Papers by Caroline S Schroeder

41. COLÓQUIO DO COMITÊ BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA ARTE (CBHA), 2021
Ao final dos anos de 1960, após a instauração do AI-5, um boicote internacional ganhou impulso af... more Ao final dos anos de 1960, após a instauração do AI-5, um boicote internacional ganhou impulso afetando a organização da X Bienal de São Paulo, denunciando o autoritarismo do regime civil-militar e as insuficiências na direção da FBSP. Essa manifestação política, impulsionada por um grupo de artistas e intelectuais, propagou-se rapidamente alcançando diversos países, provocando uma série de cancelamentos à participação na mostra de 1969. Ao afetar a organização da X Bienal, o protesto coletivo interferia nas relações internacionais, na política cultural entre nações. Diante disso, aliando esforços, o boicote foi duplamente combatido, pela FBSP e também por instâncias do regime civil-militar, como o DSIEC (Divisão de Segurança e Informações do Ministério da Educação e Cultura), que empreendeu uma investigação para identificar os autores do protesto e impedir o esvaziamento da Bienal.
Tate Papers, 2022
The international boycott of the tenth São Paulo Biennial (1969) is widely cited as a successful ... more The international boycott of the tenth São Paulo Biennial (1969) is widely cited as a successful political intervention. The emphasis on its achievements overshadows the fact that within Brazil the call for boycott did not meet with consensus but sparked intense debate. Drawing from archival material and examining the conflicting perspectives that were expressed by artists and critics, this article addresses the complex history of a biennial targeted by boycott.
Viso: Cadernos de estética aplicada , 2020
Neste artigo proponho uma discussão sobre a Bienal de São Paulo e a trama de forças políticas e a... more Neste artigo proponho uma discussão sobre a Bienal de São Paulo e a trama de forças políticas e artísticas que a enredam desde a primeira edição, bem como as relações conflitantes com a comunidade artística e as instâncias governamentais intensificadas ao final dos anos de 1960. Ao trazer este caso ao debate, contribuindo com a reflexão sobre as bienais e seus efeitos em contexto locais, tenho em perspectiva a Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba, que está em sua 14ª edição e vem se consolidando na capital paranaense.
MODOS, 2019
Tendo como ponto de partida os documentos referentes ao dossiê Non à la Biennale de São Paulo, di... more Tendo como ponto de partida os documentos referentes ao dossiê Non à la Biennale de São Paulo, dispositivo impresso que contribuiu para alavancar o boicote coletivo e internacional à Bienal de São Paulo, em 1969, em reação à política autoritária do regime civil-militar, este artigo propõe uma discussão sobre a vigilância, censura e repressão às manifestações artísticas desde os primeiros anos da ditadura até a efetivação do boicote à bienal, com o intuito de avaliar seus efeitos e os desacordos em torno dos julgamentos da arte. Ao impor critérios políticos e morais, desqualificando o pensamento crítico, o autoritarismo do regime interferiu no circuito e nos sentidos da arte.
RESUMO Johann Wolfgang von Goethe, em Fausto, e Vilém Flusser, em A História do Diabo, serviram-s... more RESUMO Johann Wolfgang von Goethe, em Fausto, e Vilém Flusser, em A História do Diabo, serviram-se da mesma metáfora do mal para, cada um a seu modo, escrever seu tempo. O presente artigo estabelece uma reflexão sobre a modernidade considerando o pensamento político, ético e estético de cada um desses autores, tendo como mote a figura do diabo. Se em Goethe, Mefistófeles age sobre o indivíduo moderno, incitando a busca incessante pela satisfação dos seus anseios, em Flusser o diabo ganha um sentido mais geral, é o próprio tempo como progresso e atua na humanidade como um todo, impulsionando também a arte para sua constante renovação.

RESUMO Este texto aborda a participação do crítico Mário Schenberg nos preparativos da X Bienal d... more RESUMO Este texto aborda a participação do crítico Mário Schenberg nos preparativos da X Bienal de São Paulo, de 1969, ano em que um grupo de artistas e críticos promoveu um boicote internacional à mostra com o intuito de protestar contra as arbitrariedades cometidas pelo regime militar. Schenberg seguiu na contramão daqueles que apoiaram o protesto e auxiliou na organização da Bienal. Essa decisão, aparentemente contradi-tória, considerando sua posição política notadamente de esquerda, mostra-se coerente com seu conceito de arte como revolução e do artista como agente transformador do meio em que vive.
