Papers by Jacqueline Sinhoretto
Antropolítica, Apr 1, 2024
Antropolítica, Apr 1, 2024
Qual é o alcance dos riscos que as instituições democráticas correm com a politização da polícia ... more Qual é o alcance dos riscos que as instituições democráticas correm com a politização da polícia produzida pelo bolsonarismo no Brasil? O artigo visa a apresentar alguns elementos de resposta ao analisar a evolução da interação entre policiais militares de São Paulo em redes sociais digitais. Os dados coletados e as observações realizadas em redes sociais de policiais militares demonstram escolhas individuais e institucionais de práticas e políticas que podem opor grupos de policiais ao regime democrático. Os resultados apontam que a adesão bolsonarista de policiais produziu um deslocamento do eixo do debate público sobre segurança, com recuo das propostas reformistas e reforço da militarização do controle do crime.

Sociologias
Resumo A população carcerária brasileira cresce de forma ininterrupta no período pós-Constituição... more Resumo A população carcerária brasileira cresce de forma ininterrupta no período pós-Constituição de 1988. O percentual de presos provisórios é elevado. Considerando que nesse período foram ampliadas as possibilidades de aplicação de penas e medidas alternativas, supõe-se a coexistência entre a prisão e as alternativas ao cárcere. O artigo analisa dados coletados em pesquisa nacional sobre Audiências de Custódia, que permitem discutir tensões e funcionamento recíproco de medidas descarcerizantes e mentalidade punitiva. Por meio de análise de observação direta das audiências e entrevistas com os operadores do direito, reflete-se sobre padrões de escolha e mecanismos de seletividade que, por hipótese, se relacionam às concepções dos operadores jurídicos acerca do crime, do criminoso e da punição. São analisadas as mentalidades institucionais no campo jurídico relacionadas com opções de política criminal e os seus reflexos na tomada de decisão judicial, aprofundando possibilidades teór...

Caderno CRH
Este artigo analisa relações entre o modelo de policiamento ostensivo e a seletividade da ação po... more Este artigo analisa relações entre o modelo de policiamento ostensivo e a seletividade da ação policial baseada em atributos dos suspeitos de crimes, em São Paulo e Minas Gerais. A coleta e a análise de dados atenderam a distintos procedimentos. Dados quantitativos sobre prisões em flagrante e mortes em decorrência de ação policial foram extraídos de bases oficiais de registros de ocorrências policiais. Dados qualitativos foram obtidos por meio de entrevistas com oficiais das polícias militares paulista e mineira. Os resultados apontam a existência de tratamento desigual dos públicos branco e negro, tendo como evidência os cálculos de razão de chance de ser preso em flagrante ou ser vítima fatal de ocorrência policial. As conclusões indicam que o vínculo entre policiamento e racismo é aprofundado por mudanças no papel no policiamento ostensivo nas estratégias do controle do crime.

Revista de Estudos Empíricos em Direito
O artigo trata sobre a gestão da pandemia de COVID-19 nas prisões brasileiras em nível nacional, ... more O artigo trata sobre a gestão da pandemia de COVID-19 nas prisões brasileiras em nível nacional, abordando os documentos emitidos pelo Conselho Nacional de Justiça e as posições do Governo Federal, de instituições estatais e da sociedade civil. Recorreu-se à análise de documentos, notícias de jornal, entrevistas com atores selecionados, os quais representam diferentes posições no debate público. Foram enfocadas as disputas sobre como gerir a população prisional durante a crise sanitária, identificando as principais linhas e ações propostas. Os resultados apontaram as resistências às propostas de desencarceramento e indicaram a existência de trânsito de atores entre instituições. Os achados contribuem com o conhecimento do funcionamento do campo do controle do crime e seus limites, que se mostraram operantes mesmo em situações de crise. A postura negacionista da crise sanitária adotada pelo Governo Federal exerceu um importante papel no enfraquecimento das medidas propostas para a ge...

