Chapters in Books by Ana Godoy
Pedimos somente um pouco de ordem para nos proteger do caos. Nada é mais doloroso, mais angustian... more Pedimos somente um pouco de ordem para nos proteger do caos. Nada é mais doloroso, mais angustiante do que um pensamento que escapa a si mesmo, idéias que fogem, que desaparecem apenas esboçadas, já corroídas pelo esquecimento ou precipitadas em outras, que também não dominamos. (...) Perdemos sem cessar nossas idéias. É por isso que queremos tanto agarrarmo-nos a opiniões prontas. (Deleuze; Guattari, 2000, p. 255).

Conexões: Deleuze e Vida e Fabulações, e..., 2010
Canto I Cantem , louvem e escrevam sempre extremos. 2 [o que precisa ser escrito com urgência e q... more Canto I Cantem , louvem e escrevam sempre extremos. 2 [o que precisa ser escrito com urgência e que exige um primeiro gesto qualquer catálogável, figurativo ou narrativo e o trabalho de torcer isso até que, quem sabe, chegue a vocês qualquer outra coisa. trabalho impossível.] Esse pequeno bloco com o qual, desavisadamente, início minha fala parece, à primeira vista, desgraçadamente distante daquilo que o resumo anunciara. É forçoso tentar então uma segunda vista: eis ali um pequeno bloco em que a urgência do que precisa ser escrito faz coincidir um primeiro gesto qualquer catalógavel com a impossibilidade de desfazê-lo, mas mais ainda faz coincidir a impossibilidade de desfazê-lo com a impossibilidade de começar que um primeiro gesto qualquer busca enfrentar. Digamos que já tenhamos nos visto frente a uma página branca, comprimidos entre o possível do começo e a impossibilidade de começar. Digamos mais: que nesse momento o que se experimenta é o dilaceramento do corpo universal do leitor que tem que enfrentar a leitura banal que o constitui socialmente como público, tanto quanto o corpo universal do escritor que têm que enfrentar a escrita que o constitui politicamente como expressão de um público. Digamos ainda, que nesse momento está-se a beira do abismo como a beira de um combate, um combate em que se retoma o ato transgressivo da escrita e se escreve para desfazer as coisas.

Conexões: Deleuze e Imagem e Pensamento, 2011
O verdadeiro sonhador, dizia Proust, é o que vai verificar alguma coisa 3 . 1 Este texto foi elab... more O verdadeiro sonhador, dizia Proust, é o que vai verificar alguma coisa 3 . 1 Este texto foi elaborado tendo em vista a idéia de aprendizagem experimental tal como apresentada por Luiz B. L. Orlandi em "Procedimentos expressivos" (PUCSP, 1º/2005) considerando-a da perspectiva de uma transformação agonística do pensador, não como sujeito, mas como um sistema intensivo, entendendo ser esta a questão que subjaz o artigo "Causas e razões da ilha deserta", in: David Lapoujade (Org.) A Ilha Deserta e outros textos. São Paulo: Iluminúras, 2006. A força desta aproximação está no problema da individuação tal como o coloca Deleuze, em Gilbert Simondon, o indíviduo e sua gênese físicobiológica, ao tomar o indivíduo como meio de individuação. O desafio, aqui, foi elaborar um texto cuja escrita e leitura exprimisse -como coloca Deleuze em Bergsonismo (Trad. Luiz B. L. Orlandi). São Paulo: 34, 1999 -, o movimento que desnatura as coisas, mas enquanto fundado nas próprias coisas de maneira que o pensamento repita o movimento nas imagens que cria; imagens que, como as coisas, se perdem; imagens do esquecimento (cf. p. 125-126). Por outro lado, quando Nietzsche aponta a possibilidade de o conceito se tornar poético, possibilidade introduzida por Schonpenhauer em O mundo como vontade e representação, e, portanto, de envolver uma poiésis que desmancha todo discurso representacional ou imperial (cf. Gilles Deleuze em Pensamento nômade, in: A Ilha Deserta, p. 323, 326-327) ao colocar-se em relação com o tempo como duração, pondo em jogo a linguagem e a produtividade textual. Aí a importância do barroco lezamiano, do qual o texto procura se avizinhar, ao afirmar uma escrita da ruptura e da germinação; uma escrita que funde nela mesma o movimento referido por Deleuze em Bergsonismo e tão sobriamente apresentado no artigo "Causas e razões da ilha deserta". O texto, preparado para ser lido em voz alta, não presta contas das referências as quais, por sua vez, foram mantidas, como o leitor notará, entre chaves e colchetes e alinhavadas no rodapé. Estas referências pretendem menos atender ao despotismo acadêmico e mais afirmar o "canteiro de obras" que é o pensamento e também a vida. Chegará o dia, espera-se, em que este canteiro poderá ser dito tão somente poético, e vida e pensamento recusarão de um só golpe o atributo acadêmico em proveito do complô e que cada nome será apenas uma força viva, uma fome, ao modo de Artaud. 2 Doutora em Ciências Sociais pela PUCSP, realiza seu segundo pós-doutorado na Faculdade de Educação da UNICAMP e é autora de A menor das ecologias. São Paulo: EDUSP, 2008. 3 Gilles Deleuze em Conversações: 1972-1990. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992, p. 100. Nunca é demais lembrar "que toda autêntica experiência é uma viagem, um percurso que atravessa a vida de quem a sustenta. É também um perigo" visto que implicado nela está o ensaio. Cf. Walter O.