ABSTRACT This paper adresses the critic Mário Schenberg' participation at the preparations of the 10th São Paulo Biennial in 1969, the year in which a group of artists and critics promoted an international boycott to the show in order to protest against the arbitrary actions committed by the military regime. Schenberg followed in the opposite direction of those who supported the protest and assisted the biennial organization. This decision, apparently contradictory, especially considering his left political position, is coherent with his concept of art as revolution and of the artist as an agent of transformation of the environment in which he lives.
As adesões de Mário Pedrosa e Pierre Restany ao boicote de artistas e críticos à X Bienal de São ... more As adesões de Mário Pedrosa e Pierre Restany ao boicote de artistas e críticos à X Bienal de São Paulo, em 1969, foram decisivas para o fortalecimento desta manifestação política. Em seus textos, os críticos diagnosticavam uma crise no mundo moderno e na própria arte. Ambos mostravam-se cada vez mais céticos quanto à real possibilidade de qualquer impulso de liberdade artística e intelectual em uma sociedade capitalista, marcada pela oficialidade do Estado autoritário e do mercado. Ao aderirem ao boicote, eles entendiam que não havia lugar para a livre experiência da arte e da crítica dentro do espaço da Bienal.

RESUMO Este artigo investiga o embate entre artistas, críticos de arte e a Bienal de São Paulo no... more RESUMO Este artigo investiga o embate entre artistas, críticos de arte e a Bienal de São Paulo nos anos que antecederam o boicote de 1969, para mostrar que o debate em torno dos acontecimentos políticos veio acompanhado de questionamentos sobre o sentido da " obra de arte " , o papel da instituição e o formato da mostra, pressionando a Fundação Bienal a rever seu funcionamento para abrir-se às novas experiências artísticas. A certa altura dos acontecimentos, após várias tentativas de se estabelecer um diálogo com a instituição, já não havia mais a ilusão, para aqueles que apoiaram o protesto, de que seria possível salvaguardar o espaço da Bienal para o livre exercício da arte e da crítica, e desse modo, para a livre comunicação com o público.
ABSTRACT This article investigates the clash between artists, art critics and the Bienal de São Paulo in the years before the 1969 boycott, to show that the debate on political events was accompanied by questions about the meaning of "work of art" the institution's role and the exhibition format, pressing the Biennial Foundation to review its operation to open up to new artistic experiences. At one point in time, after several attempts to establish a dialogue with the institution, there was no longer the illusion, to those who supported the protest, it would be possible to safeguard the Biennale space for the free exercise of art and criticism and thus, to open communication with the public.

Esta dissertação discute a X Bienal de São Paulo, de 1969, buscando investigá-la dentro de uma co... more Esta dissertação discute a X Bienal de São Paulo, de 1969, buscando investigá-la dentro de uma conjuntura sociopolítica e cultural marcada pelas arbitrariedades de um regime ditatorial, pelas manifestações coletivas contrárias às injustiças, e pela tomada de uma consciência social por artistas e críticos de arte. O estudo procura, dessa forma, ampliar a discussão para além do boicote que atingiu a organização e realização da mostra.
Por meio de uma extensa pesquisa dos documentos relativos ao assunto acumulados no Arquivo Histórico Wanda Svevo – Fundação Bienal de São Paulo, foi possível juntar um material informativo que auxiliou na reconstrução dos fatos. Ao lado disso, para estabelecer uma análise crítica dos dados encontrados, recorreu-se aos relatos dos acontecimentos publicados na imprensa escrita da época e a uma bibliografia atualizada do campo da política, da sociologia, da história e da arte.
A pesquisa apresenta os diversos ângulos de visão e atitude que permearam o boicote e a X Bienal inseridos no contexto efervescente do final da década de 1960. A mostra se concretizou marcada por contestações políticas e culturais e reverberou internamente os mesmo conflitos e contradições ideológicas do cenário macropolítico. Essa agitação teve como origem o impulso utópico por transformações radicais das estruturas conservadoras.
