Papers by Gabriela A R A Ú J O Fornari

O fenômeno do ódio ao(à) bandido(a) tem sido constatado com grande expressividade no Brasil duran... more O fenômeno do ódio ao(à) bandido(a) tem sido constatado com grande expressividade no Brasil durante os últimos anos. Seguindo a tendência Latino-Americana, a onda conservadora tem assolado o país, atingindo o cerne não apenas do sistema político, mas também as ideias e as relações interpessoais de grande parte da população. Para compreender essa realidade, este trabalho objetiva refletir, pela perspectiva do existencialismo sartriano, mais precisamente com o auxílio de seu pensamento desenvolvido na obra Crítica da razão dialética, sobre o que o crescente preconceito dirigido ao(à) criminoso(a) pode elucidar sobre a atual sociedade brasileira. Ao buscar compreender como o preconceito se forma e quais as variáveis que contribuem para a crescente adesão aos discursos de ódio, Sartre nos aponta dois elementos presentes nesse processo: o primeiro refere-se à paixão em aderir determinada ideia aliada ao senso de preservação do grupo; e o segundo, funda-se nos mecanismos utilizados pelos sujeitos diante da iminência da escassez de recursos materiais. Ressalta-se ainda a temporalidade como elemento fundamental para compreender determinado fenômeno, pois há relação direta entre o contexto socio-histórico e a visão da população para com as pessoas que cometeram crime(s). Conclui-se que atualmente grande parte da população considera os(as) ex- presidiários(as) como uma ameaça ao seu poder de consumo e à sua sobrevivência, legitimando através dessa ideia a contraviolência dirigida a eles(as). Essa forma de violência, por sua vez, tem sido efetivada por meio das tentativas de retirada de direitos, da mistificação, do preconceito e da supressão da liberdade daqueles(as) reduzidos(as) à identidade de “bandidos(as)”.
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