Papers by Emanuel Torquato

Pesquisa (auto)biográfica em Educação: Afetos e (Trans)formações, 2017
A escrita biográfica ou mesmo autobiográfica, o discurso sobre a vida de alguém ou sobre nossa pr... more A escrita biográfica ou mesmo autobiográfica, o discurso sobre a vida de alguém ou sobre nossa própria vida, sobre afetos e vivências, experiência no âmbito do puramente subjetivo e único ou da experimentação científica, do teorizável a partir dos fatos da vida, do experimentado, são sempre discurso sobre o outro, mesmo que no caso da autobiografia trate-se de um outro que encontra morada em nós mesmos. Tendo iniciado as reflexões epistemológicas e metodológicas sobre o estudo das narrativas de vida e do método autobiográfico em outro texto publicado pelo Grupo de Pesquisa Dialogicidade, Formação Humana e Narrativas (DIAFHNA) 1 , propomos um aprofundamento de outro aspecto implicado nesta questão. Falávamos anteriormente sobre a alteridade, a relação ao outro nos moldes de uma escuta como constitutivo do lugar racional de fala. Apresentamos agora uma investigação sobre a experiência no seio da subjetividade, em como acontece o longo processo de subjetivação tratada como abertura ao outro, à alteridade. Tomamos como referencial a Filosofia da Alteridade de Emanuel Levinas 2 , filósofo judeu que elegeu a relação ética a questão fundamental do pensamento e, portanto, constitutiva de todo discurso. Primeiramente a experiência origina-se como um mergulhar em si, um voltar-se para si, um trazer o mundo à boca e saboreá-lo no seu interior, posteriormente isso se transmuta em abertura, fissura, trauma, em êxodo de si, indo ao encontro do outro, da terra prometida, mas completamente desconhecida. Propomo-nos, inicialmente, compreender o que é a subjetividade para Lévinas e como ela se constitui. Por isso, procuramos analisar o eu levinasiano na sua relação com o mundo e voltada para si mesma. Originado na sensibilidade, o sujeito surge como separação, gozo e egoísmo em função dos quais se constituem a morada, a economia e 1 TORQUATO, E.M.S. Romarias e Alteridade: a primazia da escuta in: OLINDA, E.M.B.; SILVA, A.M.S. Vidas em Romaria. Fortaleza: Ed.UECE, 2016. 2 Emmanuel Levinas é um filósofo que viveu no século XX, nascido na Europa Oriental e tendo experimetnado os grandes acontecimentos do Ocidente neste período como as Guerras Mundiais. Herdeiro da tradição judaica talmúdica que sua condição étnica lhe possibilitou e também do diálogo com a tradição filosófica de vertente fenomenológica através de Husserl e Heidegger, além de Buber e outros, desenvolve um pensamento original, no diálogo com esta mesma tradição, quando coloca a condição de possibilidade do próprio pensar na relação com a alteridade, esquecida e absorvida por uma filosofia moderna da subjetividade. (TORQUATO, 2016, p. 78-81)

O objetivo desta dissertação é a compreensão da tese principal do
pensamento levinasiano: a ética... more O objetivo desta dissertação é a compreensão da tese principal do
pensamento levinasiano: a ética como filosofia primeira. Investigamos esta
questão a partir da obra pela qual Lévinas é mais conhecido e em que este
pensamento é apresentado de forma mais elaborada: “Totalidade e Ininito”. Com
esta afirmação ele apresenta uma crítica à filosofia nos moldes modernos – a
filosofia da subjetividade –, colocando a fundamentação do conhecimento na
relação com o outro, na intersubjetividade. Na base de todo o saber está a ética
que Lévinas também chama de relação metafísica, um acordo mínimo necessário,
respeitoso, pautado pela justiça, entre o eu e o outro. .
A estruturação do seu pensamento apresenta uma complexidade
desencadeada pelo fato de que, embora partindo da fenomenologia, ele traz
elementos ou categorias alheias ao pensamento ocidental elevando-os à posição
de categorias filosóficas. Constrói, assim, a sua reflexão retomando categorias
como ontologia, metafísica e ética e introduzindo termos da sabedoria judaica
como revelação, epifania, escatologia e messianismo.
Para entender sua tese se faz necessário compreender o significado das
principais categorias utilizadas na sua construção. Para tanto esta pesquisa está
estruturada a partir de três momentos: a reconstrução dos conceitos de
subjetividade, metafísica e alteridade por parte de Lévinas.
