero começar citando aqui um enunciado do meu filho de sete anos: "Eu amo o coronavírus, papai!"... more Quero começar citando aqui um enunciado do meu filho de sete anos: "Eu amo o coronavírus, papai!". Achei muito interessante essa visão afirmativa, por tomá-lo como uma potência da natureza, em relação a um vírus dito assassino por grande parte da sociedade. Questiona-se se o vírus é vivo ou não; ele é uma macromolécula e, como não se reproduz por conta própria, é tido como um modo não vivo. Mas, mais que vida, há potência. E, uma vez que a vida é um modo da potência também, o vírus se apresenta como expressão, manifestação dessa potência, como o são as grandes catástrofes: terremotos, vulcões, furacões... Enfim, uma violência da natureza que, ao mesmo tempo, é uma potência afirmativa de si mesma, é um modo, é uma modalidade do real. Como não acredito no mal e, junto com Espinosa, penso que o mal não é nada, não porque o bem é tudo, mas porque o bem também não é nada, então bem e mal seriam efeitos, geralmente ficções. Mas por que o vírus é visto assim de modo tão terrível por todos, e não por meu filho? 1 Texto elaborado a partir da transcrição do encontro online Conversa Viva, com Eder Amaral e Cecília Barros-Cairo, realizado em 20/05/2020 pelo canal Bica Vidraça do YouTube. Recuperado de: https://www.youtube.com/watch?v=lQj_pU5cUF8&t=3597s. 2 Filósofo, livre pensador da filosofia da diferença. Autor do livro Saúde, desejo e pensamento (Hucitec, 2008), considerado uma referência entre as melhores e mais acessíveis introduções ao pensamento nômade e à filosofia da diferença. Contato:
Este livro envolve 33 autores imaginando e fabulando, em 46 verbetes, as questões: o que é a educ... more Este livro envolve 33 autores imaginando e fabulando, em 46 verbetes, as questões: o que é a educação? o que é a pedagogia? o que é pensar? Sua graça-útil ou utilidade-graciosa consiste em funcionar como introdução à zona de variação contínua de uma educação da diferença.
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