Papers by Leandro Monerato
Retratos de Assentamentos, Sep 1, 2023
Retratos de Assentamentos, 2023
Este artigo procura investigar o surgimento de um mercado financeiro de terras mundial a partir d... more Este artigo procura investigar o surgimento de um mercado financeiro de terras mundial a partir de 2008, seus antecedentes e suas consequências. Para isso, remontamos à primeira Grande Depressão iniciada na Inglaterra, ao surgimento do imperialismo e, portanto, do mercado mundial, e como a agricultura e as terras foram subordinando-se à indústria na sua fase monopolista, logo ao capital bancário e financeiro. Procuramos argumentar que a corrida mundial por terras se caracteriza por uma etapa de acoplamento do monopólio das terras ao capital financeiro, e, o capital fictício super-acumulado, com isso, preparando o surgimento da terra fictícia, uma pirâmide especulativa a partir de algo sem valor dotando-o de uma capacidade sem precedentes de garantir um preço de monopólio.

Retratos de Assentamentos, 2023
Resumo: Este artigo busca analisar a questão social da fome como fenômeno essencialmente político... more Resumo: Este artigo busca analisar a questão social da fome como fenômeno essencialmente político, já que do ponto de vista da oferta, o problema já foi resolvido. Enquanto fenômeno político, focamos nossa análise no fator geopolítico das determinações da fome em dois momentos. O primeiro, na década de 1970, quando ocorrem sucessivos choques do petróleo, o aumento do preço internacional dos alimentos e estes como arma geopolítica do imperialismo mundial, os desdobramentos dessa crise na formação do agronegócio no Brasil e disseminação da fome. Num segundo momento, analisamos a luta do imperialismo pelo controle do petróleo no Oriente Médio, o aumento do seu preço no mercado internacional, o estouro da crise dos alimentos no biênio 2007-2008, a expansão da produção de commodities no Brasil para a produção de biocombustíveis e o impacto disto na produção de alimentos essenciais. Apontamos o caráter contraditório da política adotada pelo PT, na qual, de um lado, fortalecia o agronegócio, especializava a produção e a pauta de exportações, ao mesmo tempo em que, através de um conjunto de políticas sociais, retirava o país do mapa da fome da ONU, demonstrando o caráter deliberado da fome no país, após o golpe de estado de 2016. Contudo, essas políticas sociais são revertidas de forma veloz, recolocando dezenas de milhões de brasileiros novamente em situação de fome. Buscamos argumentar que apenas uma reforma agrária pode garantir alicerces seguros para a conquista das tão almejadas segurança e soberania alimentares.
O monopólio da terra em mãos do capital financeiro, a formação na prática de um verdadeiro latifú... more O monopólio da terra em mãos do capital financeiro, a formação na prática de um verdadeiro latifúndio global tendo como proprietário os grandes bancos internacionais, significa um aumento da dominação imperialista contra os países atrasados que passam a pagar uma renda de monopólio para estrangeiros de produtos do próprio solo; a apropriação da renda diferencial em sua plenitude significa a apropriação de todos os recursos naturais de um país e pode expressar um rearranjo político-militar.

ALAS PERÚ 2019
Em meados da década de 1970 coincidem os choques do petróleo e a publicação do documento Land Ref... more Em meados da década de 1970 coincidem os choques do petróleo e a publicação do documento Land Reform Policy Paper no qual Banco Mundial e FMI defendem a liberalização dos mercados de compra, venda e arrendamento de terras. A partir da crise da dívida de 1980, essas instituições cederão empréstimos volumosos aos países atrasados desde que estes assumissem o compromisso de realizar a reforma agrária do mercado (MRAM). Na década de 1990 esses programas são realizados em quase todos países da América Latina, como parte da difusão e implementação do neoliberalismo em escala internacional e o objetivo explícito de criar mercados financeiros rurais. Após anos de sua implementação, quando da crise econômica mundial em 2008, o Banco Mundial anunciará a existência de uma Corrida Mundial por Terras, em que monopólios internacionais se apoderam de milhões de hectares por todo o globo. Este artigo procura demonstrar a relação intrínseca entre a criação do mercado internacional de terras e o neoliberalismo e busca investigar as razões econômicas para isso à luz da teoria da renda fundiária estabelecida por Karl Marx no Livro III d'O Capital. Segundo nossas conclusões estaria ocorrendo um processo de acoplamento da propriedade fundiária ao capital financeiro, que até então havia sido definido como a fusão dos monopólios do capital industrial e bancário. Por fim, discutimos o problema que a desnacionalização das terras coloca para a manutenção da soberania nacional diante do sistema financeiro mundial.

