Books by Ana Karolina Flores Bibiano

A música e seus encontros: da paisagem sonora à análise musical, 2023
Se cada capítulo deste volume é independente e pode, portanto, ser lido de maneira isolada, na le... more Se cada capítulo deste volume é independente e pode, portanto, ser lido de maneira isolada, na leitura do conjunto parece haver um horizonte comum que atravessa o livro de uma ponta à outra. Até onde eu sei, isso não foi planejado expressamente, embora talvez os autores tenham sido convidados justamente pela sua sensibilidade em relação a essas questões, que se manifestam como uma ressonância presente nos diversos temas abordados. De qualquer maneira, ecoam ao longo do livro algumas problemáticas que parecem chaves para a pesquisa em música na atualidade. Uma dessas gira em torno do eixo percepção/escuta/experiência-conceitos frequentemente tratados em íntima relação, algumas vezes em primeira pessoa, tornando o autor uma parte ativa da pesquisa. Tal problemática é tratada de perspectivas e abordagens diferentes e em alguns textos de forma tangencial. De qualquer modo, é sumamente relevante que, em termos de pesquisa em música, essa problemática foi praticamente ausente em publicações do século passado (século XX), que não está tão distante, e poderíamos suspeitar que não esteja completamente encerrado. Cabe salientar que, como está sendo apontado, não se trata somente do valor de cada experiência em particular, mas sim de como a experiência toma o seu lugar na pesquisa, em muitos casos inclusive, sendo a sua base o seu ponto de partida. À luz das contribuições aqui presentes, posso afirmar que esta é a preocupação dos autores. Neste sentido, em maior ou menor grau e com diferente abrangência nos diversos capítulos, há uma busca por novos modos de compreender e fazer pesquisa em música, o que complementa esse horizonte comum presente nos textos aqui apresentados. Isto não quer dizer, é claro, que tudo o que este livro traz seja revolucionário ou que surjam novas teorias dele. O leitor não encontrará conceitos radicais, fechados, soluções definitivas, nem tampouco novas verdades, mas sim reflexões, propostas, possíveis rumos e caminhos em aberto, ainda que baseados em conceitos amplamente discutidos e, em muitos casos, aceitos ao longo do século passado. Este prefácio, então, tem esse duplo objetivo: por um lado, o mais clássico de antecipar ao leitor com o que ele vai se deparar, trazendo brevíssimos comentários sobre cada um dos capítulos; por outro e ao mesmo tempo, busca expor ou pelo menos apontar, para essas ressonâncias que às vezes estão um pouco ocultas. Os textos aqui incluídos foram classificados em dois tipos: Parte I-Vivências artísticas e criativas em diferentes contextos, que tratam de processos criativos e relacionados à paisagem sonora; e Parte II-Para além da partitura, que abordam trabalhos relativos à estética e/ou análise musical. No entanto, em vários casos, essa classificação não funciona, já que as "subáreas" se entrecruzam em vários pontos. Alguns capítulos, por exemplo, que partem da perspectiva da paisagem sonora, tratam da reflexão/descrição de processos criativos ou da sua aplicabilidade no ensino. Outros, de viés analítico, parecem deixar entrever seu interesse pela interrelação análise/composição ou análise/interpretação. Na Parte I-Vivências artísticas e criativas em diferentes contextos, no primeiro capítulo, Paisaje sonoro. Herramienta pluridisciplinar entre educación musical y ambiental, Palmese, Arribas e Antolín articulam diversas propostas teóricas, próprias do século XX, no eixo das abordagens contemporâneas do estudo da música, desde a música dos ruídos até a paisagem sonora e conceitos derivados dela. Eles defendem a necessidade de uma abordagem transdisciplinar mais ampla e contextualizada, que (re-)inclua o sujeito, o coletivo e o cotidiano, enfatizando a importância de uma nova conceituação das práticas da escuta. Após uma detalhada revisão histórica dos pontos principais que constroem a sua concepção, os autores evidenciam novas práticas criativoeducacionais, que constituem eixo principal do texto. No segundo capítulo, Antropoceno: paisaje sonoro en la creación musical y la investigación artística/artistic research, Molinari chama a atenção para a percepção do ambiente, trazendo o caso do delta do Parnaíba, e as possibilidades criativas, principalmente na composição, desde a perspectiva da paisagem sonora a través da investigação artística, tendo, como protagonista, a relação de indivíduos e coletivos humanos e não-humanos como o ambiente. A partir de autores como Merleau-Ponty y Peirce, além do Schafer (e outros), ao longo do texto deixa claro que um dos pontos de partida é a apertura à experiência, indicando e dando prioridade a "uma capa de conhecimento fora do domínio da escritura". Com este arcabouço, a autora descreve a sua experiência na criação e realização do ciclo Parnaíba das Américas-o Delta, e em particular da Miniatura IV-Escuta do Sol Poente. Em seguida menciona alguns trabalhos que surgiram como resultado de tal experiência, para concluir nos convidando a pensar possíveis aproximações entre "música, ecologia acústica, arte sonora ambiental e educação musical para contribuir nas ações transformadoras colocadas pela emergência da situação ambiental que vivemos no antropoceno". No terceiro capítulo, Poluição sonora: a "performance da escuta" como instrumento de educação musical e conscientização de fronteiras entre o público e o privado, Duarte e Lima compartilham a sua experiência com a paisagem sonora de diversos lugares, com