Uma subjetividade verdadeira, emancipada enquanto tal, só é possível
enquanto se realiza como abertura para a alteridade, enquanto “desejo
metafísico”. A isto Lévinas chama de “infinição do infinito”, ou seja, o infinito,
com a ajuda da compreensão de Descartes, apresenta-se como inadequação à
idéia de infinito no sujeito, irrompendo-o e ultrapassando. A partir daí buscamos
descrever todo o processo de constituição da subjetividade partindo da
sensibilidade passando pela teoria até chegar ao encontro na “epifania do rosto”
possibilitador da verdadeira “paz messiânica”.
Books by Emanuel Torquato

ARS MORIENDI, A MORTE E A MORTE DE SI: REPRESENTAÇÕES DA MORTE REAL E SIMBÓLICA SOB O FOCO DA INTERDISCIPLINARIDADE, 2018
Caros leitores e leitoras, o livro em mãos ou em tela é fruto das
relações sociais e intelectuais... more Caros leitores e leitoras, o livro em mãos ou em tela é fruto das
relações sociais e intelectuais de docentes-pesquisadores com experiência de
pesquisa, e discentes (graduação e mestrado) que iniciam sua jornada no mundo acadêmico. Oriundos de Grupos de Pesquisa da: Universidade Federal do
Cariri (UFCA), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade
Federal do Pernambuco (UFPE), Universidade Regional do Cariri (URCA),
Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), Centro Universitário Dr.
Leão Sampaio (UNILEÃO) e Faculdade Vale do Salgado (FVS), os autores
e autoras dessa coletânea, pautados pela interdisciplinaridade ousaram dizer
sobre as ars moriendi, a morte e a morte de si, em suas representações reais
e simbólicas.
As interlocuções interinstitucionais que atravessam os ensaios,
pesquisas teóricas e empíricas organizados nessa coletânea, originaram-se no
seio do Núcleo de Estudos Comparados em Corporeidades, Alteridade, Ancestralidade, Gênero e Gerações (NECA-GE) da Universidade Federal do Cariri (UFCA), no Laboratório Interdisciplinar em Estudos da Violência (LIEV)
do Centro Universitário Dr. Leão Sampaio (UNILEÃO) e, mais recentemente,
dos estudos e pesquisas que propõe o Programa de Mestardo Profissional em
Educação (PMPEDU), ligado ao Centro de Educação da URCA, através da
Linha 1 – Educação, Culturas e Diversidades e do Grupo de Estudo e de Pesquisa sobre Educação, Violência e Negritude, ligado ao Nucleo de Estudos
sobre Trabalho, educação e Desenvolvimento (NETED/URCA).
A “arte de morrer” era um título comum a livros e tratados antigos
que visavam preparar uma passagem para o eterno e amenizar o drama humano da fragilidade da vida, sobretudo no contexto das grandes epidemias
medievais. Constituía-se em guias para a boa morte. No entanto, a morte perpassa as culturas e épocas como um medo atemporal. Hoje pergunta-se pelo
lugar desse tema no contexto de uma banalidade generalizada de tudo o que é
humano, inclusive da experiência da morte. Tornou-se insignificante de diversas formas, assim como a vida.
As pesquisas aqui realizadas esforçam-se por tocar este tema tão
pungente hoje, no sentido que provoca uma dor viva. A partir de diversos
olhares que se entrecruzam e escutas diversas em meio a tagarelice contemporânea, perguntamos como nos chega a morte? Como ela vem até nós? Como
nos colocamos diante dela?
- 12 -
Assistimos nos dias atuais uma banalização e midiatização da mor
te. São imagens, filmagens e comentários nas redes sociais que
apresentam/expõem corpos e sentimentos. Escrever sobre esta temática, registrar histórias e refletir sobre a morte é parte do amadurecimento intelectual
dos pesquisadores deste livro. Assim nós organizadores, em nome dos autores
e autoras de cada um dos capítulos apresentados a diante, desejamos uma
curiosa e inquieta leitura.
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pensamento levinasiano: a ética como filosofia primeira. Investigamos esta
questão a partir da obra pela qual Lévinas é mais conhecido e em que este
pensamento é apresentado de forma mais elaborada: “Totalidade e Ininito”. Com
esta afirmação ele apresenta uma crítica à filosofia nos moldes modernos – a
filosofia da subjetividade –, colocando a fundamentação do conhecimento na
relação com o outro, na intersubjetividade. Na base de todo o saber está a ética
que Lévinas também chama de relação metafísica, um acordo mínimo necessário,
respeitoso, pautado pela justiça, entre o eu e o outro. .