Books by Caroline S Schroeder
Bienal de São Paulo desde 1951 (Sumário), 2022
"As Bienais se organizam por meio de uma trama complexa que entrelaça arte, cultura, política e e... more "As Bienais se organizam por meio de uma trama complexa que entrelaça arte, cultura, política e economia, contornando tensões entre o local e o global. As mostras de 1967 (9a) e 1969 (10a), embora tenham acontecido na sequência, separadas apenas por dois anos, resultaram em exposições muito distintas, tanto no que foi apresentado ao público, quanto nos debates que suscitaram. Ambas ocorreram durante o regime civil-militar, porém uma antes e outra depois da instauração do Ato Institucional n.5, decretado em 13 de dezembro de 1968, com o qual o governo, munindo-se de poderes extraordinários, aprofundou a ditadura nos anos seguintes."
AI-5 50 Anos: ainda não terminou de acabar. (sumário), 2018
Catálogo da exposição "AI-5 50 Anos: ainda não terminou de acabar", Paulo Myiada (Org.), Institut... more Catálogo da exposição "AI-5 50 Anos: ainda não terminou de acabar", Paulo Myiada (Org.), Instituto Tomie Ohtake, 4 set - 4 nov., 2018.

Escovar a história a contrapelo, 2018
Organizado por Aline Natureza e Kamilla Nunes, o livro "Escovar a história a contrapelo" reúne te... more Organizado por Aline Natureza e Kamilla Nunes, o livro "Escovar a história a contrapelo" reúne textos e ensaios visuais produzidos por artistas, ativistas, pesquisadores e curadores durante o período eleitoral e pós-eleitoral (2018), com o intuito de refletir sobre o momento atual. Em “Salvem os rastros!”, ressalto o ataque recente aos livros sobre direitos humanos na Biblioteca Central da Universidade de Brasília (UnB), colocando em destaque uma das evidências: a página rasgada com a fotografia de um instante da passeata que levou milhares de pessoas ao centro do Rio de Janeiro para dizer não à ditadura civil-militar, em 26 de junho de 1968. Trata-se de uma breve reflexão sobre o cerceamento da liberdade do pensamento e acesso ao conhecimento, considerando que os rastros da história não se libertam da barbárie nem mesmo quando transitam de um tempo ao outro.
Conference Presentations by Caroline S Schroeder
XI Congreso Internacional de Teoría e Historia de las Artes / XIX Jornadas del CAIA, 2021
Comunicação disponível em: http://congreso.caia.org.ar/sesiones-2/?playlist=436f997&video=c140802

Caderno de Resumos - 41o Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2021
Propomos abordar as obras da artista contemporânea Carla Guagliardi (Rio de Janeiro, 1956), utili... more Propomos abordar as obras da artista contemporânea Carla Guagliardi (Rio de Janeiro, 1956), utilizando a delicadeza como chave de leitura. Partindo da fragilidade e da instabilidade, inerentes a todo trabalho de arte, encaramos a sutileza como potência poética. Poderíamos pensar numa política da delicadeza? No vocabulário plástico da artista, ela toma delineamentos próprios, como uma espécie de reação às diferentes violências-políticas, econômicas, sociais e institucionais-que operam no Brasil. Podemos abordar a sutileza como resposta às diversas precariedades que afligem o país? Sutileza e delicadeza repercutem afirmativamente nos trabalhos de Guagliardi e alcançam dimensões propositivas de grande força poética. Entre 1988 e 1993, ela integrou o Visorama, coletivo responsável pela recuperação da atitude questionadora de artistas da década de 1970. O grupo foi formado no Rio de Janeiro por importantes nomes das artes visuais, entre os quais se destacam: Analu Cunha, Brígida Baltar, Eduardo Coimbra, João Modé, Rosângela Rennó, Ricardo Basbaum, Valeska Soares, etc. O Visorama propunha uma posição não passiva frente ao circuito, contemplando também a produção discursiva. Ainda que seu trabalho tenha surgido na chamada Geração 80, as obras de Guagliardi extrapolam a análise que atrela a produção artística da década com o retorno à pintura. Depois de um período de formação na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, entre os anos 1980 e 1990, em 1997, mudou-se para Berlim, cidade na qual vive e trabalha. Ela vem realizando exposições individuais e integrando coletivas no Brasil e na Europa. Sua pesquisa se concentra nas relações entre tempo e espaço, explorando possibilidades escultóricas e instalativas, e também vem produzindo fotografias, vídeos e desenhos. Além da fortuna crítica que inclui textos de críticos e curadores nacionais e internacionais sobre os trabalhos da artista, também embasará a comunicação uma entrevista realizada em 2020, ainda inédita. Como arcabouço teórico, utilizaremos as análises propostas por Rodrigo Naves em A forma difícil. Mas, ao contrário do que atesta o crítico, a "relutância em estruturar fortemente os trabalhos", não faz com que as obras ameacem "ceder a qualquer momento". De maneira oposta, inscrevem sua vitalidade justamente nesses espaços simples e delicados, tais como aqueles dos haicais japoneses.