Educação e imagens: instituições escolares, mídias e contemporaneidade., 2010
Aqui estamos. Três colegas que se encontraram em situações de busca, enredados mais uma vez. Noss... more Aqui estamos. Três colegas que se encontraram em situações de busca, enredados mais uma vez. Nosso primeiro encontro, em trio, se deu numa fria tarde no café da Casa das Rosas na Avenida Paulista. Ali discutimos o minicurso que daríamos no GT de educação ambiental da Anped, intitulado "Meio Ambiente, Cultura e Educação", em outubro de 2009. Dois dos episódios aqui apresentados, o de Ana Godoy e o de Leandro Belinaso Guimarães são originados desse minicurso. O terceiro episódio, de autoria de Marcos Reigota, é uma versão ampliada de conferência dada no México num seminário sobre os 31 anos da Carta de Tbilisi. O mesmo texto foi também apresentado na conferência de abertura das comemorações dos 10 anos do Curso de Especialização em Educação Ambiental da USP, em São Carlos. O que os três episódios têm em comum e o que têm de específicos? Podemos sugerir algumas respostas, mas convidamos nossos leitores e leitoras a que façam o exercício. No entanto, adiantamos que os três episódios estão envolvidos com o olhar que lançamos ao mundo e como que esse olhar caracteriza nossas intervenções cotidianas, assim como a nossa produção teórica e/ou imagética. Eles convidam e estimulam ações de ver/olhar/observar como uma condição do ser/estar no mundo. Como se olha, fotografa, imagina e se narra a vida cotidiana contemporânea é um processo pedagógico e, portanto, político dos questionamentos que (nos) fazemos. Nossos episódios mesclam possibilidades,