A estruturação do seu pensamento apresenta uma complexidade
desencadeada pelo fato de que, embora partindo da fenomenologia, ele traz
elementos ou categorias alheias ao pensamento ocidental elevando-os à posição
de categorias filosóficas. Constrói, assim, a sua reflexão retomando categorias
como ontologia, metafísica e ética e introduzindo termos da sabedoria judaica
como revelação, epifania, escatologia e messianismo.
Para entender sua tese se faz necessário compreender o significado das
principais categorias utilizadas na sua construção. Para tanto esta pesquisa está
estruturada a partir de três momentos: a reconstrução dos conceitos de
subjetividade, metafísica e alteridade por parte de Lévinas.
Uma subjetividade verdadeira, emancipada enquanto tal, só é possível
enquanto se realiza como abertura para a alteridade, enquanto “desejo
metafísico”. A isto Lévinas chama de “infinição do infinito”, ou seja, o infinito,
com a ajuda da compreensão de Descartes, apresenta-se como inadequação à
idéia de infinito no sujeito, irrompendo-o e ultrapassando. A partir daí buscamos
descrever todo o processo de constituição da subjetividade partindo da
sensibilidade passando pela teoria até chegar ao encontro na “epifania do rosto”
possibilitador da verdadeira “paz messiânica”.
Books by Emanuel Torquato
relações sociais e intelectuais de docentes-pesquisadores com experiência de
pesquisa, e discentes (graduação e mestrado) que iniciam sua jornada no mundo acadêmico. Oriundos de Grupos de Pesquisa da: Universidade Federal do
Cariri (UFCA), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade
Federal do Pernambuco (UFPE), Universidade Regional do Cariri (URCA),
Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), Centro Universitário Dr.
Leão Sampaio (UNILEÃO) e Faculdade Vale do Salgado (FVS), os autores
e autoras dessa coletânea, pautados pela interdisciplinaridade ousaram dizer
sobre as ars moriendi, a morte e a morte de si, em suas representações reais
e simbólicas.
As interlocuções interinstitucionais que atravessam os ensaios,
pesquisas teóricas e empíricas organizados nessa coletânea, originaram-se no
seio do Núcleo de Estudos Comparados em Corporeidades, Alteridade, Ancestralidade, Gênero e Gerações (NECA-GE) da Universidade Federal do Cariri (UFCA), no Laboratório Interdisciplinar em Estudos da Violência (LIEV)
do Centro Universitário Dr. Leão Sampaio (UNILEÃO) e, mais recentemente,
dos estudos e pesquisas que propõe o Programa de Mestardo Profissional em
Educação (PMPEDU), ligado ao Centro de Educação da URCA, através da
Linha 1 – Educação, Culturas e Diversidades e do Grupo de Estudo e de Pesquisa sobre Educação, Violência e Negritude, ligado ao Nucleo de Estudos
sobre Trabalho, educação e Desenvolvimento (NETED/URCA).
A “arte de morrer” era um título comum a livros e tratados antigos
que visavam preparar uma passagem para o eterno e amenizar o drama humano da fragilidade da vida, sobretudo no contexto das grandes epidemias
medievais. Constituía-se em guias para a boa morte. No entanto, a morte perpassa as culturas e épocas como um medo atemporal. Hoje pergunta-se pelo
lugar desse tema no contexto de uma banalidade generalizada de tudo o que é
humano, inclusive da experiência da morte. Tornou-se insignificante de diversas formas, assim como a vida.
As pesquisas aqui realizadas esforçam-se por tocar este tema tão
pungente hoje, no sentido que provoca uma dor viva. A partir de diversos
olhares que se entrecruzam e escutas diversas em meio a tagarelice contemporânea, perguntamos como nos chega a morte? Como ela vem até nós? Como
nos colocamos diante dela?
- 12 -
Assistimos nos dias atuais uma banalização e midiatização da mor
te. São imagens, filmagens e comentários nas redes sociais que
apresentam/expõem corpos e sentimentos. Escrever sobre esta temática, registrar histórias e refletir sobre a morte é parte do amadurecimento intelectual
dos pesquisadores deste livro. Assim nós organizadores, em nome dos autores
e autoras de cada um dos capítulos apresentados a diante, desejamos uma
curiosa e inquieta leitura.
pensamento levinasiano: a ética como filosofia primeira. Investigamos esta
questão a partir da obra pela qual Lévinas é mais conhecido e em que este
pensamento é apresentado de forma mais elaborada: “Totalidade e Ininito”. Com
esta afirmação ele apresenta uma crítica à filosofia nos moldes modernos – a
filosofia da subjetividade –, colocando a fundamentação do conhecimento na
relação com o outro, na intersubjetividade. Na base de todo o saber está a ética
que Lévinas também chama de relação metafísica, um acordo mínimo necessário,
respeitoso, pautado pela justiça, entre o eu e o outro. .