foco especial numa praia em Cotijuba, em Belém-Pará. Com base em vários conceitos relativos à paisagem sonora, articulados com os de "espaço" e "lugar" de Certau, bem como o conceito de "performance da escuta" de Lima, entre outros, tratam da sua experiencia em relação à "poluição sonora" de uma, até há pouco tempo, "paisagem sonora natural", hoje transformada num "ambiente sônico congestionado" pelo som de múltiplas caixas de som atuando ao mesmo tempo "causando um estado de caos sônico". A seguir relatam algumas experiências em sala de aula que destacam a necessidade de "conscientização" e "valorização da paisagem sonora natural". Com base nisso, os autores propõem a reflexão sobre o tema da poluição sonora e lançam desafios "objetivando possíveis alternativas para um equilíbrio de respeito mútuo". Eles também sugerem o desenvolvimento de "atividades no campo da 'limpeza de ouvidos' e da 'performance da escuta' em ambientes de sala de aula". No quarto capítulo, Paisagem sonora urbana: ilhas de disciplinamento ilhas de disciplinamento, panoptismos e de realidade normalizada, Oliveira, Bibiano, Vieira e Maia trazem uma aguçada crítica aos modos de utilização do espaço em praças públicas de Belém do Pará, utilizando os conceitos de disciplina e panoptismo de Michel Foucault, resultado de experiencias de soundwalking. Os autores refletem sobre e a partir das suas experiências não só acústica, mas também visual e política, e como estas reflexões podem resultar em ações no âmbito educacional. Uma das preocupações centrais é sobre a relação instituição-sujeito, e como a vivência artística pode, pelo menos momentaneamente, rearticular essa relação. No quinto capítulo, Devires-musicatuantes: vivências artísticas e performatividades cênicomusicais em espaços culturais e educacionais, Pederiva, Miranda e Vieira exploram a dimensão da experiência no fazer artístico-performático indagado através dos conceitos de devir (de Deleuze e Guattari) e de musicatuante, proposto por Pederiva em seu trabalho de mestrado. Desde a introdução, os autores estabelecem um diálogo entre esses conceitos e a experiência e a autopercepção dos musicatuantes, o que por si só traz profundas reflexões. Em seguida, os autores compartilham relatos de duas experiências de propostas educativas musicatuantes realizadas no Pará, a fim de propor, a partir dos "devir-cênico da música" e do "devir-musical do teatro", um "terceiro devir" que possa "potencializar a multiplicidade de vivências artísticas" entendida como "atividade humana autêntica na cultura". Na Parte II-Vivências artísticas e criativas em diferentes contextos, no sexto capítulo, Sobre o papel das qualidades emocionais na estrutura da obra musical: a crítica de Ingarden a Hanslick, Zangheri apresenta um confronto entre as ideias de Hanslick, expostas em seu conhecido trabalho Do belo musical, e as de Ingarden, com base nas concepções filosóficas de ambos os autores. O tema central dessa discussão é a pertinência dos sentimentos para Hanslick e das qualidades emocionais para Ingarden em relação à música. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que destaca os pontos essenciais do pensamento hanslickiano, confrontando-os com as críticas e a concepção do fenomenólogo polonês, a fim de extrair "uma série de consequências, contribuições e limitações tanto para a apreciação quanto para a teoria e análise musicais". No sétimo capítulo, Gras propõe uma tradução de Spectromorphology: Explaining Sound-shapes (1997) de Denis Smalley, e no oitavo capítulo, Aproximación a la aplicación del modelo espectromorfológico al estudio de música instrumental basada en el sonido, o mesmo autor realiza uma descrição dos primeiros momentos de Tableau (1988) de Helmut Lachenmann, utilizando o modelo espectromorfológico proposto por Smalley. Essa abordagem representa uma tentativa de descrever uma parte da experiência sonora, uma vez que o modelo proposto pelo autor inglês está baseado na percepção. O artigo de Smalley, é uma das principais referências utilizadas na descrição de Tableau. No nono capítulo, Sonâncias II para violino e piano, de Edino Krieger: colaboração entre musicologia analítica, histórica e performance musical, Zomer, Lopes e Tokeshi, colaboram na articulação de três subáreas-história, análise e intepretação. A abordagem biográfica contextualiza a situação de criação da obra analisada que, por sua vez, traz subsídios para a interpretação. A longa e detalhada descrição analítica da peça é utilizada como auxílio às interessantes notas interpretativas, tais como "atmosfera de tensão gradativa" ou "linhas curtas e...
Papers by Ana Karolina Flores Bibiano
DOAJ (DOAJ: Directory of Open Access Journals), Jul 1, 2013
Ao longo da historia observa-se uma grande evolucao no campo da ciencia e da tecnologia, inovando... more Ao longo da historia observa-se uma grande evolucao no campo da ciencia e da tecnologia, inovando e facilitando a vida das pessoas. Paralelo a esse processo as pessoas transformaram alguns habitos e em especial, as criancas modificaram “o seu brincar”, ou seja, alem das brincadeiras de esconder, pegar, brincar de boneca, elas tambem brincam com jogos virtuais, videogames, laptops como os da barbie e do max steel. Nesse sentido, hoje desde muito cedo as criancas manuseiam com facilidade controles remotos, celulares e computadores. Nesta perspectiva, elas vem ganhando espaco em sites de entretenimento e jogos infantis, os quais estao atentos a esta demanda ampliando cada vez mais a oferta e variedades de jogos.
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