Papers by Claudia Laitano
Nau literária, Jul 1, 2020
Resumo: Este trabalho busca levantar as representações literárias das relações de pais e filhos n... more Resumo: Este trabalho busca levantar as representações literárias das relações de pais e filhos negros ou mestiços ao longo do século 19, em especial depois da proibição do tráfico de escravos (1850). A partir da leitura de textos de autores como José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo, Bernardo Guimarães, Machado de Assis e Aluísio Azevedo, o trabalho propõe quatro categorias com que se pretende abarcar as visões mais comuns da paternidade mestiça em textos literários produzidos no Brasil no período abolicionista.

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Professor aposentado da Universidade de Bristol, no Reino Unido, onde ensinou literaturas de líng... more Professor aposentado da Universidade de Bristol, no Reino Unido, onde ensinou literaturas de língua portuguesa, e mais recentemente tradutor para o inglês de autores como Mia Couto, Henrique de Senna Fernandes, Onésimo Almeida e José Rodrigues Miguéis, o londrino David Brookshaw seria a grande estrela de um evento de estudos pós-coloniais marcado para o início de abril em Portugal. Pesquisadores de diversos países iriam se reunir em Lisboa para celebrar sua obra e apresentar trabalhos sobre estudos e traduções produzidos por Brookshaw ao longo de mais de 40 anos de vida acadêmica. A homenagem, cancelada por motivos óbvios, dá ideia do crescente prestígio de Brookshaw em Portugal, principalmente em função do seu trabalho como tradutor e divulgador de autores lusófonos. Mas foi no Brasil, e de certa forma via Porto Alegre, que surgiu uma das suas contribuições intelectuais mais interessantes e originais: o ensaio Raça & Cor na Literatura Brasileira, em que analisa o negro como autor e personagem. Quando a editora gaúcha Mercado Aberto publicou o livro no Brasil, em 1983, "lugar de fala" era tribuna, Monteiro Lobato não era racista e Machado de Assis era quase branco. Poucos eram os alunos negros nas faculdades de Letras e menos ainda os autores afrodescendentes sendo analisados em trabalhos acadêmicos. Com a curiosidade e o distanciamento de quem se aproximava da literatura brasileira com olhar de estrangeiro, Brookshaw revelava personagens afrodescendentes sendo retratados de forma estereotipada, mesmo por escritores supostamente liberais, e autores negros sendo ignorados ou esquecidos. Nos últimos anos, com o racismo estrutural brasileiro sendo empurrado a fórceps para fora do armário e cada vez mais alunos afrodescendentes tendo acesso às universidades e à oportunidade de questionar a história e o cânone, o estudo de Brookshaw tornou-se uma referência incontornável para quem estuda a presença (ou ausência) do negro na literatura
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