A estruturação do seu pensamento apresenta uma complexidade
desencadeada pelo fato de que, embora partindo da fenomenologia, ele traz
elementos ou categorias alheias ao pensamento ocidental elevando-os à posição
de categorias filosóficas. Constrói, assim, a sua reflexão retomando categorias
como ontologia, metafísica e ética e introduzindo termos da sabedoria judaica
como revelação, epifania, escatologia e messianismo.
Para entender sua tese se faz necessário compreender o significado das
principais categorias utilizadas na sua construção. Para tanto esta pesquisa está
estruturada a partir de três momentos: a reconstrução dos conceitos de
subjetividade, metafísica e alteridade por parte de Lévinas.
Uma subjetividade verdadeira, emancipada enquanto tal, só é possível
enquanto se realiza como abertura para a alteridade, enquanto “desejo
metafísico”. A isto Lévinas chama de “infinição do infinito”, ou seja, o infinito,
com a ajuda da compreensão de Descartes, apresenta-se como inadequação à
idéia de infinito no sujeito, irrompendo-o e ultrapassando. A partir daí buscamos
descrever todo o processo de constituição da subjetividade partindo da
sensibilidade passando pela teoria até chegar ao encontro na “epifania do rosto”
possibilitador da verdadeira “paz messiânica”.
relações sociais e intelectuais de docentes-pesquisadores com experiência de
pesquisa, e discentes (graduação e mestrado) que iniciam sua jornada no mundo acadêmico. Oriundos de Grupos de Pesquisa da: Universidade Federal do
Cariri (UFCA), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade
Federal do Pernambuco (UFPE), Universidade Regional do Cariri (URCA),
Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), Centro Universitário Dr.
Leão Sampaio (UNILEÃO) e Faculdade Vale do Salgado (FVS), os autores
e autoras dessa coletânea, pautados pela interdisciplinaridade ousaram dizer
sobre as ars moriendi, a morte e a morte de si, em suas representações reais
e simbólicas.
As interlocuções interinstitucionais que atravessam os ensaios,
pesquisas teóricas e empíricas organizados nessa coletânea, originaram-se no
seio do Núcleo de Estudos Comparados em Corporeidades, Alteridade, Ancestralidade, Gênero e Gerações (NECA-GE) da Universidade Federal do Cariri (UFCA), no Laboratório Interdisciplinar em Estudos da Violência (LIEV)
do Centro Universitário Dr. Leão Sampaio (UNILEÃO) e, mais recentemente,
dos estudos e pesquisas que propõe o Programa de Mestardo Profissional em
Educação (PMPEDU), ligado ao Centro de Educação da URCA, através da
Linha 1 – Educação, Culturas e Diversidades e do Grupo de Estudo e de Pesquisa sobre Educação, Violência e Negritude, ligado ao Nucleo de Estudos
sobre Trabalho, educação e Desenvolvimento (NETED/URCA).
A “arte de morrer” era um título comum a livros e tratados antigos
que visavam preparar uma passagem para o eterno e amenizar o drama humano da fragilidade da vida, sobretudo no contexto das grandes epidemias
medievais. Constituía-se em guias para a boa morte. No entanto, a morte perpassa as culturas e épocas como um medo atemporal. Hoje pergunta-se pelo
lugar desse tema no contexto de uma banalidade generalizada de tudo o que é
humano, inclusive da experiência da morte. Tornou-se insignificante de diversas formas, assim como a vida.
As pesquisas aqui realizadas esforçam-se por tocar este tema tão
pungente hoje, no sentido que provoca uma dor viva. A partir de diversos
olhares que se entrecruzam e escutas diversas em meio a tagarelice contemporânea, perguntamos como nos chega a morte? Como ela vem até nós? Como
nos colocamos diante dela?
- 12 -
Assistimos nos dias atuais uma banalização e midiatização da mor
te. São imagens, filmagens e comentários nas redes sociais que
apresentam/expõem corpos e sentimentos. Escrever sobre esta temática, registrar histórias e refletir sobre a morte é parte do amadurecimento intelectual
dos pesquisadores deste livro. Assim nós organizadores, em nome dos autores
e autoras de cada um dos capítulos apresentados a diante, desejamos uma
curiosa e inquieta leitura.