Educação menor: conceitos e experimentações, 2013
0] um texto, uma máquina, um procedimento Rendez-vous Du Dimanche 6 Février 1916. Começou com uma... more 0] um texto, uma máquina, um procedimento Rendez-vous Du Dimanche 6 Février 1916. Começou com uma mexidinha a fim de adaptar o texto -escrito para este livro em 2008 -à configuração que o volume veio a ganhar em 2010. Algumas coisas já haviam sido ditas e havia outras que queria dizer. No emaranhado das linhas que atravessam minha pesquisa de pós doutorado 1encerrada no início de 2009 -, as viagens e oficinas que a desdobraram, os encontros com o Grupo Transversal e aquilo que insiste no momento da escrita deram à mexidinha ares de um pequeno jogo entre eu e 'si mesmo'. Mais (ou menos) do que uma adaptaçãopara a qual havia me disposto -, a percussão destas linhas produziu uma verdadeira mutação no texto elaborado anteriormente: alguns blocos foram mantidos, outros transformados pela leitura subseqüente, novos blocos foram criados. Em todo caso, importa salientar que os blocos sempre funcionam diferentemente ao se conectarem a estas e aquelas elaborações conceituais, anotações, etc. Acontece, então, de me ver às voltas já nestas primeiras linhas com esboço de uma pequena máquina... O esboço testemunha, portanto, um procedimento ou, como teria dito Van Gogh, testemunha um modo de registrar as coisas no momento em que elas se produzem. O leitor não deve, todavia, enganar-se, pois as coisas que se registra não são exclusivamente aquelas que a linguagem designa, mas os traços, as tonalidades, o procedimento que a trabalha... Acontece, então, de me ver também às voltas com aquela dimensão tão precisamente formulada por Deleuze ao perguntar: a que nos dedicaremos senão àqueles problemas que demandam a verdadeira transformação de nossos corpos e de nossa linguagem? É preciso começar.
Perspectivas de investigação no campo da educação ambiental & educação em ciências, 2011
Nossa era torna-se a era das minorias. Vimos várias vezes que estas não se definiam necessariamen... more Nossa era torna-se a era das minorias. Vimos várias vezes que estas não se definiam necessariamente pelo pequeno número, (...) mas pelo desvio que as separa desse ou daquele axioma que constitui uma maioria redundante.
Grafias do Espaço: imagens da educação geográfica contemporânea, 2013
Existe entre os seres entre as coisas um território virgem, uma terra inexplorada.
Articles by Ana Godoy
Resumo: A partir da relação entre eventos diversos e certa cinematografia e literatura, o artigo ... more Resumo: A partir da relação entre eventos diversos e certa cinematografia e literatura, o artigo procura esboçar a relação entre catástrofe, governo e imaginação como componentes eficazes das mudanças climáticas, bem como, e principalmente, vislumbrar seus abalos e os funcionamentos que a eles escapam e se contrapõem. Palavras-chave: Catástrofe. Imaginação. Mudanças climáticas. Seismography Abstract: As from the connection between various events and certain cinematography and literature, the article tries to draft the relationship between catastrophe, government and imagination as effective components of climate change, as well as mainly tries to glimpse their undermining and the functionings that escape and oppose to it.
Essa história começa ao rés do chão, com passos.

Valendo-me de trechos do livro O naufrágio do Titânic de Hans M. Enzesberger, bem como de outros ... more Valendo-me de trechos do livro O naufrágio do Titânic de Hans M. Enzesberger, bem como de outros poetas e artistas, proponho explorar a relação entre uma certa ecologia -a qual chamarei menor -, que remete àquilo que na vida permanece indomesticável, escapando insistentemente aos sistemas de ordenação, sejam eles quais forem; com a anarquia, esta última entendida como afirmação do desigual e do excesso, da diferença sem mediação, como o incondicionado de qualquer individuação possível e coextensiva às relações nas quais se entra, aos problemas inventados e às decisões tomadas. Ambas inseparáveis, portanto, de uma metamorfose no pensamento, de uma transformação no corpo, na linguagem e nas relações como meio de invenção e de combate aos modelos hierarquizantes e às conciliações conformistas e reativas que conservam condições e agentes como fatores e princípios que legislam sobre a vida encerrando a ecologia no estudo da organização dos corpos em que as metáforas da comunidade e do organismo tornam-se pertinentes á uma teoria global e globalizante que a tudo captura e à qual (aparentemente) não se poderia resistir; expropriando os corpos da "qualidade desconhecida do mundo único que constitui cada um", como afirma Deleuze -, qualidade, sobretudo anárquica e anarquizante.
[cópia com todas as páginas! :) ]
Como ultrapassar os tempos psico-físicos da audição? Por que fazê-lo? São essas as duas questões ... more Como ultrapassar os tempos psico-físicos da audição? Por que fazê-lo? São essas as duas questões que vêm mobilizando desde 2003 meu trabalho com paisagens sonoras e que pretendo desdobrar aqui a partir de alguns aspectos de três experimentações, realizadas entre 2003 e 2008, com crianças, jovens e adultos em ambiente escolar. A partir de materiais diversos, cada uma destas experimentações explorou a ideia de uma escuta sem apoio, uma escuta nômade, uma escuta da diferença, problematizando a redução dos territórios sonoros ao estupidificante receber, classificar e interpretar, pondo em jogo a potência de uma escuta liberada da capacidade ou competência auditiva, das qualidades de uma fonte sonora e do unicentramento na cultura.