BICAS , 2018
Esta pesquisa identificou, em dois estudos recentes sobre a agricultura brasileira, novas relaçõe... more Esta pesquisa identificou, em dois estudos recentes sobre a agricultura brasileira, novas relações entre arrendatários e arrendador, um novo tipo de arrendamento, que caracteriza as relações capitalistas no campo brasileiro sob domínio imperialista e só pode ser compreendido no bojo do processo de reforma agrária de mercado e do land grabbing. Trata- se de um método de expropriação da renda fundiária da terra sem, contudo, pelo menos inicialmente, comprar toda a terra. Compra-se parte da terra no entorno do centro industrial, a usina e, a partir do arrendamento, centraliza-se o restante da terra necessária. Atuam mecanismos de força para favorecer que o plano do capital se imponha sobre as vontades individuais de pequenos proprietários dispersos. O processo de centralização de capitais ocorrido na agricultura pari passu ao processo de industrialização a partir da década de 1950 tem como uma de suas consequências a centralização de terras. Ocorre aqui de modo similar ao processo de centralização de capitais, em que os pequenos proprietários de capital perdem controle sobre a direção de seu destino quando se associam no mercado de capitais nas bolsas de valores. Aqui, contudo, a centralização de terras ocorre via arrendamento. O que aponta, tendencialmente, para um processo em massa de perda do controle de terras pelos pequenos proprietários em favor dos complexos agroindustriais ligados ao capital financeiro. A tripla subordinação da agricultura ao capital comercial, industrial/financeiro atrela a propriedade alheia sem, contudo, necessitar deter sua propriedade jurídica.
"A ciência está em crise", "não existe verdade, mas verdades". Afirmações como estas podem ser ou... more "A ciência está em crise", "não existe verdade, mas verdades". Afirmações como estas podem ser ouvidas em qualquer parte do globo, principalmente nos círculos universitários. Qual é esta crise? Quando e por que começou? As repostas a tais perguntas variam.
Drafts by Leandro Monerato

Este artigo tem como objetivo analisar a geopolítica monetária a partir dos acordos de Bretton Wo... more Este artigo tem como objetivo analisar a geopolítica monetária a partir dos acordos de Bretton Woods até fins de 2021, de modo a estabelecer concretamente as relações entre poder monetário e poder bélico durante três fases: a primeira, entre 1945-1968, inicia-se quando os Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial assumem a liderança hegemônica do mundo; a segunda, entre 1971 e 2008, que tem como fato inicial o fim dos acordos de Bretton Woods através do fim da conversibilidade do dólar em ouro por Nixon, a diplomacia do dólar realizada a partir de então no sentido de retomar a hegemonia norte-americana através da expansão do modelo neoliberal durante as década de 1980 e 1990; e a terceira e última, iniciada na grande crise financeira de 2007-2008 até o final do ano de 2021, período em que se exacerbam novamente as tendências conflitantes entre o domínio unívoco do dólar e as tendências à desdolarização levadas a cabo por dezenas de países, fundamentalmente, pelo bloco Rússia-China. A nossa hipótese é que a interdependência econômica de um lado, e a independência política de outro, num cenário de crise estrutural do capitalismo está levando o mundo a um impasse geopolítico muito acirrado
A coisa em si transforma-se em objeto de estudo científico, ou seja, em coisa para nós através da... more A coisa em si transforma-se em objeto de estudo científico, ou seja, em coisa para nós através da atividade humana. Uma das etapas fundamentais desse processo, dessa dialética do conhecimento, é a conceituação (PRADO JR, 1980), que delimita a
Thesis Chapters by Leandro Monerato