A população prisional de São Paulo cresce acentuadamente. Mais de 30% dos presos do
país se dist... more A população prisional de São Paulo cresce acentuadamente. Mais de 30% dos presos do
país se distribui pelas 154 unidades prisionais paulistas. A política de descentralização
das prisões e encarceramento em massa focaliza acusados por crimes patrimoniais e de
drogas, jovens, homens e oriundos das periferias urbanas. O artigo aborda desdobramentos
do encarceramento em massa, resultantes das normas e moralidades que regem
a vida nas prisões, sobretudo as formas de compartilhamento entre a administração e
os internos e seus familiares na gestão do cotidiano na prisão. Tal compartilhamento
ultrapassa os limites físicos das prisões, produzindo efeitos sobre os mecanismos do
encarceramento e o seu crescimento. Observou-se a negociação entre instâncias da
administração penitenciária, os grupos organizados de presos e seus familiares para
manter a ordem interna e para a execução das tarefas do tratamento penitenciário. A
intensificação do controle social repressivo centralizado é tensionada pela oposição
complementar de um controle social difuso, fundamentado nos dispositivos de segurança
compartilhados entre os agentes que participam da gestão da vida na prisão.
Secretaria Nacional da Juventude, 2015
Áskesis - Revista des discentes do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar
O texto propõe breve descrição e análise de desafios políticos enfrentados pela produção científi... more O texto propõe breve descrição e análise de desafios políticos enfrentados pela produção científica, em especial das ciências sociais, diante do crescimento da contraposição à ciência e o avanço destrutivo do autoritarismo governamental sobre a liberdade acadêmica e a autonomia universitária no Brasil. O objetivo é descrever mudanças recentes na política educacional e na política científica que ameaçam as condições de desenvolvimento da pesquisa em ciências sociais.
Trabalho elaborado com o apoio do Centro de Estudos e Debates Estratégicos e da Consultoria Legis... more Trabalho elaborado com o apoio do Centro de Estudos e Debates Estratégicos e da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados.O presente estudo, relatado pelo deputado Paulo Teixeira, reúne contribuições de vários especialistas no assunto, que oferecem ao leitor uma avaliação bastante abrangente, com a sofisticação intelectual exigida pela tarefa de pensar segurança pública como parte do projeto maior de construção da cidadania no país
Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social
This article discusses the impact of new technologies on ostensive policing, with a focus on raci... more This article discusses the impact of new technologies on ostensive policing, with a focus on racial issues. The São Paulo military police is studied using a varied methodology, that made it possible to analyze the results of policing on the groups of color/race and police officers' perceptions of institutional racism. Police brutality, new technologies and racism are associated with the maintenance of racialized practices for identifying suspects, projecting meaning onto some black corporalities and identity marks. New technologies have reinforced this kind of profiling and have failed to contribute to the control of police action.