RESUMO: Por meio da noção de regime pedagógico, investiga-se a articulação entre epistemologia e ... more RESUMO: Por meio da noção de regime pedagógico, investiga-se a articulação entre epistemologia e política em dois eixos de funcionamento: um em torno da disciplina corporal ligado às exigências do processo de industrialização, outro em torno da autonomia do sujeito ligado à formação dos Estados nacionais. Os historiadores da educação situaram no coração das práticas escolares a inscrição pedagógica do cidadão como sujeito político dotado de direitos e obrigações; essa inscrição respondeu às exigências inerentes ao quadro conceitual próprio das sociedades democráticas. A noção de alquimia, proposta por Popkewitz, foi retomada para compreender como as práticas pedagógicas traduzem saberes disciplinares em conteúdos psicológicos que são inseparáveis de contextos políticos mais amplos; esse aspecto confere à pedagogia uma dimensão estratégica que deve ser levada em conta na análise dos investimentos pedagógicos no presente. Considerando as características que atravessam as práticas sociais de nossos dias, a intervenção de tipo ambiental (Foucault) e a lógica do controle (Deleuze), são abordados Educação, Meio Ambiente e Cultura como domínios de objetos sobre os quais atua o investimento pedagógico hoje. Palavras-chave: Educação; Meio Ambiente; Cultura.
Dossiê Infinitos, Dec 15, 2015
A partir da relação entre eventos diversos e certa cinematografia e literatura, o artigo procura ... more A partir da relação entre eventos diversos e certa cinematografia e literatura, o artigo procura esboçar a relação entre catástrofe, governo e imaginação como componentes eficazes das mudanças climáticas, bem como, e principalmente, vislumbrar seus abalos e os funcionamentos que a eles escapam e se contrapõem.
Conference Presentations by Ana Godoy

Como escrever quando não se sabe escrever? Como se reúnem as condições para que uma escrita das e... more Como escrever quando não se sabe escrever? Como se reúnem as condições para que uma escrita das escritas dos que não escrevem apareça? São estas as questões que se pretende percorrer a partir de alguns aspectos das pesquisas "Mapas, prisões e fugas: cartografias intensivas em educação" e "Modos semióticos menores e o devir canibal da educação: uma crítica e uma clínica da escrita em pesquisa" no encontro com alguns conceitos formulados por Deleuze. No horizonte que aí se delineia, escrever não se coloca numa linha ascendente de um tornar-se escritor; ao contrário, considera-se que é a força de traçar linhas de fuga que vai antes pôr o pensamento em movimento naquele ponto onde as forças dominantes de uma escrita majoritária o fazem paralisar e contentar-se com o dado, ou seja, com um "eu não escrevo", "eu não sei escrever". Neste ponto, a questão deixa de ser a de uma escrita alfabetizada, uma escrita do que deve ser escrito e do como deve ser escrito, e passa a ser aquela da afirmação da potência da escrita, isto é de como produzir em si mesmo um analfabeto.
Para efeito do que se pretende (e do que oito páginas permitem) gostaria de retomar a afirmação i... more Para efeito do que se pretende (e do que oito páginas permitem) gostaria de retomar a afirmação inicial apresentada no resumo: o problema político de escrever, tal como Deleuze o coloca, é um problema de procedimento e expressão, em que os recursos da criação devem ser buscados no movimento do real, não se confundindo com as condições da criação. Nesse sentido, não há problema literário que não seja antes um problema de escrever, um problema político de escrever que atravessa todo o campo social. Mas como abordá-lo sem percorrer o campo problemático do qual participa? Como fazê-lo sem explicitar as demais linhas que o atravessam?
Papers by Ana Godoy
RUA, 2015
ROCHA, Michel Zózimo. Estratégias expansivas: publicações de artistas e seus espaços moventes. Po... more ROCHA, Michel Zózimo. Estratégias expansivas: publicações de artistas e seus espaços moventes. Porto Alegre: Edição do Autor, 2011. 170 p. ISBN 9788591169603. (Distribuição gratuita).
Educação e Filosofia, 2017
das escritas, dos corpos. afetos e entretempos que movilice encuentro en tiempos desprovistos de ... more das escritas, dos corpos. afetos e entretempos que movilice encuentro en tiempos desprovistos de poesía? Algunos gestos fueron escogidos para composición, entre ellos: la partida en cuanto forma de creación por aquello que se fragmenta sin efectivamente romper, destrozar; otro gesto fue martillar por ocasión de diseñar un cuerpo-a-cuerpo y, no por último, una vez que los gestos son multiplicadores, la idea de caza en la composición de territorios y sus disposiciones para deshabituar lo previsible.
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