TERRA FICTÍCIA: CAPITAL FINANCEIRO E RENDA FUNDIÁRIA, 2018
Friedrich Engels, nas últimas linhas do seu Aditamento ao Livro Terceiro de ‘O Capital’, de Karl ... more Friedrich Engels, nas últimas linhas do seu Aditamento ao Livro Terceiro de ‘O Capital’, de Karl Marx, profetizava: “Os bancos que se espalharam tanto na Alemanha, sobretudo (com diversos nomes burocráticos), emprestam cada vez mais sobre hipoteca, e com seus títulos o verdadeiro domínio sobre as terras se transfere para a Bolsa, principalmente se os bens hipotecados caem nas mãos dos credores. Atua aí, poderosa, a revolução agrícola decorrente da cultura das planícies. A prosseguir assim, é de esperar o dia em que as terras inglesas e francesas ficarão subordinadas à Bolsa” (ENGELS, 1984, v. VI, p. 1039). Assumimos a previsão de Engels como a nossa hipótese, e o objetivo deste trabalho foi investigar a subordinação das terras ao capital financeiro. Para isso, buscamos relações entre quatro fenômenos contemporâneos da questão agrária brasileira e mundial: a) a Bolsa de Arrendamento de Terras, que entre 1985-1995 chamou a atenção pelo rápido desenvolvimento e colapso; b) a reforma agrária de mercado realizada pelo Banco Mundial em diversos países do globo a partir de meados da década de 1990; c) a corrida mundial por terras a partir das crises de 2007-2008, fenômeno relacionado ao termo em inglês land grabbing; alinhamo-nos aos autores, que chamam a atenção para o processo de financeirização das terras, enfocando a transformação da propriedade da terra, ou mesmo de arrendamentos, em ativo financeiro controlado por bancos, fundos de pensão, etc.; e d) o que denominamos como arrendamento perpétuo, que está na base do processo de centralização de terras pelo capital financeiro. À luz de informações empíricas que indicam esse processo, como as imobiliárias rurais com capital aberto no mercado de ações, revisitamos o Livro III de O Capital, no qual Marx se debruça sobre a teoria da renda da terra em busca das motivações mais profundas para a subordinação das terras ao capital financeiro e suas possíveis consequências. Recuperamos a teoria do capital financeiro e do imperialismo, para contextualizar as transformações agrícolas ocorridas no século XXI, e a história da subordinação da agricultura brasileira ao capital industrial e bancário, que ocorre pari passu ao processo de integração de capitais, conforme mostrou Delgado em Capital Financeiro e agricultura no Brasil. Essa integração de capitais irá colocar em confronto, de um lado, o monopólio financeiro e, de outro, o monopólio da propriedade privada da terra. O colapso da Bolsa de Arrendamento de Terras demonstrará uma correlação de forças favorável aos proprietários, enquanto o processo de land grabbing, uma correlação de forças favorável ao capital financeiro. Nesse contexto, o arrendamento capitalista ganha novos contornos, correspondentes ao funcionamento do capital financeiro. Proprietários de terras arrendam sua terra e perdem o controle sobre seu destino.
Conference Presentations by Leandro Monerato
Este artigo procura investigar o surgimento de um mercado financeiro de terras mundial a partir d... more Este artigo procura investigar o surgimento de um mercado financeiro de terras mundial a partir de 2008, seus antecedentes e suas consequências. Para isso, remontamos à primeira Grande Depressão iniciada na Inglaterra, ao surgimento do imperialismo e, portanto, do mercado mundial, e como a agricultura e as terras foram subordinando-se à indústria na sua fase monopolista, logo ao capital bancário e financeiro. Procuramos argumentar que a corrida mundial por terras se caracteriza por uma etapa de acoplamento do monopólio das terras ao capital financeiro, com isso, preparando o surgimento da terra fictícia, uma pirâmide especulativa a partir de algo sem valor, dotando-o de uma capacidade sem precedentes de garantir um preço de monopólio.
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