Sociedade e Estado, 2015
O presente artigo busca, a partir da análise de uma série de evidências empíricas e de dados disp... more O presente artigo busca, a partir da análise de uma série de evidências empíricas e de dados disponíveis, construir um panorama atualizado da área e, com isso, reforçar uma narrativa acerca da atual configuração da segurança pública no país que identifica os sentidos das fortes disputas pelo significado de lei, ordem e segurança pública, bem como interpreta os rumos e as opções institucionais em torno de como o Estado tem administrado os conflitos sociais da sociedade brasileira contemporânea. Narrativa essa que, em síntese, defende que há um forte hiato entre os princípios democráticos inaugurados com a Constituição de 1988 e as práticas institucionais das polícias, dos ministérios públicos e do Judiciário, que, paradoxalmente, delegam às polícias militares a gestão da vida da população e pouco avançam na sua valorização como princípio basilar a organizar suas práticas e procedimentos.
Revista Brasileira de Segurança Pública, Mar 1, 2009
Revista de Estudios Sociales No.35, 2018
Este artículo es producto del proyecto de investigación Fondecyt N°11160588 "Mapuche eco-espiritu... more Este artículo es producto del proyecto de investigación Fondecyt N°11160588 "Mapuche eco-espiritual: políticas de la diferencia género-racializada en el multiculturalismo neoliberal", financiado por la Comisión Nacional de Investigación en Ciencia y Tecnología (Conicyt) en Chile.
Plural (São Paulo. Online), 1998
Tempo Social, 2007
Texto recebido e aprovado em 21/9/2007. Jacqueline Sinhoretto é doutora e mestre em Sociologia pe... more Texto recebido e aprovado em 21/9/2007. Jacqueline Sinhoretto é doutora e mestre em Sociologia pela USP e professora da Fundação Armando Álvares Penteado e da Faculdade Integral Cantareira.
São Paulo em Perspectiva, 2004
A política de implantação dos Centros de Integração da Cidadania - CICs, idealizada com o objetiv... more A política de implantação dos Centros de Integração da Cidadania - CICs, idealizada com o objetivo de levar justiça e segurança a segmentos da população desprovidos desses direitos, passou a integrar as propostas de reforma do sistema de justiça. Alargando o conceito de direito à justiça, essa política aponta para a possibilidade de aperfeiçoamento da democracia e da cidadania.
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Papers by Jacqueline Sinhoretto
país se distribui pelas 154 unidades prisionais paulistas. A política de descentralização
das prisões e encarceramento em massa focaliza acusados por crimes patrimoniais e de
drogas, jovens, homens e oriundos das periferias urbanas. O artigo aborda desdobramentos
do encarceramento em massa, resultantes das normas e moralidades que regem
a vida nas prisões, sobretudo as formas de compartilhamento entre a administração e
os internos e seus familiares na gestão do cotidiano na prisão. Tal compartilhamento
ultrapassa os limites físicos das prisões, produzindo efeitos sobre os mecanismos do
encarceramento e o seu crescimento. Observou-se a negociação entre instâncias da
administração penitenciária, os grupos organizados de presos e seus familiares para
manter a ordem interna e para a execução das tarefas do tratamento penitenciário. A
intensificação do controle social repressivo centralizado é tensionada pela oposição
complementar de um controle social difuso, fundamentado nos dispositivos de segurança
compartilhados entre os agentes que participam da gestão da vida na prisão.
país se distribui pelas 154 unidades prisionais paulistas. A política de descentralização
das prisões e encarceramento em massa focaliza acusados por crimes patrimoniais e de
drogas, jovens, homens e oriundos das periferias urbanas. O artigo aborda desdobramentos
do encarceramento em massa, resultantes das normas e moralidades que regem
a vida nas prisões, sobretudo as formas de compartilhamento entre a administração e
os internos e seus familiares na gestão do cotidiano na prisão. Tal compartilhamento
ultrapassa os limites físicos das prisões, produzindo efeitos sobre os mecanismos do
encarceramento e o seu crescimento. Observou-se a negociação entre instâncias da
administração penitenciária, os grupos organizados de presos e seus familiares para
manter a ordem interna e para a execução das tarefas do tratamento penitenciário. A
intensificação do controle social repressivo centralizado é tensionada pela oposição
complementar de um controle social difuso, fundamentado nos dispositivos de segurança
compartilhados entre os agentes que participam da gestão da vida na prisão.
reconhecer como é produzida a identificação de suspeitos pelas polícias militares estaduais, assim como reconhecer os resultados das abordagens e demais ações policiais sobre os distintos grupos étnico-raciais; ii) compreensão das acusações de racismo institucional na atuação policial formuladas contra as polícias militares dos estados, recorrendo aos principais atores que formulam denúncias ou propõem ações de enfrentamento ao racismo no campo da segurança; iii) compreensão das respostas institucionais oferecidas pelas polícias militares diante das denúncias e propostas de enfrentamento ao racismo institucional, incluindo aqui a criação de procedimentos para a abordagem policial e a análise dos currículos dos cursos de formação policial. O principal achado da pesquisa foi a constatação, nos estados estudados, da existência da filtragem racial na abordagem policial, ou seja, que a racialização das relações sociais no Brasil se expressa de maneira contundente no campo da segurança pública.
In recent years, the racial slant in the pattern of violent deaths in Brazil has become evident. Especially in the younger sector of the population, there have been a growing number of homicides of black people and a decline in the number among white people, which indicates an increasing inequality in the experience of violence among racial groups. When broken down into color and race, the lethal incidents monitored by the police show that they increasingly affect black people. The prison population grew, due to the jailing of black people. The discriminatory victimization of young black men has been the main concern for the social movements of black youth, which has called it “a genocide against black youth”. In addition to quantitative data, this article analyses the way that such movements have interpreted the data, in order to raise the banner of social protest against that “genocide”, and it also discusses the calls for political action to redress the problem and the specific demands of the social movements in question.