Uploads
Papers by Caroline S Schroeder
ABSTRACT This paper adresses the critic Mário Schenberg' participation at the preparations of the 10th São Paulo Biennial in 1969, the year in which a group of artists and critics promoted an international boycott to the show in order to protest against the arbitrary actions committed by the military regime. Schenberg followed in the opposite direction of those who supported the protest and assisted the biennial organization. This decision, apparently contradictory, especially considering his left political position, is coherent with his concept of art as revolution and of the artist as an agent of transformation of the environment in which he lives.
ABSTRACT This article investigates the clash between artists, art critics and the Bienal de São Paulo in the years before the 1969 boycott, to show that the debate on political events was accompanied by questions about the meaning of "work of art" the institution's role and the exhibition format, pressing the Biennial Foundation to review its operation to open up to new artistic experiences. At one point in time, after several attempts to establish a dialogue with the institution, there was no longer the illusion, to those who supported the protest, it would be possible to safeguard the Biennale space for the free exercise of art and criticism and thus, to open communication with the public.
Por meio de uma extensa pesquisa dos documentos relativos ao assunto acumulados no Arquivo Histórico Wanda Svevo – Fundação Bienal de São Paulo, foi possível juntar um material informativo que auxiliou na reconstrução dos fatos. Ao lado disso, para estabelecer uma análise crítica dos dados encontrados, recorreu-se aos relatos dos acontecimentos publicados na imprensa escrita da época e a uma bibliografia atualizada do campo da política, da sociologia, da história e da arte.
A pesquisa apresenta os diversos ângulos de visão e atitude que permearam o boicote e a X Bienal inseridos no contexto efervescente do final da década de 1960. A mostra se concretizou marcada por contestações políticas e culturais e reverberou internamente os mesmo conflitos e contradições ideológicas do cenário macropolítico. Essa agitação teve como origem o impulso utópico por transformações radicais das estruturas conservadoras.
Books by Caroline S Schroeder
Conference Presentations by Caroline S Schroeder
ABSTRACT This paper adresses the critic Mário Schenberg' participation at the preparations of the 10th São Paulo Biennial in 1969, the year in which a group of artists and critics promoted an international boycott to the show in order to protest against the arbitrary actions committed by the military regime. Schenberg followed in the opposite direction of those who supported the protest and assisted the biennial organization. This decision, apparently contradictory, especially considering his left political position, is coherent with his concept of art as revolution and of the artist as an agent of transformation of the environment in which he lives.
ABSTRACT This article investigates the clash between artists, art critics and the Bienal de São Paulo in the years before the 1969 boycott, to show that the debate on political events was accompanied by questions about the meaning of "work of art" the institution's role and the exhibition format, pressing the Biennial Foundation to review its operation to open up to new artistic experiences. At one point in time, after several attempts to establish a dialogue with the institution, there was no longer the illusion, to those who supported the protest, it would be possible to safeguard the Biennale space for the free exercise of art and criticism and thus, to open communication with the public.
Por meio de uma extensa pesquisa dos documentos relativos ao assunto acumulados no Arquivo Histórico Wanda Svevo – Fundação Bienal de São Paulo, foi possível juntar um material informativo que auxiliou na reconstrução dos fatos. Ao lado disso, para estabelecer uma análise crítica dos dados encontrados, recorreu-se aos relatos dos acontecimentos publicados na imprensa escrita da época e a uma bibliografia atualizada do campo da política, da sociologia, da história e da arte.
A pesquisa apresenta os diversos ângulos de visão e atitude que permearam o boicote e a X Bienal inseridos no contexto efervescente do final da década de 1960. A mostra se concretizou marcada por contestações políticas e culturais e reverberou internamente os mesmo conflitos e contradições ideológicas do cenário macropolítico. Essa agitação teve como origem o impulso utópico por transformações radicais das estruturas conservadoras.